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Perdas na colheita – quantidade

CAPÍTULO 1 PRODUÇÃO DE SEMENTES

11. COLHEITA

11.2. Perdas na colheita – quantidade

Grande número de agricultores ainda considera a perda durante a colheita como um fator natural, inerente às características da cultura. Outros preocupam- se com os grãos deixados sobre o solo, mas geralmente subestimam as perdas, principalmente quando a lavoura apresenta boa produtividade. Neste caso a perda é reduzida apenas em termos percentuais, continuando alta em quantidade de grãos perdidos por unidade de área. Dessa forma, todo agricultor perde na hora de colher os frutos do trabalho de uma safra inteira, e as perdas na colheita permanecem como um dos problemas mais graves na produção apenas de uma forte redução nos últimos devido principalmente à capacitação de pessoal.

a) Onde ocorrem as perdas

Cerca de 80% das perdas ocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de corte, recolhimento e alimentação. As demais decorrem da ação dos mecanismos internos, desprezando-se a debulha natural. Dos componentes da plataforma de corte, a barra de corte é responsável por cerca de 80% das perdas. Dessa forma, conclui-se que somente a barra de corte é responsável por cerca de 64% das perdas totais da colheita (caso da soja). Entretanto, caso o molinete funcione desajustado em relação à sua velocidade ou posição, poderá ocasionar perdas elevadas e possivelmente maiores do que as perdas causadas pela barra de corte.

As perdas causadas pela ação dos mecanismos internos (trilha, separação e limpeza) geralmente correspondem de 15 a 20% das perdas totais. Porém, o avanço tecnológico na melhoria dos componentes destes mecanismos, tem facilitado os ajustes necessários e aumentado a eficiência dos mesmos, permitindo a expectativa de perdas mínimas, quando devidamente ajustados.

b) Por que ocorrem as perdas

A perda ou queda natural das sementes por degrane ou deiscência dos frutos ocorre, na maioria das espécies cultivadas, pouco após terem atingido a MF. É algo inerente às espécies, como uma forma de disseminar suas sementes.

O conhecimento das características da cultivar com respeito a sua maior facilidade ou dificuldade de perda natural da semente e o acompanhamento freqüente do campo de produção na fase de maturidade das sementes, são primordiais para se detectar o momento exato da colheita. Tal cuidado precisa ser maior se as condições da região nessa fase da cultura são predominantemente de clima seco e quente.

As causas de perda, durante a colheita, são várias e podem estar relacionadas com a implantação da lavoura de forma não recomendada, acamamento das plantas, baixa altura de inserção dos frutos, grande quantidade de plantas daninhas (massa verde), topografia inadequada ao funcionamento das colhedoras, momento de colheita inadequado, com a presença de muita massa vegetal da planta que é colhida junto com as sementes, dificultando a separação completa dessas, baixo grau de umidade das sementes, facilitando o degrane ou deiscência desses ao simples contato da máquina com as plantas.

Em resumo, as perdas de sementes, normalmente, podem ser devidas:

a) à altura de inserção da vagem na planta estar muito baixa, como pode ocorrer em feijão, algumas forrageiras e, em alguns casos, em soja; b) ao degrane natural, como ocorre em arroz e em algumas sementes de

leguminosas forrageiras, em especial e

c) por partes da combinada automotriz, como pelo molinete, barra de corte, sistema de trilha e sistema de limpeza.

c) Momento da colheita

O momento adequado para a colheita, pode ser dividida em: colheita prematura, colheita ótima e colheita tardia. A colheita prematura é aquela feita quando a semente estiver madura, porém não debulhando com facilidade. Nessa fase, as sementes apresentam alto teor de umidade, o que dificulta ou impede a trilha; a presença de grande massa verde da planta dificulta ou impede o funcionamento dos mecanismos de trilha e separação havendo, conseqüentemente, perda de sementes. A colheita ótima é aquela na qual se tem o número máximo das sementes morfologicamente maduras, debulhando com relativa facilidade para facilitar a trilha, tendo-se índice pequeno de deiscência ou degrane. A colheita tardia ocorre quando a umidade da semente está baixa, facilitando a trilha e separação (limpeza), entretanto podendo ocorrer perdas como deiscência e degrane. Na Fig. 7 são apresentadas as contribuições, de forma esquemática, das diferentes perdas, em função do momento de colheita.

Figura 7 – Perda de sementes em função do momento da colheita. d) Quantificação da perda

Com a tecnologia de colheita no momento disponível, aceita-se como razoável uma perda de 2 a 3% da produção. Um método bom para determinar a porcentagem de perda de sementes durante a colheita é realizar a contagem das mesmas em um m2 de solo (em toda extensão da barra de corte), repetindo-se a contagem algumas vezes. Dessa maneira, no caso de soja, encontrando-se 80 sementes/m2, ter-se-á 800.000 sementes em um hectare (80 x 10.000). Considerando-se 8 sementes por grama, a perda será de 100 kg/ha. Em uma produção de 2.000kg/ha, a perda representará 5%.

Portanto, em função da espécie, da área de cultivo, das condições do meio, da tecnologia e do pessoal disponível, é necessário que a medida correta seja tomada, colheita próxima à MF ou não, para que a operação possa ser feita de forma mais rápida e com máximo rendimento, mas que isso não seja causa de novos problemas (danificações mecânicas, secagem, etc.) para a qualidade da semente.

É importante ressaltar que a combinada automotriz tem como função principal coletar e trilhar a semente e, em segundo plano, de forma rudimentar, limpar a mesma. Dessa forma, é normal as sementes apresentarem um relativo alto percentual de impurezas, quando recém colhidas. Caso o produtor de sementes queira colher suas sementes mais limpas, deverá realizar ajustes tais que, além das impurezas, também descarte na lavoura algumas sementes boas. Dessa maneira, recomenda-se que a limpeza das sementes não seja feita na lavoura, e sim na UBS, com máquinas especiais, para que suas perdas sejam utilizadas como subprodutos comerciais.