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Estratégias de aprendizagem de línguas

4 CONHECENDO O UNIVERSO DA PESQUISA: CONSIDERAÇÕES

5.3 CONSCIENTIZAÇÃO LINGUÍSTICA

5.3.2 Estratégias de aprendizagem de línguas

Há inúmeras possibilidades de respostas para a pergunta 20, sobre como se aprendem línguas estrangeiras. A proposta da questão era entender quais estratégias os participantes conheciam para, na questão seguinte, averiguaros métodos

escolhidos para aprender línguas e o nível de consciência do uso desses métodos. Para os 13 participantes do 5º ano que responderam à questão, se aprende uma língua estrangeira praticando: pode ser através de exercícios (5 respostas), lendo e escrevendo (2 respostas), ou assistindo a filmes ou desenhos animados na LE (2 respostas). Dois comentaram ainda que se aprendem línguas frequentando aula de cursinho – o que também pode levar a uma interpretação de que a língua se aprende em um ensino formal. Já no 6º ano, para dez participantes, aprende-se uma língua principalmente nas aulas, com livro e lâminas, e estudando; outros cinco falaram que se aprende na prática, ou seja, se comunicando, fazendo exercícios, ouvindo pessoas falarem e falando; três comentaram que se aprende com filmes e músicas; outros três responderam que se aprende viajando. Assim como os estudantes do 5º ano, portanto, esse grupo também ressaltou o uso da língua nos mais diversos contextos. Também, destacou-se o ensino formal de aprendizagem, com o qual eles estão acostumados.

Na questão 21, sete participantes do grupo do 5º ano informaram que aprenderam a primeira língua estrangeira em aula na escola ou em cursos três fazendo exercícios. Um informou que aprende falando, ouvindo, escrevendo e lendo, ou seja, por meio das quatro habilidades. Foram poucas as estratégias apresentadas aqui e por poucos estudantes, mostrando que eles não têm consciência de tudo o que tiveram que fazer para aprender uma língua. Já para o 6º ano, novamente, a principal fonte para se aprender foi a escola. 12 comentaram que estudam no colégio e que foi nele que aprenderam LEs; apenas um afirmou que aprendeu somente em cursinho. De forma geral, eles comentaram que aprenderam a LE por meio do uso: conversando e escrevendo. Os métodos apresentados foram músicas, brincadeiras e jogos, imagens impressas e aulas, nas quais a professora fala primeiramente e depois o aluno repete. Em relação ao 5º ano, esse grupo demonstrou mais consciência do seu aprendizado, apresentando exemplos de práticas de aprendizagem.

Em relação ao aproveitamento do inglês para o aprendizado de alemão, foi lhes perguntado, na questão 22, se as semelhanças entre inglês e alemão os ajudavam no aprendizado das línguas. Para sete participantes do 5º ano, as semelhanças não auxiliam, enquanto oito confirmam que há suporte. Destes, quatro somente explicaram que as semelhanças facilitam o entendimento nas aulas e a lembrança ou o reconhecimento de uma palavra em alemão quando a veem, os demais não souberam explicar como as semelhanças ajudam. Sete participantes do 6º ano acreditaram que

as semelhanças não auxiliam na aprendizagem do alemão, ou por não haver semelhanças entre as línguas (argumento dado em duas respostas) ou por a pessoa poder confundir as línguas (argumento da maioria). Seis participantes afirmaram recorrer à língua inglesa, por exemplo, durante a prova de língua alemã e vice-versa, para resgatar palavras semelhantes na pronúncia ou na escrita (segundo cinco participantes), que podem ajudar no teste em questão. Um deles afirmou, por exemplo, que o conhecimento de inglês auxilia na aprendizagem de alemão, pois ele conhecia muito mais aquela língua do que esta.

Nessa questão, portanto, sugerimos haver semelhanças entre inglês e alemão. Os alunos que nunca haviam percebido essa proximidade tipológica, possivelmente, não conseguiram fornecer uma resposta afirmativa. Contudo, alguns poucos do 5º ano e praticamente todos os participantes do 6º ano demonstraram perceber o auxílio das semelhanças do inglês em relação ao alemão na memorização das palavras, bem como perceber semelhanças na escrita.

Na questão 23, apresentamos aos estudantes algumas estratégias de aprendizagem que possivelmente eles já tenham aprendido com as professoras de línguas do colégio. Essa questão conscientiza e lembra os participantes sobre os métodos que eles podem usar para estudar. Porém, esta questão poderia ter sido melhor formulada, havendo opção de os estudantes escreverem quais são as outras estratégias, além das sugeridas no questionário. No gráfico a seguir, aparecem as estratégias de aprendizagem e a frequência com que são utilizadas pelos estudantes do 5º ano e, posteriormente, pelos do 6º ano.

O grupo do 5º ano utiliza principalmente estratégias não mencionadas diretamente na questão, havendo um grande número de marcação da opção “outras”. Vídeos e música, como comentado por eles em outras questões, também são muito utilizadas, bem como aplicativos e resumos de conteúdo. A marcação de diferentes vocábulos, que pode ser utilizada para memorização dos artigos der, die e das da língua alemã é uma estratégia pouco usada pelo grupo, assim como os caderno de vocábulos.

Gráfico 6 – Estratégias de aprendizagem do grupo do 5º ano Fonte: elaborado pela autora, 2018

Os participantes do 6º ano, por sua vez, utilizam principalmente resumos de conteúdo, estratégia muito incentivada por professores de várias disciplinas na escola. Outras estratégias não mencionadas também são bastante utilizadas, assim como estudo a partir da compreensão e produção de vídeos curtos e música, também mencionados nas questões anteriores. Poucos participantes utilizam cartelas de memória ou caderno de vocábulos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Caderno de vocábulos Cartelas de memória Marcação com diferentes cores em vocábulos e

estruturas gramaticais

Resumos de conteúdo Vídeos e música Aplicativos de aprendizagem de línguas Outras

Estratégias de aprendizagem do grupo do 5º ano

Gráfico 7 – Estratégias de aprendizagem do grupo do 6º ano Fonte: elaborado pela autora, 2018

Todas as estratégias apresentadas foram reconhecidas e utilizadas, mesmo algumas sendo utilizadas com menos frequência do que as outras. Porém, nota-se que a marcação da opção de frequência “nunca” é bem elevada nos dois grupos analisados, seja por eles não conhecerem as estratégias, por não gostarem de utilizá- las, ou por não terem sido ensinados a usá-las. Durante a aplicação dos questionários, participantes dos dois grupos perguntaram sobre o que seriam essas estratégias. Notamos a necessidade de se apresentarem e de se exercitarem estratégias de aprendizagem explicitamente em sala de aula, incentivando os estudantes a utilizarem as estratégias aprendidas com línguas anteriores na nova aprendizagem da língua e ampliar o leque dessas estratégias e experiências, conforme os estudos de Hufeisen e Neuner (2003).

Os participantes foram, ainda, questionados sobre o que eles estavam fazendo, no momento, para melhorar o seu aprendizado (questão 24). Somente dois estudantes do 5º ano responderam que não estão fazendo nada. Os demais responderam que estão estudando: seja por aula particular, em curso, no laboratório ou sozinho. Dois especificaram que estão assistindo a filmes em inglês ou lendo resumos de conteúdo. Em relação ao 6º ano, quatro não estão fazendo nada para aperfeiçoar o seu aprendizado. Os demais também comentaram que estão estudando:

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Caderno de vocábulos Cartelas de memória Marcação com diferentes cores em vocábulos e

estruturas gramaticais

Resumos de conteúdo Vídeos e música Aplicativos de aprendizagem de línguas Outras

Estratégias de aprendizagem do grupo do 6º ano

com aulas particulares, com curso ou com auxílio da família. Apresentaram também as estratégias de aprendizagem que estão utilizando, tais como: assistir a filmes e jogar nas LEs, conversar e escrever nas LEs, escutar músicas, ler livros, assistir a vídeo-aulas e utilizar o aplicativo de estudos Duolingo. Um participante mencionou que preencher o próprio questionário era uma forma de ampliar o seu aprendizado.

Esses dados demonstram que tanto os participantes do 5º quanto os do 6º ano gostam de estudar e estão preocupados com o seu aprendizado, realizando atividades fora do horário escolar e administrando sua aprendizagem de forma consciente, seja com o auxílio e o incentivo da família e dos professores, ou por influência dos contextos em que eles estão inseridos.