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4 POLÍTICAS MACROECONÔMICAS EM MOÇAMBIQUE (1995-201)

4.1 POLÍTICA FISCAL

A Política Fiscal consiste em um conjunto de políticas adotadas pelo Governo para arrecadar receitas e realizar suas despesas. O seu objectivo é essencialmente manter a estabilidade macroeconômica do país, promover uma distribuição equitativa do rendimento e fazer uma alocação eficiente dos recursos. A estabilidade macroeconómica consiste no alcance de um crescimento econômico gerador de emprego e com estabilidade de preços. A distribuição equitativa consiste em criar um sistema de redistribuição do rendimento

equilibrado e socialmente justo. Finalmente, a alocação eficiente dos recursos consiste em adotar um sistema de fornecimento de serviços públicos que seja eficiente, de modo a corrigir as falhas criadas pelo mercado. Para atingir os seus objetivos, a Política Fiscal faz uso da Demanda Agregada como uma variável macroeconômica a ser atingida, estimulando o seu aumento ou diminuição, dependendo do objetivo da Política Fiscal, o que por sua vez causa variações no setor produtivo da economia. A Tabela 3.1 do Anexo II mostra o comportamento da Demanda Agregada do país no período 1995-2014. Nesta Tabela é possível verificar o comportamento da Demanda em diferentes níveis. Uma análise geral da Tabela informa que a Demanda Interna (medida pela soma do Consumo Privado, Consumo Público e Formação Bruta de Capital Fixo) aumentou em todos os anos, com a exceção de 1995 e 2001 que apresentou reduções. A diminuição da Demanda Interna em 1995 foi causada por uma forte redução do Consumo Público em cerca de 49.4% e a diminuição em 2001 foi causada por uma redução na Formação Bruta de Capital Fixo na ordem de 24.3%.

Como o Consumo Total do país é fortemente dependente de importações, uma vez que os níveis de produção internos são insuficientes para cobrir as suas necessidades de consumo, para aferir o real impacto da Demanda Interna sobre a produção nacional, achou-se conveniente calcular a variação da Demanda Interna Sobre Bens (e Serviços) Nacionais, medido pela diferença entre a Demanda Interna e as Importações. A parte mais abaixo da Tabela 3.1 mostra a variação da Demanda Interna Sobre Bens (e Serviços) Nacionais no período em análise. É possível verificar na Tabela que este conceito de demanda variou positivamente nos períodos 1996-1998 e 2000-2010 e em 2013. Em 1995, 1999, 2011, 2012 e 2014 a sua variação foi negativa, o que significa que nestes anos, a variação positiva da Demanda Interna (com a exceção de 1995), não causou aumentos na Demanda Interna sobre bens produzidos no país. Por outro lado, a Tabela também mostra que o PIB do país aumentou em todo o período, conforme já apresentado no capítulo anterior. Estes resultados indicam que o aumento do Consumo Público em 1999, 2011, 2012 e 2014 em 10.8%; 14.3%; 15.3% e 7.6%, respectivamente, não resultou em um aumento na Demanda Interna de produtos nacionais, tendo o PIB nestes anos aumentado possivelmente por causa do aumento dos outros níveis de Demanda que tenham recaído sobre a produção nacional ou pelo efeito do aumento da Demanda Externa Sobre Bens Nacionais (Exportações). Portanto, embora o Consumo Público tenha aumentado em todo o período analisado (com a exceção de 1995), os dados da Tabela 3.1 sugerem que o seu aumento em 1999, 2011, 2012 e 2014 não teve efeito estimulador sobre a economia nacional.

As Tabelas 3.2, 3.3, 3.4, 3.5, 3.6, 3.7 e 3.8 do Anexo II resumem demais políticas de natureza fiscal adotadas no país no período 1995-2014. As Tabelas 3.2, 3.3 e 3.4 mostram a evolução das receitas; as Tabelas 3.5, 3.6 e 3.7 mostram a evolução das despesas e a Tabela 3.8 mostra a evolução da execução orçamental do país. A Tabela 3.2 apresenta as receitas em valores absolutos, a Tabela 3.3 apresenta a variação percentual das receitas e a Tabela 3.4 apresenta a proporção das receitas em relação ao PIB do país. Na Tabela 3.2 é possível observar que ao longo de todo o período em análise, as Receitas Fiscais foram as que maior peso representaram no total de receitas arrecadadas pelo país. De facto, no início do período (1995), as Receitas Fiscais representavam 91.3% e as Receitas Não Fiscais representavam 8.7%; das Receitas Totais. No final do período (2014), as Receitas Fiscais representavam 87.8% e as Receitas Não Fiscais representavam 2.5%; das Receitas Totais. Em 2014, a categoria “Outras Receitas” representavam conjuntamente um peso expressivo nas Receitas Totais (9.6%); 5% de Receitas Consignadas, 3% de Receitas Próprias e 1.6% de Receitas de Capital.

Os Impostos Sobre Bens e Serviços constituiram, em quase todo o período, a modalidade de arrecadação com maior participação nas Receitas Fiscais Totais, com a exceção de 2013 em que o maior contribuinte no Total de Receitas Fiscais foram os Impostos sobre o Rendimento. De facto, os Impostos Sobre Bens e Serviços representaram mais de metade do Total de Receitas Fiscais obtidas no país entre 1995 à 2007, apresentando no período seguinte (2008-2014), expressivas participações que variaram entre 41 a 49% das Receitas Fiscais Totais. O segundo maior contribuinte nas Receitas Fiscais Totais, em todo o período, foram os Impostos Sobre o Rendimento, que chegaram a assumir o posto de maior contribuinte em 2013, conforme dito anteriormente. Os Impostos Sobre o Rendimento iniciaram o período (1995) com uma participação de apenas 18% do Total de Receitas Fiscais, terminando o período (2014) com uma participação de 41% das Receitas Fiscais Totais, o que representou um aumento de expressivos 23 pontos percentuais em todo o período. Os Impostos Sobre o Comércio Internacional e os Outros Impostos e Taxas foram, em todo o período analisado, o terceiro e quarto, respectivamente, maiores contribuintes das Receitas Fiscais Totais. Os Impostos Sobre o Comércio Internacional representavam no início do período (1995), 26% do Total de Receitas Fiscais, passando este valor percentual para 12% no final do período, o que representou uma diminuição de assinaláveis 14 pontos percentuais em todo o período.

Tabela 3.3 mostra a variação percentual anual das receitas em todo o período analisado. Nesta Tabela, é possível observar a variação percentual das Receitas Totais, bem como, a variação das suas componentes, isto é, Receitas Fiscais, Receitas não Fiscais, Receitas Consignadas, Receitas Próprias e Receitas de Capital. Esta Tabela mostra que as Receitas Totais aumentaram em todos os anos, registando um crescimento médio anual de 27% no período. As Receitas Fiscais e as Receitas não Fiscais também apresentaram taxas de crescimento positivas em todos os anos. As Receitas Fiscais registaram um crescimento médio anual de 27% e as Receitas não Fiscais cresceram, em média, 23% no período analisado. Estes resultados mostram uma clara relação entre o crescimento das Receitas Totais e o crescimento das Receitas Fiscais. Os percentuais de crescimento entre estas duas variáveis também são muito próximos em todos os anos do período analisado. Ainda na mesma Tabela, é possível verificar que todas as componentes das Receitas Fiscais apresentaram taxas de crescimento positivas, com destaque para os Impostos Sobre o Rendimento que apresentaram em crescimento médio anual de 33% no período. Os Impostos Sobre Bens e Serviços e os Impostos Sobre o Comércio Internacional registaram taxas de crescimento médio anual de 26% e 23%, respectivamente, no período.

A proporção das Receitas em relação ao PIB é mostrada na Tabela 3.4. Nesta Tabela é possível observar que o peso das Receitas Totais, em relação ao PIB, aumentou de 10% em 1995 para 33% em 2014, reflectindo o forte aumento das receitas do país, embora no mesmo período o PIB do país tenha crescido 413%, conforme foi analisado da secção 2.1 (Tabela 2.1). As Receitas Fiscais iniciaram o período analisado (1995) com um peso de 10% do PIB e terminaram o período (2014) com um peso de 29% do PIB, mostrando uma vez mais, o assinalável crescimento desta variável. As Receitas não Fiscais apresentaram um peso de cerca de 1% do PIB em todo o período, o que mostra que em termos absolutos, estas receitas cresceram a um nível muito próximo do crescimento absoluto do PIB, embora em termos relativos (percentuais) o crescimento tenha sido superior ao crescimento do PIB (23% de crescimento médio anual para as Receitas não Fiscais contra 7.5% do PIB).

As Tabelas 3.5, 3.6 e 3.7 apresentam a evolução das despesas em valores absolutos, a sua variação percentual e a sua proporção em relação ao PIB, respectivamente. Na Tabela 3.5 é possível observar que nos três primeiros anos do período em análise (1995-1997), as Despesas de Investimento superaram as Despesas Correntes, acontecendo situação inversa nos três anos seguintes (1998-2000). No período analisado, o ano 2001 foi o último ano em que as Despesas de Investimento foram maiores que as Despesas Correntes. Nos restantes anos (2002-2014), as Despesas Correntes realizadas pelo país foram maiores que as suas Despesas

de Investimento. As Despesas Correntes correspondiam a 43% das Despesas Totais no início do período (1995) e a 58% das Despesas Totais no final do período (2014), o que representa um aumento do seu peso no Total de Despesas, em 15 pontos percentuais. Por sua vez, no início do período (1995), as Despesas de Investimento correspondiam a 57% das Despesas Totais, tendo este percentual caído para 38% no final do período (2014), o que aponta para uma diminuição do seu peso no Total de Despesas, em 19 pontos percentuais.

Os Salários foram, em todo o período, o principal item das Despesas Correntes. A sua participação nas Despesas Correntes foi de 47% em 19991 e de 51% em 2014. Após os

Salários, o item com maior representação nas Despesas Correntes foram os Bens e Serviços, cuja participação no total de Despesas Correntes foi de 30% e 22%, em 19992 e 2014,

respectivamente. Os Juros da Dívida Pública no início do período (1995), representavam 16% das Despesas Correntes, tendo este percentual baixado para 5% no final do período (2014). As Transferências, que até 2004 eram contabilizadas no item Outras Despesas Correntes, a partir de 2005 passaram a ser apresentadas de forma individual. A Tabela 3.5 mostra que as Transferências representavam 18% das Despesas Correntes em 2005, tendo este percentual baixado para 16% em 2014. Outra informação que pode ser obtida na Tabela 3.5 é o início das Despesas com o pagamento de Subsídios, iniciadas em 2009. Após o seu início, os Subsídios representaram cerca de 3% do total das Despesas Correntes.

Tabela 3.6 mostra a variação percentual anual das despesas em todo o período analisado. Nesta Tabela, é possível observar a variação percentual das Despesas Correntes, Despesas de Investimento, Despesas contraídas com base em Empréstimos e do somatório de todas as Despesas, isto é, das Despesas Totais. Esta Tabela mostra que as Despesas Totais aumentaram em todos os anos, com a exceção de 2003, registando um crescimento médio anual de 11% no período. As Despesas Correntes também apresentaram taxas de crescimento positivas em todos os anos, assinalando um crescimento médio anual de 23% no período. As Despesas de Investimento apresentaram um aumento mais modesto comparativamente às Despesas Correntes, verificando uma taxa de crescimento médio anual de 10% no período. Em alguns anos, as Despesas de Investimento apresentaram taxas de crescimento negativas, o que pode ter contribuído para um menor crescimento médio anual no período. De facto, as Despesas de Investimento apresentaram taxas de crescimento de -2.7% em 1998, -3.7%

1 Para os anos anteriores a 1999 (1995-1998), não é possível obter a participação exata dos Salários nas Despesas

Correntes porque a existência do item “Defesa e Segurança” retirava os salários pagos neste setor do item “Salários”. A mesma situação aplica-se ao item “Bens e Serviços”.

em 2004 e -11.3% em 2012. Ainda na mesma Tabela, é possível verificar que entre as componentes das Despesas Correntes, os itens “Salários” e “Bens e Serviços” apresentaram taxas de crescimento positivas em todo o período3. Os Juros da Dívida Pública apresentaram

taxas de crescimento negativas em vários anos (1998-2000, 2004-2005, 2007-2008 e 2013), o mesmo acontecendo com os subsídios no período 2011-2014.

A proporção das Despesas em relação ao PIB é mostrada na Tabela 3.7. Esta Tabela mostra que o peso das Despesas Totais, em relação ao PIB, aumentou de 22% em 1995 para 38% em 2014, mostrando um significativo aumento nas despesas do país, pese embora no mesmo período, o PIB do país tenha crescido 413%, conforme foi analisado da secção 2.1 (Tabela 2.1). As Despesas Correntes iniciaram o período analisado (1995) com um peso de 9% do PIB e terminaram o período (2014) com um peso de 22% do PIB, mostrando uma vez mais, o assinalável crescimento desta variável. As Despesas de Investimento iniciaram o período (1995) com um peso de 12% do PIB e terminaram o período (2014) com um peso de 14% do PIB. Estes dados podem indicar que as Despesas de Investimento tenham crescido a um nível muito próximo do crescimento absoluto do PIB. Em termos relativos, o crescimento médio das Despesas de Investimento no período foi de 10%, contra um crescimento médio de 7.5% do PIB.

Finalmente, a Tabela 3.8 resume a execução orçamental no período analisado. Esta Tabela mostra a evolução das Receitas Totais, Despesas Totais (incluíndo Empréstimos Líquidos), Donativos e Saldo Global Com e Sem Donativos. Nesta Tabela, é possível verificar que em todos os anos, as Despesas Totais realizadas pelo país superaram as suas Receitas, resultando em um Saldo Global Sem Donativos negativo em todo o período. Os dados do Saldo Global Sem Donativos, que mede a diferença entre as Receitas Totais e as Despesas Totais, mostram que este indicador se deteriorou nos períodos 1995-2002 e 2006- 2009; e em 2004 e 2011. Em 2003, 2005 e 2010 o Saldo Global Sem Donativos apresentou melhorias, acontecendo o mesmo nos últimos anos do período analisado, entre 2012 a 2014. Uma análise a esta Tabela permite concluir que os Donativos concedidos ao país para o financiamento do seu défice orçamentário aumentaram a uma taxa média de 16% ao ano durante todo o período. A diferença entre o Saldo Global Sem Donativos e os Donativos recebidos é mostrada através do Saldo Global Com Donativos. A Tabela 3.8 mostra que este Saldo foi negativo em todos os anos, com a exceção de 2006 que foi ligeiramente positivo. O período 2009-2012 é considerado o período com maior défice negativo em todos os anos

3 O ano 2003 foi exceção para os Bens e Serviços. Neste ano, este item das Despesas Correntes apresentou um

analisados, acontecendo uma considerável diminuição no défice nos últimos anos (2013 e 2014). Em suma, durante todo o período, o país precisou recorrer ao endividamento para poder fazer a cobertura do seu défice orçamental. A secção 4.3 do presente capítulo irá analisar o endividamento externo do país.

4.2 POLÍTICA MONETÁRIA

A Tabela 4.1 do Anexo III resume a política monetária adotada no país no período 1995-2014. Esta Tabela mostra a evolução das principais medidas de controle monetário utilizadas no país pela autoridade monetária. No início do período, as metas monetárias do país eram definidas em termos de Objetivos Finais e Objetivos Intermédios. A Tabela 4.1 apresenta os valores projetados para os respectivos objetivos, bem como os seus valores alcançados. No período 1995-2002, as principais metas monetárias definidas no país para a condução da sua política monetária foram os Ativos Internos Líquidos e Ativos Externos Líquidos (para os Objetivos Finais) e a Base Monetária, Agregado Monetário Amplo (M2) e Crédito ao Governo e à Economia (para os Objetivos Intermédios. Para o período 1995-2000, é possível observar que o valor alcançado dos Ativos Externos Líquidos, indicador que mede a quantidade de moeda no país mantida na forma de moeda estrangeira, sempre esteve acima da sua meta, não havendo dados disponíveis para os anos 2001 e 2002. Esta situação pode ter criado impactos no mercado cambial como será analisado na secção seguinte. Em sentido inverso, os valores alcançados dos Ativos Internos Líquidos, diferença entre o agregado monetário M2 e os Ativos Externos Líquidos, que mede a quantidade de moeda existente na economia mantida em moeda nacional, estiveram consideravelmente abaixo das suas metas nestes anos, com a exceção de 1995 e 1999. A taxa de crescimento do agregado monetário M2 sempre esteve acima da sua taxa de crescimento projetada, embora em alguns anos tenha se situado muito próximo desta (1996, 1997, 1998 e 2002).

Os Ativos Internos Líquidos (AIL) continuaram a ser um importante instrumento de controle monetário nos anos 2003, 2004 e 2005, período em que os seus valores alcançados estiveram muito abaixo dos seus valores projetados. Nos mesmos anos, os Ativos Externos Líquidos (AEL) atingiram valores muito superiores aos seus valores projetados, principalmente em 2003 e 2004. A oferta monetária, medida pelo M2, ultrapassou a sua meta de crescimento em 2003 e 2005, tendo em 2004 crescido muito abaixo da sua meta de crescimento. À partir de 2006, o controle e execução da política monetária no país ganhou uma nova dinâmica, com destaque para introdução de outras variáveis de controle monetário

como Reservas Internacionais Líquidas e nível de financiamento à economia. De facto, no período 2006-2014, o financiamento à economia, medido pelo Crédito à Economia e pelo Crédito Líquido ao Governo, assumiram-se como importantes instrumentos de controle da política monetária. No mesmo período, as Reservas Internacionais Líquidas passaram a ser uma destacada variável de execução da política monetária, principalmente servindo como indicador da capacidade de importação da economia. Neste período, a Oferta de Moeda (medida pelo M2) e a Base Monetária continuaram, em simultâneo, a ser utilizados como instrumentos de controle monetário. Uma análise ao comportamento destas variáveis, permite concluir que o crescimento do M2, em todos os anos, foi maior que a sua meta de crescimento, com a exceção de 2010 em que esta variável registou um crescimento menor que a sua meta de crescimento, e 2014 para o qual os dados não estão disponíveis. Por outro lado, o comportamento da Base Monetária foi variável entre 2006 à 2014. A sua taxa de crescimento foi maior que à taxa projetada em 2006, 2007, 2009, 2010, 2012 e 2014 e menor que esta em 2008, 2011 e 2013, conforme pode ser verificado na Tabela 4.1. À partir de 2005, a autoridade monetária (Banco de Moçambique) introduziu outra medida de agregado monetário mais alargado (M3) para controle da oferta de moeda no país, que, além de incluir o M2, também inclui os depósitos à prazo em moeda estrangeira. No geral, a oferta de moeda medida pelo M3, acompanhou a mesma oferta medida pelo M2. Os dados apresentados pela Tabela 4.1 mostram que ambos os agregados monetários apresentaram taxas de crescimento positivas e muito próximas entre si após o ano 2005.

A política monetária adotada no país no período, pode ser complementarmente analisada nas Tabelas 4.2 e 4.3 do Anexo III. Estas Tabelas mostram a evolução das taxas de juros de referência do país no período em apreço. A Tabela 4.2 mostra a evolução das principais taxas de juros praticadas em termos nominais e a Tabela 4.3 mostra a evolução das mesmas taxas de juros em termos reais. Na Tabela 4.2 é possível observar que as taxas de juros de referência praticadas no país, no período 1995-1997, foram a Taxa Ativa (TA), Taxa Passiva (TP) e a Taxa de Redesconto (TR). Entre 1995 à 1997, a TA, que media a taxa de juros média nas operações de empéstimos, aplicadas pelas instituições de crédito do país, diminuiu 16.2 pontos percentuais, com destaque para a diminuição de 15,9 pontos percentuais ocorrida entre 1996 a 1997. Por outro lado, no mesmo período, a TP, que media a taxa de juros média nas operações de depósitos, aplicadas pelas instituições de crédito do país, diminuiu 22.9 pontos percentuais; com diminuição de 4.8 pontos percentuais entre 1995 a 1996 e 18.1 pontos percentuais entre 1996 a 1997. A taxa de Redesconto (TR), passou de 57,75% em 1995 para 32% em 1996 e 12,95% em 1997; o que representa diminuição de 25.75 e 19.05

pontos percentuais, respectivamente. A taxa de inflação, por sua vez, passou de 54.9% em 1995 para 16.6% em 1996 e 5.8% em 1997. Esta análise permite concluir que a diminuição na taxa de inflação, iniciada em 1996, permitiu uma mudança de política monetária, com os juros a diminuirem acentuadamente nesse ano e em 1997. Em termos reais, a Tabela 4.3 mostra que a Taxa Ativa e a Taxa Passiva foram negativas em 1995, passando a atingir valores positivos em 1996 e 1997. Contudo, nestes anos, a Taxa Ativa foi muito superior que a Taxa Passiva, revelando a obtenção de elevados lucros por parte das instituições financeiras bancárias.

Em 1998 o Banco de Moçambique comecou a utilizar como taxas de juros de referência e, consequentemente, instrumento de política monetária, a taxa de Facilidade Permanente de Cedência (FPC) e taxa de Facilidade Permanente de Depósito (FPD). Estas taxas representam a taxa de juros cobrada pelo Banco de Moçambique às instituições de crédito quando estas solicitam liquidez à autoridade monetária (FPC) e taxa de juros oferecida pelo Banco de Moçambique às instituições de crédito quando estas concedem o seu excesso de liquidez à autoridade monetária (FPD). Na Tabela 4.2 é possível observar que estas taxas mantiveram-se tecnicamente inalteradas em 1998 e 1999, altura em que a taxa de inflação verificava níveis muito baixos (com deflação em 1998). Nos dois anos seguintes, estas taxas apresentaram crescimento significativo. A FPC atingiu 22.54% no ano 2000 (crescimento de 12.29 pontos percentuais) e 35.04% em 2001 (crescimento de 12.5 pontos percentuais). Por outro lado, a FPD atingiu 11.75% no ano 2000 (crescimento de 9.25 pontos percentuais) e 15.6% em 2001 (crescimento de 3.85 pontos percentuais). Nestes anos, o aumento nas taxas