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4.1 A PETROBRAS

4.1.3 Estrutura organizacional e modelo de gestão da Petrobras

Em 28 de janeiro de 2016, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o novo modelo de gestão e governança da companhia. Segundo fato relevante expedido ao mercado, a revisão do modelo decorre da necessidade de alinhamento da organização à nova realidade do setor de óleo e gás e da priorização da rentabilidade e da disciplina de capital, além de buscar fortalecer sua governança, por meio de maior controle e conformidade nos processos e da ampliação dos níveis de responsabilização dos executivos. Desse modo, a nova estrutura de topo da Petrobras passa a ter a seguinte organização, de acordo com a figura 05 abaixo:

Figura 05 – Estrutura organizacional da Petrobras Fonte: ©Copyright Petrobras 2016

Com o novo modelo de governança e gestão organizacional, haverá uma diminuição de 43% nas 5,3 mil funções gerenciais em áreas não operacionais, superando a meta inicial fixada em 30%. A nova estrutura também prevê a redistribuição de atividades e a fusão de áreas. Com essas medidas, estima-se uma redução de custos de até R$1,8 bilhão por ano.

A reestruturação prevê ainda mudanças nos controles internos de contratações e investimentos. As atividades de contratação de bens e serviços serão concentradas na nova Diretoria de Recursos Humanos, SMS e Serviços.

A execução dos projetos de investimento será centralizada na nova Diretoria de Desenvolvimento da Produção & Tecnologia (DP&T). Essa nova estrutura concentrará a gestão e as competências técnicas de implantação de empreendimentos.

As contratações para projetos de investimentos envolverão, como regra, três diretorias: a diretoria demandante, que concebe o projeto técnico básico; a DP&T, que desenvolve o projeto; e a Diretoria de RH, SMS e Serviços, que licita e contrata bens e serviços. O redesenho do processo de contratação de projetos e serviços evita a concentração excessiva no processo decisório.

A fim de aumentar a rentabilidade dos negócios, o novo modelo promove a fusão de áreas para melhor aproveitamento das sinergias entre estas. Desta forma, Abastecimento e Gás & Energia passarão a compor a Diretoria de Refino e Gás Natural.

A Diretoria de Exploração e Produção, por sua vez, será organizada por classes de ativos, com a criação de estruturas para Águas Profundas, Águas Ultraprofundas, Terrestre e Águas Rasas, possibilitando melhor gestão do valor agregado pelos ativos e otimização da produção de óleo e gás.

O projeto de implantação do novo modelo terá extensão de aproximadamente dois anos e será realizado gradativamente, em “ondas”, de forma a mapear as diversas competências da organização e macroprocessos associados às principais atividades da cadeia de valor da companhia. Na nova estrutura, as atividades de natureza corporativa, antes dispersas em várias áreas, serão centralizadas. Isso proporcionará economia de custos, ganhos de escala e maior controle e eficácia dos resultados.

Para chegar ao novo “desenho” da organização, foram formados grupos de trabalho internos dedicados a cada estrutura de topo (vinculada ao CA, ao presidente ou aos diretores), com a participação de lideranças e especialistas das diversas áreas da companhia e consultores externos. O Conselho de Administração criou um comitê para supervisionar todo o processo de implantação da reestruturação.

Para sustentar e apoiar o processo de reestruturação foi criado um Núcleo de Gestão da Mudança, com o objetivo de promover o engajamento da força de trabalho, mitigar riscos e minimizar impactos. Esse núcleo tem o caráter de uma rede que atuará de forma sincronizada, integrando esforços em toda a companhia.

Modelo de gestão

Na gestão corporativa da Petrobras, a alta administração estabelece os princípios, políticas e estratégias que são implementadas por meio de processos de negócio e suporte descritos em sua cadeia de valor. Esses processos materializam os produtos e serviços da companhia e desdobram-se nas áreas de negócio, corporativas e de serviços, conforme suas características específicas e as necessidades dos públicos de interesse (figura 06).

Figura 06 – Modelo de gestão da Petrobras Fonte: ©Copyright Petrobras 2016

O modelo de gestão da Petrobras é integrado e estruturado em macroprocessos. Estes, por sua vez, reúnem o conjunto de processos representados no primeiro nível da cadeia de valor, que reflete a estratégia da companhia. São os seguintes macroprocessos: (i) macroprocesso de gestão, que contribui para o cumprimento dos objetivos da companhia, provendo orientação, planejamento, controle e avaliação dos negócios; (ii) macroprocesso de negócio, diretamente envolvido na geração do produto e na sua venda e transferência para o comprador, bem como na assistência pós venda e disposição final; e macroprocesso de suporte, que provê recursos físicos e apoio operacional e tecnológico aos demais processos.

Cadeia de Valor

A cadeia de valor da Petrobras descreve o conjunto de macroprocessos de negócio, de gestão e de suporte, com suas principais inter-relações na cadeia produtiva da companhia, a fim de atender aos requisitos das partes interessadas e agregar valor na transformação de insumos em produtos. A figura 07, a seguir, representa a cadeia de valor da Petrobras.

Figura 07 – Cadeia de valor da Petrobras Fonte: ©Copyright Petrobras 2016 Valores Petrobras

As atividades e negócios do Sistema Petrobras buscam orientar-se por valores que incentivam o desenvolvimento sustentável, a atuação integrada e a responsabilidade por resultados, cultivando a prontidão para mudanças e o espírito voltado para empreender, inovar e superar desafios. O compromisso com os princípios éticos e a transparência, o respeito à vida e a valorização da diversidade humana e cultural estão presentes nas pessoas, que movem a organização e são o seu principal ativo. A figura 08, na página seguinte, mostra os valores que orientam a Petrobras e sua força de trabalho.

Figura 08 – Valores Petrobras Fonte: ©Copyright Petrobras 2016

A Petrobras possui uma Política de Responsabilidade Social1 e defende as boas práticas de relações trabalhistas, obedecendo à legislação brasileira e às convenções internacionais do trabalho. Isso inclui o repúdio ao trabalho infantil, escravo e degradante em toda a sua cadeia produtiva e o respeito às diferenças de gênero e à diversidade de culturas.

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“Responsabilidade social, para nós, é a forma de gestão integrada, ética e transparente dos nossos negócios e atividades e das nossas relações com todos os públicos de interesse, promovendo os direitos humanos e a cidadania, respeitando a diversidade humana e cultural, não permitindo a discriminação, o trabalho degradante, o trabalho infantil e escravo e contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para a redução da desigualdade social”. In: Petrobras. Sociedade e Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/sociedade- e-meio-ambiente/sociedade/politica-de-responsabilidade-social/>. Acesso em: 12 jan. 2016.

Transparência e Ética

A Petrobras adota mecanismos de monitoramento, fiscalização e prestação de contas, entre estes, o Código de Ética, o Guia de Conduta e o Programa Petrobras de Prevenção da Corrupção (PPPC), que abrangem temas como relacionamento com clientes, parceiros e fornecedores, transparência e combate à corrupção, entre outros.

No Código de Ética são apresentados os princípios éticos e os compromissos de conduta que devem ser seguidos pelos integrantes do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva, bem como pelos empregados, estagiários e prestadores de serviços do Sistema Petrobras.

O Guia de Conduta, aprovado em 2014, destina-se ao mesmo público e traz desdobramentos dos princípios do Código de Ética, com orientações práticas para as atividades do dia a dia de trabalho.

A Petrobras integra o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, coordenado pela Comissão de Ética Pública. Por isso, a companhia conta com uma Comissão de Ética, que tem as atribuições, dentre outras, de atuar como instância consultiva para os dirigentes e empregados; orientar, disseminar e promover o cumprimento dos princípios éticos e de conduta e determinar a apuração de condutas em desacordo com as normas éticas.

A Ouvidoria Geral da Petrobras, vinculada ao Conselho de Administração, é responsável pelo tratamento de denúncias, reclamações, consultas, opiniões e sugestões de todos os públicos de interesse. Em 2015, foi criado o Canal de Denúncias único, administrado por uma empresa externa, responsável pelo recebimento e registro formal de denúncias, internas e externas, relativas a fraude, corrupção, lavagem de dinheiro e irregularidades graves, com garantia de anonimato e compromisso de não retaliação ao denunciante.

Desde 2015, a Petrobras passou a realizar o procedimento de “Due Diligence de Integridade” para contratação de fornecedores de bens e serviços, que são avaliados no sistema de cadastro pelo critério de integridade, que abrange, entre outros aspectos, a estrutura da organização, seu relacionamento com terceiros e seu programa de integridade.

A prestação de contas à sociedade é realizada por meio de publicações como o Relatório de Sustentabilidade e canais de comunicação como o Portal de Transparência, um canal de comunicação que tem como principal função auxiliar o acesso direto dos cidadãos às informações consideradas públicas, conforme a Lei 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação (LAI) e os Decretos 5.481 e 5.482, de 30 de junho de 2005.

Além disso, a empresa participa de grupos de trabalho e iniciativas internacionais, como o Pacto Global da ONU, a Iniciativa Conjunta contra a Corrupção (Paci), do Fórum Econômico Mundial, a Iniciativa de Transparência das Indústrias Extrativistas (Eiti) e o Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção.

Em face das ações decorrentes da Operação Lava-Jato, conduzida pela Polícia Federal, a Petrobras adotou providências imediatas para colaborar com as investigações, além de buscar as medidas necessárias, enquanto vítima, para recuperar os danos sofridos em relação aos seus cofres e à sua imagem. À medida que as investigações resultem em acordos de leniência ou colaboração entre as partes envolvidas, a Petrobras poderá ter direito a receber parte dos recursos desviados. Nesse sentido, já retornaram aos seus cofres R$ 229,7 milhões, referentes à parte do montante repatriado pelas autoridades.

Internamente, a companhia realiza Comissões Internas de Apuração (CIA) a fim de verificar casos de não conformidades relativos a normas, procedimentos ou regulamentos corporativos e subsidiar a aplicação das sanções administrativas decorrentes. Além disso, contratou dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigações, um brasileiro (Trench, Rossi e Watanabe) e outro americano (Gibson, Dunn & Crutcher), para conduzir investigações internas independentes.

A Petrobras constituiu também, em 2014, um Comitê Especial Independente que atua como interlocutor para reporte das investigações internas independentes conduzidas pelos escritórios de advocacia. O diretor de Governança, Risco e Conformidade, João Adalberto Elek Júnior, é um dos membros do Comitê, juntamente com a ministra aposentada do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, e o ex-executivo da Siemens, Andreas Pohlmann.

Com relação aos seus fornecedores, a Petrobras constitui Comissões para Análise de Aplicação de Sanção (Caase) e realizou o bloqueio cautelar de empresas citadas nos depoimentos realizados no âmbito da Lava-Jato. Essas empresas passaram a ficar impedidas de participar de licitações e contratos com a Petrobras. A decisão de bloqueio cautelar não implicou em paralisação ou rescisão de contratos vigentes, nem em suspensão de pagamentos devidos por serviços prestados e outros direitos.

Há diversas ações judiciais em curso contra a Petrobras na Corte norte-americana, propostas por investidores que alegam terem sofrido perdas por adquirirem, entre 2010 e 2015, valores mobiliários da companhia negociados na Bolsa de Nova York ou em outras transações ocorridas naquele país. A companhia não pode ainda estimar o potencial de perda nesses litígios, dada a sua complexidade, e irá se defender em relação às alegações feitas.