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ESPORTE E POLÍTICA: REFLEXÕES SOBRE OS JOGOS OLÍMPICOS

Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino9

INTRODUÇÃO

Ressignificar o conceito de esporte com os estudantes do ensino médio técnico/integrado coloca-se como atributo prin- cipal desse projeto de ensino/pesquisa. O projeto desenvol- veu-se no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) campus Ceará-Mirim no pe- ríodo compreendido entre outubro de 2016 a agosto de 2017. Em 2016, participaram do projeto-ensino intitulado “Es- porte x política: uma abordagem sobre os Jogos Olímpicos da era moderna” estudantes das quatro turmas do segundo ano dos cursos de Programação de Jogos Digitais e Informática dessa Instituição, sendo duas turmas do turno matutino e duas turmas do turno vespertino. Em 2017, por sua vez, par- ticiparam como voluntários-pesquisadores dez estudantes da turma de Informática do turno matutino, reunidos em torno da pesquisa “Por uma consciência crítica sobre os Jogos Olímpicos da era moderna”, amparados pelo Edital 01/2017-PROPI/IFRN – edital de fluxo pesquisa/inovação contínuo. Essa pesquisa tinha como objetivo final produzir

9 Professora de educação física do IFRN campus Ceará-Mirim. Mestre e doutoranda em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da UFRN. Membro do grupo de pesquisa em Corpo, Fenomenologia e Movimento da UFRN (ESTESIA). Membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Meio Ambiente e Sociedade do IFRN (NIEMAS).

vídeos educativos que apontassem, dentro de uma concep- ção educacional “crítico-emancipatória”, encontrada no livro Didática da educação física (KUNZ, 2012), algumas possibilidades de tematização do ensino do esporte de for- ma que ampliassem os horizontes de conhecimento dos estudantes acerca do esporte e da sociedade.

Abordar o conteúdo esporte implica também em consi- derar a cultura de movimento dos estudantes relacionada com a corporeidade, com o repertório motor, com a cons- ciência corporal e com uma diversidade de vivências que considerem o seu corpo e o corpo do outro em relação com o mundo. Dessa forma, é desenvolvida uma ética humana fundamentada na busca pela cidadania democrática.

O conceito de esporte que ainda é vinculado à Edu- cação Física é um conceito restrito, que considera apenas o treino, a competição, o atleta e o rendimento esportivo. Esse conceito é reforçado pelos meios de comunicação, que amplificam a veiculação do esporte-espetáculo em suas programações e que também acarretam a transformação do esporte-espetáculo em mercadoria, como já apontava Moreira et al. (2010).

Compreender as práticas criativas nas aulas de Educa- ção Física repercute no sistemático processo de repensar a práxis educativa, para que ela seja prazerosa, estesiológica, dialógica e emancipatória. Esse repensar é fundamentado principalmente nas teorias da complexidade (Edgar Morin), da educação libertadora (Paulo Freire) e da abordagem feno- menológica (Merleau-Ponty).

Para Morin (2002), urge a necessidade de uma reforma do pensamento que aponte para uma complexa compreensão

do mundo, compreensão esta somente possível pela reforma do sistema educacional – que possa pensar o entrelaçamento entre indivíduo, sociedade e natureza, entre educação e vida. A teoria moriniana opera com o paradigma da complexidade que aposta nos conceitos da incerteza, intersubjetividade, éti- ca, interatividade, ecologia da ação, entre tantos outros.

Na educação libertadora ou problematizadora de Paulo Freire (2001), há de se considerar o contexto sócio-político vivenciado pelos estudantes. Assim, o professor se posiciona ao lado dos estudantes, e, juntos, organizam as atividades a serem desenvolvidas em sala de aula; ambos são educadores e educandos no processo de ensino e aprendizagem. A in- tencionalidade do método é uma circularidade entre diálogo, comunicação, levantamento de problemas, questionamento e reflexão, visando a transformação e considerando o contexto educativo, econômico e político nas esferas da sociedade.

A fenomenologia da percepção descrita por Merleau- -Ponty (2006) opera pelas percepções que temos do mundo, o mundo onde vivemos, pelo qual estamos abertos e com o qual travamos uma comunicação inesgotável. Esse mundo feno- menológico desvela o sentido que transparece na interseção das experiências de uns com as dos outros; ele é inseparável da subjetividade e intersubjetividade que formam sua uni- dade na retomada das experiências anteriores do indivíduo com as experiências presentes e da experiência do outro com a do indivíduo. Trata-se de uma filosofia de reaprender a ver o mundo pelo próprio corpo, que é ao mesmo tempo poroso e inacabado.

Apesar desses pensadores situarem suas teorias e refle- xões filosóficas em épocas e contextos sociais diversos, eles

propõem questões para se pensar a educação, para rever a atuação politizadora do sujeito no mundo e corroborar para a transformação de si enquanto cidadão emancipado. De al- gum modo, esses pensadores colaboraram na formação dos autores/professores com formação em educação física, e pro- tagonizaram uma renovação dessa disciplina a partir da dé- cada de 80 do século XX.

Considerando que, no ano de 2016, o Brasil foi a sede dos Jogos Olímpicos, aproveitamos o ensejo para despertar nos estudantes uma consciência crítica a partir da historicidade das Olimpíadas, do esporte-espetáculo, do esporte de rendi- mento e principalmente da relação do esporte com a política. Tal conscientização foi estimulada pela apreciação de telejor- nais esportivos, de sites que continham registros das Olim- píadas da era moderna, do site das Olimpíadas Rio 2016, de sessões fílmicas e de leituras de livros e artigos científicos que abordassem o tema.

O trabalho coletivo foi intensificado pelos encontros além da sala de aula. Muitas trocas de experiências ocorreram nas análises e discussões da pesquisa, desde a seleção do mate- rial bibliográfico até a elaboração e edição dos vídeos. Essa ação vai de encontro ao pensamento complexo que objetiva estimular a criatividade para além da ação pedagógica cole- tiva – práticas em que estão presentes a simbiose e a com- plementaridade na relação entre professores e estudantes, “superando a dominação dos que supostamente detêm o con- trole e a vigilância do saber sobre os que supostamente são despossuídos dele” (CARVALHO, 2012, p. 95).

Convocar os estudantes a refletir criticamente sobre o conteúdo “esporte” foi gestado a partir de alguns questiona-

mentos: quais interesses políticos e econômicos um país tem para sediar os Jogos Olímpicos? O que está por trás do espor- te-espetáculo? Como podemos despertar na população um sentimento crítico em relação ao esporte? O que pode acon- tecer politicamente durante a realização de uma Olimpíada? As reflexões que povoaram o pensamento e fundamentaram a pesquisa acabaram por provocar outras reflexões, como questões de racismo, atentados terroristas, questões de gê- nero, asilo político, doping, esporte especializado precoce, a influência da mídia, mobilidade urbana das cidades, mercado informal, acesso elitizado aos espaços esportivos, entre tan- tas outras reflexões e questionamentos. Para Kunz (2012), é condição primeira despertar a capacidade de criticidade dos estudantes, a fim de promover metas emancipatórias.

No período da pesquisa, o país transitava, e ainda tran- sita, por uma turbulência política. Tal tema político trans- versalizou a pesquisa como uma necessidade urgente, em virtude das diversas reformas estruturais que assolavam o país, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/55 e a reforma do ensino médio. Vale ressaltar que, nesse momento histórico e político, os estudantes foram protagonistas em várias ações democráticas (mesa redon- da, ocupação da escola, caminhada nas ruas contra a re- forma do ensino médio e a PEC 241/55, discussões na As- sembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, entre outras).

Para Kunz (2004), a escola é o local onde há uma or- ganização da situação educativa formal e explícita, e onde o espaço pedagógico é atravessado por intenções políticas. Nesse espaço educativo, o professor de educação física deve proporcionar uma compreensão crítica dos momentos

esportivos pela historicidade do seu conteúdo especifico. Assim, Kunz (2004) complementa:

Sua intencionalidade pedagógica não é apenas auxiliar o aluno a me- lhor organizar e praticar o seu es- porte, ou seja, encenar o esporte de forma que dele possa participar com autonomia, mas é acima de tudo uma tarefa de reflexão crítica sobre todas as formas da encenação esportiva (KUNZ, 2004, p. 73). Apesar da educação física progressista ter dado o seu pontapé desde a década de 80 do século passado e de dispor- mos no mercado de uma bibliografia qualitativa sobre essa epistemologia, podemos elencar alguns autores10 comprome-

tidos com as questões sociais, filosóficas e educativas. Ape- sar do avanço epistemológico da área, é muito comum ainda diagnosticarmos, pelos relatos dos estudantes e a partir de suas próprias experiências, um conhecimento efêmero do es- porte, representado muitas vezes pelos fundamentos e gestos técnicos esportivos. Percebemos que há um universo a ser descortinado com os estudantes, e que a responsabilidade do profissional de educação física é indispensável nesse proces- so de construção do conhecimento.

Optamos, então, por uma concepção de ensino que se

10 Além de Elenor Kunz, vale citar outros autores como: Walter Bracht, Wag- ner Wey Moreira, Jocimar Daolio, João Paulo Medina, Mauro Betti, Celi Taffarel, Mi- chele Ortega, entre outros.

apoia nos pressupostos da pedagogia crítico-emancipatória, e que se explicita na prática da didática comunicativa, prioriza os planos do agir para o trabalho, para a interação e para a linguagem, estes três atributos da capacidade humana: sa- ber-fazer, saber-pensar e saber-sentir.

METODOLOGIA

Para abordar o esporte nos Jogos Olímpicos, fez-se necessário situar historicamente o surgimento dos Jogos Olímpicos da era moderna – a partir dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896, até os Jogos Olímpicos do Rio de Ja- neiro, em 2016. Nesse contexto histórico, vale ressaltar que o Rio de Janeiro surge como referência às práticas espor- tivas no Brasil desde a metade do século XIX, como afirma Lucena e Souza (2003), após uma vasta pesquisa docu- mental na cidade do Rio de Janeiro.

Muitas curiosidades e descobertas, até então desconheci- das, foram desveladas no decorrer da pesquisa, assim como o estudo e a preparação das aulas se tornou um grande apren- dizado social e cultural sobre as condições e interesses polí- ticos, econômicos e sociais dos países que sediaram os Jogos Olímpicos ao longo do tempo.

Para alcançar o objetivo principal da proposição pedagó- gica, participaram do projeto de ensino, em 2016, um quan- titativo de 140 estudantes. A partir da ideia central “esporte x política”, explanada aos estudantes, o desafio foi lançado e dialogado em dividir a turma em grupos com até seis par- ticipantes. Os alunos teriam a tarefa de fazer uma pesqui- sa mais detalhada e elaborar um vídeo para a participação

em uma “mostra de curtas” na instituição, como também fomentar a participação dos alunos em eventos científicos. O vídeo poderia conter o gênero que o grupo escolhesse – drama, comédia, documentário, animação, telejornal, jornal esportivo, ação, etc. Vale ressaltar que os estudantes têm aulas sobre produção e edição de vídeos nas disciplinas téc- nicas do curso de Programação de Jogos Digitais.

Os grupos foram divididos de acordo com as temá- ticas, por meio de um sorteio realizado em sala de aula. Como sugestões iniciais para fundamentar as pesquisas dos grupos, lançamos as temáticas: história (contextuali- zação, países e cidades que sediaram os Jogos Olímpicos e esportes consagrados); infraestrutura (mobilização urbana das cidades sedes, planejamento, edificação, mídia envol- vida); criticidade (acontecimentos acobertados pela mídia, em prol da imagem do evento); utilidade (destino e uso das edificações após o evento, manutenção das obras); entre- vistas (abordar pessoas da comunidade a fim de falar sobre o evento – estudantes, pais, professores, gestores); social (padrões de beleza relacionados aos esportes, questões en- volvendo qualquer tipo de preconceito racial, religioso, de gênero, interesses sociais e políticos dos países sede); mo- dalidades esportivas (como se constituem, como se tornam olímpicas, o porquê da saída de algumas modalidades dos Jogos Olímpicos).

Como recurso didático, foram utilizados filmes (Olym-

pia (1938), Carruagens de Fogo (1981), Race (2017)) e ma-

teriais didáticos, como cópias de artigos científicos e livros para leitura e discussão dos aspectos abordados, a partir da concepção crítico-emancipatória e crítico-superadora.

Essas aulas foram intercaladas com vivências das práticas corporais esportivas olímpicas (voleibol, basquete, nata- ção, badminton, polo aquático, nado sincronizado). A cada aula, os alunos problematizavam e elencavam questões re- lativas à pesquisa que faziam paralelamente.

Antes da produção do vídeo, cada grupo deveria apre- sentar sua pesquisa em sala de aula, com o formato da apresentação sendo de autonomia do grupo. Cada grupo teria até 20 minutos para a apresentação. Em seguida, o conteúdo era debatido – momento em que a professora e os outros grupos levantavam questões sobre o que tinha sido apresentado. Após essa etapa, o grupo editaria um ví- deo sobre a sua apresentação. Vale salientar que os grupos utilizaram seus próprios celulares para a gravação, assim como determinaram eles próprios como seria o roteiro, ce- nário, atores, figurino e composição das cenas.

Imbuídos pelo conhecimento que desabrochava duran- te o projeto de ensino, dez estudantes do curso de Informá- tica encararam o desafio de ampliar a relação entre esporte e sociedade, participando como voluntários do projeto de pesquisa. A motivação pela pesquisa repercutiu na escrita de artigos científicos e na produção de vídeos.

Para fundamentar a pesquisa e ampliar o conhecimen- to dos estudantes, houve a proposição do estudo de tex- tos; portanto, selecionamos algumas publicações e artigos científicos, entre eles: O papel da sociologia do esporte na

retomada da educação física, de Mauro Betti;11 Resenha do

livro transformações didático-pedagógicas do esporte, de Ele-

11 Texto publicado no XI Congresso Ciências do desporto e Educação Física dos países de língua portuguesa.

nor Kunz;12 Esporte: uma abordagem com a fenomenologia,

também de Elenor Kunz;13 Wagner Moreira publicou Citius,

Altius, Fortius: Brasil, esportes e Jogos Olímpicos.14 Alguns

livros também foram analisados, como: A educação física

cuida do corpo... e mente e O brasileiro e seu corpo, de João

Paulo Medina; Transformação didático-pedagógica do espor-

te e Didática da educação física”, de Elenor Kunz; e Educa- ção física escolar: uma abordagem fenomenológica, de Wag-

ner Wey Moreira.

A ideia do vídeo surge como uma prática epistemológica da educação física na relação do ver, como um conceito que indica o ato motor e perceptivo que envolve o corpo em movi- mento, o esquema corporal e os sentidos sociais, históricos, simbólicos e imaginários do corpo e do movimento humano. No Grupo de Pesquisa Estesia da UFRN, esse movimento é amparado pelo Laboratório VER, que realiza a análise de ima- gens de práticas corporais por intermédio dos registros foto- gráficos e cinematográficos.

No decorrer da pesquisa, vale ressaltar que o surgimento do cinema também se deu em pleno século XIX, paralela- mente à realização dos I Jogos Olímpicos da era moderna na Grécia. Morin (1997) assinala que o cinema propõe ampliar uma visão do mundo, sugerindo emoções, ultrapassando ver- tiginosamente os efeitos da mecânica e dos suportes físicos do filme. O cinema é talvez a realidade, mas é também outra coisa, geradora de emoções e sonhos.

12 Resenha realizada e publicada por Guilherme Estevam Dantas. 13 Texto publicado na revista Movimento, ano VI, n. 12 – 2000/1. 14 Livro publicado pela Casa da Educação Física em 2014.

RESULTADOS

Das inúmeras pesquisas apresentadas, ressalta-se o envolvimento dos alunos durante a pesquisa, as descober- tas e curiosidades que aconteceram durante a trajetória de realização dos diversos Jogos Olímpicos da era moderna. Foram apresentados mais de 20 vídeos, contemplando os gêneros do drama, documentário, comédia, ação, telejornal esportivo, animação, entre outros, ou seja, acontecimentos com implicações políticas, sociais, religiosas, raciais, terro- ristas, de doping. Faz-se referência aqui a três vídeos (um de comédia, um telejornal e um de animação) que muito chamaram a atenção da professora pela criatividade e ou- sadia que os estudantes utilizaram para provocar os espec- tadores.

No vídeo do telejornal, os estudantes/apresentadores se apropriaram da vinheta de um jornal que é transmitido pela rede de televisão aberta, inclusive enfatizando uma crítica pontual de que, nas Olimpíadas Rio 2016, essa rede de televisão transmitia todos os jogos; nas Paralimpíadas, porém, essa transmissão foi suprimida. Nesse vídeo, tam- bém há a participação de professores das disciplinas de filosofia e geografia do campus, tecendo suas reflexões pon- tuais e críticas sobre o Brasil e seu contexto político.

No vídeo de comédia, os estudantes/pesquisadores trouxeram como reflexão o alto investimento na infraestru- tura da cidade – ao mesmo tempo em que carecia de inves- timentos na saúde e na segurança – e a falta de apoio ao esporte no Brasil em relação aos países europeus. Nesses dois vídeos, os estudantes utilizaram os espaços da insti-

tuição para a gravação dos vídeos, sendo eles os repórteres e também os entrevistados.

No vídeo de animação, os estudantes/pesquisadores produziram um vídeo histórico, contemplando a origem das Olimpíadas na Grécia até as Olimpíadas de Paris. Prioriza- ram a técnica do stop motion, que exigiu dos estudantes ha- bilidade com desenho a mão, boa articulação no trabalho coletivo, disponibilidade de tempo, habilidade para as gra- vações das imagens e dos áudios, montagem dos cenários, movimentação das cenas e criatividade na edição do vídeo.

Foi interessante observar a participação dos estudantes nas discussões após a apreciação dos vídeos. Muitos fizeram intervenções pontuais, opinando e criticando, por exemplo, o governo brasileiro – especificamente a gestão do Rio de Janeiro –, por coibir manifestações de repúdio às reformas estruturais como a PEC 241/55. Outros estudantes mostra- ram indignação ao identificar as questões raciais que acom- panham as Olimpíadas, principalmente os fatos ocorridos nas Olimpíadas de 1936 em Berlim, em 1968 no México e em 2012 em Londres.

CONCLUSÃO

A experiência pedagógica permitiu, através dos vídeos produzidos pelos estudantes e da motivação na aprendi- zagem que demonstraram inferir, que a utilização de uma proposta metodológica planejada e articulada proporciona uma aprendizagem significativa do conteúdo esporte, e que a autonomia tida na produção dos vídeos contribui para uma educação emancipatória.

O papel do professor-pesquisador é de suma importân- cia para o processo de ensino-aprendizagem ao lançar desa- fios, fazendo com que o estudante se sinta parte do proces- so de construção do conhecimento; ainda, a possibilidade de se aprofundar e refletir criticamente sobre determinado tema possibilitou o surgimento de novas estratégias de en- sino a partir do cotidiano escolar. Logo, vale ressaltar a res- significação do esporte, ou, como aponta Moreira (2012), “sentir, pensar, agir, sonhar, criar, ousar, transcender, são palavras que podem e devem estar presentes na preocupa- ção científica” (MOREIRA, 2012, p. 143).

Acreditamos que alcançamos o principal objetivo – a inserção nos estudantes de uma visão crítica do esporte através dos Jogos Olímpicos da era moderna. Esse momen- to foi construído no diálogo, no compartilhamento de ideias e também na elaboração de sugestões e críticas ao mundo dos eventos esportivos. Dessa forma, a escola, por meio da educação física, constitui-se em um espaço onde os estu- dantes podem aprender, experimentar, refletir e construir as ações envolvendo a cultura do esporte por meio dos Jo- gos Olímpicos.

Como intencionalidade em disseminar essa pesquisa, houve a participação de 20 estudantes, apresentando seus primeiros questionamentos na semana da Ciência e Tecnolo- gia (Expotec) do IFRN campus São Paulo do Potengi, em mar- ço de 2017. Outra experiência dialógica será em uma “mostra de curtas” no IFRN campus Ceará-Mirim. Recentemente, foi aprovada a participação da apresentação em formato de de- bate de um dos vídeos produzidos, na sala de imagem do XX Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (Conbrace) e VII

Congresso Internacional de Ciências do Esporte (Conice), na cidade de Goiânia-GO, em setembro de 2017.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, E. Pensamento complexo e trajeto antropoló- gico dos saberes. In: ALMEIDA, M. Conceição; MORAES, M. Candida (org.) Os sete saberes necessários à educação do