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Parte I: Enquadramento Teórico

Capítulo 3: Estratégias de Ensino do Inglês como Língua Estrangeira

3.5 Estratégia de ensino e o papel do professor

O sucesso de uma aprendizagem presume-se que é resultante de um bom ensino. Ensinar, per

se, Roldão (2010, p. 55), considera tratar-se de “uma ação especializada de promover

intencionalmente a aprendizagem de alguma coisa por outros”. Segundo a autora, ensinar é uma ação estratégica na medida em que o professor assume a responsabilidade na concepção, planificação, desenvolvimento didático até a regulação e avaliação do conteúdo aprendido. Neste processo, a intenção do professor é de “encontrar a melhor e mais eficaz via” para os seus alunos. Nesta perspetiva, Roldão (2010, p. 57), considera estratégia de ensino como sendo “a estratégia enquanto concepção global de uma ação, organização com vista à eficácia”. No

processo de operacionalização do ensino como ação estratégica três dimensões entram em destaque, nomeadamente, o professor, o conteúdo curricular e o aluno ou aprendente.

Na dimensão do professor a ação estratégica leva o professor a refletir sobre si próprio na ótica de pessoa responsável pelo conhecimento que se pretenda ser aprendido pelo aluno pois, o seu bom entendimento sobre os objetivos que se preconizam vai permitir a tomada de decisões estratégicas mais acertadas e adequadas. Quanto à dimensão do conteúdo curricular, o foco do professor prende-se com a organização e as atividades de ensino a integrar; no que concerne a dimensão do aluno, sujeito principal da aprendizagem, a preocupação do professor é o conhecimento profundo daquele de forma que haja um ensino de sucesso pretendido. De referir que essas dimensões ocorrem num sistema integrado e de interdependência (figura 1) Esta visão é igualmente partilhada por Mazzioni (2013, p. 96), ao afirmar que:

“a habilidade do professor em identificar ... e escolher os processos de ensinagem que melhor se adapte as características dos alunos com os quais trabalha e que considere as características dos conteúdos em discussão, poderá fazê-lo mais bem sucessivo no seu ofício de educar”.

Figura 1: Dimensões de ação estratégica de ensino

Fonte: Elaboração própria

Para Petrucci e Batiston (2006) estratégias de ensino refere-se aos “meios utilizados pelos docentes na articulação do processo de ensino” segundo as atividades e os resultados preconizados. Por sua vez, apontam a necessidade dos professores Anastasiou e Alves (2004) e alunos terem o domínio sobre os objetivos do ensino, pois, na sua ótica, “as estratégias visam o cumprimento de objetivos” e recomendam a integração destes no programa do curso.

Professor Conteúdo curricular Ensino Eficaz Pretendi- do Aluno

3.5.1 Tipos de estratégias

A questão de tipologia nas estratégias de ensino é bastante complexa e sensível. É complexa na medida em existem várias perceções sobre essa matéria o que sugere a realização de estudos mais profundos e minuciosos de forma a não deixar dúvidas substanciais. Devido a complexidade das estratégias não será para breve a existência de uma tipologia uniforme da mesma sorte que outros especialistas consideram a categorização de irrelevante. Vieira e Vieira (2005) Martins (2011, p. 11), considera a complexidade existente nas estratégias uma “forma de conferir inteligibilidade à área”. No entanto, tem havido esforços de alguns especialista em categorizar as estratégias usando determinados critérios. A título ilustrativo encontramos Ribeiro e Ribeiro (1989), sugerindo duas categorias gerais: indutiva e dedutiva, segundo o critério de Modelos cognitivos ou de processamento de informação à luz dos modelos de ensino e aprendizagem a que se associam. A estratégia indutiva, neste caso, consiste no professor solicitar aos alunos observar e analisar dados ou exemplos para depois conceber o conceito; Por seu turno, na estratégia dedutiva, o professor apresenta o conceito ou generalização e o professor solicita aos alunos a clarificar os termos utilizados para definir o conceito (Martins, 2011). No quadro 3 abaixo estão apresentadas estratégias de ensino, segundo Mazzioni (2013), Anastasiou e Alves (2004), e Petrucci e Batiston (2006). No entanto, na ótica de Marion e Marion (2006), estes são metodologias de ensino. Por seu turno, Roldão na sua obra “Estratégias de ensino: o saber e o agir do professor” estes são tipos de atividades que são desenvolvidas ao nível da sala de aula. Vieira e Vieira (2005) aborda outras designações que são atribuídas à estratégia como, abordagens para Wilen e Clegg (1986) e técnica para Young e Glenn (1981) e até se chega a designar-se por tácita e habilidades. A partir destes elementos assumimos a opinião de Roldão (2010) ao desvalorizar a tipologia de estratégias que alguns autores apresentam, ao afirmar que “diversos autores têm produzido tipologias de estratégias, dando conta de que nem sempre é atribuído ao termo o mesmo significado, sendo diferentes também as aproximações a outros conceitos”. Para o presente estudo adotamos a perspetiva de Roldão (2010) segundo a qual “estratégia é acção intencional e orientadora de um conjunto organizado de ações para a melhor consecução de uma determinada aprendizagem”. No entanto, assumindo o quadro 3 abaixo como sendo de atividades de sala de aula que possam ser integradas na realização de uma aprendizagem à luz da abordagem comunicativa reserva-se perceber como o professor faz uso para uma concepção estratégica com vista ao desenvolvimento da

competência comunicativa dos alunos do Ensino Secundário Geral Púbico em Nampula – Moçambique e com que base ele toma tal decisão.

Quadro 3: Quadro de estratégias/atividades de ensino Actividades de ensino

Aula expositiva dialogada Estudo de texto Seminário Solução de problemas Dramatização Portifólio

Ensino individualizado Estudo de caso Resolução de problemas Ensino em pequenos grupos Estudo do meio Resolução de exercícios Exposições, excursões e visitas Júri simulado Ensino e pesquisa

Discussão e debate Painel Palestra

Fonte: Mazzioni (2013, p. 98)

A tomada de decisão sobre o uso de uma ou outra estratégia de ensino por parte do professor é, em princípio, determinada pelos objetivos que pretende atingir tendo em vista a natureza de alunos cujo ensino se destina. Contudo, esta decisão pode ser influenciada pelas crenças ou outros aspetos que este profissional tem em relação a sua perceção sobre o ensino de língua estrangeira numa situação concreta. Neste sentido, passamos a caracterizar o conceito de “crença” e explicar como as crenças podem influenciar no ensino de uma língua estrangeira tanto para o professor assim como para o aluno.

3.6 Crenças e perceções do professor e dos alunos quanto ao Ensino e Aprendizagem da