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1.2 Materialismo Histórico-Dialético: seus principais conceitos ontológicos

1.2.5 Espaço e tempo no materialismo histórico-dialético

Agora, se estamos falando da matéria em movimento e desenvolvimento devemos pensar em espaço e tempo. Que seria o espaço e o tempo para o materialismo histórico-dialético?

Para Burlatski (1981),

El espacio y el tiempo son formas universales de existencia de la materia en movimiento. El concepto de espacio refleja el hecho objetivo de que los cuerpos materiales poseen determinada extensión y están situados en cierto orden uno con respecto al otro. El concepto de tiempo expresa la circunstancia de que los fenómenos existen siempre en determinada secuencia (uno antes o después de otro, o simultáneamente con él) y se diferencian por su duración14. (BURLATSKI, 1981, p. 32).

Espaço e tempo são as formas como existe a própria matéria, em extensão permanente e em sequência dialética. Compreender que a matéria se movimenta e se desenvolve num espaço e tempo é destacar que ela, a matéria, é objetiva e independente da consciência do ser humano.

Assim, o próprio conceito de espaço objetiva e concretiza a própria matéria por meio da sua extensão, sua dimensão. A extensão da matéria nos possibilita compreender que o desenvolvimento segue uma lógica dialética: do inferior ao superior, claro, como já analisamos, pode haver uma regressão do desenvolvimento. Assim, podemos dizer que há um intervalo de extensão, porém, este intervalo de extensão no espaço e tempo não significa que cessa o movimento e o desenvolvimento.

Assim, Konstantinov (1964) se expressa sobre o espaço:

En conclusión: el espacio es una forma objetiva y real de la existencia de la

materia en movimiento15. Su concepto expresa la coexistencia de las cosas,

su alejamiento mutuo, su extensión y, por último, el orden en que se hallan situadas unas con respecto a otras. (KONSTANTINOV, 1964, p.154).

14 Em itálico no original. 15 Em itálico no original.

O espaço não é uma invenção da consciência humana. Daí que o espaço indica a forma real e objetiva da matéria em movimento e desenvolvimento. O espaço nos possibilita entender as formas de movimento em processos históricos. Daí a importância de indicar que os acontecimentos das formas de movimento, por exemplo, as formas sociais e psíquicas, acontecem e se desenvolvem na história e que há uma unicidade entre os acontecimentos históricos que se dão dentro do espaço. Quando o ser humano se apropria dos acontecimentos históricos humanos, quando internaliza esses acontecimentos se humaniza e potencializa suas funções psíquicas.

Como o espaço é eterno porque a matéria é eterna, o ser humano se apropria e internaliza os bens culturais produzidos ao longo do seu processo de humanização. Devemos destacar que o espaço é eterno, mas os processos que acontecem dentro do espaço eterno são temporais. Por isso, podemos constata-los dentro da história humana, de uma história antiga, medieval, moderna e contemporânea. Os processos que se deram em cada período histórico são temporais dentro do espaço que é eterno.

Quando constatamos os processos como temporais estamos já analisando o tempo, como forma de expressão sequencial e diferencial da existência das formas de movimento e desenvolvimento. Na lógica dialética, significa que partimos do simples ao mais complexo, numa sequência de ordem, e ao mesmo tempo notamos que entre os processos há uma diferenciação. Por exemplo, os processos psíquicos humanos acontecem numa sequência de ordem e, entre esses processos, podemos constatar a sua diferenciação. Ou seja, o pensamento humano segue uma sequência lógica de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, os processos são diferentes em cada etapa, que é base para o próprio movimento e desenvolvimento da formação do pensamento humano. Por exemplo: o ser humano não nasce com pensamento teórico. Precisa uma sequência lógica de desenvolvimento para chegar ao pensamento teórico, embora todos os processos de desenvolvimento da formação do pensamento teórico sejam diferentes.

Devemos destacar que, apesar da sequência e da diferença, há uma unidade entre os processos materiais, ou seja, há uma unidade material das formas de movimento e desenvolvimento material.

Así, pues, el tiempo es una forma objetiva y real de la existencia de la

materia en movimiento16. En ella se expresa el movimiento sucesivo de los

procesos materiales, el estado de separación entre sus diferentes partes y, finalmente, la duración y desarrollo de esos procesos. (KONSTANTINOV, 1964, p.154).

Hoje, os idealistas tratam de fundamentar que não existem espaço e tempo usando dados da física quântica. Faz-se necessário analisar esta fundamentação idealista porque os idealistas defendem sempre que primeiro existe a consciência e, depois, a matéria. Veremos a seguir onde estão os erros da explicação idealista sobre a negação do espaço e do tempo. Para isso, vamos usar a análise de Konstantinov (1964):

Tratando de fundamentar la idea de un ser inespacial e intemporal, los actuales pensadores idealistas se valen de los datos de la mecánica cuántica y razonan de este modo: si el objeto microfísico posee una posición definida, puede asegurarse que existe en el espacio y en el tiempo, pero si no la posee, entonces existe “fuera del espacio y del tiempo”. Y puesto que el estado de dicho objeto depende del tipo de dispositivo experimental que emplee el observador y éste puede elegirlo a su voluntad, resultará entonces que está en sus manos abolir a su antojo el espacio y el tiempo, o darles una realidad efectiva.

Este razonamiento es absolutamente falso. En primer lugar, el hecho del que el objeto microfísico no tenga una coordenada definida, como la que tiene el punto material de la física clásica, no puede significar de ninguna manera que ese objeto no exista en el espacio y ni en el tiempo. El que el objeto microfísico pueda hallarse en un estado en que carezca de una posición definida, como la del punto material, sólo significa que es un objeto más complejo que el punto material de la física clásica. Por ello, es inadmisible que se confunda el problema de si el estado de un objeto puede caracterizarse por una coordenada puntual con el de si dicho objeto existe en el espacio y en el tiempo. En segundo lugar, el cambio de estado del objeto obedece a causas materiales, a una situación física real, no a la voluntad del observador, a su libre arbitrio. Por ejemplo: el hombre puede elevarse en un avión, volar en él y saltar a tierra en paracaídas. Pero, ya sea que obre de uno u otro modo, conforme a su voluntad17, no puede abolir la acción de la

gravedad terrestre al remontarse en el avión, ni tampoco hacer que éste funcione a su antojo cuando se lanza hacia abajo. Exactamente lo mismo sucede con los objetos microfísicos: el empleo de cualquier instrumento físico no puede abolir la existencia espacial y temporal de las cosas, ni hacer que dichos objetos rebasen sus límites. Tanto los instrumentos como los microobjetos estudiados con ayuda de ellos existen en el espacio y en el tiempo. Y no hay nadie ni existe medio alguno que pueda modificar nunca este hecho fundamental. (KONSTANTINOV, 1964, p.160. Grifo nosso).

O idealismo nega que haja espaço e tempo absoluto, buscando desta forma negar a matéria como eterna, absoluta e independente da consciência humana. No entanto, o materialismo histórico-dialético mostra que o problema do idealismo está na sua

16 Em itálico no original. 17 Em itálico no original.

fundamentação metódica e nos seus processos metodológicos. O problema não está na matéria em si mesma, senão em usarem um método que não consegue analisar o objeto nas suas unidades ao considerar apenas os seus elementos. Também, o problema, por culpa do método que utilizam, leva a que seus procedimentos metodológicos estejam errados conduzindo, portanto, a uma conclusão errada. É muito importante esta passagem para compreendermos como o método e a metodologia são fundamentais para chegar à raiz do problema.18

Desta forma, podemos concluir: espaço e tempo são diferentes entre si porque são formas diferentes da matéria. No entanto, espaço e tempo possuem propriedades comuns porque são objetivos e concretos, porque existem fora e independentes da consciência humana; são eternos porque a matéria é eterna e, por último, possuem a propriedade de serem ilimitados e infinitos.