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3. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO

3.1. Considerações Metodológicas sobre Pesquisa Empírica

3.1.2. Estratégia do Método de Pesquisa – O Estudo de Caso

Definido o método de pesquisa, neste caso como exploratório, é necessário estabelecer qual a melhor estratégia de pesquisa a utilizar.

Yin (2004) define o estudo de caso como forma de se fazer pesquisa social empírica ao se investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas. A investigação sob a forma de estudo de caso baseia-se em várias fontes de evidências, e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

Para o mesmo autor, a estratégia de pesquisa pode ser determinada por três elementos: a forma da pergunta de pesquisa, a extensão de controle que o pesquisador possui sobre os eventos e o grau de focalização sobre os eventos atuais em oposição aos históricos. Conseqüentemente, a natureza das perguntas - como, por quê - conduz ao uso do estudo de caso ou do experimento, porque tais questões lidam com situações operacionais que precisam ser rastreadas ao longo do tempo, ao invés da mera quantificação de freqüência ou incidência de observações de um determinado fenômeno.

Com referência à escolha da estratégia de pesquisa, Yin (1994) aponta a necessidade de se considerarem três condições básicas para cada tipo de estratégia adotada na pesquisa, conforme sintetizado no Quadro 10:

ESTRATÉGIA QUESTÕES CONTROLE SOBRE EVENTOS COMPORTAMENTAIS FOCO EM ACONTECIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

Experimento Como, Por Quê? Sim Sim

Levantamento Quem, O Quê, Onde, Quando?

Não Sim

Análise de Arquivos Quem, O Quê, Onde, Quando?

Não Sim / Não

Análise Histórica Como, Por Quê? Não Não

ESTUDO DE CASO Como, Por Quê? Não Sim

Quadro 10 - Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa

Yin (2004) também classifica em duas dimensões a pesquisa empreendida com o recurso do método de estudo de casos: o número de casos que compõe o estudo e o foco que será dado à unidade de análise.

O Quadro 11 apresenta os tipos básicos de projetos para estudos de caso:

Projeto de caso único Projeto de casos múltiplos

Holístico

(unidade única de análise) Tipo 1 Tipo 3

Incorporado

(unidades múltiplas de análise) Tipo 2 Tipo 4

Quadro 11 - Tipos básicos de projetos para estudos de caso

Fonte: YIN, R K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3ª. Edição. Porto Alegre: Bookman, 2004, p.61. Outros autores complementam as justificativas e recomendações para adoção do método de estudo de casos em pesquisas empíricas. Campomar (1991) propõe que o estudo intensivo de um caso permite a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra forma. Boyd e Westfall (1987, apud DONAIRE, 1997, p.9) afirmam que, “se a pesquisa for exploratória, ou se estivermos na fase inicial de uma investigação qualquer, na qual desejamos ampliar o nosso conhecimento a respeito do assunto, devemos utilizar o estudo de casos”. Donaire (1997) acrescenta que o estudo de casos pode ser adotado tanto em uma pesquisa exploratória como em uma pesquisa descritiva ou explicativa, mas não em pesquisa causal.

Importante aspecto dos estudos de caso é que eles se caracterizam pela análise, em profundidade, de um objeto ou um grupo de objetos, que podem ser indivíduos ou organizações. O pressuposto desse estudo é que, ao se conhecer bem como ocorre o fenômeno, pelo exame de um ou poucos indivíduos, empresas ou situações, podem-se levantar hipóteses sobre como o fenômeno ocorre em termos gerais. Por esse fato, o estudo de caso é bastante apropriado em pesquisas exploratórias, mas não adequado plenamente a estudos explicativos, já que não se podem generalizar os resultados encontrados, pelo emprego desse método (GIL, 1996).

A combinação entre natureza do fenômeno (além do foco em eventos contemporâneos, não requer do pesquisador o controle sobre os eventos comportamentais) e

objetivo da pesquisa (como e por que), de acordo com os critérios de seleção apontados por

Selltiz(1965). Yin (1994), Campomar (1991), Donaire (1997), Boyd e Westfall (1987) justificam a escolha do método de estudo de caso único holístico como a alternativa mais apropriada para a elaboração da pesquisa empírica integrante desta dissertação.

Sujeitos sociais da pesquisa

Em pesquisas qualitativas, de caráter exploratório, nas quais, normalmente, a seleção dos elementos da população obedece a critérios subjetivos e intencionais, as amostras não são aleatórias e geralmente são pequenas (SILVEIRA, 2004).

Nos estudos de caso, em particular, a seleção do caso (ou casos) e dos possíveis respondentes estará sempre sujeita ao descortino e julgamento do pesquisador. Além disso, uma das características típicas do estudo de caso é analisar, em profundidade e exaustivamente, um determinado fenômeno, sem que haja intenção e interesse de se generalizarem os resultados obtidos para outros indivíduos que não os que constituem o grupo selecionado. Sendo assim, a rigor, não se pode falar em amostra, quando se realiza um estudo de caso, uma vez que o próprio caso (ou casos) selecionado constitui a população, da qual as características podem ser obtidas diretamente. Portanto, a análise dos resultados refere-se exclusivamente aos dados coletados do caso, que é a própria população, sem possibilidade de inferência estatística (generalização) dos mesmos.

A amostra é esse subconjunto da população, e o processo que envolve a seleção dos indivíduos que irão formá-la é denominado amostragem (MATTAR, 1993).

A amostra não tem um fim em si mesmo, sendo considerada apenas um meio, um veículo, por intermédio do qual é possível inferir algo a respeito da característica da população, por meio de um processo indutivo (TOLEDO; OVALLE, 1985).

Há dois tipos de amostra: amostra probabilística e amostra não probabilística. A amostra probabilística é aquela em que cada elemento da população tem uma probabilidade conhecida e diferente de zero de ser selecionado para sua composição; a amostra não probabilística é aquela em que a seleção dos elementos não é aleatória, dependendo parcialmente da conveniência ou do julgamento do pesquisador; o pesquisador irá selecionar os elementos que ele acredita serem os melhores para o estudo particular (MATTAR, 1993).

Para este estudo foi adotado o uso da amostragem não probabilística para a seleção dos entrevistados. Os sete entevistados chaves desta pesquisa estão relacionados no apêndice A, protocolo de estudo de caso. Com relação aos respondentes dos questionários, alem dos próprios entrevistados, recorri adicionalmente a duas pessoas de cada um dos departamentos da empresa. Assim sendo dezoito pessoas foram respondentes do questionário.

O período para a relaização de todas as entrevistas, bem como a entrega e recolhimento dos questionários aos respondentes compreendeu o mês de janeiro de 2006.