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CAPITULO 8 A EVOLUÇÃO URBANA E OS TRANSPORTES

8.2 EVOLUÇÃO URBANA

Analisando aspectos demográficos e físicos do município ao longo do tempo é possível delinear o perfil da evolução dessas características desde o início da fundação da cidade.

A consolidação dos dados levantados permitiu constatar que houve sempre uma supremacia no desempenho da evolução demográfica sobre o crescimento territorial da cidade, como mostra o Gráfico 03.

Gráfico 03 – Evolução da área e da população do município de João Pessoa

- 2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 12.000,00 1634 1855 1889 1923 1930 1946 1954 1972 1978 1983 1994 2004 Ano H e c ta re s 0 100 200 300 400 500 600 700 M il h a b it a n te s Área (ha) População

As linhas de evolução no Gráfico 03 mostram uma equidistância entre o crescimento da população e a expansão física da cidade entre os primeiros registros até o final da década de quarenta seguindo taxas de crescimento semelhantes.

Esse quadro sofre uma forte alteração ao longo das décadas de 50, 60 e 70 do século XX, quando a população cresce em níveis muito mais acentuados do que a área urbana. A taxa de crescimento da população desse período é visivelmente superior à taxa e anos anteriores, e isso evidentemente não deve ser fruto de mudanças na taxa de natalidade sim da migração, no deslocamento de pessoas das cidades menores do interior do Estado para capital em busca de oportunidades e melhores condições de vida. Como também, principalmente, das áreas rurais do Estado, freqüentemente castigadas por períodos de estiagem prolongada.

A divergência entre as duas taxas de crescimento atinge o ápice no final da década de setenta quando, para reduzir o déficit habitacional, é iniciada a construção de conjuntos habitacionais na região periférica da cidade. Foi a partir desse período que surgiram os conjuntos do Altiplano, Alto do Mateus, Bancários, Cabo Branco, Funcionários, Mangabeira, Valentina Figueiredo, correspondendo a aproximadamente 20 km².

A política habitacional, a intensificação da ocupação e uso do solo na faixa litorânea e o aumento do parque industrial fizeram com que a população e área urbana voltassem a crescer a taxas semelhantes, como ocorrera no passado.

Essa situação, entretanto, passa por uma significativa modificação de 1994 a 2004. A taxa de crescimento da população neste período permaneceu praticamente a mesma verificada desde a década de cinqüenta. Por outro lado, a taxa de expansão da área urbana foi a maior da cidade desde a sua fundação, não pela criação de conjuntos habitacionais, mas pela proliferação indiscriminada de loteamentos privados.

Examinando a Figura 87, percebe-se que dentro das linhas de contorno das manchas estão delineados os percursos dos vetores principais de urbanização que se deslocaram no tempo e no espaço determinando a forma da cidade.

Desde o início da implantação os vetores de crescimento da cidade se moveram, a partir do núcleo central da fundação, nas direções leste, sudeste e sudoeste, depois os vetores de crescimento se deslocaram para o norte com menor intensidade encontrando barreiras

naturais para a expansão. Nos últimos dez anos percebe-se um espraiamento da urbanização para as zonas sul e sudeste do município.

As manchas nas diversas tonalidades de azul na Figura 87 significam que nos últimos trinta anos a cidade se expandiu para a porção sul do território do município e ocupou parte expressiva de áreas de planícies situadas além dos vales do rio Cuiá e de seus afluentes, e que se estenderam até os talvegues do Rio Gramame.

À sudeste, verifica-se a ocupação de parte da propriedade Mangabeira pelo Conjunto Habitacional Cidade Verde do governo estadual junto à área ainda vazia do Pólo Turístico – Condomínio Cabo Branco. Nessa parte da cidade a ocupação se caracteriza pela extensão da malha urbana e baixa densidade populacional, formando uma espécie de hiperperiferia onde coexistem manchas espraiadas de urbanização e espaços livres, vazios ou áreas rurais.

No Gráfico 04 fica demonstrado que a contribuição da área urbana por período na construção da cidade teve um crescimento gradativo em quatro etapas de comportamentos distintos. Primeiro, a fase que vai de 1585 até 1923 apresenta taxas percentuais de até 3% do total da área urbana atual. Depois numa segunda etapa (1923-1954), verifica-se uma expansão acima de três por cento. Em seguida, entre 1954 e 1978, à área urbana vai evoluir de maneira mais acelerada e extensiva, com uma média de 9% de acréscimo em relação ao total da área no ano de 2004.

A partir de 1978 ocorre um crescimento vertiginoso da expansão urbana acrescentando porções significativas do território municipal. No período 1978 e 1994 a cidade cresceu comprometendo 46,39% de seu tamanho atual. Entre 1994 e 2004 a cidade inchou o equivalente a 27,39% do tamanho da área atual. Para aferir o que ocorreu nesse lapso de tempo foram feitas comparações com períodos anteriores e constatou-se que a cidade aumentou mais de tamanho do que em todo o tempo que vai desde a sua fundação até o ano de 1954. O que ocorreu na história recente da cidade extrapola muito o padrão evolutivo do comportamento verificado nos períodos anteriores.

Segundo as diretrizes e os marcos conceituais do Plano Diretor da Cidade, pode-se deduzir que não houve planejamento do crescimento da cidade. O fracasso da ação planejadora nas dimensões estratégicas e instrumentais se constata através do comportamento atípico da evolução da cidade notadamente no período que vai de 1994 a 2004.

A forma fragmentada, espraiada e distanciada da ocupação e uso ao longo desse período, evidencia-se a completa ausência de planejamento e a conseqüente implantação de infra-estrutura básica como sistema viário, transporte, abastecimento de água, saneamento etc., de forma irracional e onerosa para a administração pública local.

A contradição se constata na identificação do crescimento descontrolado em plena vigência da lei que regulamenta a política urbana do município, e o Poder Executivo é o responsável pela sua implementação através de instrumentos de gestão urbana para nortear o desenvolvimento da cidade.

Gráfico 04 – Contribuição de área urbana atual por período (1634 – 2004).