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Os Ministérios Públicos dos Estados membros da Federação são regidos pela Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, que institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados e dá outras providências.

Em seu segundo artigo, a Lei nº 8.625/93, define que, no âmbito de cada uma dessas unidades federativas, o Procurador-Geral de Justiça poderá criar, por meio de uma Lei Complementar, uma legislação específica para tratar sobre a organização, atribuições e estatuto:

Art. 2º Lei complementar, denominada Lei Orgânica do Ministério Público, cuja iniciativa é facultada aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados, estabelecerá, no âmbito de cada uma dessas unidades federativas, normas específicas de organização, atribuições e estatuto do respectivo Ministério Público. (BRASIL, 1993).

Os artigos do 5º ao 8º, desta mesma lei, trazem a organização do órgão, seguida pelos MP Estaduais, com a divisão entre os órgãos da administração superior, de execução e auxiliares, conforme demonstrado abaixo:

Art. 5º São órgãos da Administração Superior do Ministério Público: I - a Procuradoria-Geral de Justiça;

II - o Colégio de Procuradores de Justiça; III - o Conselho Superior do Ministério Público; IV - a Corregedoria-Geral do Ministério Público.

Art. 6º São também órgãos de Administração do Ministério Público: I - as Procuradorias de Justiça;

II - as Promotorias de Justiça.

Art. 7º São órgãos de execução do Ministério Público: I - o Procurador-Geral de Justiça;

II - o Conselho Superior do Ministério Público; III - os Procuradores de Justiça;

IV - os Promotores de Justiça.

Art. 8º São órgãos auxiliares do Ministério Público, além de outros criados pela Lei Orgânica:

I - os Centros de Apoio Operacional; II - a Comissão de Concurso;

III - o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional; IV - os órgãos de apoio administrativo;

V - os estagiários. (BRASIL, 1993, grifo nosso).

O Ministério Público dos Estados é composto por Procuradores de Justiça, Promotores de Justiça e Promotores de Justiça Substitutos, atuando, os Procuradores perante os Tribunais de Justiça na segunda instância e os Promotores de Justiça na primeira instância. Ressalte-se a atuação especializada das Promotorias de Justiça em áreas específicas como: criminal, meio-ambiente, consumidor, infância e juventude, patrimônio público entre outras.

Dentro desta estrutura os Ministérios Públicos Estaduais dispõem tanto de órgãos de execução, que abrangem o Procurador Geral de Justiça, o Conselho Superior do MP, as Procuradorias e as Promotorias; como de órgãos auxiliares, que compreendem os Centros de Apoio Operacional, a Comissão de Concurso, o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), os órgãos de apoio administrativo e os estagiários. Os Centros de Apoio Operacional têm como atribuição auxiliar os órgãos de execução em suas atividades, uma vez que possuem especialização por matérias, com nomenclaturas que variam em cada Estado. Como exemplos destas matérias podemos citar: cidadania, consumidor, criminal, eleitoral, infância e juventude, meio ambiente, minorias e patrimônio público dentre outras.

Para atuação específica em matéria criminal, além de procuradorias e promotorias criminais, os MP Estaduais dispõem ainda, como órgão auxiliar, dos Grupos de Atuação Especial, que tem atribuições específicas de atuação em matérias relacionadas a uma maior complexidade, relevância ou repercussão da investigação ou do processo.

A investigação criminal realizada diretamente no âmbito do Ministério Público dos Estados é desenvolvida pelos órgãos de execução por meio do Procedimento Investigatório Criminal – PIC. O artigo 1º da Resolução nº 13, de 02

de outubro de 2006, documento expedido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, que subsidia a normatização correspondente dos Ministérios Públicos Estaduais, destaca a definição do PIC:

Art. 1º - O procedimento investigatório criminal é instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.

Parágrafo único. O procedimento investigatório criminal não é condição de procedibilidade ou pressuposto processual para o ajuizamento de ação penal e não exclui a possibilidade de formalização de investigação por outros órgãos legitimados da Administração Pública.

Analisando o texto do art. 1º da Resolução nº 13/2006-CNMP, podemos verificar que a finalidade do Procedimento Investigatório Criminal é apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, objetivando a produção de prova. Bem como serve de preparação para a propositura, ou não, da respectiva ação penal.

Diariamente chegam aos membros do MP notícias de crimes, oriundas de outros órgãos, ou por meio de denúncia da própria população. Estas informações são registradas e formalizadas nas respectivas Promotorias de Justiça, inicialmente em Peças Informativas. Com a chegada destas peças de informação o membro do MP poderá instaurar o PIC ou direcionar para outras providências, conforme os artigos 2º e 3º da Resolução nº 13/2006-CNMP:

Art. 2º - Em poder de quaisquer peças de informação, o membro do Ministério Público poderá:

I – promover a ação penal cabível;

II – instaurar procedimento investigatório criminal;

III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo;

IV – promover fundamentadamente o respectivo arquivamento; V – requisitar a instauração de inquérito policial.

Art. 3º - O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração penal, por qualquer meio, ainda que informal, ou mediante provocação.

A deliberação de qualquer umas das opções prescritas no art. 2º, devem ser efetuadas no prazo máximo de 30 (trinta) dias, conforme relata o § 5º do art. 3º, da Resolução supracitada:

§ 5º - O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições criminais, deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, às representações, requerimentos, petições e peças de informação que lhes sejam encaminhadas.

Após a instauração do PIC o membro do parquet, poderá realizar diversas diligências com o objetivo de instruir o procedimento e elucidar os fatos a serem apurados. Para tanto poderá se utilizar dos preceitos do artigo 6º da Resolução nº 13/2006:

Art. 6º - Sem prejuízo de outras providências inerentes à sua atribuição funcional e legalmente previstas, o membro do Ministério Público, na condução das investigações, poderá:

I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer outras diligências; II – requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades, órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III – requisitar informações e documentos de entidades privadas, inclusive de natureza cadastral;

IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de ausência injustificada, ressalvadas as prerrogativas legais; V – acompanhar buscas e apreensões deferidas pela autoridade judiciária; VI – acompanhar cumprimento de mandados de prisão preventiva ou temporária deferidas pela autoridade judiciária;

VII – expedir notificações e intimações necessárias;

VIII- realizar oitivas para colheita de informações e esclarecimentos;

IX – ter acesso incondicional a qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço de relevância pública;

X – requisitar auxílio de força policial.

O prazo para conclusão do PIC é de 90 (noventa) dias, sendo permitidas, por igual período, prorrogações sucessivas, desde que fundamentadas. Vendo, o responsável pelo PIC, que não há fundamentação para propositura de ação penal pública, promoverá o arquivamento dos autos ou das peças de informação.

Assim, em resumo, podemos concluir que a investigação criminal no âmbito do Ministério Público surgiu da necessidade de se esclarecer fatos, especialmente nas ocasiões onde a polícia, devido a fortes interesses políticos ou econômicos contrários, não podia efetivar a investigação.

Baseado no que foi apresentado, podemos concluir ainda que a investigação criminal no âmbito do Ministério Público se dá por dois caminhos, o primeiro materializado por meio do inquérito policial, quando o membro do órgão ministerial, requisita à autoridade policial a investigação e elucidação do fato criminoso. A outra opção a ser seguida, é quando o membro do parquet realiza

diretamente a investigação criminal, atividade esta desenvolvida através do procedimento investigatório criminal – PIC.

Após o entendimento de como é realizada a investigação criminal dentro do órgão ministerial, analisaremos a seguir o desenvolvimento das atividades relacionadas à área da inteligência no âmbito do MP, conhecida como Inteligência Ministerial.

6 INTELIGÊNCIA NO ÂMBITO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Abordaremos neste tópico o processo de criação da Inteligência Ministerial, detalhando em seus aspectos históricos a busca por parte dos órgãos ministeriais pela implantação da atividade de inteligência nas suas atividades; bem como a justificativa para aplicação desta ferramenta de gestão da informação, sob a égide constitucional do princípio da eficiência. Trataremos ainda sobre a situação atual da regulamentação direcionada a atividade de Inteligência Ministerial.