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3 – PLANEJAMENTO E MOBILIDADE URBANA

3.5 ESTACIONAMENTO INTEGRADO AOS TERMINAIS DE TRANSPORTE COLETIVO

• Xiamen, China. Estimulo à construção de estacionamentos verticais no centro histórico.

Quadro 6. Estacionamento Vertical Fonte: elaborado pelo autor

3.5 ESTACIONAMENTO INTEGRADO AOS TERMINAIS DE TRANSPORTE COLETIVO

A maioria dos pesquisadores em mobilidade urbana reforça a idéia de que não há solução mágica nem modo de transporte ideal para todas as situações. O sistema de mobilidade urbano menos impactante deve considerar soluções integradas, que congreguem diversas iniciativas e modos de transporte, explorando o melhor de cada um em soluções compatíveis com características locais (SRINIVASAN, FERREIRA, 2002; DALKMANN, BRANNIGAN, 2007; DUARTE, LIBARDI, SÁNCHEZ, 2008).

Esta variedade de soluções é representada por sistemas inteligentes, holísticos, que consideram diversos aspectos da cidade. Uma palavra-chave para representar esta diversidade de soluções é a “multimodalidade”, a integração entre diferentes modos de transporte (MC, 2006, p. 05).

Uma das medidas mais eficazes para estimular a multimodalidade é a integração de estacionamentos aos terminais de transporte coletivo. A acessibilidade aos pontos de embarque do transporte coletivo é um dos maiores entraves para a utilização deste sistema. Pontos e terminais de transporte coletivo distantes das residências desestimulam possíveis usuários. (MARTENS, 2004).

A implementação de estacionamentos junto aos terminais de transporte coletivo permite a utilização de um modo de transporte mais específico até o terminal, o estacionamento e guarda segura deste primeiro modo, e a utilização posterior do sistema coletivo.

“Os terminais de transporte público urbano são as principais formas de integração com outros sistemas modais de locomoção, pois dentro de seu espaço físico é possível a articulação com outras linhas de ônibus, metrô ou trem” (DUARTE, LIBARDI e SANCHEZ, 2008, p. 65).

Os estacionamentos integrados aos terminais de transporte coletivo devem prever espaço para diversos modos de transporte: ônibus de turismo, automóveis, motocicletas e principalmente bicicletas. O potencial da bicicleta como modo “alimentador” dos eixos de transporte coletivo de alta capacidade é reconhecido por diversos autores (BOUWMAN, MOLL, 2002; SRINIVASAN, FERREIRA, 2002; MARTENS, 2004). A capacidade da bicicleta de atender situações diversas, abrangendo pessoas que não têm licença para dirigir ou atendendo áreas desprovidas de pavimentação asfáltica, a torna um modo ideal para pequenas distâncias no trajeto casa-terminal de transporte coletivo.

Martens (2004) destaca outros aspectos que justificam a implementação de bicicletários junto aos terminais de transporte coletivo:

A utilização da bicicleta ao invés do carro como meio de acesso ao transporte público reduz congestionamentos, emissões poluentes, diminui a necessidade de estacionamentos para veículos nos terminais de transporte e traz benefícios para a saúde pública. (MARTENS, 2004, p. 285, tradução do autor).

Mesmo com a preferência dada à bicicleta como sistema alimentador dos grandes terminais de transporte coletivo, o automóvel, a motocicleta e mesmo ônibus de turismo oriundo de outras cidades devem ter espaço próprio para estacionamento nos terminais. A reserva de espaço para ônibus e vans de turismo nos terminais de transporte coletivo é uma medida que deve ser considerada nas cidades com potencial turístico, tendo em vista que na maioria dos casos, os visitantes dependem do transporte público para se deslocar.

Conforme destacado por diversas vezes neste estudo, não há solução única para a mobilidade, devendo ser priorizadas as soluções que privilegiam a multimodalidade e a integração entre diferentes iniciativas.

Para a implementação de estacionamentos integrados ao transporte coletivo, alguns pontos devem ser tratados com cautela.

O preço cobrado no estacionamento pode ser um entrave para alguns usuários, desestimulando a multimodalidade e o uso do sistema de transporte coletivo. O valor do estacionamento deve ser calculado de acordo com as características socioeconômicas da população que será atendida, e também pode variar segundo horários e dias onde se queira estimular ou desestimular o uso deste sistema.

Ainda considerando o preço cobrado pelo estacionamento, não se pode perder de vista a viabilidade econômica do mesmo. Considerando que o valor cobrado do usuário não pode tornar-se um entrave, devem ser estudadas outras formas de uso do espaço, como alternativa para complementar a renda e para garantir que o espaço seja aproveitado da melhor maneira possível.

Srinivasan e Ferreira (2002) sugerem algumas iniciativas para diversificar o uso e garantir renda extra para os estacionamentos: utilizar o espaço do estacionamento para guarda de equipamentos públicos durante a noite; promover feiras e exposições; promover eventos esportivos que busquem áreas planas como campeonatos de skate e patins etc.

Outro aspecto importante é a integração tarifária entre o estacionamento e os modos de transporte. Para estimular o uso do transporte coletivo, sugere- se que a tarifa do mesmo seja reduzida para aqueles que comprovem o gasto com o estacionamento. A lógica é simples, quanto mais modais de transporte são utilizados, promovendo a multimodalidade, mais descontos são concedidos aos usuários.

Alguns países já promovem esta integração entre os modos de transporte há mais de vinte anos, como é o caso da Holanda, uma boa fonte de pesquisa para o tema (BOUWMAN, MOLL, 2002). O Quadro 7, abaixo, resume as informações trabalhadas neste sub-capítulo.

Potencial Riscos Sugestões Exemplo • Aumenta número de usuários do transporte coletivo; • Facilita planejamento do transporte coletivo pelo controle do número de veículos estacionados. • Estimula a multimodalidade e o uso de meios alternativos ao automóvel. • Alto custo do estacionamento pode desestimular uso do transporte coletivo.

• Acesso e saída mal planejados podem agravar

engarrafamentos na região.

• Estacionamentos devem atender tanto carros como motos, bicicletas e ônibus de turismo.

• Estimular

flexibilidade de uso no estacionamento, como local para feira, pista de skate,

guarda de equipamentos públicos etc. • Amsterdam, Holanda. Experiência consolidada em estacionamentos integrados com transporte coletivo.

• Boston, EUA. Novas experiências na integração de estacionamentos aos terminais de transporte coletivo.

Quadro 7. Estacionamento Integrado com Transporte Coletivo. Fonte: elaborado pelo autor