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2 A SEGURANÇA PÚBLICA DO BRASIL E A POLÍCIA MILITAR NA

3.1 OS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA SE SENTEM INSERIDOS NO ESTADO

3.1.2 Análise dos dados obtidos

3.1.2.6 Sobre o Modelo de Polícia brasileiro

O item ―2.4‖ deste trabalho, o qual trabalhou o tema do Ciclo Completo de Polícia

e os modelos de policiamento existentes no mundo e no Brasil, foi o assunto que gerou as questões nº 22 e 23 do roteiro estruturado utilizado nesta dissertação.

Na questão nº 07 do roteiro supramencionado, começou-se a discussão da temática acima quando se perguntou aos pesquisados se a atuação da Polícia Militar no Brasil dos dias atuais deveria continuar utilizando os Fundamentos Institucionais do Exército ou se deveria utilizar os Fundamentos Institucionais de uma estrutura de Segurança Pública de cunho civil, dando como exemplos a Polícia Federal-PF ou a Polícia Rodoviária Federal-PRF. Explicou-se que o motivo de citar tais instituições é que estas também atuavam no policiamento ostensivo do Brasil, de acordo com a Constituição Federal de 1988.

Em termos de fundamentos institucionais, 93% entre as Praças pesquisadas responderam que a PM deveria se reestruturar em uma instituição de cunho civil; já entre os Oficiais, esse percentual foi menor, 50%. A conclusão inicial que se pôde obter foi que, para ambas as categorias (Oficiais e Praças) há um entendimento de que a Instituição Polícia Militar precisa passar por reformas estruturais, buscando, assim, um novo modelo de polícia para o Brasil.

A questão nº 22, por sua vez, visando justamente discutir quais mudanças deveriam ocorrer no sistema de segurança pública brasileiro, inicialmente perguntou aos pesquisados sobre o Ciclo Completo de Polícia e se estes eram a favor ou contra terem uma estrutura única de policiamento dentro dos estados. O resultado foi uma predominância pela modificação do sistema dualista atual para uma estrutura única de policiamento, conforme gráfico abaixo:

15% 29% 56% 12% 44%44% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Praças Oficiais Não

Sim, mas com restrições Sim, plenamente

GRÁFICO 22: Gráfico referente à opinião dos Oficiais e Praças pesquisados sobre se estes são a favor do ―ciclo

completo de policiamento‖ (uma estrutura única de policiamento estadual), de acordo com os dados da questão

22. Fonte: Pesquisa de Campo.

O gráfico acima não deixa dúvidas sobre a posição dos policiais militares pesquisados em afirmar que o modelo atual de polícia do Brasil não atende aos interesses da sociedade. Se observarmos aqueles que foram contrários à estrutura única de polícia

(assinalaram a resposta ―não‖ no questionário), o montante das duas opiniões (Oficiais e

Praças) não ultrapassa os 15% dos pesquisados, o que demonstra que apenas uma minoria prefere manter a estrutura policial dualista brasileira.

O resultado da questão nº 22 é uma comprovação de que já existe um consenso entre os policiais de que o atual Sistema de Segurança Pública brasileiro precisa ser revisto. Conforme visto no item ―2.4.2‖ deste trabalho, o Brasil é o único país no mundo que fraciona

o ciclo policial em ―duas metades‖, e os policiais militares pesquisados, através de suas

respostas nessa questão, demonstram que este sistema não funciona para a melhoria da segurança pública do país, além de ser um fator determinante de discriminação de direitos dos PMs a existência de uma polícia militar após a Constituição Federal de 1988.

Outro ponto que se apresentou diante da posição dos pesquisados foi qual modelo policial seria considerado o ―ideal‖ na visão daqueles que cotidianamente estão vivenciando a atividade policial. A questão nº 23 visou justamente observar, na opinião dos militares participantes da pesquisa, qual seria o melhor modelo de polícia a ser adotado pelo Estado Democrático de Direito brasileiro.

Para tanto, foi ofertado aos pesquisados para escolherem entre os modelos de polícia que são conhecidos na atualidade e que são utilizados por países desenvolvidos como França, Inglaterra e Estados Unidos, sendo que tais modelos são considerados ―padrões de policiamento‖ por serem referência para vários outros Estados Soberanos.

A primeira alternativa da questão 23 ficou com ―a manutenção do atual modelo de polícia estadual brasileiro (uma civil e uma militar)‖, com vistas a observar entre os

pesquisados se estes gostariam de manter o Sistema de Segurança Pública brasileiro sem alterações.

Para a segunda alternativa, foi ofertado aos pesquisados que estes escolhessem o modelo que é utilizado pela França, em que seriam implantadas duas polícias (uma civil e uma militar), sendo que cada qual atuaria em circunscrição regionalizada, definida pelo território e população de tal área.

Para a terceira alternativa, foi ofertado o modelo de unificação das polícias estaduais brasileiras (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura de cunho civil, o que lembraria o modelo anglo-saxão de policiamento em que existe o ciclo completo de polícia, mas as estruturas são de cunho civil e com competência restrita a jurisdição de seus Estados.

E, por fim, para a quarta alternativa, foi disponibilizada a unificação das polícias estaduais (Polícias Militares/Civis), com a realização do ciclo completo de polícia, mas manteria uma estrutura militarizada, o que resultaria na extinção das polícias civis do Brasil.

Vejamos a posição dos militares pesquisados no gráfico abaixo:

11% 9% 78% 2% 25%31% 13% 31% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Praças Oficiais

Manutenção do atual modelo de polícia estadual (uma civil e uma militar),

Implantação de polícias (uma civil e uma militar) atuando em circunscrição regionalizada,

Unificação das polícias estaduais, (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura civil,

Unificação das polícias estaduais, (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura militar.

GRÁFICO 23: Gráfico referente à opinião do militares pesquisados sobre qual seria o melhor modelo de polícia a ser adotado pelo Estado Democrático de Direito Brasileiro, conforme respostas da questão 23. Fonte: Pesquisa de Campo.

Como se denota dos dados acima, entre as Praças houve a predominância do item

―Unificação das polícias estaduais (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura civil‖ que

recebeu 78% das respostas; as outras 03 alternativas da questão nº 23, juntas, perfizeram um montante de apenas 22%, o que demonstra que as Praças militares pesquisadas optaram por tornar o modelo atual de Polícia do Brasil uma estrutura civil que seja realizada através de Ciclo Completo de Polícia. Se considerarmos apenas os pesquisados que optaram por manter o modelo atual existente no Brasil (11%) veremos que, de fato, a intenção por uma mudança do sistema atual é muito maior (89%), o que reforça a ideia de que há uma insatisfação com a atual conjuntura e o anseio por mudanças no atual modelo entre as Praças.

Contudo, entre os Oficiais pesquisados, é perceptível que a desmilitarização da Polícia Militar não é a principal escolha entre os pesquisados, pois a alternativa que ofertou a unificação das polícias estaduais brasileiras (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura de cunho civil foi a que menos obteve optantes (13%). Inicialmente, o que visualizamos é que a mantença do modelo atual em duas polícias não foi a alternativa predominante, visto que apenas 25% entre os Oficiais pesquisados escolheram tal alternativa. Essa baixa escolha corrobora nosso pensamento anterior quanto ao anseio que ambas as classes (Oficiais e Praças) têm por mudanças na estrutura de policiamento do Brasil.

Contudo, fica claro que, dentre os Oficiais pesquisados, há uma resistência quanto à desmilitarização da PM, pois se somadas as três alternativas restantes da questão nº 23 que dispõem sobre mudanças para o modelo brasileiro, mas sem a utilização de uma estrutura única de polícia civil, verifica-se que o montante chegou a 87%.

Assim, não resta dúvida de que os Oficiais desejam mudanças no modelo policial brasileiro, porém preferem não perder a estrutura hierarquizada dos dias atuais.

Todavia, considerando-se as respostas dos Oficiais pesquisados que tiveram

―empate técnico‖ com 31% (a) implantação de polícias (uma civil e uma militar) atuando em

circunscrição regionalizada; e b) unificação das polícias estaduais (Polícias Militares/Civis) em uma estrutura militar), pode-se verificar que, mais uma vez, há uma concordância sobre a criação do ciclo completo de polícia no Brasil. Ainda que usando o modelo Francês (regionalizado com duas polícias) ou o modelo Anglo Saxão acrescido de ―militarização‖ (ciclo completo de competência restrita por localidade), os Oficiais pesquisados demonstram concordar que o atual modelo necessita ser revisto.

Corroborando essa tese de que os Oficiais desejam ver mudanças no modelo atual de polícia, fazendo outra comparação entre os dados da questão, dessa vez analisando aqueles que optam por manter o modelo atual (a 1ª resposta) com as alternativas que estabelecem mudanças (2ª, 3ª e 4ª respostas da questão 23), o montante chega a 75% dos Oficiais pesquisados, o que ressalta que é inequívoco o desejo de modificar o modelo de polícia existente no país nos dias de hoje.

Portanto, fica inconteste que os policiais militares pesquisados anseiam mudanças no modelo de polícia atual, apenas não havendo uma concordância quanto ao modelo a ser adotado, haja vista que, como discutido anteriormente, é provável que entre os Oficiais pesquisados haja um receio maior quanto à instituição de um novo modelo de polícia de

cunho ―civil‖ que possa prejudicar sua carreira como militar e as prerrogativas que a patente

Ciclo Completo de Polícia como melhor opção para modificar o sistema de segurança pública atual, bem como ser o fator propulsor de melhorias quanto aos direitos dos policiais militares.