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JAIME LERNER – PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES INTEGRADO – 1977

CAPITULO 5 O INÍCIO DO PLANEJAMENTO

5.4 JAIME LERNER – PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES INTEGRADO – 1977

A frota de veículos da cidade de João Pessoa registrados no DETRAN – PB, no ano de 1977, totalizava 23.224 veículos sendo 21.024 veículos leves, 1.404 caminhões, 315 ônibus e 481 motos. Naquele ano houve 718 acidentes trânsito na cidade, 249 provocaram vítimas, e 49 vítimas fatais.

A prefeitura municipal, na administração do engenheiro Hermano Almeida, uma das mais realizadoras que a cidade já teve, contratou a equipe de Jaime Lerner formada por arquitetos e engenheiros de Curitiba – PR, para elaborar um plano de transportes integrado.

A proposta de estrutura urbana do plano interado de transportes avaliava que os parâmetros de ordenamento de uso do solo e o sistema viário do Código de Urbanismo (PDU) eram insuficientes para orientar o crescimento da cidade de João Pessoa.

A equipe do escritório Jaime Lerner defendia que era preciso definir qual estrutura urbana seria necessária para estimular a expansão da cidade apontando como eixos naturais de crescimento as avenidas Cruz das Armas e Epitácio Pessoa/Ruy Carneiro.

A proposta de estrutura urbana para crescimento da cidade basicamente se resumia a uma única diretriz reunindo a ossatura viária, o uso do solo e o transporte coletivo nestes eixos naturais de expansão.

Os eixos principais e aqueles ainda em formação convergiam para o núcleo central da cidade, que devido à singularidade da malha viária resultado de um processo de urbanização iniciado na fundação da cidade, teria um anel viário de proteção (Figura 50).

Figura 50 – Proposta estrutura urbana Jaime Lerner planejamento Urbano - 1977.

iniciava na Rua Duque de Caxias incluía o Parque Sólon de Lucena e prosseguia pela Av. Desembargador Souto Maior até o Parque Arruda Câmara. Os projetistas imaginavam que o anel viário de proteção liberava para os pedestres numa extensa área no Centro Histórico da cidade (Figura 51).

Figura 51 – Proposta da área de pedestres Jaime Lerner Planejamento Urbano, 1972.

Os projetistas acreditavam que a associação do esquema de lazer junto ao trabalho permitiria a utilização dos equipamentos, principalmente os transportes inclusive nos fins de semana, como uma integração máxima das funções urbanas.

A proposta do sistema integrado de transportes tencionava definir os eixos estruturais básicos da Cidade de João Pessoa, como fatores indutores do seu processo de crescimento.

Os eixos naturais eram formados pelas Avenidas. Epitácio Pessoa e Sen. Ruy Carneiro (Leste) e Cruz das Armas (Sudoeste).

O relatório apontava outros eixos ainda em formação como aquele que se iniciava na AV. D. Pedro II no Centro e se estendia até a Cidade Universitária na zona sul. O outro que se iniciava pela Av. Alberto de Brito no Bairro de Jaguaribe e se prolongava pelo Bairro do Cristo Redentor passando pela CEASA até chegar ao Estádio José Américo de Almeida.

A estrutura viária do sistema integrado apresentava uma configuração de corredores de transportes de massa com pista exclusiva para ônibus e corredores de ônibus convencionais compartilhados com o transporte individual (Figura 52).

O sistema de transporte foi proposto como fator de consolidação da estrutura de crescimento definido pelos eixos estruturais e um conjunto de intervenções que incluía pistas exclusivas para ônibus expresso, estações cobertas e comunicação visual (Figuras 53 a 55).

Figura 52 – Proposta sistema viário básico. Jaime Lerner planejamento Urbano - 1977.

Figura 54 – Proposta Av. Epitacio Pessoa Corte Jaime Lerner Planejamento Urbano - 1977.

Figura 55 – Proposta Av. Cruz das Armas Corte Jaime Lerner Planejamento Urbano - 1977.

A proposta do transporte de massa através dos corredores estruturais deveria responder por 55% do total dos passageiros transportados. As estações de transportes de massa deveriam se localizar em determinados cruzamentos bloqueando as vias transversais.

A proposta incluía a abertura de vias paralelas aos eixos estruturais voltadas para o transporte individual, exclusivamente, como é o caso da Av. José Américo de Almeida. O transporte de massa deveria atender as seguintes condições:

• Regularidade; • Boa freqüência; • Fluidez;

• Conforto aos passageiros; • Maior eficiência do sistema; • Maior confiabilidade; e • Tarifas menores.

A estrutura previa na interseção da Rua Duque de Caxias com o viaduto Damásio Franca a implantação de um terminal de transporte de massa.

A estrutura urbana proposta previa a revitalização da área central a partir da criação de um anel viário com a função de proteger a área central liberando à área em torno da Rua Duque de Caxias e suas ramificações até o Parque Sólon de Lucena para o uso exclusivo de pedestres criando desta forma novas opções como alternativa de lazer aquele proporcionado pelas praias (Figura 56).

Figura 56 – Mapa Síntese proposta área central. Jaime Lerner planejamento urbano, 1977.

A equipe de Jaime Lerner estimou um valor global de Cr$ 128.977.000,00 para a implantação do sistema integrado de transportes e sugeria o poder público participasse com 80,6% e a iniciativa privada (aquisição de ônibus) com o equivalente 19,4%, do total dos investimentos.

O que mais chamou a atenção foram às proposições inovadoras para a área central e os corredores de transportes de massa, em faixas exclusivas no Centro, Av. Epitácio Pessoa e Av. Ruy Carneiro até a praia, e depois um pequeno trecho na avenida Cruz das Armas.

Os investimentos com as obras e serviços de adaptações do sistema viário correspondiam a 51% do total incluindo as vias exclusivas de transportes de massa e os demais corredores ônibus.

Os gastos foram dimensionados para realizar obras como a implantação do sistema viário (46,63 km), pistas exclusivas para ônibus nos eixos estruturais e pavimentação nos corredores, incluindo terminal e estações de transportes, áreas de pedestres no Centro e obras e serviços complementares (Figura 57).

Figura 57 – Proposta Transporte Coletivo Obras Viárias. Jaime Lerner Planejamento Urbano 1977.

Os aspectos complementares das obras viárias compreendem a sinalização com semáforos, placas e faixas, iluminação diferenciada, comunicação visual e despesas eventuais. Os investimentos visavam à implantação de um sistema de transporte coletivo na Cidade de João Pessoa.