• Nenhum resultado encontrado

A Indústria Farmacêutica no Brasil

3.1 Evolução do Ambiente Institucional

3.2.2 Estrutura Industrial

Segundo dados de IMS Health (jul. 2009), a empresa de maior faturamento em julho de 2009 foi a nacional EMS Sigma Pharma, com US$ 2 bilhões. Em segundo está

87 a Sanofi-Aventis, com faturamento de US$ 1,7 bilhões. Na seqüência estão Aché e Medley, com US$ 1,6 e US$ 1,5 bilhões, respectivamente. Como se pode observar na tabela 3.3, dos 20 laboratórios de maior faturamento na referida data, seis eram de capital nacional: EMS, Aché, Medley, Biolab Sanus, Dorsay Monange, Mantecorp e Biolab-Sanus.

Tabela 3.3 - Maiores empresas farmacêuticas no Brasil, por faturamento em reais (jul/2009)

Fonte: IMS Health (jul./2009).

* Antes da aquisição pela Sanofi-Aventis.

** A DM Ind. Ftca pertence à Hypermarcas desde julho 2008. No entanto, neste ranking não está incluída a aquisição da Neoquímica pela Hypermarcas, ocorrida em dezembro de 2009.

O mercado farmacêutico brasileiro, quando analisado sob a ótica da oferta, foi significativamente alterado nos últimos anos. A participação das empresas nacionais era de 28,2% do valor das vendas, em 2000, aumentando para 40,6% em 2005. Na década de 1980, apesar de responderem por cerca de 80% do número total de empresas farmacêuticas instaladas no Brasil, sua parcela de mercado correspondia a apenas 20%64 (QUEIROZ & GONZÁLES, 2001). Apesar do crescimento das empresas nacionais a

64 Na década de 1980, não havia mais de três laboratórios de capital nacional entre os trinta maiores instalados no Brasil, sendo que o principal nacional, o Aché, registrava vendas de US$ 100 milhões (QUEIROZ & GONZÁLES, 2001).

Companhia R$ mil Participação (% ) Origem do Capital

1º EMS Pharma 2.180.779 7,73 Nacional

2º Sanofi-Aventis 1.755.943 6,22 Estrangeiro

3º Ache 1.621.753 5,75 Nacional

4º Medley (*) 1.522.051 5,39 Nacional

5º Novartis 1.245.757 4,42 Estrangeiro 6º Eurofarma 1.149.187 4,07 Nacional 7º Bayer Corp. 1.083.839 3,84 Estrangeiro 8º Pfizer 832.880 2,95 Estrangeiro 9º Johnson & Johnson Corp. 786.118 2,79 Estrangeiro

10º Smith K. Beecham Co. 725.151 2,57 Estrangeiro

11º Astrazeneca Brasil 692.252 2,45 Estrangeiro

12º Boehringer Ing. 625.775 2,22 Estrangeiro

13º Nycomed Pharma Ldta. 611.561 2,17 Estrangeiro

14º Roche 559.851 1,98 Estrangeiro

15º Biolab-Sanus Farma 558.907 1,98 Nacional

16º DM Ind. Ftca. (**) 543.100 1,92 Nacional

17º Mantecorp I Q Farm. 538.423 1,91 Nacional

18º Schering Plough 536.277 1,9 Estrangeiro

19º Sandoz do Brasil 532.088 1,89 Estrangeiro

20º Merck 497.811 1,76 Estrangeiro

88 partir de meados da década de 1990, essas empresas ainda buscam o porte para participar com autonomia do processo competitivo da cadeia farmacêutica (CAPANEMA & PALMEIRA FILHO, 2007).

Se considerarmos apenas o mercado ocupado pelas 20 empresas com maior market share em julho de 2009, 43,6% estavam divididos entre as seis principais empresas nacionais. Se considerarmos apenas o mercado ocupado pelas 10 empresas com maior market share em julho de 2009, 50,2% estavam divididos entre três empresas nacionais, EMS Sigma-Pharma, Aché e Medley (sem considerar a aquisição pela Sanofi-Aventis)65.

Um segmento que cresceu em importância é o de medicamentos genéricos. De acordo com dados do IMS Health, as vendas dos genéricos movimentaram R$ 2 bilhões em 2008, contra os US$ 1,55 bilhão de 2007. Em termos de volume, foram vendidas 277 milhões de unidades em 2008, superando os 233 milhões de 2007 (MAIA, 2009).

Dentre os objetivos da política dos genéricos estava a facilitação do acesso aos medicamentos, por uma parcela maior da população, conseqüência do menor preço médio do genérico em relação ao do medicamento de referência, além da maior concorrência entre produtores, reduzindo a importância das empresas multinacionais no mercado brasileiros (FARDELONE & BRANCHI, 2006; BERMUDEZ, 1994).

A evolução da participação dos medicamentos genéricos no mercado nacional pode ser vista no gráfico 3.2. Como se pode observar é crescente a participação dos medicamentos genéricos no mercado brasileiro, tanto em relação às unidades vendidas, quanto em relação ao valor das vendas.

65 Em 2005, se também considerarmos apenas o mercado ocupado pelas doze empresas com maior market

share, 43,3% estavam divididos entre as cinco empresas de capital nacional, contra 6% de uma única

89 Gráfico 3.2 – Participação de medicamentos genéricos no mercado brasileiro

Fonte: Calixto & Siqueira Júnior (2008).

Em relação à estrutura de oferta, diferentemente do padrão observado no mercado farmacêutico brasileiro como um todo, o segmento de genéricos está concentrado entre quatro laboratórios nacionais: EMS Sigma Pharma, Medley, Aché e Eurofarma (nesta ordem), como mostra a tabela 3.4. Tal perfil foi constituído a partir do ano 2000 e é resultado do atraso na entrada no mercado de genéricos das multinacionais (CAPANEMA & PALMEIRA FILHO, 2007). Segundo Gadelha e Maldonado (2008), esse contexto abre a possibilidade para uma mudança estrutural mais densa na indústria, com o fortalecimento das empresas nacionais, podendo criar as bases para a viabilização de estratégias de inovação mais robustas66.

66 Em relação às oportunidades de crescimento do mercado nacional de medicamentos genéricos, dados da Pró-Farma colocam a perspectiva de um incremento de R$ 660 milhões nesse segmento até 2014 em função do fim do prazo de patentes. Além disso, espera-se um crescimento no consumo de medicamentos genéricos, devido principalmente a uma maior aceitação por parte dos médicos, estimando-se uma penetração de 19% em 2015.

90 Tabela 3.4 – Principais empresas farmacêuticas do mercado brasileiro de medicamentos genéricos – de maio/2006- abril/2007.

Empresa (em milhares de dólares) Faturamento Unidades Vendidas (em milhares)

Medley 430.082 70.151 EMS 348.399 67.211 Eurofarma 101.029 17.539 Aché 86.812 14.738 Sandoz 43.746 4.886 Ranbaxy 33.985 4.760 Merck 28.326 4.104 Germed 18.234 3.633 Brainfarma 15.766 3.217 Mepha 15.705 3.103 Fonte: Oliveira (2007).

No entanto, para Calixto e Siqueira Júnior (2008), houve uma falha estratégica por parte do governo e das empresas farmacêuticas interessadas em explorar o segmento de genéricos, por não ter estimulado paralelamente e, com a mesma intensidade, o surgimento da indústria de farmoquímicos no Brasil. Essas indústrias deveriam ser capazes de sintetizar em grande escala princípios ativos já desprotegidos do privilégio de patentes. Como isso não aconteceu, o Brasil passou a depender da importação dessas matérias primas de vários países, especialmente da Índia, China, Israel e Coréia do Sul.

Hasenclever (2002) aponta que os medicamentos genéricos tiveram um forte efeito sobre a estrutura de mercado. Este movimento de desconcentração foi baseado na substituição de medicamentos de referência por genéricos. Os medicamentos de referência que representavam, em abril de 2000, 73,9% apresentaram uma queda de sua participação no mercado para 64,4%. O espaço perdido foi quase que inteiramente ocupado por produtos genéricos. Isto sugere que a entrada de genéricos afetou primordialmente a parcela de mercado de medicamentos de referência, pouco influindo sobre a participação de similares e similares sem marca, que mantiveram suas parcelas de mercado praticamente inalteradas. Isto se deve, provavelmente, ao fato de a propaganda estar dirigida para a substituição dos medicamentos de referência por genéricos.