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2.2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

2.2.5 Estudos empíricos envolvendo a RSC e seus impactos

A discussão sobre RSC vem mantendo-se em voga tanto sob os aspectos teóricos que circundam o tema, quanto pelas diferentes perspectivas de análise empírica.

Um dos mais citados estudos envolvendo a RSC foi elaborado por Porter e Kramer (2006, p. 10), e sua principal contribuição concerne investimentos estratégicos relacionados a RSC que podem influenciar positivamente a competitividade da empresa.

Estudo realizado por Knox et al. (2005, p. 27) com a análise das 150 empresas mais bem posicionadas no índice FTSE4Good 38, confirmou a existência de relação positiva entre a associação das práticas de sustentabilidade e o desempenho financeiro corporativo.

35 Cumpre salientar que o parecer de orientação de número 24 emitido em 1992 não possui determinação como

lei.

36 CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, órgão responsável pelo estudo e emissão das normas contábeis

no Brasil, emitiu um pronunciamento que fornece orientações sobre a preparação e divulgação da demonstração de valor adicionado. A DVA pode ser definida como “um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período”. A DVA ganhou caráter de divulgação obrigatória, devendo ser atendido por todas as companhias abertas após a aprovação da deliberação CVM de 12 de novembro de 2008.

37 IBRACON, Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, tem a função de discutir, desenvolver e aprimorar

as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador (IBRACON, 2016).

38 O FTSE4Good Index Series é um índice que avalia a sustentabilidade das empresas cotadas nas bolsas dos

Estados Unidos, Reino Unido, Europa e Japão. O índice foi criado pelo Financial Times Securities Exchange (FTSE), firma independente de propriedade conjunta da corporação de mídia The Financial Times e da London

Por meio de estudo de caso com empresa colombiana, Acevedo (2013) discorre sobre uma investigação que identificou variáveis financeiras, tributárias e éticas que possibilitaram estabelecer relações entre o balanço social, práticas de RSC e imagem da corporação.

Uribe e Delgado (2012) defendem o aporte de valor da informação contábil à RSC e sugerem que existem ainda muitas inter-relações a serem estabelecidas entre a informação contábil e as informações relacionadas às práticas de RSC.

No estudo empírico de Teixeira (2011) foram constatados indícios de que o índice de sustentabilidade empresarial da BM&FBovespa (ISE)39 pode se traduzir em uma publicidade para as empresas melhorarem o relacionamento com seus stakeholders, além de existirem evidências de que as empresas que sinalizam maior RSC serem alvo da preferência de acionistas.

Oliveira J. (2005) discorre sobre como as empresas de capital aberto não-financeiras do Brasil estão divulgando informações de caráter socioambiental de forma organizada, e conclui que quanto maior a empresa mais se publica balanços sociais.

Oliveira ainda descreve sobre a similaridade acerca da divulgação quantitativa de balanços sociais entre as maiores empresas brasileiras e as maiores empresas internacionais. Outra conclusão alcançada refere-se ao fato de que as empresas que mais publicam balanços sociais estão nos setores de atividades com alguns dos maiores impactos sociais e ambientais, como petróleo, eletricidade e gás.

Nollet et al. (2015) lançou uma contribuição para compreender as relações entre desempenho social corporativo e a performance da corporação. O estudo sugere a existência de uma relação negativa entre o desempenho social corporativo e o retorno sobre o capital, porém alcançam evidências de que no longo prazo a relação do desempenho social corporativo com as métricas contábeis é positiva.

Reverte (2009) analisou como o tamanho das corporações, suas características e exposição perante a mídia são fatores determinantes para a divulgação de práticas de RSC, e observou que companhias abertas espanholas com os maiores índices de RSC apresentaram estatisticamente maior tamanho e maior exposição à mídia em comparação com aquelas com baixo índice de RSC.

Stock Exchange, bolsa de valores de Londres. Este índice existe há cerca de 10 anos e diferencia-se dos

índices Dow Jones pelas dimensões da sustentabilidade consideradas e pela forma de avaliação (FTSE, 2017).

39

O ISE é uma ferramenta para análise comparativa do desempenho das empresas listadas na BM&FBOVESPA, sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa (BM&FBOVESPA, 2016).

Em seu segundo estudo, Reverte (2014) buscou avaliar em que medida as empresas com alto índice de RSC foram melhor avaliadas por seus stakeholders, concluindo como principal fator a divulgação de informações além das convencionais para auxiliar na compreensão da situação e riscos da organização.

Mancilla Rendón e Saavedra Garcia (2015) concluíram em seus estudos sobre RSC que as empresas mexicanas de capital aberto cumprem com as normas em função da obrigatoriedade, não existindo uma correlação direta com a responsabilidade social, enquanto que pelo prisma do cumprimento das leis pode-se afirmar que estas companhias estão devidamente comprometidas, o que vem a fortalecer a governança.

Preston e O’Bannon (1997, p. 426) realizaram estudo para compreender a relação entre desempenho social e desempenho financeiro para um grupo de empresas americanas, atestando-se uma correlação positiva entre os dois aspectos analisados.

Oliveira e Abadia (2011, p. 140) confirmaram que o desempenho social e ambiental e o desempenho econômico da organização estão inter-relacionados seguindo uma sequência lógico-dedutiva com implicações entre si.

Ao estudar a correlação da RSC com lucratividade, Aupperle et al. (1985 p. 461) concluiu que existe uma relação inversa entre as dimensões econômicas e éticas, o que significa que quanto maior o foco na dimensão econômica, menor será a atenção dedicada a dimensão ética por uma corporação. No entanto, o estudo não conclui a existência de evidências que suportem a constante afirmação de que que companhias socialmente responsáveis sejam mais lucrativas.

Por fim, os estudos apresentados nesta seção refletem parte da contribuição para o estudo empírico da RSC, com resultados nem sempre conclusivos ou com relação de causalidade entre as variáveis analisadas. Os estudos apresentados não representam uma relação exaustiva de todo o conteúdo acadêmico existente, mas nos auxiliam a entender um pouco melhor a complexidade, abrangência e especificidades das discussões sobre RSC.

Diante deste cenário complexo, a presente pesquisa buscou verificar, mediante a inter- relação entre contabilidade e responsabilidade social, métricas de avaliação que permitam conclusões mais objetivas e involuntárias sobre o grau de RSC das empresas, disponibilizando a todo tipo de agente social, independentemente da relação que este tenha com a companhia, informações relevantes sobre a possivel qualidade de suas práticas de RSC.

Cabe destacar que não foram identificados estudos anteriores que relacionem as provisões judiciais ou os passivos contingentes, publicados nas DFs das companhias de

capital aberto, a avaliações de RSC destas instituições, o que fortalece o caráter inovador da presente pesquisa.