A Pesquisa de Campo

Primeiramente, quanto ao público alvo da pesquisa, optou-se por utilizar os militares que trabalham na estrutura de formação do Centro de Educação da PMPB, haja vista que este pesquisador, como profissional integrante desta unidade escolar, teria um acesso mais facilitado aos mais diversos níveis hierárquicos presentes na PMPB.

Diante do papel de formação dada ao Centro de Educação em relação à PMPB, a possibilidade de se ter a visão dos profissionais que estão atrelados à evolução da formação policial contribuiria para uma análise mais ampliada da temática desta pesquisa.

No que diz respeito ao procedimento adotado, a pesquisa foi fundamentada nos dados estatísticos colhidos de 61 (sessenta e um) integrantes da estrutura do Centro de Educação da PMPB, pesquisa que foi realizada no período entre abril e maio de 2016, sendo que o universo dessa instituição é de aproximadamente 188 (cento e oitenta e oito) militares até o mês de finalização da pesquisa.

A técnica de coleta de dados adotada foi a aplicação de um questionário68 com 25 (vinte e cinco) quesitos de caráter objetivo, aplicados aos militares objetos da pesquisa, com alternativas pré-definidas que possibilitaram aos pesquisados respostas diretas, sem ambiguidades.

O instrumento apresentou uma introdução em que se explicou que o questionário seria preenchido sem a ajuda do pesquisador e que haveria o anonimato quanto aos participantes da pesquisa, para que estes respondessem de forma livre, evitando o comprometimento das respostas pelo receio de serem identificados. Para tanto, foi confeccionado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em que cada participante da pesquisa assinou, demonstrando estar ciente de que não haveria qualquer prejuízo a sua pessoa pela mera participação nesta.

A tabulação das respostas assinaladas foi realizada analisando a proporcionalidade de respostas de cada quesito, em que foi instituído um valor para cada item e somado, dando a respectiva média final de cada questão.

O roteiro estruturado aplicado aos integrantes do Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba abordou vários aspectos sobre a vida do policial militar e foi dividido em duas partes: a primeira parte foi referente à identificação do militar em relação à sua classe (oficiais e praças), compreendendo o tempo de serviço prestado, a faixa etária e o nível de escolaridade alcançado pelo militar pesquisado, o que possibilitou traçar um perfil preliminar destes; a segunda parte foi direcionada a avaliar diversos aspectos inerentes à atividade da Polícia Militar e aos direitos dos policiais militares: a opinião sobre a vinculação da polícia militar à filosofia Institucional do Exército e os vários efeitos que tal vinculação ocasiona à

68

Nos dizeres de Antônio Joaquim Severino, o questionário é ―conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas

vida do policial tanto no aspecto profissional quanto pessoal; o modelo de polícia adotado pelo Brasil; as impressões sobre a sua vida como ―cidadão militar‖ e as consequências decorrentes dessa classificação na Carta Magna de 1988; a opinião sobre as demais estruturas civis de polícia e se estas possuem alguma semelhança com a atividade policial militar, etc., de forma que se pudesse ter uma visão geral da vida de um policial militar e o que este percebe quanto ao meio institucional que vivencia.

Além disso, optou-se por analisar de forma separada a opinião dos Oficiais e das Praças militares, uma vez que, como integrantes de quadros de carreiras diferentes, a opinião de uma classe poderia trazer nuances diferentes sobre o modelo policial adotado hodiernamente, posto que cada categoria possui atribuições bem diferentes uma da outra (uma executa e a outra coordena). Assim, a cada quesito pesquisado, realizou-se um comparativo entre a proporcionalidade das respostas coletadas.

Diante da diversidade de características a serem analisadas pelos militares no roteiro estruturado, os quesitos foram colocados por grupos de aspectos a serem avaliados, em que alguns deles foram estrategicamente repostos em outros espaços do mesmo questionário para que se pudesse ter uma avaliação da fidedignidade das respostas auferidas pelos mesmos. O primeiro bloco de quesitos do roteiro estruturado foi destinado ao perfil do pesquisado, em que foram utilizadas as questões de 01 a 04 para análise destes dados. No tocante à vinculação da Polícia Militar à filosofia institucional do Exército, essa matéria foi discutida nas questões de 05 a 12; quanto à avaliação sobre os efeitos do militarismo na vida do militar, essa informação foi disposta nas questões 13 e 14; no que se refere à questão do sentimento do policial militar sobre a sua inserção dentro do Estado Democrático de Direito Brasileiro e se a Constituição brasileira lhe assegura igualdade de condições com os demais cidadãos, tais aspectos foram descritos nos itens 15, 16 e 17; com relação à previsão de direitos dos Agentes de Segurança Pública tidos como “civis” em comparação aos policiais militares, esse tema foi abordado nas questões 18 a 21; a avaliação sobre modelo de polícia a ser adotado pelo Estado Democrático de Direito Brasileiro foi descrita nas questões 22 e 23; e com relação ao sentimento do policial militar quanto a fazer parte da PM e se este tem orgulho de pertencer a esta Corporação, esses assuntos foram tratados nas questões 24 e 25.

Tentou-se, dessa forma, fazer com que a pesquisa pudesse coletar o maior número de informações possíveis sobre a vida do Policial Militar enquanto pertencente ao sistema de segurança pública brasileiro, de modo a se ter uma melhor compreensão do sentimento destes para com a realidade do que é ter um modelo de policiamento dualista e as consequências de

se ter uma polícia com estrutura militar em tempos de efetivação dos direitos e garantias fundamentais presentes na Constituição Federal de 1988.