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Estacionaridade e Invertibilidade de um Modelo ARIMA

8 METODOLOGIA DE MODELOS ECONOMÉTRICOS UNIVARIADOS

8.1 MODELO UNIVARIADO AUTOREGRESSIVO INTEGRADO DE MÉDIA-

8.1.1 Estacionaridade e Invertibilidade de um Modelo ARIMA

onde para cada período t, x é construído para assumir valores como tt, t1, ..., t q multiplicados pelo correspondente valor de i. Uma seqüência formada desta forma é chamada de uma Média-Móvel (MA)4 de ordem q e é representada por MA(q). Normalmente,

a equação (8.1) é normalizada para  0 1.

Continuando a derivação dos modelos ARIMA, considere-se uma equação especial chamada de equação linear de ordem p th com coeficientes constantes como a que se segue; yta0a y1 t1a y2 t2 ... a yp t p (8.2)

onde o valor de p representa a ordem da equação. Adicionando a equação (8.1) na equação (8.2), obtém-se um processo Autoregressivo Integrado de Média-Móvel (ARIMA) do seguinte tipo;

yta0a y1 t1a y2 t2 ... a yp t p    t 1 t1 q t q (8.3)

Se, na equação (8.3), todo o i 0, o processo tornar-se-á em um modelo autoregressivo de ordem p th denominado de AR(p). Na mesma equação, se todos os valores de a até 1 ap forem iguais a zero, o processo tornar-se-á em um modelo MA(q).

8.1.1 Estacionaridade e Invertibilidade de um Modelo ARIMA

Para que um modelo ARIMA como o representado na equação (8.3) possa se tornar estacionário, é necessário que apresente as seguintes condições necessárias e suficientes; - Todos os valores de  que satisfaçam pa1p1a2p2...ap 0 devem estar dentro do circulo unitário, e,

- Cada seqüência deve ter começado em um passado longínquo ou o processo deve sempre estar em equilíbrio.

Se uma ou mais raízes características estiverem fora do circulo unitário, a seqüência t

y será um processo explosivo. Se, exatamente d raízes características forem iguais a 1 e as restantes p-d raízes estiverem dentro do circulo unitário, o processo será integrado de ordem d e será denotado por I(d). Um processo ARIMA (p, d, q) será um processo com p coeficientes

autoregressivos, d raízes características e q coeficientes de média-móvel. A d th diferença de um processo I(d) será sempre estacionária. Um processo I(0) é aquele que apresenta todas as raízes características dentro do circulo unitário, isto é, é um processo estacionário. Modelos com esta característica são chamados de modelos ARMA.

É sempre possível transformar um processo autoregressivo estacionário em um processo de média-móvel de ordem infinita. Por vezes, é possível transformar um processo de média-móvel estacionário (ou um processo misturado autoregressivo de média-móvel) em um processo autoregressivo puro. Quando esta última transformação puder ser realizada, o processo será chamado de processo invertível. Por exemplo, se a11, o processo autoregressivo de primeira ordem yta y1 t1t poderá ser escrito como;

1 0 i t t i i y a    

Porém, o processo de média-móvel yt   t t1 não tem uma representação autoregressiva. Se L representar o operador de defasagem tal que Lytyt1 e

i

t t i

L yy , o processo de média-móvel puro yt  (1 1L2L2 ... qLq)t será invertível se os valores de L que satisfaçam a equação característica inversa 11L2L2 ... qLq 0 permanecerem fora do circulo unitário.

8.1.2 A Função de Previsão

A literatura considera a utilidade mais importante de um modelo ARIMA a de prever valores futuros de uma determinada seqüência y . Para ilustrar, assume-se que o processo t atual gerador de dados e as realizações correntes e passadas das seqüências y e tt sejam conhecidas. Primeiro, considere-se a previsão de um modelo AR(1) como yta0a y1 t1t. Adiantando este modelo em um período, obtém-se;

yt1a0a y1 tt1

Se os coeficientes a e 0 a forem conhecidos, será possível realizar a previsão de 1 yt1

condicionada na informação disponível no período t como;

1 0 1

t t t

E yaa y (8.4)

onde E yt tj é uma representação da esperança condicional de ytj, dada a informação disponível no momento t .

Formalmente, E yt tjE y( tjy yt, t1,yt2,..., , t t1,...).

Da mesma forma, se yt2a0a y1 t1t2, a previsão de yt2 condicionada na informação disponível no período t será ;

2 0 1 1

t t t t

E yaa E y (8.5) Substituindo a equação (8.4) na equação (8.5), obtém-se;

2 2 0 0 1 1 t t t E yaa aa y (8.6) Da mesma forma; 2 3 3 0 0 1 0 1 1 t t t E yaa aa aa y e o caso geral será;

2 1

0(1 1 1 ... 1 ) 1

j j

t t j t

E ya  a a  a  a y (8.7)

A equação (8.7) – chamada de função de previsão – produz a previsão dos j passos-à-frente para cada valor ytj. Se a11, a equação (8.7) irá produzir uma seqüência convergente de

previsões. Se for tomado o limite de E yt tj como j , obtém-se que E yt t ja0/(1a1). Em qualquer modelo ARIMA estacionário, a previsão condicional de ytj irá convergir a uma média não condicional como j . Contudo, as previsões de um modelo ARIMA não serão exatamente perfeitas.

Efetuando uma previsão a partir do período t , pode ser definido o erro de previsão dos j passos-à-frente, f j - como a diferença entre o valor realizado de t( ) ytj e o seu valor previsto;

( )

t t j t t j f jyE y

Assim, o erro de previsão de um passo-à-frente será: ft(1) yt1E yt t1 t1 (ou seja, a porção não previsível de yt1 dada a informação disponível em t ). Para obter o erro de previsão dois passos-à-frente, forma-se ft(2) yt2E yt t2. Desde que

2 2 0 0 1 1 2 1 1 t t t t yaa aa y a e 2 2 0 0 1 1 t t t E yaa aa y , segue-se que; 2 1 1 (2) t t t f a

( ) 1 1 12 2 13 3 ... 1 1 1

j

t t j t j t j t j t

f j a a a   a  (8.8)

A equação (8.8) mostra que as previsões realizadas pela equação (8.7) produzem estimadores não-viesados de cada valor deytj. Se EttjEtt j 1  ... Ett1 0, a esperança condicional da equação (8.8) será E f jt t( )0. Se o valor esperado do erro de previsão for igual a zero, as previsões serão não-viesadas. Embora não sejam viesadas, as previsões de um modelo ARIMA não serão exatas. Para obter a variância do erro de previsão, assume-se que os elementos da seqüência t sejam independentes com variância 2. Assim, pela equação (8.8), a variância do erro de previsão é;

[ ( )] 2[1 12 14 16 ... 12( 1)]

j t

Var f j  aaa  a  (8.9)

Se a variância do erro de previsão um passo-à-frente for 2, a variância do erro de previsão dois passos-à-frente será 2(1a12), e assim sucessivamente. O ponto essencial a reter é o fato de a variância do erro de previsão ser uma função crescente de j . Assim, pode-se obter mais confiança em previsões realizadas para o curto-prazo do que em previsões realizadas para o longo-prazo. Em um limite como j , a variância do erro de previsão irá convergir à 2/(1a12); portanto, a variância do erro de previsão convergirá à variância não condicional da seqüência y . t

Considerando que a seqüência t seja normalmente distribuída, pode-se assumir intervalos de confiança sobre as previsões. A previsão um passo-à-frente de yt1 será a0a y1 t e a variância será 2. Deste modo, o intervalo de confiança de 95% para uma previsão um passo-à-frente pode ser calculado como;

a0a y1 t1,96

Pelo mesmo procedimento, a previsão dois passos-à-frente será a0(1a1)a y12 t e a equação (8.9) indicará que Var f[ (2)]t = 2(1a12). Deste modo, o intervalo de confiança de 95% para a previsão dois passos-à-frente será5;

2 2 1/ 2

0(1 1) 1 t 1,96 (1 1)

aaa y   a

É possível utilizar a técnica interativa para derivar a função de previsão de qualquer modelo ARMA(p, q). Simplificando o procedimento, considere-se o seguinte modelo ARMA(2, 1);

yta0a y1 t1a y2 t2   t 1 t1 (8.10) Adiantando a equação (8.10) em um período, obtém-se;

1 0 1 2 1 1 1

t t t t t

yaa ya y   

Mantendo a suposição de que todos os coeficientes sejam conhecidos; de que todas as variáveis sub-escritas em t , t1, t2, etc. são conhecidas no período t e que Ettj 0

para j0, a esperança condicional de yt1 será;

E yt t1a0a y1 ta y2 t1 1 t (8.11)

A equação (8.11) será a previsão de yt1 um passo-à-frente. Para se obter a mesma previsão dois passos-à-frente, adianta-se a equação (8.10) em dois períodos;

yt2a0a y1 t1a y2 tt2 1 t1 (8.12)

e a esperança condicional de yt2 será;

E yt t2a0a E y1 t t1a y2 t (8.13)

A equação (8.13) representa a previsão dois passos-à-frente em termos da previsão em passo- à-frente e o valor corrente de y . Combinando a equações (8.12)t e (8.13), obtém-se;

2 0 1( 0 1 2 1 1 ) 2 t t t t t t E yaa aa ya y   a y 2 2 0(1 1) ( 1 2) 1 2 1 1 1 t t t t t E yaaaa ya a ya 

Da mesma forma, a previsão três passos-à-frente será;

3 0 1 2 2 1 t t t t t t E yaa E ya E y 2 3 0 1{( 0(1 1) [ 1 2] 1 2 1 1 1 } 2( 0 1 2 1 1 ) t t t t t t t t E yaa aaaa ya a ya  a aa ya y   2 3 2 2 2 3 0(1 1 1 2) ( 1 2 1 2) ( 1 2 2) 1 1( 1 2) t t t t t E ya  a aaaa a ya aa y  aa

De forma geral, as previsões todos os j passos-à-frente serão obtidos por; E yt tja0a E y1 t t j 1a E y2 t t j 2 j 2 (8.14)

Se as raízes características da equação (8.14) estiverem dentro do círculo unitário, as previsões irã convergir à média não condicional a0/(1 a1 a2).

8.2 MODELO UNIVARIADO DECOMPOSTO EM COMPONENTES NÃO OBSERVADOS

A metodologia básica na estimação de modelos decompostos em componentes não observados é o uso do método da Média-Móvel Exponencialmente Ponderada (EWMA)6. A

construção de modelos de séries temporais com componentes não-observados é baseada em suposições probabilísticas cujo objetivo é captar características essenciais do comportamento dos dados. Se um modelo for construído sob tais suposições, é possível estimar os seus parâmetros através de diversos métodos estatísticos, prever intervalos de confiança para as estimativas do modelo e realizar diversos testes estatísticos para verificar se o modelo pode ser simplificado ou generalizado. O ponto inicial para o desenvolvimento de modelos de séries temporais em um modelo de regressão no qual as variáveis explicativas são função do tempo, pode ser considerar o seguinte modelo com componentes de tendência e sazonalidade, formulado da seguinte forma;

t j jt t j

y   t

z  (8.15)

onde  e  são os coeficientes associados com a tendência e os j são os coeficientes sazonais construídos de forma que a sua soma seja igual a zero. Esta equação é construída pela determinação dos zjt como variáveis dummy definidos de tal forma que, para

1,..., 1 js ; 1, , , 2 ,... 0, , , 2 ,... 1, , 2 ,3 ,... jt t j j s j s z t j j s j s t s s s             (8.16)

A tendência pode ser modificada através da inclusão de um termo de erro na equação como

2

t , enquanto que outros componentes representando outras características como ciclos também poderão ser acrescentados. O único componente estocástico na equação (8.16) é o termo t, que é assumido como sendo um termo de perturbação aleatório, normalmente distribuído com média zero e variância 2, ou seja, t NID(0,2). Além desta parte introdutória, o capítulo está dividido em mais quatro partes. A primeira parte apresenta a metodologia básica da forma de estado de espaço, importante procedimento matemático para a derivação dos modelos UCARIMA. A segunda e terceira partes do capítulo apresentam a

6 Tradução da expressão em inglês “Exponentially Weighted Moving Average”. Para mais detalhes do método

essência do Filtro de Kalman, procedimento recursivo utilizado no cálculo do estimador ótimo do vetor de estado. A quarta e última parte do capítulo apresenta a derivação do modelo estrutural básico, modelo que apresenta uma combinação de três componentes (tendência, sazonalidade e irregularidade).