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O papel do transporte variou com o tempo e as condições do lugar. Na idade média, o transporte não teve nenhuma influência no traçado irregular das vias. O renascimento levou as cidades ao advento de malhas de vias regulares, depois surgiram as avenidas em linha reta permitindo deslocamentos em diagonal o que permitiu melhorar os transportes. A superposição de grandes vias diagonais sobre as malhas regulares levou a criação de nós e cruzamentos.

Na realidade, até meados do século XIX, poucas cidades davam atenção especial aos transportes. Com o advento da revolução industrial esse comportamento mudou muito. O impacto dessas mudanças vai desencadeou uma alteração significativa nos padrões do crescimento urbano. A cidade pré-moderna compacta foi rompida pela ação combinada da introdução de transporte de massa, das inovações tecnológicas e das migrações de populações.

No século XIX, com o surgimento dos ônibus, dos trens suburbanos e depois um sistema misto reunindo os atributos dos dois modos, os bondes, consolidou o sistema de transporte de massa, que proporcionou a expansão física da cidade e levou à separação das classes sociais, acelerando a instabilidade da vida urbana. O espraiamento urbano e a utilização do transporte de massa levaram a descentralização de funções, formaram-se então os núcleos residenciais periféricos e os subcentros de comércio e de serviços, enquanto a cidade compacta tornou-se uma zona de trabalho. Os bairros ficaram divididos tanto social como economicamente.

Antes do processo de industrialização em massa, a maioria das pessoas residia em áreas rurais e eram ocupadas no setor agrícola da economia. Este padrão foi completamente modificado pela Revolução Industrial, que foi deflagrada e sustentada pelo desenvolvimento nas dimensões institucionais, econômicas, e tecnológicas no transcorrer dos séculos XVIII e XIX.

A revolução industrial produziu o urbanismo moderno ao recusar formulações tradicionais introduzindo conceitos utópicos na criação de modelos espaciais de cidades.

A invenção da máquina a vapor significou uma inovação tecnológica fundamental criando meios práticos para obter energia mecânica a ser introduzida logo depois, nos meios

de transportes. Com uma fonte de energia mais poderosa e a introdução da divisão do trabalho em processos industriais, a produtividade cresceu rapidamente. A produção industrial aumentou e criou um excesso de bens materiais e o comércio se intensificou. O progresso técnico, o aumento na produtividade e na produção em geral proporcionou uma explosão demográfica e melhoria na qualidade de vida.

O impacto dessas mudanças nos padrões urbanos era a primeira evidência do crescimento rápido dos centros de comércio internacional e comércio que começaram ao término século XVIII. Londres, Paris, Berlim, Nova Iorque, e outros – cresceram ao longo do século, e na maioria dos países este crescimento continuou até o presente.

O processo urbanização se caracterizou pela diminuição do setor primário em detrimento da expansão dos setores secundários e terciários da economia e pelos intercâmbios entre eles que se concentravam principalmente em cidades e vilas, e que foram acompanhadas por um movimento volumoso de população de rural para áreas urbanas.

A escala desse processo pode ser medida através das mudanças nas proporções de população que vive em áreas urbanas e em áreas rurais. Antes do século XIX a população rural era dominante e importava algo em torno de 80% da população total; após o período de urbanização intensiva que na maioria dos países ainda está acontecendo, esta participação se reduziu drasticamente invertendo a relação proporcional anterior.

O processo de urbanização, composto pelo aumento crescente da população foi resultado dos aumentos progressivos das populações urbanas. A criação do transporte em massa representou um papel significativo no estímulo do crescimento das cidades e na ampliação das existentes.

As cidades existentes sofreram modificações profundas visando simplificar as estruturas com as intervenções cirúrgicas com a implantação de vias em diagonal sobre as malhas de ruas e, depois, para nortear o crescimento foram adotando planos de expansão mais amplos. Os traçados urbanos evoluem da quadrícula tradicional que predomina até o século XIX, para traçados leves e funcionais no século XX.

O progresso técnico da era industrial permite a implantação de novos equipamentos urbanos como parques e jardins, passeios públicos, calçadas, jardins, cemitérios, mercados cobertos, hospitais museus, bibliotecas, escolas, edifícios da administração pública e, principalmente as redes de infra-estrutura urbana de saneamento, energia e transportes.

A invenção da primeira via férrea por George Stephenson (1781-1848) na Inglaterra em 1825 foi um marco no desenvolvimento dos transportes e acelerou a Era Industrial, além

de ter estimulado o crescimento das cidades. O novo modo de transporte possuía velocidade, capacidade, conforto e confiabilidade muitas vezes maior que por qualquer outro modo previamente conhecido. A melhor qualidade e a diminuição dos custos da passagem proporcionaram resultados no aumento de viagens, na intensificação das comunicações e no alargamento de mercados de baixo-valor de materiais e produtos para os quais os custos das passagens tinham sido previamente proibitivos. Assim, o limite de tamanho das cidades imposto pela capacidade do sistema de transporte para prover materiais e bens foi virtualmente eliminado.

Com a eliminação do tamanho da cidade pela questão do abastecimento de suprimentos, a pressão por solucionar o outro problema (deslocamento interno) ficou maior para as cidades em crescimento e conduziu a muitos esforços para inventar novos meios de transportes urbanos em massa.

A industrialização induziu o curso da urbanização, fortalecendo a inter-ligação entre o crescimento da cidade e a aquisição de tecnologia nos meios de transportes e de comunicação. Os mercados consumidores e o acúmulo de capital cresceram e imprimiram dinamismo ao ritmo da revolução que transformou a cidade para sempre.

A disseminação em larga escala do automóvel nos EUA e nos países de sua influência direta como o Brasil, catalisou o processo de uso e a ocupação do solo das cidades. O transporte individual chegou a ameaçar, na década de 1940, a utilização do transporte de massa levando a deterioração da qualidade dos serviços.