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2. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

2.2. ESTUDO II: DESTINO E PERFIL DOS DOENTES DEPENDENTES NO

MOMENTO DA ALTA HOSPITALAR

Neste subcapítulo, reportamo-nos à metodologia adotada no Estudo II. Assim, terminado o Estudo I, onde procedemos à identificação dos critérios de decisão sobre o destino dos doentes dependentes no autocuidado no momento da alta hospitalar, evoluímos para o Estudo II, no sentido de conhecer o destino destes e explorar o seu perfil, em função desse mesmo destino e tendo em conta os critérios de decisão envolvidos. A amostra do Estudo II foi identificada a partir de doentes dependentes no autocuidado internados nas unidades de cuidados que participaram no estudo (Tabela 2.2). Para a concretização do trabalho, desenvolvemos um instrumento de avaliação que derivou do trabalho

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Sistema de informação e documentação da condição de saúde e social utilizado na referenciação dos doentes para a REDE, constituindo uma ferramenta de suporte à tomada de decisão dos profissionais envolvidos.

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desenvolvido no Estudo I – as categorias emergentes das entrevistas exploratórias aos profissionais de saúde - e com recurso à revisão da literatura. Designámos este instrumento de avaliação por: “Destino e perfil dos doentes dependentes no momento da alta hospitalar”. Posteriormente, procedeu-se à sua aplicação no momento da alta hospitalar dos doentes dependentes, onde obtivemos a colaboração dos enfermeiros dos serviços de internamento que participaram no estudo. Relembramos os objetivos definidos para o Estudo II:

 Identificar os diferentes destinos dos doentes dependentes no autocuidado, no momento da alta hospitalar;

 Identificar o perfil dos doentes dependentes no autocuidado face aos critérios de decisão utilizados em função dos diferentes destinos, no momento da alta hospitalar.

2.2.1. Tipo de estudo.

O estudo que pretendemos realizar nesta fase, enquadra-se na investigação de perfil quantitativo e de caráter exploratório, dada a escassa literatura produzida sobre as dimensões que nos propomos estudar. Portanto, trata-se de aspetos de um fenómeno ainda pouco conhecido, os quais, queremos caraterizar com maior profundidade. Assim, com a aplicação de um instrumento de avaliação, pretende-se conhecer o destino dos doentes dependentes no momento da alta hospitalar, bem como, explorar o seu perfil em função deste mesmo destino e critérios de decisão envolvidos.

2.2.2. População e amostra.

A população do Estudo II é constituída pelos doentes dependentes no autocuidado internados nas unidades de cuidados selecionadas para a investigação (Tabela 2.2). Assim, a amostra do Estudo II é constituída pelos doentes dependentes que foram identificados para participarem no estudo à medida que decorria o seu internamento nos serviços de internamento e verificados os critérios de inclusão, com critério temporal definido entre julho e dezembro de 2010. Assim, foram identificados pelos enfermeiros que colaboraram no estudo, em média, 30 casos por serviço de internamento. No total, a amostra é constituída por 273 casos – doentes dependentes no autocuidado e respetivos FC. Os critérios de inclusão estabelecidos para os participantes que integram a amostra do estudo foram os seguintes:

 Doentes dependentes em pelo menos um (1) domínio do autocuidado (ex. tomar banho; alimentar-se; transferir-se; tomar a medicação; outros);

 Doentes dependentes com idade igual ou superior a 18 anos;

 Doentes dependentes que, após consentimento livre e esclarecido, autorizassem a sua participação Ou, quando estes não reunissem as condições, o FC dava autorização/aceitava participar no estudo.

Trata-se, pois, de uma amostra não probabilística e de conveniência ou acidental (Fortin, 2009; Polit et al., 2004), uma vez que “é constituída por indivíduos facilmente acessíveis e que respondem aos critérios de inclusão precisos […] permite escolher indivíduos que estão no local certo ou no momento certo. Constitui-se a amostra à medida que os indivíduos se apresentam até que o número desejado seja

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atingido” (Fortin, 2009, p. 321). O número estabelecido como desejado, por serviço de internamento, foi de trinta (30) casos.

2.2.3. Contexto do estudo.

O Estudo II foi realizado a partir da identificação dos doentes dependentes no autocuidado, que reuiniam os critérios de inclusão e internados nos serviços das instituições de saúde já mencionadas: Centro Hospitalar do Alto Ave (Guimarães e Fafe), Centro Hospitalar Médio Ave (Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso), Hospital de S. Marcos (Braga) e, por fim, Hospital de Santa Maria Maior (Barcelos), Tabela 2.2.

2.2.4. Procedimento de recolha de dados.

Como já mencionámos, após terminada a recolha de dados do Estudo I, procedemos à análise de conteúdo. A partir dos achados, evoluímos para a construção do instrumento de avaliação – “Destino e perfil dos dependentes, no momento da alta hospitalar” (Anexo E). Para a sua aplicação, no momento da alta hospitalar dos dependentes, contámos com a colaboração dos elementos da equipa de enfermagem dos serviços de internamento, identificados pelos seus líderes (enfermeiros chefes). Coincidiram, na sua maioria, com aqueles a quem realizámos as entrevistas do Estudo I. Estes elementos reuniam caraterísticas comuns: enfermeiros com horário fixo, trabalhavam no turno da manhã de 2ª a 6ª feira, um número significativo de especialistas em enfermagem de reabilitação e, como já referimos anteriormente, com um elevado grau de envolvimento no processo de referenciação e preparação da alta hospitalar do doente dependente.

Após reunirmos com cada um destes enfermeiros que colaboram no processo de recolha de dados, com o propósito de explicarmos ou relembrarmos os objetivos do estudo, particularidades respeitantes ao próprio instrumento de avaliação que iriam aplicar, o seu preenchimento e procedimentos de natureza ética, deu-se início à recolha de dados. Esta decorreu entre julho e dezembro de 2010. Neste período, a nossa visita às unidades de cuidados para recolha dos formulários preenchidos foi realizada quinzenalmente, após prévio contacto telefónico com os enfermeiros chefes e/ou enfermeiros que colaboraram na sua aplicação.

2.2.4.1. Instrumento de avaliação: “Destino e perfil dos dependentes, no momento da alta hospitalar”

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Explicado o procedimento de recolha de dados para o Estudo II, importa descrever os itens que compõem o instrumento de avaliação utilizado nesta fase, o qual foi concebido por nós, com recurso aos achados das entrevistas exploratórias do Estudo I e da revisão da literatura que efetuámos, conforme já tivemos oportunidade de explicar. Denominámos este instrumento de avaliação por “Destino e perfil dos dependentes, no momento da alta hospitalar” (Anexo E). Trata-se, pois, na sua essência, de um

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formulário constituído por seis (6) dimensões principais, as quais, englobam um conjunto de subcategorias/subescalas:

1. Destino do doente dependente após a alta hospitalar e intervenientes na decisão; 2. Condição de saúde do doente dependente;

3. Potencial do familiar cuidador para tomar conta; 4. Recursos familiares;

5. Recursos da comunidade e políticas de gestão dos serviços de internamento;

6. Fatores intrínsecos aos profissionais de saúde determinantes para o processo de referenciação do doente dependente no momento da alta hospitalar.

No Anexo F, descrevemos com maior detalhe, as dimensões que englobam o instrumento de avaliação. O Anexo G mostra-nos a operacionalização das variáveis que o integram.

2.2.4.2. Validade e fidelidade do instrumento de avaliação - “Destino e perfil dos doentes dependentes no momento da alta hospitalar”.

Concebido a partir do trabalho empreendido com as entrevistas exploratórias do Estudo I, a aplicação do instrumento de avaliação nos hospitais, nesta fase do estudo, testou a sua sensibilidade, consistência e validade de conteúdo, na avaliação do perfil dos dependentes. A fidelidade de uma medida refere a capacidade desta ser consistente. Se um instrumento de medida dá sempre os mesmos resultados, quando aplicado a alvos estruturalmente iguais, podemos confiar no significado da medida e dizer que a medida é fiável (Maroco & Garcia-Marques, 2006). O valor de fidelidade estimado pelo Coeficiente Alfa de Cronbach (α) é uma estimativa da fiabilidade dos dados obtidos com a aplicação de um instrumento de medida, que nos podem informar sobre a sua precisão. Quanto mais elevadas forem as covariâncias (ou correlações entre os itens) maior é a homogeneidade dos itens e maior é a consistência com que medem a mesma dimensão ou constructo teórico. Com base nos dados que recolhemos para o presente estudo, verificamos que a escala do autocuidado aplicada para avaliar o nível de dependência no autocuidado, no momento antes do internamento hospitalar (M-1) e no momento da alta (M0), revelou boa consistência interna (Pestana & Gageiro, 2005), com valores de Coeficiente Alfa de Cronbach para estes dois momentos, respetivamente, [M-1 (α=0,996) e M0 (α=0,979).

O pré-teste do instrumento de avaliação decorreu em junho de 2010 e foi aplicado a dez doentes. Procedemos a ligeiras alterações no sentido de obter uma melhor clarificação de alguns itens de informação e introduzimos outros considerados importantes pelos enfermeiros que colaboraram na sua aplicação.

Assim, o Estudo II, partindo de uma amostra de 273 dependentes no autocuidado, identificados nos serviços de internamento que participaram no estudo (Tabela 2.2), permitiu-nos conhecer o seu destino no momento da alta hospitalar, bem como, explorar o seu perfil em função dos diferentes destinos, tendo em conta os critérios de decisão utilizados pelos profissionais de saúde.

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2.3. ESTUDO III: EVOLUÇÃO DA CONDIÇÃO DE SAÚDE DOS DEPENDENTES NO