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CAPÍTULO 1 PRODUÇÃO DE SEMENTES

6. NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

6.2. Escolha do campo

Considerando que a região seja promissora para a produção de sementes, o passo seguinte é o da escolha do campo onde será instalada a cultura. Essa escolha é um outro problema a ser solucionado, pois a área onde se desenvolverá a produção pode estar sujeita a vários tipos de contaminações, como: patogênica, varietal, genética, física, de plantas daninhas, etc., que irão prejudicar ou inviabilizar o material obtido como semente.

O produtor necessita conhecer o histórico do campo e da região em que irá trabalhar. Esse histórico envolve regime de chuvas, espécies ou cultivares produzidos anteriormente, plantas daninhas existentes, problemas locais com pragas, doenças e nematóides, condições de fertilidade, problemas de erosão, etc.

Alguns desses fatores serão apresentados, a seguir, com maior profundidade. a) Cultura anterior

O campo não deve ter sido cultivado com a mesma espécie no ano anterior ou nos anos anteriores, conforme a cultivar escolhida. Dependendo da espécie, não deve ter sido cultivada nem com espécies afins. Esse cuidado ou exigência deve-se ao fato de que as sementes caídas ao solo sobrevivem de um ano para outro ou, às vezes, por mais de um ano, principalmente se essas apresentarem dormência, bastante comum em leguminosas, essencialmente nas espécies

forrageiras. Essas sementes, uma vez germinando e desenvolvendo-se em plantas adultas, tornar-se-ão plantas voluntárias (isto é, não semeadas pelo homem), polinizadoras ou ocasionadoras de contaminações varietais. Por qualquer um dos processos, há o comprometimento da pureza varietal e genética da semente.

Outros problemas relacionados com a cultura anterior são os de doenças e pragas, pois aquelas podem constituir-se através de seus restos de culturas em fontes de inóculo ou de hospedeiro, que irão trazer problemas para a cultura posterior. Por outro lado, as plantas voluntárias surgidas podem ser as plantas hospedeiras de microrganismos patogênicos e, também, de insetos, dentre os quais podem existir os vetores de doenças. Dependendo dos problemas ocorridos na cultura anterior, o próprio solo pode tornar-se o veículo ou a fonte de inóculo das doenças. Um exemplo típico desse caso é o da cultura do amendoim, onde culturas sucessivas ocasionam o comprometimento total do campo, por problema de doenças, principalmente por causa da murcha de Sclerotium. No caso do feijoeiro, o terreno não deve ter sido cultivado com a espécie ou com outras leguminosas em geral, sendo preferível que tenha sido ocupado com gramíneas. Outro exemplo é o caso da murcha em batata, causada pela bactéria Pseudomonas solanacearum, que pode ficar no solo por vários anos. Esses cuidados visam, principalmente, evitar problemas fitossanitários.

b) Espécies silvestres

O conhecimento das plantas daninhas predominantes no campo é de primordial importância pois, além de ser mais fácil produzir em áreas livres da concorrência dessas, há o fato de que elas podem se enquadrar dentro daquelas consideradas silvestres nocivas (Tabela 2). E, se entre as nocivas, ocorreram as consideradas proibidas para a região, o problema será maior para se garantir o sucesso do campo, caso se cultive em tal área. Se, desde a fase de escolha e instalação do campo para produção de sementes, houver condições de se desprezar aquelas áreas mais problemáticas com ervas daninhas, principalmente as consideradas nocivas, ter-se-ão menores transtornos, seja para controle das mesmas, seja para as inspeções, colheita e posterior beneficiamento. Um exemplo bem típico é o caso da presença de arroz vermelho e/ou preto em um campo, o que o torna não indicado para instalação de um campo para produção de sementes de arroz.

Para um melhor exame da ocorrência de plantas daninhas e situação do cultivo anterior, recomenda-se que o campo seja inspecionado antes que seja lavrado.

c) Insetos

A presença de insetos necessita ser encarada sob dois aspectos: o positivo e o negativo. O negativo, com os efeitos comumente abordados e conhecidos para as

culturas normais; portanto, locais favoráveis à presença de insetos necessitam ser evitados.

O aspecto positivo, menos considerado, envolve a relação planta-inseto no tocante à polinização. Em algumas espécies existe uma alta especialização na relação envolvendo a planta e o inseto, onde o desenvolvimento da semente torna-se praticamente impossível sem a intervenção de uma espécie particular de inseto. A família da leguminosas é a que apresenta espécies mais adaptadas para polinização por insetos, principalmente, por abelhas. Nessas espécies, a estrutura da flor é que garante essa especialidade, enquanto que, em outras famílias, as flores são acessíveis também a outros insetos, como por exemplo o algodoeiro, o girassol, a alface, a cebola, a cenoura e as brássicas. As ordens de insetos polinizadores que merecem destaque são: Coleoptera (besouros), Lepidoptera (borboletas e mariposas), Diptera (moscas, mosquitos, etc.) e Hymenoptera (vespas, abelhas e outros).

Tabela 2 - Espécies consideradas plantas nocivas na maioria das regiões de cultivo.

Nome comum Nome científico

Alho silvestre Allium vineale

Angiquinho Aeschynomene rudis Benth

Arroz vermelho Oryza sativa L.

Arroz preto Oryza sativa L.

Capim anoni Eragrostis plana Ness

Canevão Echynochloa spp

Cuscuta Cuscuta spp

Feijão miúdo Vigna unguiculata (L.) Walp

Ipomoea Ipomoea spp

Nabo Raphanus raphanistrum L.

Polígono Poligonum spp

Rumex Rumex spp

Sida Sida spp

Sorgo de alepo Sorghum halepense (L.) Pers.

Tiririca Cyperus rotundus L.

A ordem Thisanoptera (trips) apresenta várias formas que visitam as flores, porém, a contribuição desses minúsculos insetos é pequena.

A quantidade de espécies de insetos que habitualmente visitam as flores atinge a centenas de milhares e alguns milhares desses beneficiam as espécies produtoras de sementes. Bohart & Koerber (1972) relacionaram 116 espécies de plantas cultivadas nos Estados Unidos, distribuídas em 26 famílias, que

necessitam ou são beneficiadas com a polinização de insetos. Conhecida a particularidade da cultura, em termos de polinização por insetos, é necessário que na escolha do campo seja levado em conta a presença de tais insetos. Um exemplo típico é o de Bomus sp. (mamangava) que se caracteriza por ser excelente polinizador de Crotalaria, porém a sua presença tem se tornado restrita, resultando em sério problema na produção de sementes. O uso, às vezes indiscriminado, de inseticidas, tem diminuído esses insetos úteis em suas formas selvagens, além do fato de serem cada vez menos comuns, nas regiões agrícolas, locais preservados como habitat natural destes insetos.

6.3. Semeadura

a) Época de semeadura - Há regiões onde o período das chuvas é bem definido, podendo planejar-se para que a semeadura seja realizada de forma que a colheita seja realizada em período de seca. Eliminando-se o principal fator de deterioração de campo, que é a incidência de chuvas após a maturidade das sementes, obtém-se assim, potencialmente, sementes de alta qualidade.

Enfatiza-se que, muitas vezes, o melhor período para produção de sementes de alta qualidade não coincide com o melhor período para alta produção de grãos. Dessa maneira, a época de semeadura é uma opção gerencial, levando em consideração o custo/benefício da qualidade, que varia entre as distintas espécies de sementes.

Outro aspecto da época de semeadura está relacionado à fase reprodutiva, de forma que esta não coincida com períodos de alta temperatura, que propiciarão o desenvolvimento de sementes mal formadas, com reduzida qualidade fisiológica.

b) Densidade de semeadura - Para produção de sementes certificadas, utilizam-se sementes da classe registrada ou básica, consideradas como de maior qualidade genética. É aconselhável que essas sementes tenham uma alta taxa de multiplicação, ainda mais quando forem de novas variedades, para que realmente sejam utilizadas pelos agricultores em larga escala. Nessas condições, recomenda-se que se utilizem baixas densidades de semeadura, propiciando que cada planta resultante produza mais sementes. Com baixos estandes de campo há, dentro de certos limites, uma compensação onde as plantas se desenvolvem mais ou emitem mais perfilhos. Em suma, uma baixa densidade de semeadura proporcionará uma maior taxa de multiplicação semente-semente.

Em soja a taxa normal de multiplicação semente-semente é de 1:20, ou seja, cada semente originará 20 sementes viáveis para serem semeadas na próxima safra.

Exemplo de cálculo de semeadura

Considerando uma população de 300.000 plantas de soja/ha, demonstra-se, a seguir, o cálculo de quantas sementes devem ser distribuídas por metro linear, considerando o espaço entre as linhas de 0,5m.

a) 1,0ha = 10.000m2 ou um quadrado de 100m x 100m b) Assim, em 100m, tem-se:

100m/0,5m = 200 linhas

c) Em 1,0ha teremos 200 linhas de 100m de comprimento

d) As sementes vão ser distribuídas em 200 linhas x 100m = 20.000m e) Dessa maneira, o número de sementes por metro linear será: 300.000 plantas/20.000 = 15 sementes/m.

Essa densidade de semeadura seria para um lote de sementes com 100% de germinação. Entretanto, em um lote de sementes com 80% de germinação, a densidade será: 15/0,8 = 19 sementes/m linear.

c) Preparo do solo – Uma boa emergência é essencial tanto para produção de grãos como para produção de sementes. Entretanto, é mais importante para produção de sementes, onde é necessário também que haja uniformidade no estande e, neste sentido, o solo deve ser bem preparado para que as sementes tenham a mesma profundidade de semeadura e mesmo contato solo-semente, a fim de haver sincronismo na emergência e posterior floração, o que é bastante importante no caso de soja. Campos desuniformes de produção de sementes, além dos problemas de produção, dificultam as inspeções de controle de qualidade e não são um bom cartão de visitas da empresa de sementes.

6.4. Adubação

Os solos férteis devem ser preferidos para multiplicação de sementes, pois neles se obtém não só as maiores produções, bem como sementes de maior qualidade. Os nutrientes, NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), são necessários para formação e desenvolvimento de novos órgãos e de materiais de reserva a serem acumulados. Dessa maneira, a disponibilidade de nutrientes influi na boa formação do embrião, do órgão de reserva e do tecido protetor, assim como na sua composição química e, conseqüentemente, em sua qualidade fisiológica e física.

Várias foram as pesquisas realizadas relacionando adubação com qualidade fisiológica e física de sementes. Identifica-se uma estreita relação entre a quantidade de nutrientes aplicados à planta-mãe e sua posterior determinação na semente. Entretanto, essa mesma tendência muitas vezes não é constatada em

relação à qualidade das sementes pelos testes rotineiros de avaliação. Mesmo assim, já se determinou efeitos positivos de fósforo para sementes de soja. Salienta-se que solos ricos em cálcio propiciam a formação de um melhor tegumento em sementes de soja, as quais tornam-se mais resistentes aos danos mecânicos.

Um dos efeitos da produção de sementes em solos pouco férteis é a produção de sementes de menor tamanho, o que, necessariamente, não quer dizer menor qualidade. Entretanto, sabe-se que uma planta bem nutrida produzirá uma semente normal, que apresentará um bom desempenho mesmo sob condições adversas.

A pesquisa já demonstrou que sementes de soja com mais conteúdo de fósforo irão originar plantas que produzirão mais, cujo acréscimo pode alcançar 10%

Outro elemente importante na produção de sementes, em termos quantitativos, é o microelemento boro que auxilia na retenção das flores em uma planta de soja.

6.5. Manutenção da variedade

A manutenção das características próprias de uma variedade é conseguida através da produção de sementes genéticas.

Em sementes de cereais e leguminosas, a "purificação da variedade" é obtida normalmente pelo sistema de produção planta por linha, espiga-panícula por linha e planta ou espiga-panícula por cova. O procedimento consiste na seleção de algumas centenas de plantas (conforme a necessidade) e semeadura de cada unidade em uma linha. Apenas as linhas que estejam de acordo com as características da variedade são colhidas. As sementes, então, são juntadas para início do programa de multiplicação de sementes puras. Caso esse procedimento seja adotado, é essencial que centenas de linhas sejam produzidas. Entretanto, em situações em que uma linha apresente variações e as mesmas não sejam detectadas, é possível que a porcentagem de plantas fora de tipo dentro da variedade, inclusive, aumente.

A pureza varietal também pode ser mantida semeando-se pequenas parcelas todos os anos e retirando-se as plantas atípicas. Através desse procedimento, a porcentagem de misturas de variedade decrescerá ano a ano.

A produção de sementes genéticas de soja pode ser ilustrada da seguinte forma: a) são colhidas 200 plantas de uma determinada cultivar;

b) cada planta é trilhada isoladamente fornecendo, em média, 120 sementes/ planta; c) na época apropriada de semeadura, as sementes de cada planta são

d) considerando um descarte de 40 linhas devido a plantas e/ou linhas atípicas, serão colhidas 160 linhas;

e) considerando que, das 120 sementes colocadas em linha no solo, originem 90 plantas/linha;

f) dessa forma, as 160 linhas x 90 plantas/linha totalizarão 14.400 plantas; g) considerando 120 sementes/plantas x 14.400 plantas, ter-se-á 1.728.000

sementes genéticas e

h) considerando que 8 sementes pesam 1,0 grama, as 1.728.000 sementes pesarão 216.000 gramas ou 216kg.

Dessa forma, a colheita de 200 plantas de uma determinada cultivar de soja produzirá, potencialmente, 216kg de semente genética. Conforme a necessidade, colhem-se mais ou menos plantas para a produção das mesmas.

Enfatiza-se que o custo de produção desses 216kg de semente genética situa- se ao redor US$ 2.200,00, isso considerando o envolvimento do fitomelhorista para coleta e analise das plantas, pessoal de campo, tratos culturais, manejo, etc. esse valor foi estimado como mínimo. Desta maneira o custo da semente será aproximadamente US$10,00/kg (2.200.216). Apesar de barata o valor absoluto da semente genética é alto, assim a semente genética é multiplicada mais três vezes para diminuir o seu custo. Normalmente a semente certificada é vendida ao agricultor por menos de um dolar por kg.

Outro aspecto da necessidade do processo de manutenção de cultivares é que em geral as cultivares, quando são lançadas apresentam uniformidade para umdeterminado ambiente, e quando esse ambiente muda alguns gens que estavam sem se manisfestar, apresentam as sua caraterísticas. Neste sentido levou-se a cabo um estudo de três anos em uma região tropical, em que colhiam- se plantas com um mesmo estadio de maturação e plantava-se para analisar a população resultante. Em todos os anos do estudo era possível colher em uma mesma época quatro tipos de plantas, as verdes, as amareladas, as maduras e as plantas já quase secas (Tabela 3).

Tabela 3 - Comportamento da maturação de plantas de soja provenientes de sementes colhidas de dois estádios de maturação.

Material Material colhido - maturação (%) – (F1)

semeado Adiantada Campo Fisiológica Verde

MC 2,5 54,0 40,5 3,0

MF 1,00 40,5 53,5 5,0

MA = Maturação Adiantada; MC = Maturação de Campo: MF = Maturação Fisiológica; MV = Maturação Verde.

Colhendo só as plantas maduras e plantando novamente (MF) observa-se que a tendência era que na época de colheita havia mais plantas maduras, entretanto sempre havia uma proporção de plantas em outro estádio de maturação (Tabela 3).

Desta maeira é fácil de entender a razão de se rejeitar ao redor de 20% de plantas fora de tipo.

É evidente que há outros farores não genéticos que podem causar desuniformidade na maturação, entretanto por segurança, a eliminação de plantas fora de tipo irá trazer benefícios para a pureza varietal e, com isso, potencializar odesempenho de uma cultivar. 6.6. Irrigação

A irrigação, empregada dentro das técnicas modernas, tem mostrado excelentes resultados na produção para o consumo em geral e é de se esperar que, em se tratando de produção de sementes, os retornos sejam maiores, considerando o nível tecnológico do produtor. Outro fato que vem enfatizar a importância da irrigação para a produção de sementes é a necessidade de clima compatível com a qualidade das sementes. O aconselhável é ter baixa umidade relativa do ar, baixa precipitação pluvial e um período bem definido na fase de maturidade e colheita das sementes. Tais condições são fundamentais na produção de hortaliças, para aquelas espécies de frutos secos e, mais especificamente, para as de sementes expostas, como alface e cenoura. Como a produção é feita na estação seca do ano, a irrigação torna-se, nesse caso, imprescindível. Situação semelhante ocorre com o feijoeiro, pois o cultivado no período da seca ou inverno, sob irrigação, apresenta-se com melhores condições que o das águas, mais sujeito a problemas fitossanitários e de altas precipitações na fase de colheita.

Apesar das necessidades máximas, ou dos períodos críticos de déficit de água, variarem de acordo com as culturas, o suprimento ou as necessidades da maioria das espécies para a produção de sementes podem ser assim especificados em função dos estádios de desenvolvimento da planta:

a) fase de estabelecimento da cultura e de crescimento vegetativo até o início de florescimento - água em abundância;

b) fase de florescimento - água limitada;

c) fase de desenvolvimento da semente - água em abundância; isso para assegurar o desenvolvimento do maior número possível de sementes; nesse estádio, a planta não pode sofrer nenhum processo de estresse; d) final de maturidade da semente - sem água.

Com relação ao estresse hídrico, o momento em que o mesmo ocorre, bem como a sua intensidade, pode afetar a produção de sementes e a sua qualidade. Em milho, o efeito maior é por ocasião da emergência do estilo-estigma, resultando em menor produção, maior proporção de sementes menores, com menor velocidade de germinação, isto é, vigor.

É interessante considerar, entretanto, que os melhores níveis de umidade no solo para produção de sementes em termos de rendimentos não são, necessariamente, os mesmos indicados como melhores para produção de sementes de qualidade.

O fornecimento da água pode ser feito por vários processos. Dentre esses, os mais comuns para a maioria das culturas são os de sulcos de infiltração e os de aspersão. O sistema de aspersão, apesar de ser empregado na maioria das condições, apresenta o inconveniente de afetar a polinização e favorecer o surgimento de doenças foliares, face ao microclima criado.

Nesse sentido, em campos para produção de sementes alógamas (polinização cruzada), recomenda-se que a irrigação por aspersão seja feita no período noturno, para não interferir no trabalho polinizador das abelhas e não trazer distúrbios ou diminuir os seus efeitos na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico.

6.7. Isolamento

Os campos para produção de sementes de cada variedade ou híbrido devem estar isolados ou separados, a fim de evitar contaminação genética através da polinização cruzada e contaminação mecânica durante a colheita.

A melhor proteção contra a fertilização por pólen estranho é a de um suprimento abundante de pólen da própria variedade na ocasião em que o estigma encontra-se receptivo. Nessa situação, a chance de pólen estranho vir a realizar a fecundação é pequena. Na prática, todavia, isso necessita ser complementado pelo isolamento.

O primeiro aspecto que necessita ser considerado para o isolamento de uma espécie é a sua taxa de polinização cruzada. Na Tabela 4 é apresentada uma lista de plantas autógamas e alógamas. Deve-se considerar que muitas das espécies enquadradas como autógamas podem apresentar uma taxa elevada de cruzamento. É o caso do algodão e sorgo, que podem atingir taxas acima de 10% e, às vezes, até 50%.

O isolamento dos campos de produção de sementes pode ser realizado através de: a) Espaço - é o procedimento mais comumente empregado e o mais efetivamente

controlado pelo produtor de sementes, pois controla a distância do campo à fonte de contaminação de pólen. Sabe-se que com o aumento da distância ocorre, de início, um decréscimo rápido da porcentagem de contaminação, seguindo de forma mais gradual, até que a partir de uma certa distância existe somente uma pequena vantagem nessa separação (Fig. 3). Além desse aspecto, a distância entre as culturas a serem isoladas é função de: período de viabilidade do grão de pólen, distância que o grão de pólen pode alcançar, modo pelo qual o grão de pólen é transportado (vento, insetos), número de grãos de pólen produzido por unidade floral da variedade, classe de semente a ser produzida, e combinação com outros métodos de isolamento.

Tabela 4 - Tipo de polinização de algumas espécies.

Autógamas Nome científico

Alface Algodão* Amendoim Arroz Aveia Cevada Crotalaria Ervilha Feijão Linho Soja Sorgo Tomate Trigo Lactuca sativa Hirsutum officinallis Arachis hypogaea Oryza sativa Avena sativa Hordeum vulgare Crotalaria juncea Pisum sativum Phaseolus vulgaris Linum usitatissimum Glycine max Sorghum bicolor Lycopersicom lycopersicum Triticum aestivum

Alógamas Nome científico

Alfafa Azevém Beterraba Cebola Centeio Cornichão Girassol Melancia Milho Repolho Trevo branco Medicago sativa Lolium multiflorum Beta vulgaris Allium cepa Secale cereale Lotus corniculatus