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CAPÍTULO IV – OS IMPACTOS DO PROGRAMA CHOQUE DE GESTÃO NO

4.3. ANÁLISE DOS INDICADORES EDUCACIONAIS

4.3.3. Transparência

A transparência na educação permite ao cidadão acompanhar a execução orçamentária dos programas e ações de governo, passando a ser um fiscal da correta aplicação dos recursos públicos, sobretudo no que diz respeito às ações destinadas à comunidade em que vive.

No decorrer da coleta dos dados não foi possível obter no site da SEE/MG as formações sobre a publicidade do índice de qualidade do ensino das escolas da SRE Ponte Nova e dos investimentos realizados nessas escolas nos últimos 6 anos.

De acordo com dados do Jornal Correio Braziliense (2006), os gastos por aluno, tanto no Ensino Superior quanto no Ensino Fundamental no Brasil, mostram uma distorção dos investimentos na educação pública brasileira. O país investe 127% do Produto Interno Bruto (PIB) per capita em cada aluno universitário e 18% no estudante da 1ª a 8ª série. Esse porcentual equivale a um investimento de R$1.900,00 anuais em cada estudante do Fundamental. Os 127% que vão para os alunos do superior representam cerca de R$ 13 mil por ano no país. O Brasil é considerado pelo relatório como a nação que tem a maior diferença entre investimentos em alunos dos dois níveis.

Isso ocorre, principalmente, por causa da quantidade de alunos matriculados. O Brasil tem cerca de 42 milhões de estudantes no Ensino Básico – 33 milhões só no

Fundamental – e 4 milhões nas universidades e faculdades.

O estudo apontou ainda que o Brasil é um dos países que menos investem no Ensino Fundamental, em dólares; ganha apenas da Turquia. A média de recursos destinados a cada aluno dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE é de US$ 6 mil. Nos EUA, o valor é de US$ 8

mil; o maior investimento é feito por Luxemburgo, que gasta quase US$ 12 mil por estudante (JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, 2006).

No presente trabalho, optou-se por estudar a questão da transparência, por meio da análise do processo de criação, bem como da atuação da ouvidoria educacional. No documento intitulado “Educação Pública de Minas Gerais: O Desafio da

Qualidade”, uma das propostas da SEE/MG, para o período de 2003 a 2006, seria a imediata e efetiva implantação de uma Ouvidoria Educacional para ser o canal direto de contato da sociedade com o sistema educacional mineiro, oferecendo a possibilidade de a comunidade escolar expressar suas queixas e apresentar suas legítimas reivindicações e sugestões (MINAS GERAIS, 2003b).

As informações sobre o atual estágio de desenvolvimento da ouvidoria educacional foram obtidas por meio de entrevistas auxiliadas de um roteiro básico que tinha como objetivo estabelecer certa uniformidade quanto à indagação sobre alguns pontos considerados importantes para o desenvolvimento do presente trabalho sem, contudo, limitar as contribuições dos entrevistados.

As entrevistas com os servidores da SEE/MG foram gravadas, com a permissão dos entrevistados, e transcritas posteriormente. No dia 3 de julho de 2006, entrevistaram-se os seguintes servidores:

ƒ Assessor de Assuntos Educacionais.

ƒ Diretora da Diretoria de Modernização Administrativa.

ƒ Duas ex-funcionárias do disque colegiado (uma delas trabalhava no setor até junho de 2006).

Nessas entrevistas, a primeira constatação foi a de que a ouvidoria educacional ainda não foi criada na estrutura administrativa da SEE/MG. Pela legislação vigente, o cargo de Ouvidor tem o status de Secretário Adjunto e, portanto, só pode ser nomeado pelo governador do Estado.

A seguir é apresentado o histórico da atuação do setor da SEE/MG responsável por receber as denúncias e reclamações da comunidade escolar de todo o Estado de Minas Gerais.

No ano de 1998, foi criado o Disque Colegiado, com o objetivo de dar suporte e levar informações à comunidade escolar sobre como fazer a criação, como é o funcionamento e como são as formas de participação dos professores, dos alunos e de seus pais, dos diretores e dos demais servidores nos colegiados das escolas estaduais de Minas Gerais. A partir da Lei no 13.961, de 27 de julho de 2001, na gestão do governador Itamar Franco a denominação de Disque Colegiado foi alterada para Disque Educação, com a criação da Assessoria de Relações Comunitárias Interinstitucionais – ARC.

Além disso, o Decreto no 42.062, de 30 de outubro de 2001, que regulamentou

Educação. O canal de comunicação da sociedade com a educação mineira passou a ser feito por meio de uma ligação gratuita, ou seja, pelo número 0800901212. Vale ressaltar que, na maioria das vezes, a ligação é anônima, sendo que a pessoa responsável pela ligação recebe um número de protocolo para acompanhar o andamento da solução do problema levantado ou da denúncia realizada. Dessa forma, ampliou-se o número de atendimentos, e passou-se a tratar e buscar a solução de problemas pedagógicos, administrativos e também de outras denúncias diversas no âmbito escolar.

Nas entrevistas realizadas com as ex-funcionárias do Disque Educação na SEE/MG, verificou-se que a partir de 2003 (início do PCG) o Disque Educação não mudou sua forma de atuação, continuando a exercer o papel de intermediação em relação ao recebimento das reclamações/denúncias das escolas e repassando-as para as SREs, que, por sua vez, designavam as Inspetoras Escolares para investigar as reclamações/denúncias e buscar a solução para os problemas levantados. O prazo para que as SREs dêem resposta às reclamações/denúncias é de 10 dias úteis. Esse prazo de atendimento é flexibilizado em função da complexidade do conteúdo da denúncia ou da dificuldade de acesso (programação de viagens) das inspetoras até o município onde está ocorrendo a denúncia.

É importante salientar que, por muitos anos, o setor de Disque Educação dispunha de somente uma funcionária para atender às denúncias de todas as escolas estaduais de Minas Gerais. Atualmente existem duas funcionárias, sendo que uma delas só atende em meio período.

Pelas informações fica evidenciado que a ouvidoria educacional ainda não foi criada formalmente e que sua atuação pouco se modificou em relação a antes do PCG. Além disso, não foram disponibilizadas pela SEE/MG as informações com os tipos de reivindicações e sugestões e, ou, denúncias que já foram solucionados pelo Disque Educação.

CAPÍTULO V – A PERCEPÇÃO DOS DIRETORES ESCOLARES EM