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Sobre a relação institucional da Polícia Militar vinculada ao Exército

2 A SEGURANÇA PÚBLICA DO BRASIL E A POLÍCIA MILITAR NA

3.1 OS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA SE SENTEM INSERIDOS NO ESTADO

3.1.2 Análise dos dados obtidos

3.1.2.2 Sobre a relação institucional da Polícia Militar vinculada ao Exército

A segunda parte da pesquisa deu início à análise propriamente dita da atividade policial militar e do modelo de polícia adotado pelo Brasil, o qual estabelece para a PM a filosofia de formação militar das Forças Armadas, sendo que tal característica foi discutida entre os itens 05 a 07 do roteiro estruturado aplicado aos Policiais Militares do Centro de Educação da PMPB.

Ao se questionar no item nº 05 se seria adequada a atual vinculação da Polícia Militar ao Exército, uma vez que esta legalmente obriga a primeira a organizar-se de modo semelhante ao segundo, foi possível observar que entre os militares pesquisados (Praças e Oficiais) houve uma certa divergência de posicionamentos, conforme se observa abaixo:

49% 51% 0% 25% 75% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Praças Oficiais Não Sim, Parcialmente Sim, Plenamente

GRÁFICO 05: Gráfico referente às expectativas dos policiais militares pesquisados com relação a atual vinculação da Polícia Militar ao Exército ser adequada ao não, baseados nos dados da questão 05. Fonte: Pesquisa de Campo.

Como se pode constatar acima, entre as Praças houve um equilíbrio entre as duas

os Oficiais, houve uma preponderância da resposta ―Sim, Parcialmente‖ com 75% das escolhas.

Com isso, é possível concluir que na opinião dos militares pesquisados, há mais insatisfação do que satisfação com a atual vinculação entre as Instituições, visto que nenhum dos pesquisados optou pela alternativa ―plenamente adequada‖ da questão nº 05. Além disso, mais da metade dos pesquisados afirmaram haver algum problema com essa vinculação entre a Polícia Militar e o Exército, e uma parte significativa dos pesquisados (49% das Praças e 25% dos Oficiais) discordaram totalmente da mantença dessa vinculação, o que corrobora a tese de que os próprios policiais militares questionam a necessidade de mantença dessa vinculação nos dias atuais.

Essa informação ficou mais visível quando na sexta questão foi perguntado o que os pesquisados achavam dos efeitos que essa vinculação entre as instituições (Polícia Militar ao Exército) causava para a sua instituição. Vejamos o gráfico abaixo:

40%47% 13% 0% 25%31% 44% 0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Praças Oficiais Ruim Razoável Boa Excelente

GRÁFICO 06: Gráfico referente à avaliação quanto aos efeitos da vinculação entre Polícia Militar e Exército, baseados nos dados da questão 06. Fonte: Pesquisa de Campo.

Considerando-se que as opiniões desfavoráveis aos efeitos da vinculação entre PM e Exército (soma entre os itens ―ruim‖ a ―razoável‖) ultrapassaram os 50% entre as categorias pesquisadas (87% entre as Praças e 56% entre os Oficiais), tal quesito só vem a confirmar a teoria de que os policiais militares não se sentem satisfeitos com os efeitos decorrentes da vinculação entre as instituições.

Apesar de haver entre os Oficiais 44% que ainda consideram como ―boa‖ a

vinculação entre as instituições, é perceptível que essa opinião não é a majoritária dentro das categorias da Polícia Militar da Paraíba, pois entre as Praças militares, apenas 13% optaram pela mesma alternativa, demonstrando também que os efeitos negativos dessa vinculação estão mais presentes entre as Praças do que entre os Oficiais.

Perguntados na sétima questão se a atuação da Polícia Militar no Brasil dos dias atuais deveria manter a utilização dos Fundamentos Institucionais do Exército ou se deveria

utilizar os Fundamentos Institucionais de uma estrutura de Segurança Pública de cunho civil como a Polícia Federal ou Rodoviária Federal69, as classes policiais militares pesquisadas discordaram um pouco sobre qual fundamento seria o ideal.

Para as Praças militares, houve um consenso de que a Polícia Militar deveria ser reestruturada em uma instituição de cunho civil, em que 93% dos pesquisados concordam com uma reformulação, apenas divergindo quanto ao modelo que poderia ser adotado.

Destarte, 51% das Praças acreditam que a PM deveria utilizar uma estrutura civil como a da PF ou a da PRF; já para 11%, a estrutura do Exército não deveria mais ser utilizada, mas o modelo advindo da PF ou da PRF não serve como parâmetro para fundamentar o trabalho da Polícia Militar; e 31% acreditam que não deve utilizar o modelo de estrutura civil da PF ou da PRF, mas deveriam se reestruturar em uma estrutura que tenha o fundamento civil, conforme podemos ver no gráfico abaixo:

7% 51% 11% 31% 50% 25% 19% 6% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Praças Oficiais

Deve permanecer utilizando a do Exército,

Deveria utilizar a de estrutura civil como a PF ou a PRF,

Não deve utilizar a do Exército, mas a estrutura civil como a PF ou a PRF não serve como parâmetro para o trabalho da Polícia Militar,

Não deve utilizar a de estrutura civil como a PF ou a PRF, mas deveria se reestruturar em uma estrutura de cunho civil

GRÁFICO 07: Gráfico sobre qual fundamento institucional deve ser utilizado pela PM na opinião dos militares pesquisados, baseados nos dados da questão 07. Fonte: Pesquisa de Campo.

O posicionamento descrito no gráfico nº 07 acima só reitera a opinião descrita nos itens nº 05 e 06 do roteiro estruturado aplicado, pois houve uma demonstração de discordância quanto aos fundamentos do Exército para a instituição policial militar. Tal descontentamento ficou inconteste quando na opção por permanecer utilizando a filosofia do Exército para a PM, apenas 7% entre as Praças opinaram por este item, sendo que os demais não têm dúvida quanto à necessidade em tornar a estrutura da polícia militar uma instituição de cunho civil, apenas divergindo sobre qual melhor opção adotar, sendo que houve uma predominância sobre a escolha por uma estrutura civil nos moldes da PF ou PRF.

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Como visto anteriormente no item ―2.2‖ desta dissertação, tanto a PF quanto a PRF também atuam no policiamento ostensivo de acordo com a Constituição Federal de 1988.

Já para os Oficiais militares pesquisados, ainda não há um consenso sobre qual o melhor fundamento para utilização na PM, visto que 50% dos pesquisados preferem manter o modelo atual e os outros 50% optaram por uma estrutura de cunho civil, apenas divergindo quanto ao melhor modelo. O que ressalta da opinião dos Oficiais pesquisados é que enquanto para as Praças a grande maioria decidiu pela mudança, entre os Oficiais ainda existe um grupo que prefere manter o modelo atual sem alterações.

Considerando o dado anterior descrito no quesito nº 02 sobre o tempo de serviço prestado à Polícia Militar em que se verificou que entre os Oficiais há vários deles com formação ainda realizada sob os moldes das Forças Armadas (pois seu currículo de Formação não tinha enfoque sobre qualquer aspecto de direitos humanos), é possível concluir que muitos ainda tenham no militarismo um modelo padrão de atuação policial, em que uma mudança para uma estrutura civil comprometeria não só sua filosofia de trabalho, mas a carreira que muitos conquistaram ao longo de vários anos com base na estrutura militar de promoções.

No entanto, não restaram dúvidas de que a maioria de ambas as classes (Oficiais e Praças) estão insatisfeitas com o modelo atual e querem uma reformulação da estrutura militarista da polícia militar para que esta não se mantenha com a filosofia de combate ao inimigo que ainda hoje se visualiza na atuação policial militar.