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NO ESPAÇO URBANO

3.1. Reabilitar para qualificar

De seguida irão ser apresentadas as estratégias a serem executadas nesta intervenção urbana.

A reabilitação é a ação de intervir na transformação do espaço urbano, exprimindo- se através de obras de conservação, recuperação e readaptação de edifícios e

Fig. 45 – Requalificação urbana do Toural e Alameda, Guimarães

Fonte: http://www.afaconsult.com/portfolio/346711/92/requalificacao-do-toural-e-alameda- guimaraes (Consultado a 5 de Maio de 2019)

73 espaços urbanos. O objetivo é alcançar uma melhoria do nível das condições dos usos e habitabilidade, não pondo em causa o seu carácter fundamental (DGOTDU, 1998).

Este conceito procura respeitar o caracter arquitetónico dos edifícios, mas não deve ser confundido com o conceito de restauro, pois a reabilitação é mais do que a reconstituição da traça primitiva, fachadas, coberturas e materiais originais (MOREIRA, 2007).

Reabilitação é um processo integrado sobre uma área que se pretende manter ou salvaguardar. No geral envolve o restauro ou conservação dos imóveis, a que alguns chamam de reabilitação física, e a revitalização funcional, ou seja, a dinamização do tecido económico e social, uma vez que manter um bairro implica conservar as suas características funcionais, aumentar a sua capacidade de atração, quer para os habitantes, quer para o exercício de atividades económicas e sociais compatíveis com a residência (SALGUEIRO, 1992).

A reabilitação urbana é uma ferramenta urbana que tem como intenção respeitar a imagem global do local, alterando e atualizando as condições de uso e habitabilidade (Fig.46). Mas não pode ser utilizada em áreas problemáticas, onde seja necessário um trabalho mais complexo, como áreas poluentes (MOREIRA, 2007).

A reabilitação representa a readaptação a novas situações em termos de funcionalidade urbana. Trata-se de readequar o tecido urbano degradado, dando ênfase ao seu carácter residencial, no qual, geralmente, se fazem duas intervenções complementares, no edificado e na paisagem urbana. Muitas vezes é utilizada na preservação de património histórico-arquitetónico.

A reabilitação significa a restituição da estima pública. Sendo o seu objetivo criar condições para que as pessoas não só possam viver e sobreviver em condições consideradas adequadas, mas, também, criar condições de maneira a que estes

Fig. 46 - Reabilitação urbana na zona da Morro da Sé no Porto

Fonte:https://www.engenhariaportugal.com/reabilitaca o-urbana-do-morro-da-se (Consultado a 13 de Junho de

74 núcleos ou essas cidades constituam núcleos estimados pela sociedade e a coletividade (SOUTINHO, 1998).

O urbanismo de reabilitação engloba questões como o planeamento, a gestão e a disciplina urbanística. Devemos ter em conta possíveis ações de proposta e contraproposta, bem como possíveis interações entre diferentes grupos sociais e autoridades locais. A reabilitação urbana foi criada no seguimento das guerras mundiais, tendo por base a conservação e restauração, tentando dinamizar as funções e atividades que possam ter sido desenvolvidas ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, reabilitando edifícios históricos (LÓPEZ, 2007).

A reabilitação urbana opõe-se à renovação urbana, pois a renovação urbana compreende o desaparecimento total de funções, substituindo áreas, conjuntos urbanos e edifícios considerados de importância arquitetónica, ambiental ou social. Um exemplo de renovação urbana é o caso da Carta de Atenas, criada por Le Corbusier, onde a proposta consistia na demolição completa e na renovação urbana dos centros históricos, de modo a erguerem-se estruturas urbanas mais ordenadas e edificações de grande altura. Já a reabilitação urbana é proposta como um urbanismo mais integrante e holístico, capaz de contribuir para que os centros históricos mantivessem ou alcançassem várias vivências, de diversos grupos sociais, com várias atividades, de diferentes sectores, contendo variadas formas arquitetónicas. As políticas de reabilitação urbana seguem certas diretrizes como: - Intervir no campo urbanístico e arquitetónico, integrando simultaneamente fatores económicos, sociais e culturais;

- Garantir a função residencial, incentivando a permanência da população e também garantindo a atratividade do espaço em termos habitacionais, comerciais, culturais e de lazer;

- Garantir a existência de variedade de atividades, de grupos sociais, de objetos arquitetónicos, de mobiliário urbano de modo a respeitar e construir um espaço inclusivo, que respeite as heranças do passado, que permita a existência de elementos contemporâneos e híbridos, próprios da evolução (LÓPEZ, 2007). Do ponto de vista da gestão, dos programas de ajudas públicas à reabilitação de habitações e à revitalização das atividades comerciais, por norma, são acompanhadas de indicações de planeamento mais diretas, como a construção de formas para o peão conseguir percorrer as ruas, a execução de expropriações, a localização de instalações de equipamentos públicos, bem como a execução do direito municipal ao julgamento. Como disciplina urbana, a reabilitação atua de forma a garantir certos requisitos presentes no urbanismo, como o a procura pela

75 conservação, a salubridade dos edifícios, as importâncias arqueológicas e arquitetónicas, o embelezamento, etc., podendo, por vezes, atuar em casos extremos e urgentes como catástrofe ou ruína. Ao mesmo tempo, torna-se pertinente interrogarmo-nos até que ponto a administração pública e entidades subcontratadas seguem estas diretrizes, e quais são as possibilidades do cidadão poder participar nestas ações (LÓPEZ, 2007).

A União Europeia, apesar de deixar a cargo a cada Estado-Membro a forma de atuar em questões de planeamento urbano e territorial, impõe certas diretrizes em termos de ambiente e desenvolvimento económico regional. Desta forma, ao longo dos anos, têm sido criados vários relatórios e programas, com o âmbito de promover novas políticas e gerar fundos comunitários e com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental das cidades. Portugal recebe fundos de coesão territorial por parte da União Europeia, de forma a compensar a sua pobreza, por ter um PIB abaixo de 90% dos restantes membros da União Europeia. Os programas de coesão europeus foram desenvolvidos para combater a falta de serviços públicos, a deterioração da habitação e do meio urbano, o desemprego, a exclusão social, bem como para melhorarem bairros que estejam particularmente vulneráveis, entre outras questões (LÓPEZ, 2007). O programa URBAN, em Portugal, incidiu em áreas periféricas, primeiramente em Gondomar e Campanhã. Este programa não se concentra somente em centros históricos, pois 40% das áreas urbanas escolhidas foram áreas urbanas centrais com problemas urbanos, sociais e económicos. Chegou-se à conclusão que, graças a este programa, as áreas que sofreram intervenções aumentaram a qualidade de vida, gerando emprego e turismo, impulsionando o comércio e melhorando os equipamentos e serviços. Mesmo assim, foi detetado que a exclusão social e económica permaneceu. Ao programa URBAN seguiu-se o programa URBAN II, com a diferença que este também promovia iniciativas inovadoras. Durante o período de 2000 a 2006, os fundos da União Europeia continuaram a suplementar intervenções prioritárias de desenvolvimento, tanto a nível local como urbano, concentrando-se na reabilitação de património e no melhoramento de equipamentos públicos, bem como nas infraestruturas básicas e nos sistemas de transportes em bairros urbanos carenciados (LÓPEZ, 2007).

O programa POLIS, incentivado pelo Ministério do Meio Ambiente e Ordenamento do Território, resulta do trabalho de um grupo de especialistas, sendo um programa de requalificação urbana e de valorização ambiental das cidades. Não é um programa exclusivamente centrado na reabilitação dos centros históricos, intervém em outras áreas urbanas, dando prioridade à gestão ambiental e à mobilidade. Este programa intercedeu nos centros históricos do Porto, Sintra,

76 Évora e Angra do Heroísmo. O programa POLIS tem como objetivo revitalizar e conservar, tendo sempre, em cada intervenção, a premissa de destacar o aspeto ambiental (LÓPEZ, 2007).

3.2. Acupuntura urbana

Outra das estratégias é a acupunctura urbana, inspirada na acupunctura chinesa, apresenta a ideia de intervir em pontos nevrálgicos da cidade, com intervenções cuidadosas e precisas, para obter uma limpeza e a revitalização da saúde da cidade. A acupuntura urbana não é um conceito novo, existe desde 1960, depois de ser aplicado na América do Sul e em Barcelona. Da teoria pouco se sabe, existem poucas fontes científicas que a expliquem e sustentem. Parsons (2011) tentou aprofundar o estudo sobre a teoria da acupuntura urbana, mas o trabalho acabou por se centrar nos primeiros exemplos desta teoria. A acupuntura urbana pode decorrer de processos de baixo para cima ou de cima para baixo, sendo de aplicação e interpretação diferente (HOOGDUYN, 2014).

A Europa nos últimos anos tem enfrentado momentos críticos a nível económico, bem como as perspetivas de evolução populacional influenciam a nossa sociedade. Desta forma torna-se eminente gerar novas formas de planear a cidade, pois os municípios já não podem financiar grandes investimentos em projetos de revitalização de grande escala, onde o resultado não é totalmente previsto. A acupuntura urbana surge

desta necessidade, onde

intervenciona em pontos essenciais (Fig.47), para que o todo tenha um resultado1 maior, melhorando o espaço urbano, levando a uma vida sustentável (HOOGDUYN, 2014).

O urbanismo moderno focou-se principalmente na funcionalidade das cidades e do seu edificado. Na década de 80 o espaço público começou a ter outra importância nomeadamente dentro da disciplina de planeamento. Certos autores como Jacobs (1961), Mumford (1968), Davidoff (1968), Schumacher (1973), Alexander (1979), Jacobs (1980) e Appleyard (1981) começaram a defender estratégias de planeamento a uma escala mais pequena, derivado à era em que nos encontramos,

Fig. 47 – Acupuntura urbana

Fonte: https://www.emaze.com/@ACRZIWCR (Consultado a 13 de Junho de 2019)

77 onde a mudança é permanente e acelerada. A partir da década de 90 as intervenções de pequena escala praticam-se por toda a Europa. As situações urbanas mudaram, a complexidade das cidades mudou, a própria sociedade transformou-se, o que leva a que o planeamento seja obrigado a mudar para responder a todas estas mudanças, havendo a necessidade de responder com novas estratégias para o desenvolvimento e modificação da forma urbana. Este período que vivemos é visto como um período intermédio, estando entre dois momentos de expansão e ao mesmo tempo um impasse. Assim a acupuntura urbana vem dar resposta às mudanças económicas, sociais e políticas existentes (HOOGDUYN, 2014).

Nas últimas décadas os principais autores que abordaram o tema de acupuntura urbana foram Manuel de Solà-Morales, Jaime Lerner e Marco Casagrande.

Segundo Lerner (2011), a forma de intervenção da acupuntura urbana abrange todo o espectro de possibilidades como: - resgatar ou manter a identidade cultural da comunidade e/ou do local

- relacionar usos e sectores diferentes (mistura de funções) - novos edifícios de equipamento e restauração dos existentes - criação de novos costumes e hábitos

- preencher vazios urbanos, fomentando a continuidade - instalação de atividades provisórias

- manter e fomentar novos locais que sejam pontos de referência - criar pontos de encontro

- criar bons códigos de convivência e fomentar a solidariedade entre os vários atores urbanísticos

- a utilização de arborização pode dar o sentido de unidade, ao mesmo tempo que gera sombra, cor, luz e dá vida a uma rua.

A realização de uma intervenção deste tipo é exequível com recursos reduzidos e propostas pontuais, tornando-o um método preferencial nos tempos correntes. Lerner (2011) debruça-se sobre o tema da acupuntura urbana e salienta que ela não se traduz só em obras, pode por vezes ser uma injeção de um novo hábito, de um novo costume, que pode despoletar situações positivas para uma futura transformação, com isto o autor quer tornar claro que a acupuntura não necessita

78 sempre de uma obra material. Segundo o autor uma acupuntura urbana de qualidade incita, e/ou procura promover uma manutenção de identidade cultural de uma comunidade ou de um determinado sitio. Lerner dá o exemplo da perda de identidade de Seul, que para reverter esta situação decidiu eliminar vários sistemas de vias elevadas no centro da cidade, de modo a revitalizar a cidade recuperando um rio que estava encanado. Por vezes também é necessário não existir qualquer alteração física na cidade, pois essas ações por vezes podem prejudicá-la. Como refere o autor “Na Lisboa da Avenida da

Liberdade, do Rossio, das colinas, talvez a melhor acupuntura seja não fazer nada, com urgência.” (LERNER,

2011, p. 24).

O autor sugere também reunir condições para a convivência do comércio formal com o informal, sugerindo um acordo de horários entre os dois. Também fala do preenchimento de vazios, porque por vezes os problemas urbanos surgem da falta de continuidade. Ao mesmo tempo é de grande importância, se for o caso, incluir um uso que esteja em falta na comunidade, sejauma atividade económica, seja habitação ou serviços, pois é importante a mistura de funções. O autor descreve a importância de não deixar os vazios por preencher, principalmente quando neles existia atividade (Fig.48). Também é defendido a instalação e uso de atividades provisórias, até se chegar à conclusão de que atividade permanente irá ocupar aquele espaço, simultaneamente o autor concretiza: ”Bons e maus exemplos

aconteceram. O mais importante foi o resultado conseguido com a revitalização de locais antes abandonados que ganharam, na maioria das vezes, importantes equipamentos culturais. Foram ótimas acupunturas.” (LERNER, 2011, p.42). É

referenciado a importância dos “locais que pertencem à memória da cidade” (LERNER, 2011, p. 41), pois fazem parte da história da cidade, não fala só do património histórico, mas também locais que são pontos de referência. Lerner explica que para uma acupuntura urbana ser de qualidade é necessário que esta ajude a trazer pessoas para a rua, torna-se necessário gerar pontos de encontro. Torna-se explícito que o problema foi a segregação, separou-se as atividades económicas, a habitação, os espaços de lazer, os serviços, o trabalho, não existindo interligação nem proximidade entre eles. Desta forma a cidade torna-se menos

Fig. 48 – Wire Opera House, Curitiba Lerner transforma uma pedreira desativada num

novo espaço público

Fonte: https://travel.sygic.com/en/poi/wire-opera- house-poi:45257 (Consultado a 30 de Maio de 2019)

79 humana. Tudo isto levou também ao uso exacerbado do automóvel, levando ao congestionamento, a mais stress, a mais poluição, a mais tempo das nossas vidas gasto no trânsito, é necessário que a utilização do automóvel seja moderada. Neste momento a nível mundial percebe-se que esta questão se tornou um problema, a acessibilidade e a mobilidade têm de ver vistas de outra maneira, deve ser fomentada a ideia de que o cidadão é capaz de percorrer a cidade de várias formas, com isto é necessário que haja um investimento a nível das infraestruturas, tornando possível estacionar na periferia e ir para o centro de comboio, metro ou de autocarro, podendo dentro da centro utilizar estes transportes e/ou andar a pé e/ou de bicicleta, havendo uma interligação entre todos os meios de transporte. Lerner ao falar do espaço público construído, dá o exemplo de como as praças podem ser vividas: “Elas são pequenas, e podem pertencer a milhões. Às vezes são

enormes, e parecem não pertencer a ninguém.” (LERNER, 2011, p. 79), desta forma

conseguimos perceber que não é assim tão simples fazer espaço público, o planeador necessita perceber as necessidades daquela comunidade, as suas vivências, os seus hábitos e costumes, tem de ser um espaço humanizado, caso contrário não passa de outro tipo de vazio, pois ninguém quer lá permanecer. Também é essencial que a acupuntura seja feita de forma rápida e precisa, desta maneira a população aceita melhor a mudança e evita-se a inércia política.

Estas intervenções devem concentrar-se nos pontos de reduzida energia, com potencial para melhorar. “Tocar numa área de tal modo que pode ajudar a curar,

melhorar, criar reações positivas e em cadeia” (LERNER, 2011, p.7).

Um exemplo de acupuntura urbana é uma das intervenções de Lerner, a rede de autocarros com alta capacidade (Bus Rapid Transport - BTS) em Curitiba (Fig.49). Onde as paragens de autocarros são substituídas por estações, a rede liga a rede de transportes subterrâneos com as redes de transportes ao nível do chão. Visto como um bom exemplo e replicado por vários países, pois impede que as estradas rompam a estrutura da cidade.

Solà-Morales (2008) refere-se à acupuntura terapêutica e como ela pode incidir em 361 pontos sensíveis e como cada um deles comunica para o resto do corpo. Desta forma compara o corpo humano ao

Fig. 49 – Bus Rapid Transport em Curitiba

Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/brt-e-futuro- metro-e-passado-afirma-jaime-lerner/ (Consultado a 3 de

80 tecido urbano, sendo que a pele deste é composto por construções, texturas, contrastes, etc. Assim as pequenas intervenções podem mudar toda a cidade. Parte do princípio de que as intervenções de acupuntura urbana devem localizar-se nos pontos onde existe pouco energia ou mesmo nenhuma, mas que simultaneamente demonstrem grande potencial. Desta forma é essencial perceber qual será a intervenção mais adequada para o local, compreender a comunidade e integrá-la, defendendo assim um processo bottom-up6. Referindo que a acupuntura

urbana não é exclusiva, nem está dependente de estruturas que estejam acima, pois a comunidade através dos seus esforços torna as intervenções de acupuntura urbana mais eficiente. Mesmo assim o autor refere que para a intervenção ter sucesso é importante ter em conta os elementos económicos, culturais, históricos e políticos do local (HOOGDUYN, 2014).

Depois da ditadura de Franco, Barcelona algumas intervenções de pequena escala, que tinham como objetivo melhorar as condições do espaço público. Uma das intervenções foi Moll de la Fusta (1982), onde se abriu a cidade de Barcelona para o mar, dando acesso pedonal à beira mar (Fig.50). Como existia um anel viário, Solà- Morales colocou uma parte elevada em cima desse mesmo anel, reduzindo assim o tráfego. A zona elevada contém espaço público, com cafés, restaurantes, estacionamento e espaço pedonal. Continuando a existir tráfego, mas combinado com vários aspetos do nosso quotidiano (HOOGDUYN, 2014).

Casagrande (2006) no seu

trabalho foca-se

essencialmente na relação entre a natureza e a natureza humana. Refere- se às cidades como organismos de energia complexa, nas quais existem várias camadas de energia, vários fluxos determinados pelos cidadãos que levam ao desenvolvimento da cidade. Casagrande (2006) estudou e desenvolveu métodos para a manipulação pontual da energia urbana com o intuito de fortalecer um

6 bottom-up: processo de baixo para cima.

Fig. 50 – Moll de la Fusta

Fonte: http://manueldesola-

morales.com/proys/Moll_de_la_Fusta_eng.htm (Consultado a 3 de Junho de 2019)

81 desenvolvimento urbano ecologicamente sustentável, a que chamou “Third

Generation City”. O autor utiliza este termo para falar das cidades pós-industriais.

Esta teoria consiste num ciclo de três etapas onde a natureza e a natureza humana se intersetam. Na primeira geração, os humanos utilizam uma arquitetura modesta na natureza, onde dependem totalmente do ambiente e da sua compreensão da natureza. Durante a segunda geração os humanos exploram os recursos naturais e criam cidades industriais. O industrialismo concede aos cidadãos independência em relação à natureza, passando a natureza a ser tratada como algo dispensável. É as cidades de terceira geração que a natureza assume o controlo sobre a arquitetura e deixa um rasto de ruínas. A arquitetura tornar-se-á parte da natureza e a cidade transformar-se-á numa máquina orgânica. As pessoas destroem as cidades industriais utilizando todas as opções disciplinares disponíveis, é necessária uma visão mais holística, como descreve Casagrande (2006), na cidade de terceira geração o saber é reconhecido. Nesse momento o indivíduo volta à ruína. A cidade torna-se uma ruína orgânica da cidade industrial. O conceito de acupuntura urbana é um dos três elementos na teoria “Third Generation City”. Os outros dois elementos são a jardinagem anarquista e o urbanismo fluvial. A jardinagem anarquista são as construções espontâneas que mantêm a máquina orgânica viva, como os jardins públicos e as hortas urbanas. O urbanismo fluvial é uma forma de paisagem urbana onde os rios são regenerados. Durante a cidade de segunda geração, os rios tornaram-se sítios destinados às descargas industriais. A cidade de terceira geração tem como objetivo reunir as cidades a esses rios. As cidades desenvolver-se-ão do ponto de vista do rio. As comunidades irão descobrir uma interação sustentável com o rio. As características orgânicas da cidade de terceira geração irão estar por debaixo da cidade industrial. O autor chama a isto energia, o orgânico subjacente, que pode ser manipulado e que pode transformar as cidades mecânicas em cidades de terceira geração. As manipulações, que causam esta reviravolta é o elemento de acupuntura urbana. A acupuntura urbana é a ruína da superfície industrial que o ser humano desenvolveu. Casagrande (2006) define a acupuntura urbana como uma manipulação arquitetónica do senso comum da cidade. A cidade é vista como um organismo energético multidimensional, um ambiente vivo. A acupuntura urbana tende a estar em contacto com a natureza, tendo a sensibilidade para entender os fluxos de energia do coletivo (HOOGDUYN, 2014).

Hoogduyn (2014) expõe que a acupuntura urbana tem demostrado resultados diferentes consoante o nível de envolvimento da comunidade. Dado que os níveis de emigração na Europa têm aumentado, as cidades perdem dimensão. Derivado deste acontecimento é urgente que o planeamento das cidades sejam repensado,