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Iniciemos este capítulo partindo da análise das diferentes modalidades de obtenção de meios financeiros necessários à subsistência dos jovens em Portugal, isto é, os seus meios de vida47.

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Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal, Estatísticas do Emprego.

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Importa referir ainda que, segundo as indicações técnicas do INE, a comparação estatística linear entre esta série e as anteriores deverá ser operada com algumas cautelas devido a algumas mudanças metodológicas.

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As diferentes categorias avançadas pelos recenseamentos são, segundo os conceitos do INE:

- Rendimento do trabalho: rendimento recebido pelos trabalhadores por conta de outrem e pelos trabalhadores por conta própria, em directa ligação com o exercício da respectiva actividade profissional

- Rendimento da propriedade e da empresa: quando a principal fonte de subsistência reveste a forma de rendas, juros, dividendos, lucros, seguros de vida, direitos de autor, etc.

- Subsídios de desemprego: prestação financeira, de carácter temporário, que o indivíduo recebe enquanto estiver na situação de desempregado à procura de emprego;

- Subsídio temporário por acidente de trabalho ou doença profissional: considerar-se-á esta modalidade quando o principal meio de subsistência for um subsídio por uma das razões enunciadas, ou seja, o subsídio atribuído à pessoa temporariamente impossibilitada de trabalhar devido a acidente de trabalho ou doença profissional, mantendo-se o vínculo à entidade empregadora;

- Outros subsídios temporários: classificam-se aqui os indivíduos cuja principal fonte de subsistência é um subsídio de carácter temporário, diferente dos indicados anteriormente, como por exemplo o subsídio de doença.

- Rendimento mínimo garantido: prestação mensal do regime não contributivo da Segurança Social, destinado a assegurar aos titulares e aos elementos da sua família, em situação de grave carência económica, recursos que contribuam para a satisfação das suas necessidades mínimas;

- Pensão / Reforma: prestação pecuniária, periódica e permanente, destinada a substituir a remuneração do trabalho que o indivíduo já não aufere (reforma), ou a prestação recebida pelos indivíduos que foram considerados como não capazes de prover os seus próprios meios de subsistência. Incluem-se todos os tipos de pensão que estiverem em vigor no momento censitário;

- Apoio social: quando a principal fonte de subsistência é assegurada através do Estado, Organismos Públicos, Instituições Sem Fins Lucrativos de particulares, através de subsídios, equipamentos sociais ou outros, isto é, abrange os indivíduos cuja principal fonte de sobrevivência seja a assistência, que pode ser fornecida em regime de internato ou não;

- A cargo da família: quando o principal meio de subsistência provém de familiares;

- Outra situação: modalidade onde são classificados os indivíduos que não são abrangidos por nenhuma das anteriores, como por exemplo, aqueles que vivem de dádivas, bolsas de estudos, etc..

No ano censitário de 1991, 59,6% do total dos jovens em Portugal vivia a cargo da família e 35,6% tinham como principal meio de vida rendimentos provenientes do trabalho. Com valores pouco expressivos seguem-se as modalidades 2,7% “Outra situação”, e os subsídios desdobrados nas duas diferentes modalidades: “subsídio de desemprego” com 0,9%, o “Apoio social” com 0,5%, “Outros subsídios temporários” com 0,3%, “Pensão de qualquer natureza” também com 0,3%, e por último “Subsídio temporário por acidente de trabalho” com 0,2%. Com apenas 0,04% de peso no total surgem os jovens cuja principal fonte monetária provinha de “Rendimentos de propriedade”.

Passada uma década a situação de progressiva dependência familiar enfatizou-se: a categoria de jovens a cargo da família subiu para a esmagadora maioria de 76,3%, fazendo-se este efeito sentir, principalmente, na diminuição da proporção de jovens em Portugal para os quais o trabalho representava o principal meio de vida – 20,4%.

Com representação residual, seguem-se os jovens “(n)outra situação” genérica com 1,3% do total. Em consonância com o ano de 1991, uma percentagem residual subsistia recorrendo a diferentes subsídios: 0,8% através do “Subsídio de desemprego”, 0,5% não prescindiam do “Apoio Social”, 0,2% estavam abrangidos pela nova modalidade de “Rendimento Mínimo Garantido” e “Outros subsídios Temporários”, 0,1% beneficiava de uma “Pensão/Reforma” e, por fim, 0,05% dos jovens recorria ao “Subsídio temporário por acidente de trabalho ou doença profissional”. Com apenas 0,04% surgem os jovens que viviam de “Rendimento da propriedade e da empresa

Retratadas que estão as distribuições totais e tendo em consideração que os valores mais significativos se concentram nas categorias “a cargo da família” e “rendimentos provenientes do trabalho”, importa desdobrar estes dados através de um crivo analítico que privilegie uma leitura mais detalhada. Remetendo a atenção para os diferentes escalões etários observa-se que do total dos jovens dos 15 aos 19 anos de idade em 1991, 59,6% se encontrava a cargo da família e 35,6%, com essas idades, já tinham como principal meio de vida o trabalho. No ano de 2001 a percentagem dos jovens a cargo da família ampliou-se para os 76,3% e os dependentes do trabalho contraíram-se para 20,4% do total. Em 1991, a maioria dos jovens do escalão intermédio vivia sobretudo dos rendimentos do trabalho (64,1%) e 28,7% estavam ainda a cargo da família. Em 2001 a percentagem dos jovens cuja principal fonte monetária provinha de rendimentos do trabalho baixou para os 59,3%. Por seu turno, o contingente dos jovens a cargo da família alargou-se para os 35,3%. No último segmento etário, em 1991, 78,5% viviam do trabalho e 15,1% a cargo família em 1991. Em 2001 denotam-se leves variações de representatividade, 82,2% subsistiam principalmente por conta do seu trabalho e 11,8% a cargo da família.

Assim, à medida que avançamos na idade dos jovens, na fase do ciclo de vida, maior será a tendência para que o trabalho se apresente como o principal meio de vida em detrimento da dependência familiar – para ambos os sexos. Importante é ainda relembrar que é sobretudo no escalão etário dos 15 aos 19 anos que se denota, da análise longitudinal, uma crescente dependência familiar. O que, de resto, nos leva ao fenómeno do prolongamento da escolaridade, visto que o crescimento é mais acentuado no escalão etário mais novo, já anteriormente avançado.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 TOTAL GERAL 15-19 20-24 25-29 %

Trabalho A cargo da família

Gráfico n.º 1 – População Jovem residente, por principais meios de vida, segundo o grupo etário: 1991 Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 TOTAL GERAL 15-19 20-24 25-29

Trabalho A cargo da família

Gráfico n.º 2 – População Jovem residente, por principais meios de vida, segundo o grupo etário: 2001 Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

Se lermos estas duas modalidades de subsistência mais representativas em função do género, constatamos que são mais os homens a viver do trabalho, quer em 1991, quer em 2001. Refira-se no entanto que o diferencial decresceu de 14 para 10 pontos percentuais nessa década.

0 10 20 30 40 50 60 70

Trabalho A cargo da família

Homens Mulheres

Gráfico n.º 3 – População jovem, por principal meio de vida (trabalho e a cargo da família), segundo o sexo – 1991

Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Portugal.

0 10 20 30 40 50 60 70

Trabalho A cargo da família

%

Homens Mulheres

Gráfico n.º 4 – População jovem, por principal meio de vida (trabalho e a cargo da família), segundo o sexo – 2001