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O Espaço Público como elemento agregador

NO ESPAÇO URBANO

3.4. O Espaço Público como elemento agregador

O conceito de espaço público remonta ao início dos tempos, tendo sido encontradas evidências de desenho urbano datadas da Antiguidade Clássica. As cidades medievais evoluíam lentamente, ao sabor das necessidades da população, adaptando o espaço físico às funções a desempenhar nele. Por ser um processo longo e evolutivo, essas cidades apresentam hoje características próprias, não replicáveis para outros espaços que não vivenciaram as mesmas experiências. A

Fig. 59 – Urbanismo tático e o envolvimento da comunidade

94 sua singularidade faz delas locais de atração e estudo pelos especialistas contemporâneos (FERNANDES, 2012).

O urbanismo moderno, esse nasceu durante o Renascimento, com o surgimento de especialistas que estudavam e idealizavam a cidade antes da mesma ser construída. Com o Renascimento, dá-se a introdução duma abordagem planificada à construção da cidade, centrada na aparência, no visual da cidade, dando destaque a princípios de composição como a simetria.

A nova fase de evolução do espaço público surge no fim do séc. XVI, com a arquitetura a servir de veículo para a manifestação espacial de poder. Roma, cidade onde assenta o poder do Papa e da sua Igreja, pretende mostrar-se como símbolo desse poder e influência, vestindo-se de acordo com essa função: fornecer aos seus residentes e visitantes visões monumentais, surpreendentes, emocionantes, singulares.

No século seguinte, é a cidade de Paris que será modificada para exibir todo o poder do rei Luís XIV, através da construção de praças de dimensões monumentais, acessíveis à população, mas de propriedade do Rei, mais uma contribuição para a evolução do conceito de espaço público (FERNANDES, 2012). No séc. XVIII, são duas as cidades que contribuem para o contínuo evoluir do espaço público: São Petersburgo e Lisboa. São Petersburgo é uma cidade nova, planeada de fronte para o rio, com grandes praças e avenidas. Lisboa, por sua vez, é fruto de uma reconstrução, após o terramoto de 1755, em que é introduzida a regularização e ortogonalização da malha urbana, acompanhada também de algumas praças reais, monumentais e com estátuas equestres.

Chegamos ao fim deste século com uma visão do espaço público como meio de afirmação de poder, seja ele régio ou religioso. A aparência deste espaço é caracterizada por fachadas normalizadas, servindo de pano fundo aos elementos identificativos do poder que as patrocina, sejam eles estátuas, igrejas ou fontes (FERNANDES, 2012).

Em 1867, Cerdà desenvolve um plano para a cidade de Barcelona, que é considerado por muitos o primeiro tratado do urbanismo moderno, com o objetivo principal de conceder à cidade a possibilidade dum crescimento ilimitado. Através da sua ortogonalidade, o plano permitia conceber quarteirões regulares, com longas avenidas a rasgar a cidade a partir de eixos diagonais e transversais. Cada quarteirão possuía no seu interior um espaço verde, uma organização baseada numa rede de espaços públicos, com parques e equipamentos.

95 Ainda no séc. XIX, Haussmann criou um plano para Paris, onde avenidas retas e de grande largura, sempre arborizadas, conhecidas como boulevards, tomavam o lugar de ruas estreitas e tortuosas. A ideia subjacente era de que a rua devia ser vivida e ter uma importância que nunca tinha tido, como se as ruas fossem o palco da cidade e as fachadas o seu cenário. Nasce, neste século, a noção de que um espaço público bem pensado era importante para uma alta qualidade de vida, fundamental para o bem-estar da sociedade. A construção de vários parques públicos, com boa qualidade, inclusive a nível de desenho, reflete este esforço e investimento para a sua criação e manutenção.

Já no século XX, a Carta de Atenas, por Le Corbusier, em 1930, foi outro dos grandes desenvolvimentos na esfera urbanística. O plano tinha como base o funcionalismo, considerando profundamente os aspetos físicos e funcionais da cidade, no sentido de desenvolver uma arquitetura saudável.

Este plano tinha em conta as questões de salubridade, da entrada de luz, do posicionamento dos edifícios em relação ao sol, da qualidade do ar, da ventilação das habitações e da própria cidade, permitindo o contato dos cidadãos com os espaços abertos e com vegetação. Nesta época, a questão de como seriam as cidades do futuro ainda era uma grande incógnita, pensava-se que seriam contruídas com base no funcionalismo, que teriam em conta a especialização das redes viárias, dividindo as vias consoante a sua capacidade e separando-as dos edifícios, permitindo assim que os edifícios tivessem mais luz natural, mantendo o foco na obtenção duma edificação saudável.

Porém, as consequências da aplicação do urbanismo funcionalista na vertente social não foram previstas com rigor, não foi ponderado como impactaria o edificado nas atividades exteriores e nas várias possibilidades de uso social do espaço. Pensava-se, na altura, que os grandes espaços de relvado entre os edifícios seriam espaços de múltiplas e variadas atividades recreativas, julgava-se que estes espaços verdes iriam promover a união do edificado. O que aconteceu foi o contrário, estes espaços contribuíram para o isolamento entre os edifícios e as funções urbanas.

Outro conceito, o tema do espaço público versus espaço privado, tem vindo a ser debatido desde o final do séc. XIX, como questão fundamental na teoria do pensamento urbanístico sobre a cidade ocidental. Situações em que estes conceitos se destacam são os planos de expansão, as leis de expropriação, os parques metropolitanos ou as grandes obras civis. A distinção entre eles conduziu ao destaque dado ao espaço público, possibilitando o seu desenvolvimento e melhoria, por se entender que se trata de um espaço superior ao privado (SOLÀ- MORALES, 1985).

96 Augé (2005), ao apresentar a teoria de “lugares” e “não-lugares”, parte do princípio de que “a sobremodernidade é produtora de não-lugares”. Este autor intitula de

“não-lugares” os espaços de circulação, de consumo e de comunicação. A crise do

espaço público tradicional acompanha a descentralização territorial das atividades e das pessoas, ou seja, hoje a concentração das pessoas está territorialmente mais fragmentada, devido às novas centralidades, à mobilidade, aos novos modos de vida (PINHAL, 2016).

O conceito de descentralização, no âmbito da organização territorial, reflete-se na abordagem que a estrutura política de gestão atribui à participação do cidadão nos assuntos públicos. Fortalece as premissas subjacentes na estrutura político- institucional e na divisão de poderes e no seu objetivo inerente de controlo. A descentralização territorial contribui para a fragmentação do poder. Pode incorporar competências normativas e administrativas e áreas de competência em qualquer nível: informativo, de proposição, decisoras e exclusivas (ANABITARTE, 1992).

Segundo Gehl (2006), existem certas considerações que devem acontecer num projeto de espaço público e nas características este deve possuir. O espaço público deve ser capaz de abarcar múltiplas atividades, mas, para isso acontecer, as condições exteriores devem ser favoráveis a este acontecimento e de boa qualidade. Deste modo, percebe-se a razão de se dar tanta importância à qualidade do espaço público, pois é neste espaço que se oferece à população um local onde a possibilidade de contacto com o outro é uma realidade. O autor defende que, quanto mais atividades existirem no espaço público, mais atrativo ele se torna para as pessoas e, quanto mais pessoas estiverem nesse local, mais pessoas se vão sentir atraídas para ele.

Brandão (2008) estuda outro ponto de vista, o da importância do desenho do espaço público, de como este simples gesto pode influenciar o mesmo e as vivências que poderão ocorrer nele. O espaço público deve ser valorizado por ser um espaço determinante para o crescimento da sociedade, para a evolução da cidadania, para o crescimento de contatos e ligações, onde é gerada a cultura urbana. O autor sugere um método de avaliação do espaço público, vai criando parâmetros e critérios que devem ser tidos em conta aquando da elaboração de um projeto de espaço público, tendo em conta a identidade, a segurança, a acessibilidade e a sustentabilidade.

Jacobs (1961) transmitiu o que estava a acontecer às cidade norte-americanas: estavam degradadas, destruídas, estavam perante a morte das cidades tradicionais americanas.

97 Estas padeciam duma má qualidade transversal: a nível projetual, a nível habitacional, a nível dos espaços de lazer, dos espaços pedonais (instalados onde nada ajudavam à acessibilidade pedonal). Esta realidade traduzia-se na construção de habitação de baixo rendimento, que acabava por originar mais vandalismo e delinquência, do que o que existia anteriormente nos bairros de barracas que estas habitações vieram substituir; numa construção de habitação de médio rendimento desertificada, distribuída por áreas áridas, sem qualquer marca de vida urbana. Adicionalmente, observa-se a construção de centros comerciais megalómanos, verdadeiras ameaças ao comércio local que se encontrava em declínio, e a implementação de autoestradas que não facilitam o tráfego nem a mobilidade da própria cidade. Teria sido melhor para a cidade a implementação de uma solução de segregação das vias.

A autora, à semelhança de outros autores, referenciava igualmente a importância dos bairros nas cidades, da mistura de funções para o bem da cidade, contributo para a existência de maior contato nos espaços públicos.

Safdie e Kohn (1997) também discutiram sobre estas questões, debatendo sobre o uso de infraestruturas que só beneficiam o uso do automóvel e que acabam por destruir a cidade e a rua, relegando o próprio cidadão para segundo plano.

Torna-se iminente mudar as características da mobilidade existente e repensar as infraestruturas de transportes, para que assim a cidade deixe de ser construída de acordo com as necessidades do automóvel. Este repensar da mobilidade é fundamental para a existência duma mobilidade pedonal de qualidade e duma humanização do espaço. Nunca foi tão eminente esta reconstrução da comunidade, introduzindo melhorias concretas para o peão e tornando os bairros passiveis de serem percorridos e, daí, vividos. É necessário encontrar soluções espaciais e políticas para a reconstrução da cidade, tendo em conta os novos polos de desenvolvimento, os nós intermodais, para conseguir que a mobilidade seja utilizada como uma ferramenta para ajudar a terminar com a desertificação. A rua pode ser considerada o espaço público de excelência, derivado à sua flexibilidade em conter vários tipos de atividades, por possuir uma multifuncionalidade que pode ser a via para a promoção duma maior utilização do espaço público.

Ao longo dos anos, o espaço público sofreu várias modificações, uma vertente que tem evoluído foi a especialização funcional dos espaços. A importância dada ao automóvel trouxe algumas dificuldades para a vida urbana, levando certas cidades à crise. Este fator tornou incontornável a necessidade de coexistência de várias

98 funções diferenciadas e de vários modos de mobilidade. Porque, como é notório hoje em dia, o excesso de trânsito rodoviário não é sinónimo de uma boa qualidade de vida urbana, precisa de ser doseado e gerido de forma a contribuir positivamente para aquele fator. Uma estratégia possível é determinar, por vezes, que o trânsito rodoviário precisa de ser abrandado, quando está junto de peões, comércio, serviços e outros, para ser possível disponibilizar espaços de maior segurança, com mais pessoas e mais cativantes para uso do peão (ASCHER e APEL-MULLER, 2007).

O espaço público é o espaço principal do urbanismo, da cultura urbana e da cidadania, é um espaço físico, simbólico e político ao que se pede, nem mais nem menos, que contribua para proporcionar sentido na nossa vida urbana. O espaço público define a qualidade da cidade, porque indica a qualidade de vida das pessoas e a qualidade da cidadania dos seus habitantes (BORJA e MUXÍ, 2003 citados por DÍAZ, 2013, p. 9).

O espaço público é composto por diversas combinações dos seus elementos individuais: rua, praça, jardim, parque, etc. O espaço público é, em boa medida, o suporte físico das redes de serviços, dos sistemas de transportes e comunicação do ambiente urbano. É nele que estas redes se materializam, têm uma presença física através de elementos concretos (REMESAR, 2003, p. 56).

O espaço público é totalmente acessível e proporciona a criação de relações funcionais (RAMONEDA, 2003). A fruição deste espaço é determinada pela sua acessibilidade e pela sua função, bem como pela visualização do espaço circundante (CARRERAS, 2002).

O espaço público pressupõe domínio público, com diferentes usos para a comunidade. Para responder a este requisito é necessário que possua algumas qualidades formais, como a sua continuidade no espaço urbano, bem como o poder de se ordenar a ele próprio no espaço e no tempo, através do seu desenho, materiais e a possibilidade de se adaptar a novos e diferentes usos. Deste modo, o espaço público pode contribuir para melhorar a paisagem e gerar dinâmicas positivas para os bairros que o compõem (SOLÀ-MORALES, 1985).

O espaço público da comunidade é o conjunto de lugares onde a vida coletiva é vivida, em todas as suas vertentes: civil, arquitetónica, urbanística e morfológica. Quanto aos espaços que não são públicos nem privados, é possível que venham a ser ambos no futuro: espaço público com utilização privada e espaço privado com utilização pública (SOLÀ-MORALES, 1985).

99 O espaço público – ou coletivo – tornou-se em duas décadas, no centro de debate sobre as políticas urbanas ao ser tomado como um valor urbano em si mesmo, como algo capaz de suportar ou desencadear outros processos económicos ou culturais, embora nem sempre previsíveis no momento em que se desenha. (PORTAS et al., 2003, p. 55).

Atualmente, o espaço público foi repensado, as ruas e praças deixaram de ser espaços fechados e exclusivos, passaram a ser partilhados com áreas comerciais, os hospitais e estações tornaram-se equipamentos multifuncionais, os equipamentos culturais e universitários converteram-se em Campus ou elementos articulados, de transição e estimulantes das áreas urbanas, em vez de ser elementos separados.

O automóvel deixou de ser o elemento dominante da cidade, é dado mais valor às ruas pedonais, observa-se um sentido de centralidade nos antigos bairros populares, conseguido através do lazer e do turismo, com o senão de muitas vezes levar a uma gentrificação do espaço.

A defesa do urbanismo de proximidade é a nova tendência, tendo por base novas formas de mobilidade e acessibilidade, a mistura de usos, onde a colaboração entre os vários atores da cidade é cada vez mais ativa (PERALTA, 2011).

Esta mudança de paradigma no urbanismo surge na senda dum novo movimento de desenho urbano, chamado “New Urbanism”, nascido nos Estados Unidos da Améria, no início de 1980. As suas diretrizes assentam em ideias antigas, estando a favor da cidade compacta, da redução do trânsito rodoviário em vez da cidade fragmentada e desordenada, que gerou as áreas suburbanas.

A linha de pensamento deste novo movimento tem como objetivo a construção de bairros percorríveis, a promoção dum forte sentido de comunidade, procurando relançar as vivências que os bairros antigos possuíam. Nesse sentido, a habitação estaria agrupada com outras funções, os habitantes poderiam deslocar-se a pé aos locais de destino, e os edifícios e áreas de lazer teriam uma disposição que incentivaria o sentimento de proximidade e de comunidade. De acordo com este conceito, também é importante preservar a história da cidade, fomentar uma arquitetura sustentável e ter em conta a acessibilidade. Apesar da popularidade deste tipo de urbanismo, as críticas ao mesmo são bastantes. Muitos acreditam que este tipo de urbanismo pode tornar as cidades demasiado homogéneas, artificiais, desadequadas e não irem de encontro à vida urbana atual, por causa do planeamento excessivo. Certos críticos acreditam que os possíveis habitantes destes bairros estarão limitados por inúmeras restrições, caso queiram fazer algum

100 tipo de remodelação ou construção, e que as estratégias deste planeamento não são viáveis em áreas periféricas, só em centros históricos (PERALTA, 2011).

Para a elaboração dum desenho de espaço público de qualidade é necessário: - Não criar barreiras arquitetónicas ou elementos de separação;

- Promover enquadramentos e alinhamentos na implantação de mobiliário urbano; - Incentivar a separação entre redes de circulação (veículos motorizados, bicicletas, peões);

- Vedar certos espaços e equipamentos, como parques infantis e recintos desportivos;

- Incentivar a segurança no atravessamento de vias de circulação intensa;

- Promover a superação de locais com declives acentuados (através de rampas, elevadores, escadas);

- Criar condições para o bom desempenho de veículos de serviços (bombeiros, ambulâncias,

recolha de lixo) (PERALTA, 2011).

Fatores que contribuem para a aprazibilidade de um espaço público:

A mobilidade e acessibilidade – é importante que o peão identifique o percurso a seguir, devendo este ser o mais horizontal possível, sem interromper a direção e o ritmo da marcha; as subidas e descidas devem ser curtas e graduais, em vez de longas e bruscas; as pessoas com mobilidades reduzida devem ter sempre acesso a rampas quando existe um desnivelamento; os materiais utilizados no pavimento devem promover conforto, acessibilidade, ser duráveis e de fácil manutenção. O conforto ambiental – a vegetação influencia a qualidade do ar; a implantação de árvores de folha caduca filtra a poluição e o calor no Verão e, simultaneamente, não impede a entrada de luz solar no Inverno, produz sombra e dá ao espaço um carácter de refúgio.

O ruído – os espaços públicos devem estar protegidos do ruído, sendo a escolha da implantação e orientação dos espaços crucial para conseguir atingir o objetivo; na concretização da proteção devem ser utilizadas barreiras, como sejam vegetação,

101 muros e taludes; outra solução é a elevação do espaço público em relação às vias de tráfego; o tipo de pavimento também deve ser escolhido de acordo com o seu comportamento acústico.

A iluminação – a qualidade visual muitas vezes está relacionada com a existência de iluminação natural e artificial; a escolha da iluminação deve ser adaptada ao espaço público em causa.

A segurança – para que as pessoas possam usufruir do espaço público na sua plenitude é necessário sentirem-se seguras; evidências de vandalismo não devem estar presentes no espaço e nos equipamentos; a manutenção do espaço é essencial para a obtenção de um bom estado de conservação; a visibilidade do espaço a percorrer é fundamental para a sensação de segurança, a iluminação pode ajudar neste sentido, bem como facilitar a vigilância.

A distância – este fator pode ser considerado um obstáculo à mobilidade pedonal, dado que são necessárias certas condições físicas; a distância de tempo, o tempo que dispõe, a idade do individuo, a sua condição física, os obstáculos existentes, a frequência ou intensidade de uso dos trajetos influenciam e, até mesmo, ditar a mobilidade pedonal.

Elementos de atratividade – podem ser serviços, equipamentos e acessos a transportes públicos; estes elementos podem incentivar à reunião de residentes, desencorajar o uso do automóvel e promover o sentimento de comunidade; a implantação dos equipamentos deve ter em conta a distância a pé que os habitantes terão de percorrer (PERALTA, 2011).

Simultaneamente, existem certas limitações que são encontradas frequentemente:

- Existem dificuldades, por parte dos urbanistas e engenheiros de transporte, em criar ruas nas quais os automóveis possam circular no centro da cidade, por causa de obstáculos económicos e sociais, como sejam a reação dos cidadãos face ao transtorno criado pelo tráfego e a destruição de patrimónios urbanos;

- As formas de resolução de situações criadas pela variedade de modos de transporte e pelas suas diferenças de velocidade;

- Se o comércio necessita de aumentar os seus rendimentos é necessário que seja acessível tanto aos peões como aos automóveis;

102 - Podem ser criadas, sem intenção, novas centralidades à escala metropolitana decorrentes da mistura de usos (PERALTA, 2011).

O espaço público, como elemento desencadeador de processos, atividades, interações, reações, é influenciado por inúmeras condições (acessibilidade, funcionalidade, permeabilidade, segurança, etc.) que podem ser utilizadas de diferentes formas no desenho urbano. A sua utilização irá ditar a qualidade de vida dos habitantes no espaço público, tornando mais ou menos coletivo. Quanto mais pessoas utilizarem o espaço público, maior atividade se verificará nesse espaço, aumentando assim a sua atratividade.

3.5. Síntese

Uma melhor qualidade da vida urbana pode ser obtida através da aplicação de conceitos como a revitalização urbana, a requalificação urbana, a reabilitação urbana e a acupuntura urbana.

A revitalização urbana assenta na implementação de um processo de planeamento estratégico, num processo de intervenção na forma de relacionar e promover vínculos entre territórios, atividades e pessoas, para garantir uma operação sustentável. Este conceito é visto como uma solução para o declínio de áreas marginalizadas e de áreas centrais. O seu modo de implementação ajusta-se às realidades existentes, adapta-se à envolvente e aos recursos, sendo que, ao mesmo tempo, incentiva a participação da comunidade e de outros atores para que se envolvam no processo. Um processo de revitalização tem como objetivo dotar o sistema urbano de uma maior eficácia e eficiência, permitir a coesão territorial,