• Nenhum resultado encontrado

Nesta etapa, chamada de survey, estão detalhados os procedimentos de criação e validação do questionário, bem como o processo de definição da amostra, coleta dos dados e preparação da base para as análises.

3.4.1 Criação e validação do questionário

A terceira etapa, de aplicação da survey, foi iniciada pela busca na literatura das escalas que pudessem mensurar os construtos adequados conforme os grupos de foco. As escalas selecionadas visando a elaboração do instrumento de pesquisa constam no Apêndice C (em inglês). Neste momento também foram definidas as questões sociodemográficas da pesquisa, que compreenderiam as variáveis de controle e informações sobre o perfil dos respondentes. As escalas originais foram então adequadas pelo pesquisador em uma versão em inglês e em português. As escalas utilizadas para medir a relação entre os construtos foram construídas com escalas intervalares (Likert) entre discordo totalmente e concordo totalmente e as questões sociodemográficas foram construídas com escalas nominais e ordinais.

Na sequência foi realizado um processo de back translation, onde a versão em português das escalas adaptadas, bem como das questões sociodemográficas foram encaminhadas para um tradutor profissional que realizou a tradução para o inglês sem ter acesso à versão em inglês produzida pelo pesquisador. Em seguida, um segundo tradutor profissional realizou a tradução das escalas do inglês (traduzido pelo primeiro tradutor) para o português, sem ter acesso à versão original em português. As versões geradas por este processo, desde a adaptação das escalas originais, passando pelas traduções e a adaptação final, estão disponíveis no Apêndice D.

Considerando que o modelo conceitual proposto na Figura 5 foi concebido pela combinação de diferentes estudos, a validade e a confiabilidade serão estabelecidas no decorrer da análise dos dados (CRESWELL, 2010) apresentadas no Capítulo 6.

A terceira etapa ainda compreendeu a revisão do questionário por especialistas, quando foi encaminhado o instrumento para análise de dois especialistas em governo móvel (doutores, pesquisadores atuando em pós-graduação

stricto sensu), visando realizar uma checagem e validação do conteúdo das questões

CRESWELL, 2010). Em seguida as questões foram ajustadas conforme as sugestões realizadas pelos especialistas (detalhes na seção 5.3).

Após a etapa de validação por especialistas foi realizado um pré-teste do questionário com número limitado de respondentes, disponibilizando ao final do mesmo um espaço para que eles pudessem avaliar o instrumento com relação à sua validade de face (HOPPEN; LAPOINTE; MOREAU, 1996) e sugerir adaptações, principalmente em relação ao entendimento do propósito de cada questão (CRESWELL, 2010). Após esta etapa foram também realizadas adaptações para que o questionário pudesse ser aplicado (apresentado na seção 5.4). O detalhamento da adequação das escalas e das questões sociodemográficas da pesquisa após a realização dos grupos de foco, bem como os resultados das etapas de revisão por especialistas e do pré-teste, constarão no Capítulo 5.

O questionário foi implementado em formulário de coleta por meio da Internet, através do site SurveyMonkey, para que pudesse ser respondido tanto em computadores de mesa (ou notebooks) quanto por dispositivos móveis (telefones celulares ou tablets). O questionário final aplicado está no Apêndice F.

3.4.2 População e amostra da survey

A população visada pela pesquisa foram os cidadãos brasileiros usuários de sistemas de governo móvel maiores de 16 anos. A consideração de usuários com mais de 16 anos deve-se ao fato que nesta idade geralmente inicia um contato mais intenso dos jovens com o serviço público, seja para a emissão do título eleitoral, alistamento militar, inscrição em vestibular em universidades públicas, dentre outros. Em relação ao critério de ser usuário ou já ter utilizado governo móvel, apresenta-se condizente com outras pesquisas de aceitação de governo móvel (HUNG; CHANG; KUO, 2013; AHMAD; KHALID, 2017), bem como é fundamental para que o participante possa expressar sua opinião de forma consistente.

Como não há como estimar o tamanho exato da população visada, foi definido que a amostra seria acessada por conveniência (pela facilidade de acesso a participantes) e por “bola de neve”, ou seja, um respondente poderia indicar ou encaminhar o questionário a outros respondentes (CRESWELL, 2010).

Para a definição do tamanho da amostra considerou-se a quantidade mínima de 10 respondentes por variável na escala de pesquisa para que fosse utilizada a

modelagem de equações estruturais na análise dos dados (HAIR et al., 2005). Desta forma, como o questionário tem 31 perguntas (Apêndice G) a amostra mínima seria de 310 respondentes.

Para acessar esta amostra foram utilizadas listas de e-mail do próprio pesquisador, de grupos de pesquisas ligados ao Programa de Pós-Graduação em Administração da UNISINOS, e de pesquisadores parceiros do Núcleo de Pós- Graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também foram utilizadas redes sociais para divulgação da pesquisa.

Os dados foram coletados entre os dias 15/03/2018 e 24/04/2018, totalizando 1025 respondentes, dos quais 806 foram considerados válidos, como será detalhado na sequência.

3.4.3 Preparação do banco de dados da survey

Após finalizar o processo de coleta foi realizada a preparação da base de dados para as análises. O primeiro passo foi a eliminação dos valores ausentes (missing

values), sendo que 206 respondentes foram eliminados pois não completaram

totalmente o questionário, restando 819 respondentes.

Após análise da questão sobre quais sistemas de governo móvel utilizava ou já havia utilizado, quatro respondentes (631, 737, 840 e 950) alegaram não utilizar ou que nunca haviam utilizado este tipo de sistema indo contra os critérios de participação na pesquisa. Após estes serem removidos, restaram 815 respostas válidas.

Na sequência os dados foram importados para o software SPSS versão 22, onde foram analisadas a presença de observações atípicas (outliers), ou seja, respostas totalmente diferentes das demais. Para esta finalidade utilizou-se a técnica estatística chamada de distância de Mahalanobis, onde o seu resultado apresenta a distância das observações em relação a um centro médio de respostas. De acordo com Hair et al. (2005) as observações atípicas com D2/gl maiores que 3,0 são

recomendadas para eliminação. Após aplicação da técnica na base de dados da pesquisa verificou-se que 9 respondentes possuíam valores de D2/gl > 3,0,

especificamente entre 3,04 e 4,83 (maior valor). Desta forma, após análise detalhada de cada caso foi decido pela remoção destes respondentes (77, 303, 470, 535, 771, 860, 939, 949, 955), conforme Tabela 1, restando 806 respondentes válidos.

Tabela 1 – Respondentes eliminados com observações atípicas (outliers)

Respondente (Mahalanobis) D2 Liberalidade (gl) Grau de D2/gl Decisão

303 149,6785 31 4,83 Removido 535 129,1955 31 4,17 Removido 955 112,293 31 3,62 Removido 771 103,3456 31 3,33 Removido 77 102,5717 31 3,31 Removido 860 100,7776 31 3,25 Removido 949 100,2088 31 3,23 Removido 939 98,56489 31 3,18 Removido 470 94,24042 31 3,04 Removido 412 92,04745 31 2,97 Mantido 42 91,97979 31 2,97 Mantido 189 90,4444 31 2,92 Mantido 198 88,29872 31 2,85 Mantido 495 86,57371 31 2,79 Mantido 268 86,13303 31 2,78 Mantido N = 815

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da pesquisa.

Além do descrito anteriormente para purificação da base, outros critérios foram adotados para qualificar e ajustar as respostas obtidas para posterior análise. No Apêndice H consta toda a documentação sobre a eliminação de não respostas e das demais alterações realizadas na base de dados.