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2 A SEGURANÇA PÚBLICA DO BRASIL E A POLÍCIA MILITAR NA

2.3 A ESTRUTURA DAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS CIVIS E AS DA POLÍCIA

2.3.1 A estrutura da Polícia Federal

A Polícia Federal foi um órgão que teve a sua criação pelo Presidente Getúlio Vargas em 28 de março de 1944 e, através do Decreto-Lei nº 6.378, transformou a estrutura da antiga Polícia Civil do Distrito Federal no chamado Departamento Federal de Segurança Pública.

Inicialmente a PF atuava nos serviços de polícia e segurança pública do Distrito Federal e, no território nacional, atuava como polícia marítima, aérea e de segurança das fronteiras do Brasil; a partir da Constituição Federal de 1967, a PF manteve apenas as suas atribuições de caráter nacional, deixando de exercer as funções de Polícia Civil do Distrito Federal.

Com a Magna Carta de 1988, a Polícia Federal, além de exercer papel semelhante a das Polícias Civis estaduais quanto à função de Polícia Judiciária em nível federal, a PF também passou a realizar a prevenção e a repressão do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, ao contrabando e ao descaminho, além de continuar a exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.

Diante das funções supramencionadas, o trabalho da PF em muito se assemelhou ao trabalho da Polícia Militar quando passou a agir na prevenção de crimes, posto que o trabalho de polícia marítima e de fronteiras, por exemplo, é uma atividade exclusivamente de policiamento ostensivo de tais territórios.

Para realçar a semelhança entre as formações ofertadas por ambas as instituições, tem-se o Curso de Formação de Agentes da Polícia Federal que, com uma duração média de 850 horas-aula, realizado em aproximadamente 05 meses, possui uma matriz curricular muito semelhante à ofertada aos cursos de formação policial militar, conforme abaixo:

DISCIPLINAS DO CURSO DE AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL 2012

-Abordagem (ABO); -Armamento e tiro (AT); -Atividade Física Policial (AFP); -Circuito Operacional (COP); -Crime Organizado (CO); -Criminalística (CRI);

-Cultura Jurídica Aplicada (CJA);

-Deontologia Policial e Direitos Humanos (DDH); -Defesa Pessoal Policial (DPP);

-Desenvolvimento Intra e Interpessoal (DINI); -Direção Operacional (DO);

-DPF: atribuições e valores (DPF); -Gerenciamento de Crises (GC); -Identificação Papiloscópica (IDP); -Inteligência Policial (ITP); -Investigação Policial (IP);

-Orientação e Navegação Terrestre (ONT); -Planejamento Operacional (PO);

-Polícia Criminal Internacional (PCI);

-Polícia de Controle de Segurança Privada (PCSP); -Polícia de Imigração (PIMIG);

-Polícia de Meio Ambiente (PMA);

-Polícia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes

(PRE);

-Polícia Fazendária (PFAZ); -Polícia Judiciária (PJ);

-Polícia Previdenciária (PPREV); -Polícia de Defesa Institucional (PDI); -Pronto Socorrismo (PS);

-Radiocomunicação (RAD); -Redação Oficial e Técnica (ROT); -Regime Jurídico (RJ);

-Regime Jurídico Disciplinar (RJD);

-Segurança de Dignatários (SD); -Sistemas Informatizados do DPF (SINF); -Técnica de Entrevista e Interrogatório (TEI); -Vigilância (VIG).

Fonte: Portal da Polícia Federal55, grifos nossos.

Assim, não se pode olvidar que ambas as instituições (PF e PM) passam por treinamentos semelhantes em virtude da atividade preventiva que estas realizam, visto que na concretização de tais atribuições, essas polícias necessitam do mesmo conhecimento técnico para o cumprimento do trabalho de segurança pública. Logo, disciplinas como Abordagem, Armamento e Tiro, Defesa Pessoal Policial, Gerenciamento de Crises, Inteligência Policial, Polícia Ambiental, Polícia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes, etc., são conteúdos disciplinares muito comuns nos cursos de formação policial militar, pois conforme visto na apresentação anterior do Currículo do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar do Estado da Paraíba, tais conteúdos fazem parte da formação básica exigida pela Matriz Curricular Nacional do Brasil.

Outra questão que merece destaque está prevista na Lei nº 9.266 de 15 de março de 1996, que reorganizando as classes da Carreira de Policial Federal, em seu art. 2º-A estabeleceu que:

55

A Polícia Federal, órgão permanente de Estado, organizado e mantido pela União, para o exercício de suas competências previstas no §1º do art. 144 da Constituição Federal, fundada na hierarquia e disciplina, é integrante da estrutura básica do Ministério da Justiça (BRASIL, Lei nº 9.266, 1996, s/i, grifo nosso).

Pelo que se observa, a PF também possui fundamentos institucionais semelhantes aos da PM, visto que seus integrantes seguem uma estrutura funcional fundada na hierarquia e disciplina, característica marcante das instituições militares, apesar de ela não ser uma polícia militarizada.

Inclusive, os Policiais Federais em formação seguem uma disciplina rígida de

comportamento, posto que ―alunos do sexo masculino deverão apresentar-se com o cabelo

curto, sem barba e sem bigode (raspados) e os candidatos do sexo feminino com cabelos presos, sem brincos e sem maquiagem‖ (BRASIL, Edital nº 55/2014, item 19.3.5, p. 22, grifos nossos), o que demonstra que não é preciso ser uma instituição militar para que seus profissionais adotem uma postura de respeito às normas de comportamento da instituição e sigam um padrão de comportamento pautado na hierarquia e disciplina.

Dos documentos anteriormente mencionados, é possível observar que o Sistema de Segurança Pública brasileiro possui órgãos com atribuições de prevenção à criminalidade semelhantes ao que se atribui às polícias militares, mas que não necessitam de uma formação militarizada e tampouco utilizar a filosofia de treinamento das Forças Armadas (combate ao inimigo) para realizarem um trabalho qualitativo.

Assim, o fato de serem órgãos de natureza civil não é motivo para não cumprimento da filosofia imposta pela instituição policial no cumprimento de seu dever constitucional. É a discussão que se segue quanto à Polícia Rodoviária Federal e sua estrutura de formação que também é uma ―polícia civil‖ com propósitos de prevenção da criminalidade dentro do Sistema de Segurança Pública brasileiro.