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O Ciberespaço of erece novas possibilidades para a criação de padrões de aquisição e const rução dos conheciment os, ao permit ir o uso int egrado e int erat ivo de diversas mídias, embora o uso dest as t ecnologias na educação ainda sej a paralelo ao do sist ema t radicional. A despeit o de t ais iniciat ivas ainda serem t ímidas, j á se permit e ant ever as caract eríst icas de uma signif icat iva mudança, uma vez que modif icará prof undament e os valores cult urais e a f orma de int eração ent re os seres humanos e dest es com o ambient e nat ural e art if icial.

A int eração social humana é um element o vit al à educação, e o Ciberespaço será um l ocus privilegiado para t ais int erações, mais at raent es e int eressant es que as desenvolvidas hoj e nas salas de aula convencionais. O prof essor, por exemplo, poderá assimilar uma série de inf ormações, a f im de guiar seus alunos na aquisição de novos conheciment os, cont ando com a aj uda de t ut ores de IA (Int eligência Art if icial) de linguagem nat ural. A educação, daqui em diant e,

não será só repasse de um capit al cult ural comum, mas part ilha de t ecnologias visando à int eração ent re pessoas, grupos e comunidades.

Out ro problema é que o sist ema educacional t radicional t em t ido dif iculdades para conseguir oport unidades educat ivas iguais para t odos. Crianças de classes mais elevadas t êm melhor inf ormação, acesso a recursos de qualidade e oport unidade de f reqüent ar boas escolas, mas j á há na Int ernet proj et os que buscam uma maior igualdade de oport unidades na educação. O mais provável, ent ret ant o, é que o uso de comput adores (individualment e ou em rede) aument e as dif erenças sociais e educacionais, pois as crianças “ mais f avorecidas” t êm e t erão melhores condições de ut ilizar comput adores.

Out ra f orma de educação virt ual int eressant e e at raent e é a simulação, que permit e prever result ados, visualizar det alhes, ant ecipar cálculos sobre proj et os et c.

Salas de aulas t radicionais podem ser comparadas a sociedades hermét icas. Port as f echadas, livros na mão e alguns mat eriais suplement ares, dependendo apenas do discurso do prof essor, os alunos assist em a uma aula que não deve ser int errompida. Ao cont rário, em salas de aulas virt uais, os usuários est ão num e nout ro lugar. A bibliot eca est á na sala, não apenas a da escola, mas uma rede de bibliot ecas digit ais. Bast a paciência e procura.

Hoj e currículos (cont eúdos) são selecionados de f orma a “ caberem” em um ano ou em um semest re, t udo de acordo com o livro didát ico escolhido, excluindo- se “ t emas indesej áveis” e at endo-se ao que a escola considera essencial.

Ao cont rário, em uma est rut ura de rede em que uma gigant esca part e dos “ cont eúdos” est á armazenada, privilegiam-se individualidades e diversidade, pois est e cor pus, abert o, ext ensível, móvel, valoriza sempre a relação e a inclusão. Cada um caminha num curso ao sabor de sua curiosidade, prazer, t empo, capit al cult ural et c.

De um pont o de vist a econômico a Int ernet é vant aj osa, pois permit e downl oad (baixa de programas e arquivos), impressão de mat erial de apoio et c. Cit ações, exemplos f iguras, gravuras et c. podem ser t ranscrit as diret ament e para processadores de t ext o, o que diminui o t rabalho “ braçal” , aument ando o t empo disponível para at ividades ref lexivas.

Na rede há grande quant idade e diversidade de livros on l i ne, manuais, apost ilas, revist as e j ornais, além de resumos, cat álogos de obras, bibliograf ias e acervos, t udo isso para f acilit ar a pesquisa. Mais que isso, a Int ernet abre espaço a publicações, permit indo que qualquer pessoa disponibilize sua mensagem para o mundo int eiro.

Out ra prát ica comum na rede é o correio elet rônico (e-mail) e o ICQ (espécie de diálogo escrit o on l i ne) que, pedagogicament e, pode ser usado em salas virt uais ou na correspondência prof essor-aluno, aluno-aluno e prof essor- prof essor, numa rica circulação de saberes e inf ormações, com a imediat a at ualização dos conheciment os t rocados. List as de endereços elet rônicos (mai l i ng) permit em que as pessoas se inscrevam em sit es que t rat am de assunt os de int eresse comum, suport ados por programas que f acilit am a int eração ent re t odos os inscrit os. Est es grupos de discussão são suplement os às aulas convencionais (“ presenciais” ), expandindo os debat es sobre os assunt os para além da sala de aula, sem limit e de t empo, permit indo a part icipação de t odos (dif ícil na sala de aula em virt ude dos const rangiment os de espaço e t empo), além de est imular o senso de comunidade ent re alunos e prof essores. Isso pressupõe que as list as de discussões, como sist emas sociais, ao cont rário de sist emas sociais baseados na t radição, no parent esco ou na amizade duradoura, vivem e sobrevivem da cont ínua criação/ dif erenciação de inf ormação (novidades). A criação, t rabalhada por uma dif erença sempre j á programada e calculada, t orna-se puro j ogo comunicacional, int erat ivo e lúdico; e o criador, unicament e usuário.

A f im de caract erizarmos, de f orma sumária e, provavelment e, redut ora, a sociocomunicação, na era da mundialização, diremos que as suas caract eríst icas f undament ais são os sist emas sociais, os f luxos inf ormacionais, a int erdependência cult ural e a emergência da int erat ividade. A invenção de novos inst rument os sociocomunicacionais não é por si só suf icient e para gerar a respect iva ut ilização social. Os novos meios implant am-se quando se verif ica a conj ugação de diversos f at ores: invent os t ecnológicos, novas ret óricas e usos sociais.

No próximo capít ulo enf oca a sociedade como um sist ema at ravés da t eoria de Niklas Luhmann: ist o é, a sociedade é observada por meio da dist inção sist ema/ meio. Inicialment e recorremos aos inst rument os da t eoria geral dos sist emas, sobret udo às mudanças paradigmát icas que ocorreu no século XX, em

f unção de novas descobert as nas ciências exat as e biológicas. A t eoria geral dos sist emas apresent a-se hoj e como t eoria de sist emas aut opoiét icos, aut o- ref erenciais e operacionalment e f echados.

7 T EORIA DOS SIST EMAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO NA PERSPECT IVA DE NIKLAS