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1. Conjugalidades

1.2. Evolução do casamento entre a população jovem

A nível nacional, o número de casamentos tem vindo a decrescer desde 1990. Neste ano registou-se um total de 71.654 casamentos, sendo que, em 2004, celebraram-se 49.178. Estes valores correspondem a um decréscimo de 31,4%. Contudo, o casamento ainda é a via mais utilizada para iniciar a vida conjugal. Entre a população juvenil (15-29 anos), a tendência evolutiva tem sido semelhante. Contudo, o número de casamentos varia consoante o sexo dos jovens. Constatámos que as mulheres jovens casam mais que os homens da mesma faixa etária. (Gráfico n.º4).

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Ano

N.

º

TOTAL GERAL HOMENS JOVENS MULHERES JOVENS

Gráfico n.º 4 – Casamentos celebrados, por ano, segundo população geral e sexo: 1990-2004 Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

A representatividade da população jovem nos casamentos celebrados, em Portugal, tem vindo a decrescer em ambos os sexos. Em 1990, 79,3% dos casamentos foram celebrados por homens jovens; e 86,4% por mulheres jovens. As percentagens de 2004 mostram um decréscimo de quase 18% para o sector masculino e de aproximadamente 14% para o sector feminino (Homens – 61,63%; Mulheres – 72,17%). O que foi referido em cima indica que, nos últimos 15 anos, para além do já falado retardamento do casamento juvenil, ocorreu uma diminuição gradual da nupcialidade em toda a população portuguesa. Cimentaram-se as bases para a existência de cada vez menos casamentos, estando a ser uma opção cada vez mais tardia.

A taxa nacional de nupcialidade (Gráfico n.º5) evidencia este contínuo decréscimo e uma aproximação das taxas de nupcialidade dos homens e das mulheres desde 1997. Os valores em 2004 foram de 9,7‰ para os homens e 9,1‰ para as mulheres. Quando esta é observada à luz dos grupos etários juvenis, vemos que, como seria de esperar, as taxas de nupcialidade entre os jovens são bastante mais elevadas que as taxas para a população geral, com excepção do grupo etário dos 15-19 anos, entre os homens.

0 5 10 15 20 25 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Ano Per m ilagem HOMENS MULHERES

Gráfico n.º 5 – Taxa de Nupcialidade (nacional), por ano, segundo o sexo: 1990-2004 Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

A evolução da taxa de nupcialidade segundo o sexo e o grupo etário, evidencia as mesmas tendências em ambos os sexos, mas varia entre as faixas etárias. Nomeadamente, a taxa do grupo etário dos 15-19 é a mais baixa e tem diminuído. Este declínio foi bastante significativo entre as mulheres. De 32,9%, em 1990, passou para 11,4%, em 2004. Teve uma queda de cerca de 20%. No sector masculino a queda foi apenas de cerca de 5%. Este indicador parece assinalar um sintoma de destradicio- nalização da sociedade portuguesa.

Por outro lado, a faixa etária dos 20-24 anos foi a que sofreu um declínio maior de cerca de 48‰ entre 1990 e 2004, em ambos os sexos. Esta faixa etária deixou de ser a mais representativa em ambos os sexos, a favor do grupo etário dos 25-29 anos. No entanto, as mudanças ocorreram em momentos diferentes para os diferentes sexos. Entre os homens a mudança ocorreu em 1992, entre as mulheres, em 2001.

Sobre as duas primeiras faixas etárias é ainda relevante notar que as taxas de nupcialidade foram sempre maiores entre as mulheres que entre os homens. O mesmo não aconteceu no grupo etário dos 25-29 anos. Tendencialmente, os homens têm tido sempre taxas de nupcialidade superiores. Contudo, nos últimos 15 anos, com o retardamento do casamento, presenciou-se um declínio da mesma entre os homens e uma subida entre as mulheres. Em 2004, as taxas equilibraram-se (47,3% no sector masculino, e de 44,6% no sector feminino).

A observação do peso dos casamentos dos jovens (Gráfico n.º6), em relação ao total de casamentos celebrados em Portugal, evidencia uma diminuição contínua da representatividade dos casamentos no total nacional; bem como ainda que a proporção foi sempre superior no sector feminino, em todas as faixas etárias. A título de exemplo, a proporção de mulheres que casam até aos 19 anos foi sempre muito superior à dos homens da mesma faixa etária. Em 1990, 4,2% dos casamentos foram celebrados por homens desta faixa etária, enquanto que entre as mulheres, a percentagem foi de 19,1%. De 1990 aos nossos dias, esta diferença tem-se mantido mas, devido ao retardamento do casamento pelos jovens, as proporções são bastante menores. Em 2004, foi 1,4% dos casamentos dos homens e 6,9% dos casamentos das mulheres. Este indicador vem comprovar o que anteriormente a idade média de casamento nos disse: as mulheres tendem a formalizar mais cedo a sua conjugalidade.

50 55 60 65 70 75 80 85 90 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 A no s

HOM ENS M ULHERES

Gráfico n.º 6 – Casamentos celebrados até aos 29 anos, por ano, segundo o sexo dos cônjuges: 1990-2004 (% em relação ao total geral)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

Passemos agora a distribuição dos casamentos entre jovens, segundo o grupo etário dos cônjuges (Gráfico n.º7). Aqui vemos, mais uma vez, que o retardamento do

casamento foi bastante mais acelerado e significativo entre os homens. Em 1990, a maioria dos jovens masculinos casavam entre os 20 e os 24 anos (51,2%). Em 1995, ocorre uma mudança e a maioria dos jovens passam a casar entre os 25 e os 29 anos. Em 2004, esta tendência mantinha-se com uma representatividade de 65,4%.

0 10 20 30 40 50 60 70 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Anos % Até 19 20-24 25-29

Gráfico n.º 7 – Casamentos celebrados, por ano, segundo o grupo etário do cônjuge masculino: 1990-2004 (% sobre o total de casamentos celebrados até aos 29 anos)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

Entre as mulheres esta mudança também ocorreu, mas não foi tão significativa. Em 1990, 52,7% das mulheres jovens casaram entre os 20 e os 24 anos; os mesmos dados para 2004 mostram que 51,6% das mulheres jovens casaram entre os 25 e os 29 anos. Importa ainda notar que esta mudança de tendências em cada um dos sexos ocorreu em momentos diferentes no tempo. A inversão da tendência entre os homens aconteceu no ano de 1995, entre as mulheres apenas em 2001, o que parece indicar uma maior lentidão por parte destas em relação a algumas dinâmicas de modernização conjugal. 0 10 20 30 40 50 60 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Anos % Até 19 20-24 25-29

Gráfico n.º 8 – Casamentos celebrados, por ano, segundo o grupo etário do cônjuge feminino: 1990-2004 (% sobre o total de casamentos celebrados até aos 29 anos)

Vamos agora tentar perceber com quem casam os jovens portugueses. A distribuição de casamentos celebrados por idades combinadas dos cônjuges, para além do já referido adiamento do casamento, também demonstra que a população juvenil opta com maior frequência por casar com pessoas do mesmo grupo etário. Os dados de 1990 indicam que 77% dos casamentos realizados em Portugal foram celebrados por jovens com cônjuges da mesma idade ou com idades muito aproximadas. Nos nossos dias esta realidade ainda se mantém, mas sofreu um decréscimo acentuado. Em 2004, 56% dos casamentos realizados foram celebrados por pessoas com idades até 29 anos, com cônjuges do mesmo grupo etário.

Estes dados sugerem também que os jovens utilizam o critério da idade na escolha dos seus parceiros, suscitando um fenómeno de homogamia etária29. Quando

observamos as percentagens de casamentos entre pessoas de grupos etários distantes, esta ideia é reforçada no caso dos homens, mas começa a ser um pouco diferente para as mulheres. Em 1990, apenas 9,5% das mulheres até 29 anos casaram com homens com 30 ou mais anos. Quanto aos homens, este valor ainda é menor (2,5%). Percentagens próximas do presente (2004) evidenciam algumas mudanças: 16,2% das mulheres até 29 anos casaram com homens com 30 ou mais anos. Para os homens também ocorreu um aumento percentual, mas menos significativo (5,6%).

Coloca-se aqui a hipótese desta situação decorrer do adiamento paralelo da idade dos casamentos para ambos os sexos, e não do facto de haver menor «discriminação etarista» na escolha do cônjuge. Senão vejamos, olhando para estes dados distribuídos pelos grupos etários juvenis, vemos que, entre 1960 e 1998, a maioria dos jovens casava entre os 20 e os 24 anos com pares do mesmo grupo etário. Em 1960, esta maioria correspondia a 23,8% dos casamentos; até 1990, este valor manteve-se sem grande flutuações (23,6%). Contudo, a partir desta data constatou-se uma diminuição progressiva do seu peso e uma subida da representatividade dos casamentos entre jovens com 25-29 anos que casam com pessoas do mesmo grupo etário. A partir de 1999 este grupo passa a ter o peso mais relevante (18%). Mantém este lugar até 2003 (24,1%) e, em 2004, a maioria passa para o grupo etário das pessoas com mais de 30 anos que casam com pessoas da mesma faixa etária (22,2%).

O peso do segundo grupo mais representativo não deve ser ignorado porque não se distancia muito do anterior. Entre 1960 e 1997, foi constituído por mulheres entre os 20-24 anos que casavam com homens com idades entre 25-29 anos (17,2% e 16,2%). A partir desta data, o retardamento geral da idade de casamento dos jovens provocou um conjunto de flutuações entre diferentes combinações etárias. Em 2004, o

29Figueiredo. Alexandra Lemos e outros (1999), Jovens em Portugal - Análise longitudinal de fontes estatísticas: 1960-

segundo com maior peso pertencia aos jovens com idades entre os 25-29 anos que casaram com pessoas do mesmo grupo etário (21,2%).

Relativamente à forma de celebração do casamento (Gráfico n.º9), a maioria dos jovens portugueses opta pelo casamento católico. Em termos de proporção, em 1991, cerca de 79% dos casamentos dos jovens de ambos os sexos foram celebrados na religião católica. Os dados de 2004 indicam que este valor desceu mais de 10%. Encontra-se perto dos 67%. A este decréscimo correspondeu um aumento proporcional dos casamentos pelo registo civil. Em termos absolutos, celebraram-se, em 1990, 45.290 casamentos católicos com homens jovens e 48.360 com mulheres jovens. Em termos evolutivos e comparando com os dados de 2004, destaca-se um decréscimo de 55,1% no caso dos homens (20.337 casamentos) e 51,6% no caso das mulheres (23.431 casamentos).

Quanto aos casamentos civis, em termos absolutos, os homens realizaram 11.559 casamentos, em 1990, e 9.972, em 2004. Quer isto dizer que houve um decréscimo de cerca de 13,7% no número de casamentos. No entanto, quando observamos a forma de casamento em relação ao total de casamentos celebrados entre os jovens, vemos que os homens jovens passaram a casar mais pelo civil. Enquanto que em 1990, a percentagem era 20,3%, em 2004, este valor foi de 32,9%. No caso do casamento civil feminino, ocorreram 13.547 casamentos, em 1990, e 12.060, em 2004. Esta diminuição foi menos acentuada que nos homens (11%). Quando observámos a forma de casamento em relação ao total de casamentos celebrados entre os jovens, verificamos que também as mulheres passaram a casar mais pelo civil. Em 1990, 21,9% dos seus casamentos eram civis, enquanto que, em 2004, esta proporção foi de 34%.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Ano %

Católica - Homens Civil - Homens Católica - Mulheres Civil - Mulheres

Gráfico n.º 9 – Casamentos celebrados, por ano, segundo a forma de celebração e o sexo do cônjuge: 1990- 2004 (% sobre o total de casamentos celebrados até aos 29 anos)