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Espacialização dos assentamentos rurais no Pontal do Paranapanema – SP

Capítulo III O ESTUDO DE CASO: PERSPECTIVAS TERRITORIAIS DOS

Mapa 5. Espacialização dos assentamentos rurais no Pontal do Paranapanema – SP

– 2013, com destaque em vermelho para os municípios visitados na pesquisa.

Fonte: DATALUTA – Banco de dados da luta pela terra: Relatório Pontal do

Paranapanema, 2013. Modificado pelo autor da tese.

Tais assentamentos são expressivos por apresentarem representatividade numérica, elevado tempo de existência, participações em políticas públicas, formações de associações e inserções com lideranças significativas em movimentos sociais.

Municípios com Assentamentos visitados na

Assim sendo, foi estabelecido um diálogo com vinte e seis famílias, compondo variações espaciais nos grupos formativos em que se puderam aferir conversas e elementos de suas integrações nas políticas sobre o clima, além de caracterizar a ampla gama de reflexos que este tema consegue produzir nos assentamentos rurais de reforma agrária mediante os alcances do Estado e movimentos sociais.

Tabela 2. Número de famílias visitadas por assentamentos rurais.

Assentamentos Rurais Visitados Número de

Famílias Che Guevara 4 São Bento 3 Laudenor de Souza 3 Ribeirão Bonito 3 Santa Zélia 3 Vô Tônico 3 Antônio Conselheiro 3 XV de Novembro 2 Nova Esperança 2

Fonte: Autor da tese.

Esses grupos alcançados, em linhas gerais, estavam compostos por maioria de adultos, geralmente casais com filhos também adultos. Neste caso, a quase totalidade dos entrevistados era composta por um homem e uma mulher, somados aos filhos e filhas. Quando ocorria a convivência na mesma casa com filhos(as), grande parte era, também, formada por casados. No processo de diálogo, quando o homem estava presente, este encabeçava a conversação, sendo possível perceber maiores falas de mulheres quando o marido não se fez presente no momento em que se aferiram informações durante o trabalho de campo.

Foram levantados cerca de 1000 minutos de áudios em conversas com os assentados, o que permitiu a indicação no texto de expressões sínteses do diálogo obtido através das incursões nos assentamentos rurais de reforma agrária. O que

se pode demarcar, qualitativamente, é que sobre as mudanças climáticas decorre certo alinhamento de intencionalidades e conjugações em compreensões pelos assentados, o que indica, neste recorte, a potencialidade territorial a partir da condição de classe dos sujeitos dispostos em lotes de reforma agrária.

Neste contexto, a vantagem do diálogo qualitativo, no sentido exposto pela tese, é a de abrir a possibilidade de angariação de informações através do assentado, uma vez que a temática não se apresenta bem demarcada numa mesma conjuntura de ações e projetos, mas pulverizada em torno de implicações públicas, privadas e, também, pessoais e coletivas no que correspondem ao discernimento da questão mudanças climáticas. Ou seja, não se intencionou delimitar numericamente, de modo estrito, a inserção em determinadas políticas públicas, gerar marcos de renda ou outras comparações quantitativas privativas neste sentido, mas sim compreender as dilatações que o tema possui no que corresponde às construções em territorialidades que permeiam as interpretações e sentidos, o que indica as diferenciações territoriais a partir da construção dos lugares.

O princípio da saturação guiou a formatação metodológica relativa ao número de famílias entrevistadas, apoiando-se na variação de pessoas e da espacialidade diferenciada entre elas. Neste caso, após as respostas se repetirem e se obter o mesmo resultado argumentativo em diferentes sujeitos entrevistados, subsequentemente, também em diferenciados lotes e assentamentos, entendeu-se que os pontos centrais da temática haviam sido atingidos.

Por este caminho, o primeiro passo de acesso às famílias decorreu através indicações prévias por atores ligados aos estudos do processo de reforma agrária no Pontal do Paranapanema-SP. Após isto, mediante a orientação dos próprios assentados, foram realizadas aproximações com indivíduos em seus domínios familiares considerados pela coletividade como lideranças representativas que possibilitariam informações passíveis de generalizações.

As abordagens em campo foram estabelecidas por entrevistas dirigidas em que um roteiro específico se imprimia para permitir o encadeamento dos subsídios tidos como centrais sobre a temática no recorte adotado. Todavia, a abertura da conversação não estreitou as perguntas, aceitando o encaminhamento de óticas fulcrais para os assentados, partindo inicialmente do que foi perguntado, mas não

restringindo os assuntos. Isto garantiu a obtenção de múltiplas informações, o que expôs as necessidades, ocorrências concretas e os anseios sobre o tópico mudanças climáticas por aqueles que vivem em lotes de reforma agrária provindos da luta dos movimentos sociais e que procuram efetivar territorialidades ambientais positivas.

Para isto, trabalhou-se com os seguintes aspectos das vinculações entre a macroescala e os rebatimentos locais sobre a agenda em mudanças do clima no país: a) o reconhecimento das inferências climáticas nas bases dos lotes rurais e suas imbricações no cotidiano dos assentamentos; b) a responsabilização por causas e ações em mitigação e adaptação; c) as participações em projetos ligados direta ou indiretamente a PNMC brasileira e PEMC-SP; d) as necessidades dos assentados e suas expectativas na formulação e aplicação de agendas em mudanças climáticas; e) o incentivo às práticas agroecológicas, bandeira dos movimentos sociais como contributo para a contenção em emissões de GEE; f) projetos desenvolvidos através da organização de movimentos sociais sobre o clima e mudanças.

Contudo, inserido na complexidade dialética da realidade, alguns dos aspectos relevantes, considerados no seio das análises da agenda brasileira e em reivindicações dos movimentos sociais em macroescala, que baseou, então, a abordagem qualitativa, se comportaram como necessidades diferenciadas para os assentados. Por isso, no capítulo IV se dialoga com a aferição da totalidade observada e os pontos levantados nos assentamentos, seguindo o material obtido com a estruturação dos questionamentos acima demonstrados, mas reservando à exposição junto à importância apontada pelos sujeitos entrevistados.

Neste ínterim, as significações e relevância dos assentamentos rurais como “casos” exemplificativos para dialogar com o processo de afirmação da política climática no Brasil, e suas inclinações para o rural, se dão a partir da conjugação “luta por terras (e capacidades de permanência nelas) – construções políticas em clima e mudanças – diminuição de desigualdades”.

Assim, foi possível estabelecer a vinculação profícua entre áreas de reforma agrária e condicionantes sobre os ditames climáticos contemporâneos a partir da

dimensão qualitativa, consentindo a exemplificação e valorização do estudo de caso acolhido.

Tendo isto em vista, parte-se na sequência dos enquadramentos analíticos para a compreensão do processo de formação do Pontal do Paranapanema-SP, dos assentamentos rurais de reforma agrária inseridos neste domínio e suas sinalizações, atenções, contradições e esperanças nos quesitos da produtividade e benefícios climato-ambientais, o que dará as bases para o discernimento das vinculações locais do mote averiguado.

III.III. PONTAL DO PARANAPANEMA-SP: PROCESSO

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