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Estado de necessidade na legislação penal soviética

7. DO ESTADO DE NECESSIDADE NO DIREITO PENAL COMPARADO

7.4. Família socialista: o estado de necessidade na legislação penal da Rússia

7.4.1. Estado de necessidade na legislação penal soviética

Fabrizio Ramacci,433 ao analisar os Códigos Penais soviéticos de 1922 e 1927, observa que o primeiro, contrariamente aos princípios diretivos de 1919, admitia a interpretação analógica, enquanto o segundo admitia a analogia. Quanto ao Código Penal que entrou em vigor em 1960, afirma que este determinou o retorno à legalidade na legislação penal soviética, sendo esta legalidade, no entanto, instrumental e condicionada ao suporte do regime político e do sistema social instituído.

432

SALES. Escritos de Direito Penal. p.57. 433

RAMACCI. Corso de Diritto Penale. p.88-89: “Emblematica, al riguardo, è la storia della codificazione

penale nell‟ex URSS: il primo códice penale post-rivoluzionario, entrato in vigore il 1º luglio 1922, non ripeteva la definizione di reato, già data nei Principi direttivi del 1919 come lesione dell‟ordine dei raporti social, ma ammetteva l‟interpretazione analógica; il secondo Codice penale soviético, entrato in vigore il 1º gennaio 1927, definiva reato “ogni azione od omissione contro la società communista” e ammetteva il ricorso all‟analogia; il Codice penale entrato in vigore il 1º luglio 1960, dopo il famoso XX Congresso del PCUS e l‟avvio della cd. Destalinizzazione (dal nome del defunto dittatore Stalin), sancisce il ritorno allá legalità secondo il principio di legalità socialista affermando nell‟art. 1 che: “la legge penale determina quali azioni socialmente pericolose sono delittuose e fissa le pene applicabili alle persone Che hanno commesso infrazioni”. La vicenda política sottesa alle prime due codificazioni corrispondeva ad uma visione strumentale del diritto penale utilizzato come supporto di um regime político e di um sistema sociale ancora in via di assestamento”.

Dentro deste contexto, o atual Código Penal da Federação Russa434 que entrou em vigor em 1996, elenca em seu capítulo 8, as circunstâncias que excluem a criminalidade de uma ação: a legítima defesa, as ofensas praticadas a uma pessoa que praticou um crime, a extrema necessidade, a coação física e psíquica, o risco justificado e a execução de ordens ou instruções.

Em relação ao estado de necessidade, que denomina de “extrema necessidade”, e

que se encontra disciplinado no inciso 1, do seu art.39 e capítulo 8, o referido Código Penal de 1996 dispõe que a violação dos interesses legalmente protegidos em um estado de extrema necessidade, com a finalidade de remover um perigo iminente para uma pessoa, para os seus direitos, ou para os direitos das outras pessoas, bem como os interesses legalmente protegidos da sociedade ou do Estado, não deve ser considerado um crime, se o perigo não pode ser removido por outros meios e se não se exceder os limites do estado de necessidade:435

Chapter 8. The Circumstances Excluding the Criminalitye of a Deed

[…]

Article 39. Extreme Necessity

1. The harming of legally protected interests in a state of extreme necessity, that is, for the purpose of removing a direct danger to a person or his rights, or to the rights of other persons, to the legally-protected interests of the society or the State, shall not be deemed to be a crime if his danger could not be removed by other means and if there was no exceeding the limits of extreme necessity.

[…]

Verifica-se no referido dispositivo legal, a preocupação do legislador em assegurar que ações tendentes a proteger a sociedade ou o estado possam ser consideradas como praticadas em estado de necessidade, eximindo de culpa os agentes que as deflagrarem:436 “to the legally-protected interests of the society or the State, shall not be deemed to be a crime if his danger could not be removed”.

434

Diponível em:

<http://www.legislationline.org/download/action/download/id/1697/file/0cc1acff8241216090943e97d5b4.htm/pr eview>. Acesso em: 16 nov. 2010.

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Diponível em:

<http://www.legislationline.org/download/action/download/id/1697/file/0cc1acff8241216090943e97d5b4.htm/pr eview>. Acesso em: 16 nov. 2010.

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Diponível em:

<http://www.legislationline.org/download/action/download/id/1697/file/0cc1acff8241216090943e97d5b4.htm/pr eview>. Acesso em: 16 nov. 2010.

O próprio inciso 2, do já citado artigo 39 do capítulo 8 do Código Penal da Federação Russa,437 disciplina a questão do excesso no estado de necessidade, afirmando que a ação que não corresponder à natureza e ao grau do perigo envolvido, nem as circunstâncias em que este perigo foi removido e quando um dano igual ou mais considerável for causado por estes interesses, então a ação será considerada excessiva, sendo que este excesso iinplicará em responsabilidade criminal somente nos casos em que houver vontade do agente na provocação do dano:

Chapter 8. The Circumstances Excluding the Criminalitye of a Deed

[…]

Article 39. Extreme Necessity

[…]

2. The infliction of a harm that obviously does not correspond to the nature and the degree of threatened danger, nor to the circumstances under which the danger was removed, when equal or more considerable harm was caused to said interests than the harm averted, shall be deemed to be excess of extreeding necessity.

Such excess shall involve criminal responsibility only in cases of the intended infliction of harm.

[…]

No que diz respeito à família socialista, o atual Código Penal da Federação Russa438 que entrou em vigor em 1996, em seu capítulo 8, que trata das circunstâncias que excluem a

criminalidade de uma ação denomina o estado de necessidade de “extrema necessidade”, e

disciplinando-o no inciso 1, do seu art.39, prescreve que a violação dos interesses legalmente protegidos em um estado de extrema necessidade, com a finalidade de remover um perigo iminente para uma pessoa, para os seus direitos, ou para os direitos das outras pessoas, bem como os interesses legalmente protegidos da sociedade ou do Estado, não deve ser considerado um crime, se o perigo não pode ser removido por outros meios e se não se exceder os limites do estado de necessidade.

Verifica-se, no referido dispositivo legal, a preocupação do legislador em assegurar que ações tendentes a proteger a sociedade ou o estado possam ser consideradas como praticadas em estado de necessidade, eximindo de culpa os agentes que as deflagrarem, fato que não pode ser observado no direito penal dos paises das famílias romano-germânica e do Common Law estudadas.

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Diponível em:

<http://www.legislationline.org/download/action/download/id/1697/file/0cc1acff8241216090943e97d5b4.htm/pr eview>. Acesso em: 16 nov. 2010.

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Diponível em:

<http://www.legislationline.org/download/action/download/id/1697/file/0cc1acff8241216090943e97d5b4.htm/pr eview>. Acesso em: 16 nov. 2010.

7.4.2. Aspectos do direito comparado na legislação penal analisada

No que diz respeito à família socialista, o atual Código Penal da Federação Russa,439 que entrou em vigor em 1996, em seu capítulo 8, que trata das circunstâncias que

excluem a criminalidade de uma ação, denomina o estado de necessidade de “extrema necessidade” e disciplinando-o no inciso 1, do seu art.39, prescreve que a violação dos

interesses legalmente protegidos em um estado de extrema necessidade, com a finalidade de remover um perigo iminente para uma pessoa, para os seus direitos, ou para os direitos das outras pessoas, bem como os interesses legalmente protegidos da sociedade ou do Estado, não deve ser considerado um crime se o perigo não pode ser removido por outros meios e se não se exceder os limites do estado de necessidade.

Verifica-se no referido dispositivo legal, a preocupação do legislador em assegurar que ações tendentes a proteger a sociedade ou o estado possam ser consideradas como praticadas em estado de necessidade, eximindo de culpa os agentes que as deflagrarem, fato que não pode ser observado no direito penal dos paises das famílias romano-germânica e do Common Law estudadas.

7.5. Famílias muçulmana, hindu e judaica: o estado de necessidade na legislação penal