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M O “Estado” referiu-se em sua edição de ontem, à campanha contra os ruídos,

No documento DOUTORADO EM LÍNGUA PORTGUESA SÃO PAULO 2015 (páginas 172-200)

NÍVEIS OU PLANOS DA ANÁLISE TEXTUAL

A CARACTERIZAÇÃO DA CRÔNICA DO JORNAL

L. M O “Estado” referiu-se em sua edição de ontem, à campanha contra os ruídos,

promovida pela Prefeitura, dizendo que por se trata de um movimento de caráter educativo, não terá condições de produzir resultados imediatos. Sou um pouco mais pessimista: a meu ver, sem providencias drásticas e diretas,

159 que envolvam sanções severas, os resultados não serão imediatos, nem remotos. O assunto jamais será resolvido.

O brasileiro é um dos povos mais barulhentos do mundo. Ao mesmo tempo em que parece em deliciar-se com o estrondo (qualquer coisa é pretexto para o foguetório festivo) não tem a mínima ideia de que o sossego alheio deva ser respeitado. É coisa que não lhe passa pela cabeça. Se está alegre, solta rojões achando, penso eu, que com isso transmitia aos outros sua alegria... A invenção do auto-falante foi uma conquista formidável na arte de fazer barulho... Esse amor ao ruído, ao estrondo, ao foguetório, não se erradica facilmente dos hábitos e costumes de um povo: esta na massa do sangue. Em 1951, o navio que eu viajava, depois de ter passados três meses na Europa, fez escala em Salvador, na Bahia, onde permaneceu algumas horas. A cidade pareceu-me um pandemônio. Cheguei a ficar tonto com o ruído, porque os meus ouvidos estavam desabituados a ele. Em 1964, quando lá estive, os Estados Unidos, estavam em plena campanha eleitoral (renovação do Congresso). Certa tarde assisti, na Quinta Avenida, no coração de Nova York, um espetáculo de um cortejo de carros carnavalescos, com moças de “malliot” empunhando cartazes de propaganda de um dos candidatos. Nenhum auto-falante, nem um rojão, nem uma banda de música: os automóveis passavam em absoluto silêncio.

Se fosse no Brasil... na minha rua, a praga mais abominável são os auto- falantes dos vendedores ambulantes. Não há dia em que no meu quarteirão não estacione pelo menos um caminhão dotado desse instrumento de suplício. Ora, anunciando biscoitos; ora uvas maduras; no dia seguinte morango; no outro, laranjas... Tudo isso em voz estentórica, ampliada pelo auto-falante, num tom insuportável para os ouvidos mais insensíveis.

Minha mulher fica desesperada:

- A quem se pode reclamar contra isso? – perguntou-me outro dia.

- A ninguém – respondi. – o remédio é aguentar firme. Nós estamos em plena campanha do silêncio.

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4.4.1 Os contextos

A produção de sentidos requer a análise dos contextos.

4.4.1.1 O contexto cognitivo

O contexto cognitivo está relacionado às cognições sociais, a partir do vivido e experienciado socialmente e que compõe a memória social, ou seja, o marco das cognições sociais.

A cidade de São Paulo, na década de 60, constatou que os ruídos produzidos pela cidade encontravam-se muito acima no esperado, levando as autoridades a promoverem uma série de medidas para combater os altos índices de ruídos; dentre as medidas, estava a campanha para a diminuição dos ruídos, e promulgaram, também, uma lei para a redução do volume de ruídos, criando zona de silêncio em regiões específicas.

4.4.1.2 O contexto discursivo

Já na metade do século XX, quando é publicado este texto, com a mudança social devido ao capitalismo e às duas grandes guerras mundiais, no Brasil, ocorre uma grande influência norte-americana, sobretudo no jornalismo nacional. Os jornais tornaram-se corporações que fundiram jornais que eram publicados pela manhã ou tarde, em edições matutinas, levando as empresas a acumularem cada vez mais lucro e buscarem agradar os seus leitores como forma de garantirem a receita e, até mesmo, expandi-la. O contexto discursivo pode ser descrito por:

 Poder, jornal empresa que por participantes os donos do jornal que tomam decisões

161  O Controle - que tem por participantes: editor, pauteiro, redator

chefe, repórteres que executam as decisões do poder.

 O Acesso - que tem por participantes os que fazem o jornal circular na sociedade brasileira, com um auditório menos erudito que os leitores do início do século.

Luís Martins constrói um texto a partir da proposição de um problema, ou seja, uma Circunstância em relação às cognições sociais. A tese 1: o “caráter educativo, não terá condições de produzir resultados imediatos” é refutada pela tese 2: “os resultados não serão imediatos, nem remotos. O assunto jamais será resolvido.”

4.4.1.3 Contexto de Linguagem

O texto é escrito por Luís Martins que foi escritor, jornalista, crítico, memorialista e poeta brasileiro. Foi cronista do jornal O Estado de São Paulo por 36 anos e assinando como L.M., escreveu diversos textos para esse jornal fazendo análises, críticas, comentário e crônicas, com estilo mais despojado e informal, semelhante aos produzidos pelos jornais americanos, ou seja, utilizou-se de uma linguagem com menos figuras de estilo, mais direta e clara, em busca de um novo público que abrangesse, também, a classe operária entre seus leitores.

4.4.2 O gênero crônica do jornal e a incrustação das sequências

Os resultados obtidos da incrustação das sequências indicam que o gênero crônica do jornal participa do sistema de gêneros jornalísticos

162 opinativos. Sendo assim, a sequência argumentativa é a mais hierárquica, na qual estão incrustadas as demais sequências.

4.4.2.1. A sequência argumentativa

O referente textual é a campanha paulistana do silêncio promovida no início de 1969.

a. O tema

A duração temporal para que a campanha do silêncio obtivesse sucesso. b. A opinião do cronista

A campanha do silêncio nunca terá sucesso e questão jamais será resolvida.

Estrutura argumentativa

Premissa Justificativa Conclusão

(tese 1) (Tese 2)

A campanha contra os ruídos, promovida pela prefeitura é de caráter educativo, não tendo condições de produzir resultados imediatos.

O brasileiro é um dos povos

mais barulhentos do mundo A campanha contra os ruídos promovida pela Prefeitura, com caráter educativo, não terá resultados imediatos ou remotos: o assunto jamais será resolvido.

Marco das Cognições Circunstância Sociais

1. o brasileiro tem amor ao ruído, ao estrondo e ao foguetório.

2. esse amor ao ruído está na massa do sangue do brasileiro e é manifesto por soltar foguetes, falar alto

163 e em alto falantes;

3. não ter a mínima ideia de que o sossego alheio deva ser respeitado. 4. som produzido pelos alto-falantes dos vendedores ambulantes.

Pontos de Fato partida

1. O brasileiro deliciar- se com o estrondo.

2. Se está alegre solta rojões.

3. Com alto-falante o brasileiro anuncia produtos nas ruas, produzindo ruídos insuportáveis para os ouvidos humanos.

A intensa produção de ruídos na cidade de São Paulo.

Argumento Argumento

de reforço de legitimidade 1. O brasileiro deliciar-se com o

estrondo.

2. A invenção do alto-falante foi uma conquista formidável na arte de fazer barulho.

3. Não há dia em que pelos menos um caminhão dotado desse suplicio não estacione ...

4. Voz estentórica ampliada pelo alto-falante.

1. O brasileiro é um dos povos mais barulhentos do mundo.

2. Qualquer coisa é pretexto para o foguetório festivo.

3. Se está alegre solta rojões.

4. A praga mais abominável são os alto- falantes dos vendedores ambulantes.

4.4.2.2 Sequências narrativas

Este texto é composto por várias sequências narrativas que estão incrustadas na Justificativa da opinião do cronista.

a. Sequência narrativa 1

Situação Inicial Fazer Transformador Situação Final

O excesso de ruídos Campanha contra os ruídos promovida pela

164 na cidade de São

Paulo.

Prefeitura. para garantir as “zonas de silêncio” Esta sequência narrativa está incrustrada nos pontos de partida da justificativa, construindo argumentos de reforço

b. Sequência narrativa 2

Situação Inicial Fazer Transformador Situação Final

Dificuldades para anunciar a venda de produtos nas ruas

Invenção do alto- falante Os alto-falantes tornarem-se a praga mais abominável pelos vendedores ambulantes.

Esta sequência narrativa está incrustrada nos Pontos de partida da justificativa, construindo argumentos de legitimidade.

c. Sequência narrativa 3

Situação Inicial Fazer Transformador Situação Final

Em 1951, o navio em que eu viajava, depois de ter passado três meses na Europa.

Fazer escala em Salvador, na Bahia, onde permaneceu por algumas horas.

Ficar tonto com o ruído, porque os ouvidos estavam desabituados a ele.

Na narrativa está incrustrada no Fato(s) da circunstância que justifica a opinião do autor.

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4.4.2.3 A sequência dialogal

Há uma sequência dialogal.

a. Sequência dialogal 1:

- A quem se pode reclamar contra isso? – perguntou-me outro dia. - A ninguém – respondi.

Turno 1 a mulher querendo saber a quem reclamar contra o barulho produzido pelos vendedores ambulantes.

Turno 2 a resposta do cronista de que não há a quem reclamar e o remédio é conviver com o excesso de ruído, pois ainda se está em plena campanha do silêncio.

Está sequência exemplifica a notoriedade dada como argumento.

4.4.2.4 Sequências explicativas

O texto é organizado por um conjunto de condensações, seguido de uma série de expansões explicativas que são apresentadas como justificativas da opinião do autor.

a. Condensação: parece deliciar-se com o estrondo

A expansão é relativas às discussões existentes a respeito do brasileiro ser um povo estrondoso, ou seja, qualquer coisa é pretexto para um foguetório festivo.

b. Condensação: não ter a mínima ideia de que o sossego

alheio deve ser respeitado.

Expansão é coisa que não lhe passa pela cabeça, se está alegre solta rojões, achando que com isso transmite aos outros sua alegria. A invenção do alto-falante foi uma invenção formidável na arte de fazer barulho.

As explicações são relativas às discussões existentes a respeito do caráter educativo não surtir efeito na cultura brasileira, ao longo do texto. Elas

166 são relativas a uma série de sequências narrativas que expandem essa condensação, explicitando o traço cultural do brasileiro ser um povo barulhento.

O texto de Luís Martins exemplifica o gênero crônica do cotidiano, redigido de forma não literária e acadêmica, pois os leitores do jornal eram de novos leitores, ou seja, o autor apresenta o problema por uma circunstância em relação ao marco das cognições sociais (a campanha do silêncio na cidade de São Paulo) o autor recorre ao marco das cognições sociais que é composto pelo dia a dia da vida do brasileiro para, daí, selecionar os argumentos de legitimidade e reforço tomados como ponto de partida para justificar a sua opinião.

O texto é redigido de forma coloquial, pois os leitores do jornal não eram mais somente eruditos, e participam também, os da classe com média escolaridade.

A classificação atribuída a este texto, como crônica jornalística do cotidiano, decorre das categorias semânticas Esperado e Usual que caracterizam o cotidiano da vida do brasileiro, a partir da sua manifestação ruidosa em sociedade.

Texto 05 “Por um punhado de dólares” de Augusto Nunes, 08 de janeiro de 1989 – anexo 05

Por um punhado de dólares

Augusto Nunes José Adilson Rodrigues, nosso valente e confiante Maguila, está sinceramente convencido de que pode vencer o americano Mike Tyson, numa disputa pelo título mundial dos pesos pesados. É o que vem soprando aos ouvidos desse brasileiro simplório, nascido em Sergipe há 30 anos, uma gente que, além de parecer amiga, diz palavras bonitas (alguns até sabem inglês) e

167 usa talheres certos. Por que haveria Maguila de dúvidas do sonho colorido pelo verde dos dólares, que lhe ofereceram com todos os esses e erres?

O vocabulário de Maguila não é muito superior ao que Kasper Hauser teria assimilado em alguns meses de convivência com civilizados (?) mais pacientes. Ele costuma reduzir o ato de viver e meia dúzia de frases ingenuamente agressivas, tipo “lá em cima do ringue todo mundo é igual” ou “eu vou meter o braço nele”. Entre uma e outra frase, para que não fique dúvidas, avisa que é muito macho. A alta confiança irracional, quando se instala em mentes primitivas, demora a ser desalojada. No caso de pugilistas, essa espécie de expulsão se dá literalmente a murro e é necessariamente traumática.

A farsa, em seu começo, parecia inofensiva. Alguns jornalistas e empresários da área esportiva entenderam que o Brasil precisava de um ídolo no boxe. Por que não apostar no tosco e corajoso sergipano, que andava espancando adversários amadores em ginásios de subúrbio? Feita a aposta, as coisas avançaram com rapidez. Um nocaute num compatriota aqui, um hook no fígado de um adversário argentino ali, um direto no queixo de um americano cuidadosamente selecionado mais além – e pronto: num país sedento de heróis Maguila vira ídolo.

Se a história tivesse parado nesse trecho tudo bem: todos cingiríamos que tivemos um grande campeão – que só não conseguiria o merecido cinturão de outro porque esses americanos que controlam o mundo do boxe são mafiosos incorrigíveis -, os empresários teriam ganho algum dinheiro, e o próprio Maguila poderia curtir uma aposentadoria distante da infância miserável dos sertões da Paraíba. A brincadeira, contudo, foi longe demais. E o nosso bravo pugilista agora corre o risco de subir a um ringue para, dramaticamente solitário, enfrentar Mike Tyson.

Se a ameaça se configurar, como se sentirão os responsáveis pela farsa enquanto durarem os intermináveis minutos (ou mesmo segundos) de exposição de Maguila aos punhos devastadores de Tyson? Pode ser uma farsa trágica, como a que deu o título ao filme em que Humphrey Bogart encarna o jornalista, que também não soube avaliar a importância de um vida humana. Pelo menos um desses responsáveis sabe perfeitamente que Maguila, no universo do boxe, está condenado ao papel de figurante, para sempre incapaz de incorporar-se à galeria dos grandes lutadores. Este homem é o treinador Angelo Dundee.

Dundee burilou pessoalmente algumas peças magníficas, como Muhammad Ali e “Sugar” Ray Leonard. Em matéria de boxe, o velho Dundee foi a todas as

168 festas, viu todos os filmes. Viveu para ver de perto a violência dos braços de Jack Dempsey, a determinação de Rochy Marciano e o punhos de Sonny Liston e Ingemar Jonhansonn, a dança terrível de “Sugar” Ray Robinson, a graça impiedosa de Carlos Monzon, a precisão demolidora de Joe Louis. Claro que Dundee não é sincero, ao afirmar que Maguila tem alguma chance diante de Tyson.

No fundo, tampouco os jornalistas e empresários que patrocinam Maguila acreditam na farsa – é possível notar o desconforto de alguns, por estarem metidos numa comédia assim perigosa. Se alguém entre eles, além do próprio José Adilson Rodrigues, segue acreditando em contos de fadas, basta convidar o sr. Dundee para uma conversa franca. Ou, então, examinar a galeria de fotos de adversários recentes de Maguila, selecionados pelo jornalista Tonico Duarte e publicadas há alguns dias pelo Estado. Barrigas obscenas, coxas flácidas, rugas quarentonas – há um pouco de tudo nesse mar de banha em que o nosso herói navegou até chegar ao porto onde o aguarda Mike Tyson.

Ainda é tempo de impedir que Maguila seja trucidado não se brinca assim com a vida de um homem. Nem mesmo quando estão em jogo alguns punhados de dólares.

4.5.1 Os contextos

A produção de sentidos requer a análise dos contextos.

4.5.1.1 O contexto cognitivo

O contexto cognitivo está relacionado às cognições sociais de grupos de espectadores de TV e leitores de jornal, a partir do noticiado em televisão (rede Bandeirantes) e jornais impressos a respeito do atleta pugilista Maguila, representado pela mídia como um herói nacional da área esportiva.

169 Na década de 80, José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, foi pugilista brasileiro e teve como principal divulgador o locutor e empresário Luciano do Valle, em uma parceria que rendeu algumas críticas evidentes a Luciano, devido a, supostamente, exagerar as qualidades do sergipano com objetivo de promover vendas de lutas.

A representação gloriosa de Maguila, através da mídia, originou uma série de comentários relativos aos adversários das lutas arranjadas:

1. Os que atacavam o pugilista defendiam a pouca técnica do lutador, embora pelas lutas arranjadas ele houvesse ganho de adversários avaliados como muito fracos;

2. Os que afirmavam a glória de Maguila defendiam que os adversários de suas lutas não eram fracos, já que haviam lutado com grandes pugilistas como Mike Tyson, George Foreman e Evander Holyfield.

Maguila possuía um cartel vitorioso e total predomínio no boxe sul- americano, o que elevava sua posição no ranking mundial. Nesse momento, Luciano do Vale, pela mídia, pleiteia a luta de Maguila com Mike Tyson, campeão mundial dos pesos pesados, renomado por abater os adversários em menos de um minuto.

4.5.1.2 O contexto discursivo

Já na segunda metade do século XX, tal qual foi observado no contexto discursivo do texto 03, houve mudança dos leitores de jornal. Para maior venda do jornal foi necessário atrair os leitores para sua compra.

Sendo assim, as empresas fundem-se em grupos midiáticos e o jornal- produto é ampliado, sendo dividido por cadernos. Cada caderno é orientado para um grupo social específico de leitores, a fim de atender às suas necessidades de informação.

170  Poder - jornal empresa que tem por participantes os donos do

jornal que tomam decisões

 O Controle - que tem por participantes editor, pauteiro, redator chefe, repórteres que executam as decisões do poder.

 O Acesso - que tem por participantes os que fazem o jornal circular na sociedade brasileira, com um auditório menos erudito do que os leitores do início do século.

Augusto Nunes é contratado para escrever crônicas no jornal O Estado de S. Paulo e constrói para esta crônica um problema, apresentado como uma circunstância em relação às cognições sociais grupais, construídas a respeito de Maguila, herói nacional, campeão pugilista. É a partir dessa circunstância que o autor emite a sua opinião.

4.5.1.3 Contexto de Linguagem

O texto é escrito por Augusto Nunes que foi jornalista do O Estado de São Paulo e, também, escreveu para a revista Veja, onde permaneceu até 1986. Mediou o programa Roda Vida, até o ano de 1990; atualmente, é debatedor fixo do programa. Dirigiu as revistas Veja, Época e Forbes (edição brasileira) e os jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora, onde escreveu diversos textos. Seus textos são redigidos com um estilo mais despojado e informal, semelhantes aos produzidos pelos jornais americanos, ou seja, utiliza- se de uma linguagem com menos figuras de estilo, mais direta e clara, buscando agradar a um novo público, a um grupo social menos erudito do que os leitores do início do século XX.

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4.5.2 O gênero crônica do jornal e a incrustação das sequências

Os resultados obtidos da incrustação das sequências indicam que o gênero crônica de jornal participa do sistema de gêneros jornalísticos opinativos. Sendo assim, a sequência argumentativa é a mais hierárquica, na qual estão incrustadas as demais sequências.

4.5.2.1. A sequência argumentativa

a. O Referente: A notícia do pleitear a luta de Mike Tyson com

Maguila guia o cronista a selecionar do marco das cognições sociais o referente textual: o fato de uns visarem lucro, em uma sociedade capitalista, e propiciam o prejuízo de outros.

b. O tema

A pleiteada luta está tematizada na invencibilidade do norte-americano Mike Tyson, em disputas pelo título mundial dos pesos pesados.

c. A opinião do cronista

Ainda é tempo de impedir que Maguila seja trucidado. Não se brinca assim com a vida de um homem. Nem mesmo quando estão em jogo alguns punhados de dólares.

Estrutura argumentativa

Premissa Justificativa Conclusão

(tese 1) (Tese 2)

Maguila representado como

172 tem boas condições de lutar

com o campeão Mundial de boxe.

em questão de segundos com adversário muito importantes.

X

2. Maguila campeão latino- americano, foi convencido de pleitear a luta com o campeão mundial, Mike Tyson, sem estar

preparado para este

enfrentamento.

campeão mundial de Boxe, Mike Tyson, será trucidado. Não se brinca assim com a vida de um homem. Nem mesmo quando estão em jogo alguns punhados de dólares.

Marco das Cognições Circunstância Sociais

1. O campeão sul-americano de Boxe – Maguila:

1.1 A origem humilde do lutador, que possui vocabulário limitado;

1.2 Mike Dundee treinador de Maguila, treinou atletas como Muhammad Ali e Sugar Ray grandes campeões do boxe.

1.3 Luciano do Vale, empresário de Maguila, construir para ele a possibilidade de ser o campeão na luta com Mike Tyson.

2. Mike Tyson campeão norte- americano e mundial de boxe;

2.1 A capacidade técnica e física de Mike Tyson para vencer seus grande adversários.

2.2 Mike Tyson venceu todas as lutas, derrotando os adversários em poucos segundos.

3. Luciano do Vale, contratador de lutas e empresário do Maguila, constrói o mito de Maguila e vem organizando as lutas de Maguila.

No documento DOUTORADO EM LÍNGUA PORTGUESA SÃO PAULO 2015 (páginas 172-200)