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Num projeto de cariz investigativo, como é o caso, é essencial selecionar e caracterizar a amostra e definir os instrumentos de recolha de dados, para posteriormente se delinear a dinâmica das sessões. Importa referir que o projeto desenhado foi sustentado num trabalho de pesquisa de referenciais teóricos acerca da temática da interculturalidade e norteado por um conjunto de orientações metodológicas claras.

5.2.1.

Amostra

Este projeto foi implementado na turma A do 3º ano de escolaridade da Escola Básica do Falcão, pertencente ao Agrupamento de Escolas do Cerco. A turma é constituída por 23 alunos, sendo que 15 são do sexo masculino e 8 do sexo feminino, todos eles com idades compreendidas entre os 8 e os 9 anos.

O professor titular considera satisfatório o aproveitamento da turma, apesar de realçar a existência de vários alunos muito interessados e curiosos, o que foi lido positivamente para a implementação de um projeto de cariz investigativo. Contudo, ao nível do comportamento e das atitudes existem alguns elementos perturbadores, capazes de criar conflitos e agitação indesejada.

O contexto é culturalmente homogéneo, uma vez que não existiam crianças de culturas diferentes, tendo apenas algumas delas contacto com familiares emigrantes. Na segunda semana de implementação do projeto a turma recebeu um novo aluno vindo do Brasil.

Para além de envolver os alunos, este projeto de investigação teve também como participantes os pais/familiares próximos dos mesmos, uma vez que se pretendia perceber de que forma é que os estereótipos e preconceitos que os alunos possuem podem ter influência dos familiares. Todavia, apenas 13 dos 23 pais se disponibilizaram para participar no projeto, tendo respondido integralmente ao questionário enviado. Importa realçar que estes foram

preenchidos na sua maioria por familiares do sexo feminino com idades compreendidas entre os 27 e os 35 anos. Apenas um dos inquiridos tinha mais de 50 anos de idade.

5.2.2.

Instrumentos de recolha de dados

Para proceder à recolha de dados, fase essencial num projeto desta natureza, recorreu-se aos seguintes instrumentos:

(I) Inquérito por questionário aos pais

Os pais dos alunos da turma onde este projeto foi implementado foram convidados a responder um questionário (anexo 17) acerca das experiências que teriam com culturas diferentes da sua, isto é, acerca do conhecimento efetivo detido e da perceção emocional em relação ao “Outro”. Optou-se pelo questionário por se considerar que é um instrumento que se adequa ao público-alvo, por permitir formulações simples e respostas relativamente rápidas, incentivando a participação.

(II) Inquérito por questionário aos alunos

O inquérito por questionário também foi o instrumento de recolha de dados selecionado para perceber a progressão dos alunos com a implementação do projeto. Desta forma, antes de iniciar as sessões do projeto foi realizado pelos alunos um questionário (anexo 18) com o intuito de recolher as suas conceções prévias acerca de algumas culturas. Este questionário foi reformulado para ser implementado também no final do projeto (anexo 19).

(III) Gravação áudio das sessões

Para uma melhor e mais cuidada análise dos discursos produzidos pelos alunos optou-se por fazer a gravação áudio das sessões, o que permitiu uma leitura mais atenta e minuciosa das reações e atitudes dos mesmos perante determinados estímulos.

(IV) Produções dos alunos ao longo das sessões

Ao longo das sessões foi também solicitado aos alunos a realização de breves registos escritos, que serviram também de instrumento de recolha de dados pois refletem conceções dos estudantes (anexo 20).

5.2.3.

Desenho das sessões

O projeto “Cultura(s) – do preconceito ao respeito” foi idealizado para um conjunto de cinco sessões, sendo que cada uma delas abordou temas diferentes. Esta seleção resultou da análise dos questionários preenchidos pelos alunos no período prévio à implementação do projeto.

Assim, a sessão 0 foi uma espécie de complemento ao questionário inicial, que permitiu conhecer melhor os preconceitos e estereótipos dos alunos.

Depois de analisados os questionários e os dados recolhidos da sessão 0 era evidente a necessidade de esclarecer, para alguns alunos, o que é cultura, do ponto de vista antropológico, e quais os seus elementos constituintes. Por outro lado, grande parte das respostas à questão “Para ti, quais são os elementos mais importantes da cultura portuguesa?” foram muito pobres, pelo que se optou por esclarecer, na sessão 1, o conceito cultura através de uma cultura que é a deles – a cultura portuguesa. A sessão 2 baseou-se na exploração da cultura das mulheres girafa pois nos questionários realizados aos alunos foi a única classificada com “Mau” por todos. Entretanto, a turma recebeu, na segunda semana de implementação do projeto, dois alunos novos, sendo que um deles era brasileiro. Apesar de ele ter sido bem recebido e se ter integrado bem no grupo, sentiu-se que seria proveitoso explorar um pouco mais a cultura brasileira que estes alunos conhecem maioritariamente através dos meios de comunicação. Assim, na sessão 3 foi explorado um elemento da cultura a que pertence o novo aluno da turma, a capoeira. As sessões 4 e 5 representaram o fecho do projeto. Estas foram sessões mais abrangentes que, ao invés das anteriores, que se centraram sempre numa cultura específica, pretendiam contribuir para o respeito por toda a diversidade cultural, através

da exploração da obra Meninos de todas as cores, de Luísa Ducla Soares, e da apresentação da mesma à comunidade escolar.

As planificações das sessões podem ser consultadas no anexo 21.