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FIGURA 1 – INFLUÊNCIAS DOS AMBIENTES TÉCNICO E INSTITUCIONAL POR SETOR DE ATIVIDADE

2.3 Estratégia Organizacional

Constata-se na literatura sobre estratégia diferentes perspectivas em que o tema é abordado. O conceito de estratégia pode apresentar diferentes conotações, dependendo do contexto em que se insere, uma vez que sua abrangência e complexidade dificultam e impedem a elaboração de um conceito consensual.

De acordo com Quinn (1991), a razão disso é que o termo surgiu no contexto organizacional proveniente do campo militar e foi adaptado de acordo com o ambiente particular de cada teórico ou dirigente empresarial. Na concepção militar do termo, estratégia envolve o planejamento e direção das operações e o posicionamento da tropa perante o inimigo. No que diz respeito às organizações, o conceito de estratégia é utilizado implicitamente de diferentes maneiras. Para Quinn (1991) estratégia significa um modelo ou plano que engloba as ações, políticas e objetivos gerais da organização de forma integrada.

Mintzberg (1987) apresenta cinco definições para o termo estratégia. Para o autor, estratégia pode ser compreendida como plano, manobra, padrão, posição e perspectiva. Como plano, refere-se ao curso de ação escolhido de modo intencional pelos membros organizacionais, para lidar com determinada situação. Quando a estratégia representa uma ação proativa ou reativa específica no sentido de obter vantagem perante os concorrentes, ela pode ser compreendida como manobra. Na visão de estratégia como padrão, a mesma caracteriza-se por uma consistência no comportamento ao longo do tempo, podendo ou não ser pretendida. A estratégia como posição se apresenta como uma forma de localizar a organização no ambiente, sendo a força mediadora entre as condições internas da organização e seu contexto externo. Como perspectiva, a estratégia representa a forma pela qual os membros da organização percebem o mundo, podendo ser vista como conceito; abstração que só existe na mente da parte interessada, direcionando intenções e comportamentos.

As definições de estratégia desenvolvidas anteriormente apresentam, de forma implícita, as noções de estratégia deliberada e emergente. Quando as intenções dos membros organizacionais são plenamente realizadas, pode-se chamar tais intenções de estratégias deliberadas, pois se conseguiu realizar aquilo que era pretendido. Para uma estratégia ser deliberada, três condições precisam ser satisfeitas: (a) intenção clara e detalhada para que não haja dúvidas do que foi pretendido antes da ação; (b) tem de ser compartilhada por todos na organização; e (c) precisa ser realizada exatamente como foi pretendida. Já a noção de estratégia emergente enfatiza a presença de um padrão de ação comum, pois sem isso não se caracteriza como estratégia, e esta não pode ter sido pretendida de maneira alguma (Mintzberg e Waters 1985; Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 1999).

Os estudos que tratam do tema estratégia organizacional podem ser divididos em dois grandes campos: conteúdo e processo estratégico. Segundo Chakravarthy e Doz (1992), as pesquisas referentes ao conteúdo da estratégia focalizam-se quase exclusivamente sobre quais posições estratégicas proporcionam às organizações um desempenho satisfatório em diferentes contextos ambientais. Por outro lado, as pesquisas que tratam do processo estratégico focalizam seus esforços em analisar

como os sistemas administrativos e o processo de decisão influenciam essa posição estratégica. Segundo os autores, esses dois campos de pesquisa podem ser distinguidos em pelo menos três aspectos: foco, base disciplinar e metodologia.

No que diz respeito ao foco de estudo, as pesquisas sobre conteúdo estratégico enfatizam o escopo da organização, isto é, a combinação de mercados em que ela compete e as formas de competição nos mercados individuais; porém não descrevem como as organizações obtêm e mantêm sua posição no mercado, aspecto esse que constitui o foco de estudo do processo estratégico. A análise do processo estratégico pode ser realizada com a utilização de contribuições de diferentes disciplinas, possibilitando, dessa forma, estudos interdisciplinares, uma vez que seu foco de estudo é mais amplo do que o dos estudos sobre conteúdo estratégico. Por fim, as pesquisas que tratam desses dois campos de análise também podem diferir na metodologia utilizada. Pesquisas que analisam o processo estratégico necessitam de métodos que possibilitem uma observação detalhada, objetivando uma análise longitudinal do fenômeno (Chakravarthy e Doz, 1992).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1999) apresentam, com base em revisão da literatura sobre o tema, as principais linhas de pensamento sobre estratégia. Os autores classificam as diferentes abordagens em dez escolas, descrevendo suas principais características distintivas bem como suas limitações, enquanto forma de analisar o modo como as estratégias são concebidas nas organizações. Apresentam-se no Quadro 4 as diversas escolas, de acordo com o seu enfoque em relação à formulação da estratégia.

As escolas do design, do planejamento e do posicionamento são de natureza mais prescritiva, enfatizando aspectos de como as estratégias devem ser formuladas. Já as demais escolas são mais descritivas, por enfatizarem aspectos de como as estratégias são formuladas de fato.

A escola do design apresenta um modelo de formulação de estratégia que busca uma adequação entre as capacidades internas da organização e suas possibilidades externas; é o chamado modelo SWOT (strenghts, weaknesses opportunities, threats),

que considera a análise das forças e fraquezas da organização no sentido de encontrar a melhor maneira de adequar a organização às possíveis oportunidades encontradas no mercado. Desse modo, percebe-se que a estratégia é formulada a partir de um processo informal explicitamente deliberado, tendo como elemento de concepção o executivo principal da organização.

Embora considere a formulação da estratégia como processo formal, a escola do planejamento incorpora as mesmas idéias da escola do design. Assim, a formulação da estratégia parte da análise do ambiente externo e das condições internas da organização e, com base nessa análise, realiza-se uma avaliação das alternativas possíveis. Depois de escolhida, implementa-se a estratégia considerada mais adequada.