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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 187 REFERÊNCIAS

1.4 ESTRUTURA DA TESE

O texto desta tese está organizado de forma que facilite a compreensão sobre a formação de gestores escolares a distância na realidade da educação brasileira. Sua estrutura consta de seis capítulos que contemplam: introdução, desenvolvimento da pesquisa e seus resultados, além das considerações reveladoras das descobertas em torno do objeto de estudo.

No capítulo introdutório, contextualizamos o objeto deste estudo, que tem como foco a formação dos gestores escolares, evidenciando sua relevância no contexto da educação e no processo de democratização da gestão escolar. Situamos o objeto e detalhamos o percurso teórico e metodológico da investigação, definindo o objeto da investigação, o método e as etapas da pesquisa, o campo empírico, os sujeitos da pesquisa e os procedimentos técnicos adotados para a

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Ver: Bobbio (1987, 1989), Bordenave (1994), Demo (2001), Dourado (2006, 2007), Libâneo (2004), Lück (2000, 2006a, 2006b), Paro (2001, 2003), Romão e Padilha (2002) e Vieira (2001).

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Ver: Aguiar (2010), Dourado (2006, 2007), Libâneo (2004), Lück (2006a, 2006b), Machado (2000) e Masetto (2000).

análise dos dados coletados. Ademais, fazemos o detalhamento das etapas desenvolvidas nesta pesquisa.

No segundo capítulo, discutimos sobre o paradigma de gestão da educação implantado no Brasil com a reforma do aparelho estatal na década de 1990 e seguintes. Enfocamos a centralidade da gestão escolar na construção da perspectiva democrática desencadeada com as lutas históricas que levaram à superação do regime civil-militar (1964-1985), para a sociedade brasileira em geral, e, para a educação e escola pública em particular.

Consideramos as transformações ocorridas nesse campo em âmbito internacional e local, decorrentes do processo de reestruturação produtiva, de globalização econômica e de informatização, cuja finalidade é promover a reestruturação do sistema capitalista em todo o mundo. Identificamos alguns avanços e retrocessos no processo de democratização da gestão educacional, bem como as inovações decorrentes da produção do aporte legal e normativo, e, também, de experiências de formação na modalidade a distância.

O terceiro capítulo refere-se à análise política do Programa Escola de Gestores, observando a concepção de gestão escolar presente em suas diretrizes. Esse programa inscreve-se na política de formação de gestores escolares desenvolvida em âmbito nacional, cujo foco é a construção da gestão democrática da escola pública e da qualidade social da educação. As análises tomam por referência documentos que definem as diretrizes do programa, lançadas em 2007 e revisadas em 2009.

No quarto capítulo, analisamos aspectos do Curso de Especialização em Gestão Escolar, objeto desta investigação, executado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC/RN) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Analisamos os resultados apresentados pela instituição formadora sobre as demandas do curso para gestores escolares da rede pública estadual de ensino do RN. A discussão remete ao processo formativo correspondente aos cursistas da Sala Ambiente Projeto Vivencial, que tinha como especificidade articular os conhecimentos sobre a gestão escolar com os demais componentes curriculares. Vinculava, assim, a formação dos gestores a distância com as práticas de gestão escolar.

O quinto capítulo também apresenta análises do processo de formação de gestores escolares a distância, partindo dos resultados obtidos no processo investigativo. Para tanto, analisamos os registros das discussões realizadas postadas na plataforma Moodle, bem como as propostas a serem desenvolvidas pelos gestores. O objetivo dessa fase da pesquisa era construir inferências sobre as contribuições do objeto de estudo para a gestão escolar no RN.

Por fim, reconhecemos a importância das categorias que nortearam a investigação – formação de gestores, educação a distância e concepções teórico- metodológicas – e tecemos considerações a respeito da dinâmica sob a qual se desenvolveu o processo formativo, na particularidade do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica (PNEGEB) como política pública de formação de gestores escolares sobre Curso de Especialização em Gestão Escolar a distância no Rio Grande do Norte.

2 A REFORMA DA EDUCAÇÃO E A PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL

As mudanças identificadas nos campos socioeconômico, político e cultural, em decorrência do processo de globalização e das inovações tecnológicas que vêm ocorrendo desde as três últimas décadas do século passado, caracterizam o cenário da sociedade atual, em nível global, impondo novos desafios ao mundo do trabalho e, consequentemente, ao perfil do profissional que nele deve atuar. A base de tais mudanças se inscreve a partir do processo de reestruturação do capitalismo, consubstanciado pelas estratégias políticas neoliberais, e implicou em alterações significativas sobre o papel do Estado, modificando os seus padrões de intervenção e os encaminhando para a definição de novos mecanismos e formas de gestão nos seus diversos setores.

As orientações provenientes da cúpula dos países da América Latina e Caribe, nos anos 1990, período em que se intensificou o processo de reformas da educação, dedicaram maior atenção às práticas de gestão, inserindo em sua agenda a discussão sobre a gestão da educação na perspectiva da busca pela qualidade. Essa busca se direcionou para a exigência de mudanças no paradigma de administração em vigência, o que implicaria na superação do modelo burocrático de caráter centralizador, rígido e hierarquizado, provindo das teorias clássicas da administração, pautado na racionalidade científica.

Em face das mudanças identificadas nesse contexto geral ocorre, simultaneamente, um processo de redirecionamento das políticas públicas, sobretudo para o setor educacional. No Brasil, esse processo se deu mediante a trajetória reformista implementada pelo Estado, à época. Machado (2000, p. 97) salienta que as mudanças ocorridas a partir da década de 1990,

[...] trouxeram o foco da política educacional para a qualidade e a eqüidade educativas, com atenção para a escola e sua gestão, pondo em relevo as políticas de formação e de profissionalização do magistério como elemento estratégico dessa abordagem, segundo uma visão integradora, coletiva e democrática do projeto de autonomia escolar.

Nesse contexto, observa-se que a gestão da educação passou a ter uma maior centralidade junto às políticas educacionais. Ganhou maior destaque, enquanto dimensão da política educacional, enfocando o modelo descentralizado,

preconizando a redefinição do papel do Estado na prestação de serviços essenciais à sociedade (CABRAL NETO, 2004).

Machado (2000, p. 97) observa, também, os avanços nos discursos e as conquistas obtidas por meio da legislação recente e dos movimentos de educadores. Todavia, alerta para o fato de que, “[...] na prática há muito o que ser feito para mudar o panorama da qualidade da formação dos profissionais da educação e [...]”, consequentemente, “[...] a eficácia da escola e o desempenho de seus alunos”.

Em vista das orientações internacionais e da superação dos novos desafios, as políticas públicas para o campo da educação propõem a construção e a implementação de uma proposta de gestão democrática para a educação, consubstanciada pela participação dos diferentes segmentos escolares no processo de gestão das unidades de ensino, por meio da participação nos diversos colegiados com representação efetiva.

O presente capítulo analisa a reforma da educação no contexto da reforma do Estado, evidenciado proposições para o modelo de gestão da educação brasileira.