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2 MARCO CONCEITUAL

27 ESPECIALIZAND A EM SAN

31 MESES UECE – 31 ANOS ENTREVISTADA 7 F CASADA 45 GRADUADA EM ADMINISTRAÇÃ O ESPECIALISTA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA.

30 MESES UECE – 4 anos

ENTREVISTADA 8

F SOLTEIRA 25

ESPECIALISTA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

18 MESES UECE – 1 ano e 7 meses

ENTREVISTADA 9 F

SOLTEIRA

27 ESPECIALIZAND A EM SAN

30 MESES UNIFOR – 2 anos e meio ENTREVISTADA 10 F CASADA 32 ESPECIALISTA EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

10 MESES UECE – 11 anos

Fonte: elaborada pela autora.

Apenas um dos dez nutricionistas era do sexo masculino, achado que vai de encontro a, extensamente documentada na literatura (BOSI, 1996; PRADO, 1993; VASCONCELOS, 2011), maior concentração de mulheres entre aqueles que escolhem a profissão. A predominância do sexo feminino na categoria está relacionada a marcas

históricas do seu desenvolvimento no Brasil, uma vez que os cursos pioneiros já estimulavam a investidura de mulheres na profissão (BOSI, 1996). Recentemente, em um estudo sobre o perfil dos nutricionistas brasileiros, Vasconcelos e Calado (2011) encontraram que 96,5% dos profissionais da categoria eram do sexo feminino.

Quanto ao estado civil, metade dos entrevistados era solteira e a outra metade declarou-se casada. Esse dado remete a contextos de vida diversos entre estes profissionais, o que, em alguns casos, refletem motivações distintas para o ingresso no trabalho na ESF, conforme pôde ser depreendido durante a análise das informações.

Os entrevistados tinham idade entre 25 e 57 anos, sendo a média de idade de 36 anos. A maioria era natural de Fortaleza e havia se graduado na Universidade Estadual do Ceará, apenas uma era procedente da Universidade de Fortaleza. Em relação ao tempo decorrido após conclusão da graduação, o grupo mostrou-se bastante heterogêneo, variando entre dezenove meses a 31 anos, com média de 10 anos de formados. Todos eles eram especialistas ou estavam cursando alguma especialização, duas dos quais frequentavam uma especialização em segurança alimentar e nutricional e outro em saúde da família. Estas últimas ressaltadas por serem pós-graduações mais afins ao contexto de inserção dos profissionais na ESF.

Quanto ao tempo de atuação no NASF de Fortaleza, o informante que estava a menos tempo inserido na ABS do município atuava há 10 meses e o que estava há mais tempo a 31 meses, sendo o tempo médio de atuação destes profissionais de 20 meses. Cinco entrevistadas relatavam possuir outra fonte de renda, além do trabalho no NASF, sendo estas: atendimento clínico em consultório, consultoria em serviços de alimentação e nutrição, plantões diários em hospitais ou consultoria na indústria alimentícia de produtos naturais.

A maioria dos entrevistados havia tido experiências anteriores nas áreas de alimentação coletiva e nutrição clínica, com predominância da primeira em termos de quantidade de profissionais e tempo de atuação. Apenas duas profissionais iniciaram sua trajetória profissional já no NASF de Fortaleza.

Os profissionais relataram que estão inseridos em NASF que dão apoio a duas até cinco unidades de saúde, a depender do número de equipes que estas comportam. Cada NASF fica responsável, em média, por oito equipes de saúde da família completas, mas os nutricionistas ponderaram que, na prática, oferecem apoio a todas as equipes, independente de estas serem classificadas como equipes de SF ou de Estratégia Agentes Comunitários de Saúde.

Vale ressaltar que os nutricionistas do estudo correspondem à primeira turma de profissionais inseridos no NASF do município, sendo, portanto, vanguardistas na construção do fazer do profissional nesta proposta em Fortaleza.

4.4 Construção e processamento das informações

4.4.1 Fase exploratória e trabalho de campo

Na fase de exploração de campo (MINAYO, 2010), a partir de discussão em estudo tutorial, por sugestão da orientadora, realizei o pré-teste com duas nutricionistas que atuam no NASF do município de Sobral. Esse município foi previamente cogitado por mim para ser o cenário do presente estudo, mas a exploração de campo evidenciou uma grande rotatividade de profissionais nutricionistas no NASF daquela cidade. Acreditando que essa alta rotatividade dos profissionais prejudicaria a realização de uma entrevista mais aprofundada, ou mesmo traria maiores dificuldades à consecução dos objetivos do estudo, devido ao pouco tempo de inserção desse profissional, refiz o cenário da pesquisa e optei pela realização no município de Fortaleza, no qual a inserção da maioria dos profissionais deu-se desde 2009.

O pré-teste foi realizado a partir do prévio consentimento das nutricionistas, para as quais o objetivo do estudo foi explicitado. Na ocasião, pude experimentar-me como pesquisadora a partir da realização da entrevista, bem como avaliar a linguagem do meu instrumento, examinando se esse estava conseguindo dar conta do meu objeto de investigação. Esse momento possibilitou-me perceber alguns pontos da fala das entrevistadas que precisariam ter sido aprofundados na ocasião da entrevista, a partir da minha facilitação com a introdução de outras perguntas, o que permitiu um olhar mais atento nas entrevistas subsequentes com os participantes do estudo.

Após a submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, e a partir do consentimento deste Comitê e da Secretaria Municipal de Saúde, percorri as seis Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza com o intuito de obter autorização de cada Chefe de Distrito para entrar em campo, bem como conseguir o contato telefônico dos nutricionistas que iriam ser entrevistados por mim.

Agendei por telefone a entrevista diretamente com o profissional de nutrição de cada NASF. Essa foi realizada em uma das unidades básicas de saúde nas quais o profissional atua, sendo escolhida pelo nutricionista em questão. Na ocasião das visitas de campo

direcionava-me previamente à coordenação da UBS, apresentando o ofício de cada SER, cumprindo uma exigência da SMS, e só após dirigia-me ao entrevistado.

As entrevistas foram realizadas no período de dezembro de 2011 a fevereiro de 2012, e tiveram tempo médio de duração de uma hora. Foram realizadas dez entrevistas, resultando em um material denso e complexo.

Acompanhei cada profissional por todo o turno escolhido por ele para a realização da entrevista, com o intuito de realizar a observação livre no cenário de prática. Ademais, revisitei cada nutricionista uma vez mais, no intuito de vivenciar outros momentos de atuação dos profissionais.

Nesse ponto, cabe uma observação acerca da triangulação metodológica como estratégia complementar do trabalho de campo, conforme colocada por Mercado-Matínez e Bosi (2007). Os autores assinalam que a triangulação intenta a obtenção de resultados mais rigorosos do que aqueles obtidos por meio de uma única via de construção das informações, mediante o uso de diversas estratégias, métodos e procedimentos.

Ciente da importância da utilização da triangulação metodológica na minha pesquisa, porém, atenta ao complexo cenário resultante do modo de inserção da categoria de nutrição a partir do NASF, e ainda do tempo disponível para a construção e processamento das informações, escolhi como instrumento principal para a obtenção das informações a entrevista. Entretanto, apoiei a construção das informações com anotações registradas em diário de campo, a partir de observações livres realizadas.

A observação livre, conforme entendida por Bosi (2010), não estabelece previamente um roteiro, não é realizada com base em uma sistematização prévia. Nela, o pesquisador fica livre para observar dimensões surgidas durante sua inserção no campo, que interessam ao fenômeno estudado. A observação livre foi utilizada para a produção de informações a partir dos registros do diário de campo da pesquisadora, intencionando também captar detalhes da linguagem não verbal.

Com o intuito de acessar a produção subjetiva dos nutricionistas acerca de sua inserção na ESF, utilizei a entrevista em profundidade, elegendo, na medida do possível, o procedimento não diretivo. A entrevista não diretiva, segundo Mercado-Martínez e Bosi (2007), intenta a construção de diálogos com o entrevistado, nos quais este se sinta instigado a discorrer sobre o objeto de estudo a partir de sua lógica própria, sem ter sua fala restringida a ideias e referenciais preconcebidos, possibilitando assim um aprofundamento do discurso. Porém, tais autores assinalam que este tipo de entrevista não exclui a possibilidade de o

investigador interferir com alguma questão que julgue necessária, seja para aprofundar algum ponto da fala, seja para inserir algum tema que avalie crucial para o objeto de estudo.

Na abordagem dos participantes da pesquisa, elucidei quaisquer dúvidas a respeito dos objetivos do estudo, assim como dos métodos utilizados para a obtenção de informações. Enfatizei, também, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que estes poderiam aceitar ou recusar participar do estudo. Caso a aceitação fosse declarada, o participante deveria firmá-la por escrito através do documento citado acima. Esclareci que, a desistência da participação na pesquisa a qualquer momento, era um direito do participante, sem que isso lhe trouxesse constrangimentos, prejuízos ou danos. Solicitei ainda a autorização para gravação da entrevista.

No primeiro momento da entrevista, intencionei a construção de um ambiente favorável ao diálogo, e a obtenção de algumas informações dos participantes acerca de sua trajetória profissional, formação e dados gerais de identificação. Em seguida, introduzi uma pergunta condutora (APÊNDICE B) versando sobre as experiências destes profissionais enquanto nutricionistas do Nasf. À medida que a entrevista foi se desenrolando, avaliei a necessidade da minha intervenção objetivando o aprofundamento de alguma questão, ou mesmo introduzindo algum ponto que julguei imprescindível ao meu estudo.

4.4.2 Processamento e categorização das informações

As entrevistas foram transcritas na íntegra e a partir de leituras sucessivas, as informações foram classificadas em temas, dimensões e categorias empíricas a partir dos quais procedi às interpretações fundamentadas na perspectiva teórica antes discutida.

Em um primeiro momento o conjunto de informações construído na imersão do campo foi organizado. As transcrições, realizadas por mim mesma permitiram já uma primeira aproximação com o contexto dos discursos. Em seguida, imprimi as entrevistas e organizei o material advindo das observações do diário de campo. Com o material empírico organizado, realizei leituras repetidas e exaustivas a fim de impregnar-me com as informações que delineariam os resultados. Nesse processo, as categorias empíricas foram emergindo das falas dos sujeitos, sendo previamente desdobradas em subdimensões que conformariam posteriormente as temáticas principais do estudo.

A seguir, realizei leituras mais demoradas em cada uma das entrevistas a fim de identificar as recorrências e singularidades presentes nas falas. Durante esta leitura, os trechos ilustrativos das categorias foram sendo recortados e agrupados em temas, dimensões e

subdimensões, os quais posteriormente foram revisados e classificados por temáticas mais relevantes que configuraram a rede interpretativa do presente estudo.

O terceiro momento, embora seja válido ressaltar que as fases relatadas aqui não são consideradas etapas estanques, consistiu na análise das informações e escrita dos resultados e discussões, a fim de desvelar os sentidos em torno do fenômeno recortado no estudo. Durante a construção desta parte do texto, busquei conectar as informações obtidas no campo a perspectivas teóricas previamente discutidas no Estado da Arte, bem como buscar discussões na literatura que pudessem contribuir no exercício interpretativo ambicionado por mim, anteriormente discutido neste capítulo.

A categorização do material empírico conduziu a três eixos centrais constitutivos da rede interpretativa do estudo, a saber: 1) Inserção na ESF; 2) Percepções acerca do contexto; 3) O Nutricionista na ESF. Os três grandes temas desdobraram-se em dimensões que podem ser observadas no quadro abaixo, as quais, por seu turno, se prolongam em subdimensões, ainda que as mesmas não tenham sido sistematizadas no quadro a seguir.

Quadro 3 –Rede Interpretativa do estudo.

Fonte: elaborada pela autora

4.5 Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi cadastrado no Sistema Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa – SISNEP e submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará - UFC, sendo aprovado através de Protocolo número 272/11 (ANEXO A).