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CAPÍTULO IV – OS IMPACTOS DO PROGRAMA CHOQUE DE GESTÃO NO

4.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA SEE/MG

Criada em 1930, a SEE de Minas Gerais sofreu diversas alterações em sua estrutura orgânica nos diferentes governos, adaptando-se aos diversos momentos e propostas. A atual gestão do governo mineiro readaptou a estrutura administrativa da SEE na perspectiva do Programa Choque de Gestão.

A estrutura vigente da SEE/MG e a definição do modelo de assistência das SREs às escolas estaduais foram determinadas pela Lei Delegada no 59, de 29 de

janeiro de 2003, e pelo Decreto no 43.238, de 27 de março 2003, substituindo a Lei no 13.961, de 27 de julho de 2001.

O artigo segundo da Lei Delegada no 59 estabeleceu que a finalidade da Secretaria de Estado de Educação é planejar, organizar, dirigir, coordenar, executar, controlar e avaliar as ações relativas à garantia e promoção da educação, com a participação da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e para o trabalho, competindo-lhe:

I – Formular e coordenar a política estadual de educação e supervisionar sua execução nas instituições que compõem sua área de competência.

II – Formular planos e programas em sua área de competência, observando-se as diretrizes gerais de governo, em articulação com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG).

III – Estabelecer mecanismos que garantam a qualidade do ensino público estadual.

IV – Promover e acompanhar as ações de planejamento e desenvolvimento dos currículos e programas e a pesquisa referente ao desenvolvimento escolar, viabilizando a organização e funcionamento da escola.

V – Realizar a avaliação da educação e dos recursos humanos no setor.

VI – Desenvolver parcerias com a União, Estados, Municípios e organizações nacionais e internacionais, na forma da lei.

VII – Coordenar a gestão e a adequação da rede de ensino estadual, o planejamento e a caracterização das obras a serem executadas em prédios escolares, o aparelhamento e o suprimento das escolas e as ações de apoio ao aluno.

VIII – Exercer a supervisão das atividades dos órgãos e entidades de sua área de competência.

IX – Exercer outras atividades correlatas.

No Quadro 8, mostra-se o histórico das recentes alterações ocorridas na legislação da SEE/SRE, comparando os períodos de 2001 (antes do PCG) e 2003 (depois da implantação do PCG) e utilizando-se das seguintes categorias de análise: finalidade e competência da SEE/MG, estrutura orgânica da SEE/MG, redefinição do número das SREs, definição dos municípios de cada SRE e estrutura orgânica das SREs.

Quadro 8 – Alterações na estrutura da SEE/SRE

Categoria Modelo Anterior (desde 2001) Modelo Atual (a partir de 2003) Alterações Finalidade e competências da SEE

8 itens 9 itens Acrescentou a seguinte competência: - Formular e coordenar a política estadual de educação e supervisionar sua execução nas instituições que compõem sua área de competência Estrutura orgânica da SEE 5 Assessorias 2 Subsecretarias 9 Superintendências 6 Assessorias 2 Subsecretarias 10 Superintendências

Criação das Assessorias de Apoio Administrativo e Jurídica Transformação da Assessoria de Planejamento e Coordenação em Superintendência de Planejamento Redefinição do número de SREs

42 46 Criação das seguintes SREs:

Metropolitana C, Pará de Minas, Janaúba e Araçuaí em 2003 Definição dos

municípios de cada SRE

Mudanças em 4

SREs Mudanças em 6 SREs Redefiniu a jurisdição de algumas Superintendências Regionais de Ensino Estrutura orgânica da SRE 2 Diretorias 5 Divisões 2 Diretorias 5 Divisões Nenhuma alteração

Fonte: MINAS GERAIS, 2001a; MINAS GERAIS, 2001b; MINAS GERAIS, 2003c.

Em relação às alterações realizadas na estrutura orgânica da SEE, observou-se que houve mudança no papel de uma de suas assessorias, que ganhou importância e passou a ter o status de Superintendência (de Planejamento). Tal fato mostra a influência do novo modo de gestão do Estado que valoriza a integração e o alinhamento entre o planejamento-orçamento e a execução.

A comparação entre a atual estrutura administrativa da SEE/MG com a que era estabelecida pela Lei no 13.961, de 27 de julho de 2001, evidenciou que as alterações não chegaram a modificar a dinâmica do trabalho desenvolvido pela Secretaria de Educação.

4.1.1. Estrutura organizacional das SREs

A Lei Delegada no 59, de 29 de janeiro de 2003, determinou em suas disposições preliminares que a SEE/MG fosse organizada até o nível de Superintendência, compreendendo um total de 46 SREs em todo o Estado. Essas superintendências exercem, em nível regional, as ações de supervisão técnica, de orientação normativa e de articulação entre as unidades centrais e as escolas. As superintendências são responsáveis por atender aos 3.917 estabelecimentos de ensino da rede estadual (MINAS GERAIS, 2004a), visando à descentralização administrativa e ao monitoramento das ações em nível local, possuindo as seguintes competências:

• Promover a coordenação e implantação da política educacional do Estado no âmbito de sua jurisdição.

• Orientar as comunidades escolares e Prefeituras Municipais na elaboração, acompanhamento e avaliação dos planos, programas e projetos educacionais. • Promover o desenvolvimento de recursos humanos em consonância com as

diretrizes e políticas educacionais do Estado.

• Coordenar o processo de organização do atendimento escolar e de apoio ao aluno.

• Propor a celebração e acompanhar a execução de convênios e contratos e termos de compromisso.

• Aplicar e garantir o cumprimento das normas de administração de pessoal. • Planejar e coordenar as ações administrativas e financeiras necessárias ao

desempenho das suas atividades.

• Coordenar o funcionamento da Inspeção Escolar, no âmbito da sua jurisdição.

• Coordenar e promover a produção de dados e informações educacionais na sua jurisdição.

No que tange ao papel das SREs, o documento elaborado pela SEE/MG intitulado “A Educação Pública de Minas Gerais (2003-2006): O Desafio da Qualidade”, determinou que “as SREs seriam reorganizadas e que sua atuação iria privilegiar o pedagógico e não o cartorial” (MINAS GERAIS, 2003b), deixando para segundo plano o caráter burocrático vinculado apenas ao cumprimento da legislação, seus prazos e ao preenchimento de papéis.

Para exercer suas competências e prioridades de atendimento, as 46 SREs seriam, assim, reorganizadas administrativamente em duas diretorias. A Diretoria Educacional (DIRE) é responsável por coordenar o desenvolvimento das ações pedagógicas, de atendimento escolar e de recursos humanos, com orientação, supervisão técnica e acompanhamento da SEE/MG através da Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação (SD). Já a Diretoria de Administração e Finanças (DAFI) faz a programação, coordenação, acompanhamento, avaliação e execução das atividades orçamentárias, financeiras, administrativas e de administração de pessoal no âmbito regional, com a orientação, supervisão técnica e acompanhamento

da Subsecretaria de Administração do Sistema da Educação (SA). Na Figura 10, mostra-se a atual estrutura orgânica das SREs.

Figura 10 – Organograma das SREs. Fonte: MINAS GERAIS, 2003d.

Na estrutura orgânica vigente, a Diretoria Educacional (DIRE) possui três divisões, a saber:

DIVAE (Divisão de Atendimento Escolar), que promove a melhoria das condições de atendimento à demanda, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, visando à universalização da oferta.

DIVEP (Divisão de Equipe Pedagógica), cujo objetivo é orientar as escolas sob a jurisdição da Superintendência Regional de Ensino no planejamento e desenvolvimento das ações que visem à melhoria do ensino.

DIVRH (Divisão de Capacitação de Recursos Humanos), que promove ações de capacitação e desenvolvimento de pessoal da educação no âmbito da Superintendência Regional de Ensino.

Já a Diretoria de Administração e Finanças (DAFI) possui duas divisões, a saber:

DIVPE (Divisão de Pessoal), que orienta e promove a administração de pessoal no âmbito regional, de acordo com a política educacional da Secretaria de Estado de Educação.

DIVOF (Divisão Operacional e Financeira), que tem como finalidade programar, coordenar, acompanhar, avaliar e executar as atividades orçamentárias, financeiras e administravas no âmbito regional.

As recentes alterações na estrutura administrativa das SREs concentraram-se na sua reorganização geográfica, alterando a jurisdição de algumas SREs, e na criação da Divisão Operacional e Financeira (DIVOF) dentro da Diretoria Administrativa (DAFI).

Divisão de Atendimento Escolar Divisão de Equipe Pedagógica Divisão de Capacitação de RH

DIRE

Divisão Operacional e Financeira Divisão de Pessoal DAFI

O objetivo dessas modificações foi oferecer um atendimento regionalizado, enfatizando a solução dos problemas onde estejam localizados, além de uma assistência às escolas que privilegiasse o atendimento às necessidades pedagógicas destas.

A criação da Divisão Operacional e Financeira (DIVOF), na estrutura orgânica das SREs, foi uma tentativa de buscar um melhor planejamento das ações e aplicação dos recursos, numa perspectiva de aumento do controle interno e de reduzir os desperdícios em relação às despesas de manutenção e custeio da máquina administrativa. Dessa forma, verificou-se que as SREs não alteraram sua organização administrativa de forma a oferecer atendimento direto às escolas, priorizando a assistência pedagógica, conforme era a proposta da SEE/MG.

O principal objetivo da elaboração da Lei Delegada no 59, de 2003, foi melhorar a regionalização das ações, com a criação de quatro novas SREs. Porém, as alterações implementadas por essa lei ainda não chegaram a mudar a dinâmica do trabalho desenvolvido nas escolas, uma vez que os objetivos, as tarefas e o organograma interno da SEE/MG e das SREs não foram adaptados à nova proposta de oferecer atendimento direto às escolas.