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1 INTRODUÇÃO

1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO

Esta tese está estruturada em sete capítulos (mais as referências), sendo o primeiro relacionado à exposição dos elementos introdutórios. O capítulo introdutório expõe o contexto, a problemática e os objetivos deste estudo de doutoramento, além de apresentar a forma como o trabalho está organizado. Neste capítulo primeiro, há uma visão inicial do que são os bancos comunitários de desenvolvimento brasileiros. É apenas um panorama inicial sobre os BCD para que possa justificar o problema de pesquisa e, consequentemente, mostrar a necessidade de se avaliar estes BCD à luz de sua utilidade social.

O capítulo seguinte é dedicado às escolhas metodológicas para execução da pesquisa. A primeira seção deste capítulo aborda os pressupostos que se tem em relação à problemática e a pergunta de partida. Já a segunda seção descortina os procedimentos metodológicos adotados, na coleta e análise dos dados. Mormente, são expostas as motivações e as ações executadas na pesquisa documental, na pesquisa bibliográfica - que vai se traduzir na revisão da literatura e que gera o quadro referencial teórico - e na pesquisa no campo. Por sua vez, o capítulo terceiro traz uma exposição dos modelos de avaliação de iniciativas socioeconômicas dirigidas para a viabilidade econômica do empreendimento, buscando caracterizar estes instrumentos de análise de viabilidade econômica e por que eles revelam-se insuficientes para a avaliação dos bancos comunitários de desenvolvimento.

Advêm, então, dois capítulos relacionados ao marco teórico nos quais se apresentam análises da revisão de literatura em torno dos construtos teóricos chaves deste trabalho. No capítulo quatro, serão evidenciados os elementos teóricos em torno das temáticas das microfinanças e das finanças solidárias (tema que deve ser compreendido para se perceber como se constituem as microfinanças no mundo e no Brasil e como se inserem os bancos comunitários de

desenvolvimento neste quadro) e dos bancos comunitários de desenvolvimento (necessário aprofundar os aspectos teóricos em uma perspectiva polanyiana14 que contribuem para formar

e modular as relações dentro do sistema político, social, econômico e cultural de funcionamento dos BCD), além de abordar a essência da riqueza gerada pelos BCD. Em complemento, o capítulo quinto irá versar sobre o marco teórico da utilidade social dos empreendimentos de economia solidária (a compreensão deste construto permitirá identificar como esta perspectiva de análise pode ser utilizada para exprimir de uma forma mais evidente o caráter da sustentabilidade das experiências de bancos comunitários no Brasil). Ademais, ainda neste capítulo, serão exibidos os postulados que ajudam a entender o referencial que trata dos “novos indicadores de riqueza” ou dos “novos fatores de riqueza”, debate que passa pela ampliação do entendimento de riqueza, sustentabilidade. Esta temática parece apontar uma nova rota de interpretação em direção ao tipo de riqueza que se gera na prática dos BCD e que a rigor converge para uma questão norteadora desta tese: É possível avaliar de outra perspectiva a sustentabilidade e a riqueza gerada nas práticas dos bancos comunitários de desenvolvimento?

É a partir desta pergunta, ou melhor, em uma tentativa de respondê-la que se fundamenta o capítulo seis da tese. Nele, pretende-se apresentar uma proposta de indicadores de avaliação para os BCD, centrados na utilidade social e nos ‘novos’ fatores de riqueza que salientem sua sustentabilidade. Assim, espera-se demonstrar a sustentabilidade pelos benefícios coletivos dos BCD em superação à avaliação destes amparados na noção, exclusiva, de viabilidade econômica. De certa maneira este capítulo intenciona propor uma matriz de indicadores que

14 Em referencia ao historiador e antropólogo econômico húngaro Karl Polanyi. Autor de obras seminais para a

sociologia econômica e para a historiografia da economia política, como A Grande Transformação e A Subsistência do Homem, as quais reuniram grande parte dos postulados do pensamento polanyiano de critica radical ao liberalismo econômico e a sociedade centrada no mercado. Esta crítica se dá, fundamentalmente, à forma como a "economia clássica" é apresentada, sendo desvinculada do resto da vida social e política da sociedade (POLANYI, 2002, p. 64-65). Machado (2010, p. 72) exterioriza que para Polanyi, a economia deve estar incrustada "nas relações sociais, ou seja, que não constitua uma esfera desvinculada e autónoma em relação à sociedade". Dai, não se pode tratar apenas de um lógica de regulação econômica da vida humana associada, principalmente baseada somente nas relações de mercado, mas a economia enquanto processo instituído de interação entre o homem e o seu ambiente natural e social deve ser refletida com base em uma pluralidade de princípios de regulação. E Polanyi (2002, p. 67-73) identifica com clareza ao menos dois outros padrões fundamentais os quais irão determinar um totalidade econômica mais orgânica, para se somar ao princípio da autoregulação dos mercados por meio de troca mercantil. São eles: o princípio da reciprocidade que se estabelece nas relações econômicas - na quase totalidade das vezes, não-monetárias - de proximidade e vizinhança; o princípio da redistribuição alicerçado nas transferências de recursos e intervenções em busca do equilíbrio econômico societal em nível de Estado. Reciprocidade, redistribuição e troca (mercantil) se combinam para permitir a economia mais unidade e estabilidade, revelando que na sociedade 'real' existe uma evidente interdependência destes padrões de regulação mercantil, não-mercantil e não-monetário (MACHADO, 2010, p. 73).

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possa revelar em uma proposta avaliativa qual a utilidade social dos bancos comunitários de desenvolvimento. Em outras palavras, aqui estaria a própria resposta a pergunta de partida desta pesquisa. Por fim, o capítulo sétimo e último deste trabalho exibe as considerações finais, suas limitações e seus vácuos para desdobramentos e continuação de pesquisa complementar no futuro. Esse capítulo final apontará também quais as potenciais contribuições desta tese e reforçará a justificativa de por que tê-lo realizado.

Com isto, concluímos este capítulo introdutório desta tese e se seguirá para o capítulo dois no qual serão acessadas as informações relativas às particularidades das escolhas metodológicas para realização desta pesquisa.