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ara a decifração dos questionamentos problematizados em torno das perguntas norteadoras e estruturantes das hipóteses engendradas, movimenta-se a pesquisa a partir do método dialético e das abordagens metodológicas qualitativas e quantitativas. Parte-se deste caminho teórico-epistemológico pela necessidade de abordar as estruturas e os simbolismos sociais inseridos na totalidade estudada, sobretudo pelas dinâmicas territoriais, compondo aspectos transversais à demonstração de dados políticos, numéricos e relatos interpretativos no seio das relações internacionais, nacionais e locais em assentamentos rurais de reforma agrária no Pontal do Paranapanema- SP.

Assim, a inserção na tomada estrutural e simbólica, mediada pela aferição das contradições e correlações entre propositivas discursivas e práticas, fomentadas em dados, colocou-se como imperativa para dar conta de apresentar respostas em termos de interpretação da extensão da questão climática dentro do recorte adotado.

Corroborando Minayo e Sanches (1993), um método pertinente é aquele que figura o melhor direcionamento da construção analítica dos dados e expõe, continuamente, a reflexão sobre a teoria. Adicionalmente, “[...] além de apropriado ao objeto da investigação e de oferecer elementos teóricos para a análise, o método tem que ser operacionalmente exequível” (MINAYO; SANCHES, 1993, p.239).

No que corresponde à opção pela dialética, este método permite a qualificação de fenômenos a partir da articulação contraditória dos posicionamentos, fatos e atores sociais envolvidos no objeto de investigação (MARCONDES, 2002; SPÓSITO, 2004; ALVES, 2008).

Spósito (2004) apresenta uma leitura sobre este método evidenciando-o enquanto possuidor de abordagens que perspectivam a refutação de opiniões comuns através da contradição. Como fruto de um processo também histórico dos diálogos e concepções sobre o conhecimento, este método foi alvo de inclinações de Platão, Aristóteles, Hegel e Marx, entre outros (MARCONDES, 2002; SPÓSITO, 2004).

Deste modo, de maneira ampla, com a dialética,

[...] o pensamento elaborado, uma vez estabelecido, vai ser confrontado com um novo pensamento, criando assim uma tensão entre os dois modos de pensamento (SPÓSITO, 2004, p.42).

Neste contorno, a dialética foi entendida como a ação de compreensão do mundo pautada no movimento da história, dispondo a confrontação de opiniões, prismas, associações e afastamentos na relação sociedade/natureza (SPÓSITO, 2004). Portanto, ancora-se na dimensão histórico-política, analisando o movimento da realidade pela transação entre o concreto e os aspectos intencionais (ALVES, 2008).

No que corresponde à metodologia qualitativa, procura-se enfocar a totalidade das relações sociais como um universo de significados que, amplamente, são passíveis de investigação pela apreensão das conjugações coletivas através de materiais publicados, da fala e da linguagem, ao passo que se buscam os contrastes com as práticas observadas em campo e com dados obtidos em fontes oficiais e midiáticas (MINAYO; SANCHES, 1993).

Minayo e Sanches (1993), Duarte (2004), Günther (2006) e Creswell e Vicki (2007) apontam que a perspectiva qualitativa se apoia na investida dialética, atuando nos níveis dos significados e das estruturas, “[...] entendendo estas últimas como ações humanas objetivadas e, logo, portadoras de significado” (MINAYO; SANCHES, 1993, p.244-245). Deste modo, pretende-se alcançar a aferição de sentidos, motivações, atitudes, valores e intenções amplamente dispostos no seio do recorte interpretado (MINAYO; SANCHES, 1993; GÜNTHER, 2006).

Neste âmago,

[...] a abordagem qualitativa só pode ser empregada para a compreensão de fenômenos específicos e delimitáveis mais pelo seu grau de complexidade interna [...] (MINAYO; SANCHES, 1993).

Sendo assim, o material substancial deste modelo de investigação é o diálogo, ou seja, as falas dos atores representativos alcançados em trabalho de campo e, no caso específico desta pesquisa, também das publicações provindas de distintas mídias, movimentos sociais e do Estado brasileiro em suas preleções e representações (MINAYO; SANCHES, 1993; DUARTE, 2004). Esta objetivação de obtenção de respostas se encontra tanto nas expressões do cotidiano, como nas

medidas discursivas intelectuais, burocráticas ou políticas (MINAYO; SANCHES, 1993).

No que corresponde à análise de materiais publicados, parte-se das leituras também guiadas pelo método dialético, tendo em consideração exames dirigidos pelas dinâmicas territoriais, os atores rurais, as indicações de Estado no âmbito da agenda climática, as perspectivas dos movimentos sociais inseridos no assunto, bem como os dados obtidos em trabalho de campo. Como maneira de estender as aferições qualitativas, utilizam-se angariações de materiais através de entrevistas diretas com atores e representantes dos objetos estudados, bem como os discursos públicos, confrontando com dados de fontes oficiais.

Dessa maneira,

[...] a fala torna-se reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos (sendo ela mesma um deles), e, ao mesmo tempo, possui a magia de transmitir, através de um porta-voz (o entrevistado), representações de grupos determinados em condições históricas, socioeconômicas e culturais específicas [...] (MINAYO; SANCHES, 1993, p.245).

Partindo das exposições sobre a faceta utilizada da metodologia qualitativa, necessário se faz caracterizar os contornos que compreendem as amplas dimensões da representatividade das informações obtidas. Neste sentido, em termos sociais, analisar os discursos e a conjuntura de situações através das expressões conseguidas em campo, mediante entrevistas, não particulariza os significados de modo individual, mas sim expõe as dimensões coparticipadas do agrupamento (DUARTE, 2004; MINAYO; SANCHES, 1993).

A relação da intersubjetividade no processo de investigação permite a constatação dos significados coletivos que são compartilhados, tendo em consideração que, na totalidade do ambiente:

[...] a função essencial das normas culturais é prover os membros de um grupo ou sociedade com definições de situação inteligíveis e intercambiáveis no coletivo. Sem isso, a vida social seria impossível (MINAYO; SANCHES, 1993, p.246).

O processo de ratificação da representação dos dados obtidos para análise se dá, de modo incisivo,

[...] pela explicitação das relações existentes entre os procedimentos adotados na coleta de material empírico, a

literatura científica, o objeto de pesquisa e os resultados obtidos a partir dessas relações (DUARTE, 2004, p.219).

Duarte (2004) dispõe que a tomada de depoimentos nos âmbitos investigativos possibilita extrair do que é personificado e subjetivo o todo das relações que se estabelecem dentro das caracterizações sociais nas quais os sujeitos consultados participam, ou já participaram, em determinada localidade e temporalidade.

Por isto, a efetivação da abordagem dialética sustenta a dimensão metodológica qualitativa em torno da apreciação constante dos discursos com as práticas sociais (MINAYO; SANCHES, 1993; GÜNTHER, 2006).

Assim sendo,

[...] uma análise qualitativa completa interpreta o conteúdo dos discursos ou a fala cotidiana dentro de um quadro de referência, onde a ação e a ação objetivada nas instituições permitem ultrapassar a mensagem manifesta e atingir os significados latentes (MINAYO; SANCHES, 1993, p.246).

Portanto, analisar qualitativamente determinado enfoque perpassa as facetas simbólicas, históricas e concretas do objeto, em que pelo símbolo se apreende as significações dos sujeitos sociais, os termos históricos apresentam a efetivação temporal no espaço e a concretude evidencia as estruturas e os atores sociais envolvidos (DUARTE, 2004; MINAYO; SANCHES, 1993).

Já a perspectiva quantitativa na tese é trabalhada através do levantamento de dados em fontes oficiais, documentos oriundos do Estado e dos movimentos sociais, artigos científicos e demais publicações com caráter sistemático. Para o tratamento e organização interpretativa, utilizou-se a sistematização das informações em tabelas, quadros e gráficos, assentindo a conferência, comparação e equiparação analítica entre tais.

Como exposto por Russel Bernard (2013), a tomada quantitativa assenta na disposição sequencial ou numérica de dados e/ou palavras para a compreensão quantificada do assunto verificado.

Patel (2009) demarca que as dotações quantitativas auxiliam no encadeamento de dados, verificações comparativas e ratificações de congruências ou discrepâncias que seguem certos padrões. Assim, busca-se dar sustentação às

argumentações através da exposição concreta de elementos substanciais e numeráveis, permitindo a disposição das conclusões atingidas.

Para isto, aporta-se nos contornos multiescalares, sendo estes mecanismos exemplares dos debates e análises dispostos na investigação, de maneira que se possa com eles evidenciar as nuances sociais identificadas com a pesquisa e que rebatem diretamente nas orquestrações políticas em mudanças climáticas.

l. A QUESTÃO MULTIESCALAR – DO GLOBAL AO LOCAL, DO

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