• Nenhum resultado encontrado

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO

3.1. Considerações Metodológicas sobre Pesquisa Empírica

3.1.1. O Método na Pesquisa Empírica

O método é um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo de uma pesquisa científica, traçando o caminho a ser seguido, detectando os erros e auxiliando as análises e interpretações dos resultados pelo pesquisador (CASTRO, 1977).

Matallo (1997) sustenta que o estudo do método, como teoria explicativa, abarca o conjunto de caminhos percorridos pela ciência para produção de conhecimento. O método é, pois, elemento indissociável de todo processo de investigação.

Para Richardson (1989), em pesquisa, o método significa a escolha de procedimentos sistemáticos para descrição e explicação de fenômenos. O autor o classifica em dois tipos: método qualitativo e método quantitativo. Goode e Hatt (1969, p. 398), entretanto, são enfáticos ao afirmarem que “a pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa dicotomia a separação entre estudos ‘qualitativos’ e ‘quantitativos’”.

Segundo Mattar (1999), a maioria dos autores classifica os métodos de pesquisa em três categorias: exploratória, descritiva e causal, as duas últimas também chamadas de conclusivas. Como métodos de pesquisa exploratória, o autor relaciona: levantamentos em fontes secundárias; levantamento de experiências, estudo de casos e observação informal. Entretanto, para ele, a diferença básica entre os tipos de pesquisa está “no grau de estruturação dos procedimentos e na definição dos objetivos imediatos” (MATTAR, 1999, p. 82).

Para Mattar (1999), a pesquisa exploratória visa prover o pesquisador de maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva, sendo apropriada para os primeiros estágios da investigação. Selltiz et al. (1965), por sua vez, consideram que a principal característica desses estudos formuladores ou exploratórios se refere à descoberta de idéias e intuições. Assim, o planejamento de pesquisa precisa ser suficientemente flexível, de

modo a permitir a consideração de muitos aspectos diferentes de um fenômeno. Creswell (1994) acrescenta que, neles, enfatiza-se o processo, o significado e o entendimento de determinada situação.

Segundo Mattar (1996, p.19), a pesquisa exploratória é apropriada para os seguintes objetivos:

• Familiarizar e elevar o conhecimento e compreensão de um problema de pesquisa em perspectiva;

• Auxiliar a desenvolver a formulação mais precisa do problema de pesquisa; • Acumular a priori informações disponíveis relacionadas a um problema de

pesquisa conclusiva a ser efetuada ou que está em andamento;

• Ajudar no desenvolvimento ou na criação de hipóteses explicativas de fatos a serem verificados numa pesquisa causal;

• Ajudar no desenvolvimento ou criação de questões de pesquisa relevantes para o objetivo pretendido;

• Auxiliar na determinação de variáveis relevantes a serem consideradas num problema de pesquisa;

• Clarificar conceitos;

• Ajudar no delineamento do projeto final da pesquisa;

• Verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, quais os métodos utilizados e quais os resultados obtidos;

• Estabelecer prioridades para futuras pesquisas.

As pesquisas conclusivas, segundo Mattar (1993, p. 89), “são caracterizadas por possuírem objetivos bem definidos, procedimentos formais, serem bem estruturadas e dirigidas para a solução de problemas ou para avaliação de alternativas de curso de ação”.

A subdivisão pesquisa conclusiva descritiva congrega uma série de modalidades, cujas características comuns são o profundo conhecimento do problema a ser estudado e a necessidade de o pesquisador saber exatamente o que pretende. É apropriada para: descrever as características de grupos, situação ou indivíduo específicos; estimar a proporção, freqüência de elementos que apresentem determinadas características ou comportamentos, em uma população específica e descobrir ou verificar a existência de relação entre variáveis. Selltiz et al. (1965), consideram a exatidão uma característica muito importante dessa modalidade de pesquisa, e por isso, é necessário um planejamento que reduza o viés e amplie a precisão da prova obtida.

Por outro lado, a pesquisa conclusiva causal busca estabelecer evidências sobre relacionamentos entre variáveis, que possam sugerir relações de causa e efeito entre elas. Assim, exigem processos que não somente reduzam o viés (“tendenciosidade” estatística) e aumentem a precisão, mas que também permitam inferências a respeito da causalidade. (MATTAR, 1999).

Parasuraman (1991) descreve algumas diferenças entre pesquisa exploratória e pesquisa conclusiva, as quais são apresentadas no Quadro 9.

Aspectos da pesquisa Pesquisa exploratória Pesquisa conclusiva

(descritiva ou causal)

Objetivo

Geral:

Gerar esclarecimento sobre uma situação

Específico:

Gerar esclarecimento e ajudar a selecionar um curso de ação

Necessidade de dados Vaga Clara

Forma de coleta de dados

Aberta ou fechada; flexível. Bem definida

Origem dos dados Parcialmente definida Bem definida

Amostra

Relativamente pequena; selecionada subjetivamente para maximizar a geração

de informações utilizáveis.

Relativamente ampla, selecionada objetivamente para permitir a

generalização dos achados.

Coleta de Dados Flexível, sem procedimento estruturado. Rígida, com procedimento bem estruturado.

Análise de Dados Informal, tipicamente qualitativa. Formal, tipicamente quantitativa. Quadro 9 - Diferenças entre pesquisas exploratórias e pesquisas conclusivas

Fonte: PARASURAMAN, A. Marketing research. Readings: Addison-Wesley, 1991.

Selltiz et al. (1965) estabelecem que na prática, os diferentes tipos de estudo nem sempre são nitidamente separáveis. Qualquer pesquisa pode conter elementos de duas ou mais funções descritas como características de diferentes tipos de estudo. Os autores enfatizam, porém, que geralmente existe o realce de apenas uma dessas funções, podendo-se pensar que o estudo será classificado na categoria correspondente à sua principal função.

Nas pesquisas qualitativas e exploratórias não são formuladas hipóteses, pois o pesquisador está “explorando” o assunto para conhecê-lo melhor (ACEVEDO e NOHARA, 2004). Assim, as hipóteses vão surgindo e tornam-se mais claras à medida que o pesquisador se aprofunda na investigação. Sendo assim, segundo as autoras, no trabalho exploratório geram-se hipóteses, mas nunca se testam as mesmas. Nesse caso, o pesquisador levanta hipóteses no final do relatório, e propõe que elas sejam investigadas em trabalhos subseqüentes.

Dado os conceitos sobre as diferentes metodologias para o desenvolvimento da pesquisa empírica e face a característica das questões e objetivo deste estudo, foi adotada a metodologia de pesquisa qualitativa de caráter exploratória como a mais apropriada.