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CAPÍTULO II | ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. DESIGN E SUSTENTABILIDADE

2.3. Mobiliário

2.3.3. Estratégias de design para o sector

“As estratégias de ecodesign são acções que se podem tomar para reduzir o impacte ambiental.

Idealmente devem ser seleccionadas com base numa avaliação ambiental e numa análise mais ampla do produto e do seu mercado”30 (Lewis e Gertsakis, 2001, pg. 61).

Tal como os impactes ambientais, que ocorrem ao longo de todo o ciclo de vida, também as áreas com potencial de melhoria estão presentes em todas as fases, apesar de, tal como visto no ponto anterior, as fases de pré-produção e fim de vida serem as que apresentam mais espaço para melhoria neste sector.

Quando se analisa a literatura de referência na área das estratégias de ecodesign encontram-se várias tipificações com estratégias genéricas, que, apesar de não terem sido pensadas especificamente para nenhum sector, podem ser utilizadas como referência e base para a selecção de estratégias e critérios específicos para o mobiliário, utilizando como filtro as características e problemas desta gama de produtos referidas anteriormente. Paralelamente existe também literatura onde já foram abordados os problemas específicos do mobiliário. Iremos aqui analisar, de forma resumida, ambas as abordagens.

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T.L. “Only high quality recovered wood can be used in these applications, in order to safeguard the health of all ‘consumers’ involved.”

30 T.L. – “Ecodesign strategies are actions that can be taken to reduce environmental impacts. Ideally, strategies should be selected on the basis of an environmental assessement and a broader analysis of the product and its market”.

Estratégias de design genéricas

No âmbito das estratégias de design com uma abordagem não focada num sector pode-se referir o trabalho de tipificação realizado por sete autores (ou equipas), trabalho este que está normalmente associado a ferramentas de ecodesign, como listas de estratégias, diagramas em rede ou listas de verificação.

ESTRATÉGIAS CRITÉRIOS

Design para recuperação de material Design para recuperação e reutilização

Design para a recuperação de componentes Facilitar o acesso aos componentes Simplificar a interface dos componentes Design para desmontagem

Design para simplicidade

Design para minimização na origem Design para separação

Evitar contaminantes de materiais

Design para recuperação e reutilização de desperdícios Design para minimização de desperdícios

Design para incineração de desperdícios Reduzir uso de energia na produção

Reduzir o consumo de energia dos equipamentos Reduzir o uso de energia na distribuição Design para a conservação de energia

Utilizar fontes de energias renováveis Design de produtos multifuncionais Especificar materiais reciclados Especificar materiais renováveis Utilizar componentes remanufacturados Design para longevidade do produto Design para reciclagem em ciclo fechado Design para recuperação de reciclagem Design contentores reutilizáveis Design para a conservação de materiais

Desenvolver programas de leasing Reduzir emissões de produção Evitar substâncias tóxicas ou perigosas Evitar químicos que causem depleção do ozono Utilizar tecnologias à base de água

Assegurar a biodegradabilidade do produto Design para a permanente redução de riscos

Assegurar o correcto depósito dos desperdícios Evitar materiais inflamáveis e/ou corrosivos Providenciar alívio para pressão

Minimizar potencial de fugas Utilizar fechos à prova de crianças Design para a prevenção de acidentes

Desencorajar má utilização pelo consumidor

Contributos para uma Metodologia de Design Sustentável Aplicada à Indústria do Mobiliário: O Caso Português 90

Realizando uma análise cronológica31, o primeiro conjunto de estratégias seleccionado foi desenvolvido nos Estados Unidos da América através de uma tipificação denominada de “Linhas de orientação de design para o ambiente”32 (Fiksel, 1996, pg. 94) e têm uma abordagem muito focada nas potencialidades de intervenção na prática industrial e nas repercussões que isso poderá ter nas restantes fases, pelo que não apresenta um organização que acompanha o desenvolvimento do ciclo de vida do produto, mas sim uma em que a mesma estratégia pode afectar várias fases do ciclo de vida. Na tabela 10 está um resumo destas linhas de orientação que são mais vocacionadas para indústrias de produtos eléctricos e electrónicos.

Expressa no manual “Life Cycle Design” (Behrendt et al., 1997, pg. 53-113) está a segunda tipificação que expõe estratégias (denominados de princípios ou linhas de orientação) para todas as fases do ciclo de vida, mas que as apresenta de forma não sequencial com o desenrolar do ciclo de vida. São estratégias generalistas para a introdução do design de ciclo de vida em pequenas e médias empresas. Estão complementadas com critérios mais detalhados e são integradas numa lista de verificação com esquema ABC para ajudar na sua implementação prática. Tal como nas estratégias DFE de Fiksel, também aqui os critérios são por vezes subdivididos com mais detalhe (no entanto tal não será apresentado nesta tese para simplificação da análise). Esta tipificação é composta por 13 estratégias ou princípios conforme expresso na Tabela 11.

ESTRATÉGIAS CRITÉRIOS

Superar as necessidades do consumidor Desmaterialização

Conceber o uso de recursos em cascata Conseguir eficiência ambiental/optimização da função

Sistema do produto

Reduzir a quantidade de material utilizado Incentivar a re-fabricação

Poupar recursos naturais

Utilização de materiais reciclados Utilização de materiais renováveis

Não utilização de materiais pouco abundantes Utilizar recursos renováveis e abundantes

Minimização do uso de recursos escassos Fiabilidade

Uso

Design intemporal Uso de módulos

Adaptável a futuros desenvolvimentos técnicos Fácil limpeza

Fácil manutenção Fácil reparação Aumentar a durabilidade do produto

Aumentar o período de garantia Design modular

Acessibilidade aos componentes Desgaste

Protecção contra a corrosão Design para reutilização do produto

Normalização dos componentes Reciclabilidade

Design para a reciclagem do material

Utilização de materiais recicláreis

31

Relativamente à data de publicação da referência bibliográfica analisada, pois estes documentos são, normalmente, o resultado de projectos de investigação longos, que tiveram início alguns anos antes da data referida.

32

Menor variedade de materiais Compatibilidade de materiais

Materiais adicionais compatíveis e não tóxicos Identificação dos materiais

Estrutura hierárquica

Facilidade de reconhecimento dos elementos de união Facilidade de acesso aos elementos de união

Desaperto dos elementos de união sem danificar produto Reduzir o número de elementos de união

Reduzir a variedade de elementos de união Reduzir o número de componentes Reduzir a necessidade de ferramentas Design para desmontagem

Automatizar a desmontagem Reduzir o uso de substâncias perigosas

Reduzir o uso de substâncias particularmente perigosas Minimizar substâncias perigosas

Facilidade de remoção das substâncias perigosas Redução de desperdícios

Redução do consumo de energia Redução do consumo de água Redução de desperdícios perigosos Redução de emissões

Produção amiga do ambiente

Redução de substâncias perigosas no local de trabalho Redução do consumo de energia

Reduzir a necessidade de consumíveis Redução de emissões prejudiciais à saúde Minimizar o impacte do produto durante o uso

Fornecer informação ao consumidor e utilizador Questionar a necessidade de embalagem Embalagem retornável

Embalagem reutilizável

Sistema de recolha de embalagem Redução do volume e peso

Redução de substâncias perigosas na embalagem Embalagem reciclável

Utilizar materiais reciclados Utilizar embalagens amigas do ambiente

Utilizar materiais biodegradáveis Evitar substâncias perigosas

Marcar componentes que contém substâncias perigosas Descarte amigo do ambiente de materiais não

recicláveis

Garantia dos materiais naturais

Importância da política de transporte no seio da empresa Veículos utilizados

Selecção de fornecedores por proximidade

Selecção de meios de transporte mais amigos do ambiente Evitar viagens de regresso sem carga

Implementar logística amiga do ambiente

Conceito de Eco-logística com planeamento a longo prazo

A publicação do INETI sobre a perspectiva de ciclo de vida (Frazão et al., 2006) faz uma actualização sobre estas estratégias e seus critérios e organiza-os de forma mais coerente e relacionável com o desenrolar do ciclo de vida, utilizando como base de implementação a lista de verificação tipo ABC. Essa nova lista fica estruturada em 14 estratégias, das quais 4 na fase de pré-produção, 2 na fase de produção, 2 na fase de distribuição, 2 na fase de utilização e 4 no fim de vida.

A tipologia de estratégias mais utilizada na área do ecodesign é a que acompanha as ferramentas Ecodesign Checklist e a LiDS Wheel (Brezet e Hemel, 1997, pg. 77-81). Esta configuração de estratégias, exposta na Tabela 12, acompanha o ciclo de vida do produto através de 7 estratégias, às

Contributos para uma Metodologia de Design Sustentável Aplicada à Indústria do Mobiliário: O Caso Português 92

quais é adicionada uma oitava direccionada para estimular a criação de novos conceitos que melhor se possam adequar ao desenvolvimento sustentável. No entanto, as estratégias são passíveis de serem utilizadas noutras fases, como, por exemplo, a “Redução do uso de materiais” que está associada à fase de pré-produção, deve ser utilizada em todos os momentos do ciclo de vida onde haja consumo de materiais. O mesmo se pode dizer relativamente ao transporte que não deverá apenas ser entendido na fase de distribuição mas como todas as acções de transporte que aconteçam no ciclo de vida. Esta organização é bastante concentrada, o que facilita o seu uso, porque é menos exigente em necessidade de tempo de utilização, no entanto apresenta estratégias muito latas, o que dificulta a operacionalização e o processo de encontrar soluções concretas, particularmente em sectores específicos.

A Tabela 13 apresenta a tipificação realizada pela Econcept para a Ecodesign Checklist (Tischner et al., 2000, pg. 107-110), agrupando um conjunto de questões relevantes ao longo do ciclo de vida do produto, mas que, no entanto, nem todas serão aplicáveis a todos os produtos, pelo que na própria checklist os autores contemplam a hipótese do utilizador considerar não relevante alguma das estratégias. A estrutura de organização não apresenta uma fase de distribuição, diluindo por outras

ESTRATÉGIAS CRITÉRIOS

Materiais mais limpos Materiais renováveis

Materiais com baixo valor energético Materiais reciclados

Selecção de materiais de baixo impacte

Materiais recicláveis Redução em peso

Pré-prod

ução

Redução do uso de materiais

Redução em volume (transporte) Técnicas de produção alternativas Menos fases de produção

Menos e mais limpo consumo de energia Menor produção de desperdícios

Produção

Optimização das técnicas de produção

Menos e mais limpos consumíveis de produção

Embalagens em menor quantidade/mais limpas/reutilizáveis Formas de transporte energeticamente mais eficientes

Distr

ib.

Optimização dos sistema de distribuição

Logísticas energeticamente mais eficientes Menor consumo de energia

Fonte de energia mais limpa Menos e mais limpos consumíveis Redução do impacte durante a utilização

Sem desperdício de energia e de consumíveis Fiabilidade e durabilidade

Fácil manutenção e reparação Estrutura modular

Design clássico

Util

ização

Optimização do tempo de vida

Forte relação produto-utilizador Reutilização

Remanufactura/reconversão Reciclagem

Fim de vida

Optimização do sistema de fim de vida

Incineração segura Desmaterialização Partilha de produtos Integração de funções @ Novo conceito de desenvolvimento

Optimização funcional do produto (componentes)

ESTRATÉGIAS

Minimizar o uso de materiais Minimizar o uso de energia

Minimizar o uso de terra (extracção de matérias primas, produção) Evitar o uso ou emissão de substâncias perigosas

Evitar emissões (ex. no transporte)

Minimizar desperdícios de produção; reciclar materiais Preferir matérias-primas regionais

Usar matérias-primas renováveis produzidas por métodos sustentáveis Usar substâncias socialmente aceitáveis que não apresentam perigo de saúde

Pré-prod

ução

Usar materiais reciclados Minimizar o uso de materiais Minimizar o uso de energia Minimizar o uso do solo

Evitar o uso ou emissão de substâncias perigosas Evitar emissões (ex. Por processos de melhoria) Minimizar desperdícios pré-consumo, reciclar materiais

Preferir fornecedores locais ao longo de toda a cadeira de fornecimento Minimizar a embalagem

Utilizar materiais renováveis produzidos por métodos sustentáveis

Produção

Utilizar processos socialmente aceitáveis que não apresentam perigo para a saúde Criar excelentes benefícios para o consumidor

Design apropriado para o público-alvo Minimizar reclamações e devoluções Design para o utilizador compreensível

Design para funções auto-controláveis e optimizáveis Resistente à sujidade, design para fácil limpeza Minimizar consumo de materiais e energia durante o uso Evitar uso ou emissão de substâncias perigosas Design para longevidade (estratégia 1) Design intemporal

Garantia de longa vida

Design para reparação e manutenção fiável Possibilidades de combinação

Variabilidade, multifuncionabilidade Possibilidade de reutilização e uso partilhado

Design para actualização para a melhor tecnologia disponível Design para produtos de curta duração (estratégia 2)

Design na moda

Design para recolha do produto Design para reciclagem

Util

ização

/Serv

iço

Design para descarte amigo do ambiente (ex. Compostagem) Existe uma estratégia de reciclagem implementada?

Existe uma estratégia de recolha implementada?

Reutilização da totalidade do produto (ex. Segunda mão; reciclagem em cascata) Reciclagem de componentes (ex. Upgrading, reutilização dos componentes) Reciclagem de materiais

Desmantelamento dos produtos Separabilidade dos diferentes materiais Baixa diversidade de materiais

Re util iz ação /r ec ic lag em (fechar ci clos t écnicos )

Pouco input de materiais para reutilização/reciclagem

Produtos compostáveis, fermentáveis (fechar os ciclos biológicos) Características de combustão

Descart

e

final

Aspectos ambientais da deposição

Contributos para uma Metodologia de Design Sustentável Aplicada à Indústria do Mobiliário: O Caso Português 94

fases alguns dos aspectos que são comummente tratados nessa fase. Apesar de dar um grande enfoque à utilização, não são abordados critérios de ordem social.

A penúltima tipificação (Tabela 14) a apresentar foi reunida pelo autor no seu manual de ecodesign (Fuad-Luke, 2002, pg. 327-330) e reúne as várias estratégias utilizadas nos objectos aí analisados, objectos estes que são de dois âmbitos: (1) para viver; (2) para trabalhar. As estratégias estão organizadas segundo as 5 fases do ciclo de vida, no entanto apresentam algumas redundâncias e repetições ao longo das diversas fases e são expressas estratégias muito específicas ao mesmo nível de outras muito latas. Há também lugar para a incorporação de algumas preocupações sociais, mas apenas na fase de utilização. O autor apresenta uma sub-categoria (sem denominação) dentro da fase de pré-produção com estratégias muito abrangentes. Algo que é contrário ao apresentado pelos restantes autores que abordam essas estratégias (Ex. Desmaterialização; Anti-moda) na fase de utilização, de forma a evitar a aproximação do fim de vida.

CATEGORIA ESTRATÉGIAS

Anti-moda Anti-obsolescência Desmaterialização Design "fonte aberta" Recolha do produto Produtos reutilizáveis

Design universal

Materiais abundantes da litosfera e geosfera Biodegradáveis Biopolímeros De origem certificada Compostáveis Duráveis/Extremamente duráveis Leves Materiais locais

Não tóxicos/Não perigosos Recuperados

Componentes reciclados Reciclados

Conteúdo reciclado Renováveis

Gestão da cadeia de fornecimento De origem sustentável

Pré-prod

ução

Selecção de materiais

De desperdícios

Evitar substâncias tóxicas ou perigosas Bio-manufactura

Produção limpa

Reciclagem de pré-produção Manufactura fria

Design para assemblagem (DfA) Design para desmontagem (DfD)

Uso eficiente de matérias-primas e manufacturadas Construção leve

Manufactura de baixa intensidade de energia Reduzir consumo de recursos

Reduzir consumo de consumíveis Redução do uso de materiais

Produção

Processos de Produção

Montagem pelo consumidor Construção simples Produção zero desperdícios Design para reciclabilidade Design para reciclagem Rotulagem dos materiais

Reciclagem dos materiais na origem Reutilização de componentes em fim de vida Reutilização de materiais Reutilização de objectos Componentes monomateriais Reciclagem e reutilização Utilizar ready-mades Embalagens planas Produtos leves

Reduzir energia durante o transporte Embalagens reutilizáveis Distr ibu iç ão Distribuição/ Transporte

Montagem pelo consumidor Modos alternativos de mobilidade

Ajuda para reduzir o crescimento de população Propriedade em comunidade

Design para necessidade Provisão de emergência Encorajar reciclagem

Igual acesso aos serviços públicos Serviços em vez de propriedade Igual acesso a recursos de informação Redução de barulho e poluição Design socialmente benéfico

Redução de intrusões visuais na paisagem Evitar/reduzir emissões para a água Evitar/reduzir emissões para o ar

Evitar/reduzir substâncias perigosas/tóxicas Sem CFC e HCFC

Design para reduzir emissões/ poluição/ toxinas

Emissões zero Personalização Dupla função Ergonomia melhorada Segurança e saúde melhoradas Melhoria na facilidade de utilização Melhoria na funcionalidade Design modular

Multifuncionais Portátil

Seguro (não tóxico e não perigoso) Design para funcionalidade melhorada

Com capacidade de actualização (Upgradable) Design para facilitar manutenção

Durabilidade Design para aumentar o tempo de vida

Facilidade de reparação

Sistemas de transporte integrados ou inteligentes Conservação de energia

Eficiência energética Neutros em energia Economia de combustíveis Produtos movidos a energia humana Energia híbrida

Eficiência energética melhorada Baixa voltagem

Iluminação natural

Util

ização

Design para reduzir o consumo de energia

Contributos para uma Metodologia de Design Sustentável Aplicada à Indústria do Mobiliário: O Caso Português 96

Energia renovável Energia solar passiva Energia solar (geração)

Embalagens/contentores recicláveis Redução no uso de consumíveis Reciclagem ou redução dos

desperdícios

Embalagens/contentores reutilizáveis Conservação de água

Design para melhor uso de água

Geração de água fresca Conservar espaço de aterro

Encorajar compostagem local/biodegradação local Recolha de produtos

Reciclagem Remanufactura

Fim de vida

Descarte/ Fase de fim de vida

Reutilização

Por fim, a mais recente organização de estratégias, denominadas pelos autores como critérios de design e linhas de orientação (Vezzoli e Manzini, 2008, pg. 263-271), é baseada no trabalho desenvolvido ao longo dos anos por Enzio Manzini e, mais recentemente, por Carlo Vezzoli. É uma tipificação com uma abordagem diferente dos restantes autores, porque, apesar de abordar e acompanhar o ciclo de vida do produto, não faz esse percurso de forma directa e sequencial. A informação exposta na tabela 15 apresenta apenas as estratégias e critérios, não tendo sido apresentados os detalhes para cada critério pois seria informação em excesso para o propósito deste trabalho. Estas estratégias são agrupadas em cinco categorias pelos seus autores: (1) Minimização do consumo de recursos (A1 e A2); (2) Seleccionar recursos e processos de baixo impacte (A3 e A4); (3) Optimização do tempo de vida útil (A5); (4) Extensão do tempo de vida dos materiais (A6); (5) Facilitar a desmontagem (A7).

Tal como no caso das estratégias DfE de Fiksel e de ecodesign de Brezet e Hemel, também aqui os autores apresentam a relação de cada estratégia com as diferentes fases do ciclo de vida (Fig. 8).

Tabela. 14 –Estratégias de ecodesign (adaptado de Fuad-Luke, 2002)

PRODUÇÃO PRÉ-PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO UTILIZAÇÃO DESCARTE Optimização do tempo de vida útil do produto Redução do consumo de recursos Facilitar desmontagem Extensão do tempo de vida do material Seleccionar recursos de baixo impacte

Como se pode ver na figura as estratégias encetadas podem, em muitos casos, influenciar várias fases do ciclo de vida, no entanto, para uma estruturação que permita e facilite a operacionalização desta informação, estas mesmas estratégias devem ficar ligadas a determinadas fases do ciclo de vida, sem que se esqueça o seu alcance.

É possível verificar que apesar de terem abordagens diversas, os diferentes autores, num esforço de tocar nos principais problemas dos produtos, acabam por apresentar estratégias que se repetem, o que atesta a sua relevância genérica para a solução de problemas ambientais dos produtos.

Pelo facto de serem concebidas para utilização em qualquer sector e por tentarem ser o mais abrangentes possível, estas diferentes formas de sistematização e organização das estratégias, linhas de orientação e critérios não se adaptam perfeitamente a todos os tipos de produtos. Isto porque é dado ênfase em apresentar estratégias que possam solucionar os principais problemas genéricos de cada fase, o que significa que em algumas fases os problemas abordados são pouco

ESTRATÉGIAS CRITÉRIOS

Minimizar a quantidade de material Minimizar desperdícios

Minimizar ou evitar embalagens

Encetar sistemas de consumo mais eficientes Encetar sistemas mais flexíveis de consumo de material A1 Minimizar o Consumo de

Materiais

Minimizar consumo de material durante o desenvolvimento Minimizar o consumo de energia na pré-produção e produção

Minimizar o consumo de energia durante o transporte e armazenamento Seleccionar sistemas com fase de operação energeticamente eficientes Utilizar consumos de energia dinâmicos

A2 Minimizar o consumo de energia

Minimizar consumo de energia

Seleccionar materiais não-tóxicos e não nocivos A3 Minimizar emissões

tóxicas Seleccionar recursos energéticos não tóxicos e não nocivos Seleccionar materiais renováveis e bio-compatíveis A4 Recursos renováveis

Seleccionar recursos energéticos renováveis e bio-compatíveis Desenhar tempo de vida apropriado

Design fidedigno

Facilitar melhoramentos e adaptabilidade Facilitar manutenção Facilitar reparações Facilitar reutilização A5 Optimização do tempo de vida do produto Facilitar remanufactura Adoptar abordagem em cascata

Seleccionar materiais com as tecnologias de reciclagem mais eficientes Facilitar recolha e transporte no fim de vida

Identificação de materiais