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Exame físico de Medicina Veterinária Tradicional Chinesa

2. Princípios da Medicina Tradicional Chinesa

2.10. Exame físico de Medicina Veterinária Tradicional Chinesa

O exame de MVTC consiste em: anamnese, observação, auscultação, olfacção, palpação, exame da língua e exame do pulso. As duas últimas fases são fundamentais para a identificação do padrão de doença ou da síndrome presente. De qualquer modo, o acupuncturista veterinário não deve descurar a medicina convencional e deve, obviamente, usar os meios de diagnóstico modernos à disposição, reunindo o máximo de informação possível para determinar qual o tratamento mais indicado (Broadfoot et al., 2008). No Anexo VIII é apresentada uma ficha de exame físico que combina os parâmetros do exame de MVTC e os do exame de medicina veterinária.

O acupuncturista deve avaliar todos os factores que fazem os sinais clínicos melhorar ou piorar: impacto do clima, actividades da vida normal e a hora do dia (Wynn e Marsden, 2003) e questionar o proprietário quanto à atitude e comportamento do animal. Por exemplo, se procura locais quentes ou frescos e se ingere mais água do que o habitual (Casasola, 1999). Tal como na Medicina Veterinária, a história médica é importante no diagnóstico de MVTC, pois a doença presente pode reflectir a progressão de uma dinâmica energética que não foi tratada, ou ter a mesma dinâmica presente em doenças anteriores. O aparecimento de sinais clínicos associado à administração de fármacos ou vacinas, sugere normalmente o agravamento de uma condição latente ou de uma tendência para doença no organismo. Esta tendência geralmente tem a mesma natureza que o fármaco. Portanto, fármacos que arrefecem (como antibióticos) podem agravar tendências para o Frio, ou vacinas podem desencadear um episódio de Calor Tóxico

pois os organismos infecciosos são considerados toxinas ambientais (Wynn e Marsden, 2003). A observação consiste na avaliação das características físicas que incluem o aspecto da pele, pelagem, compleição física e corrimentos nasais, oculares, brônquicas ou dos ouvidos, assim como a vitalidade do animal ou seja a atitude, resposta a estímulos e vivacidade do olhar. A localização das lesões cutâneas e das alterações na pelagem é especialmente importante quando se distribuem ao longo de um meridiano. O aspecto dos corrimentos é característico de certas perturbações internas e a compleição física pode ser indicativa de afecções subjacentes, como a perda ou ganho súbito de peso (Wynn e Marsden, 2003; Schwartz, 2001).

A auscultação é realizada sem estetoscópio, para avaliar as características do latido ou do miar, a tosse e os sons respiratórios. Um latido forte, especialmente num animal que vocaliza frequentemente, pode indicar um padrão de Excesso. Pelo contrário, um latido ou um miar fraco podem indicar um padrão de Deficiência (Casasola, 1999).

A cada órgão Zang Fu está associado um determinado odor e a sua classificação pode ajudar na identificação da área ou órgão problemático (Schwartz, 2001). De um modo geral os odores fétidos indicam padrões de Calor e Excesso. Quando as fezes e a urina são inodoras estão presentes padrões de Frio ou Deficiência (Casasola, 1999).

O exame de MVTC deve incluir a palpação da superfície corporal, músculos e massas anormais, à semelhança do exame ocidental (Broadfoot et al., 2008). Deve pesquisar-se tumefacções quentes, frias, dolorosas, áreas ulceradas, massas duras e massas brandas pouco definidas (Schwartz, 2001). A palpação deve também incluir os acupontos diagnósticos

Shu e Mu, que se relacionam com cada um dos órgãos Zang Fu reflectindo o seu estado. Os

pontos Shu ou pontos de associação pertencem ao meridiano da Bexiga e localizam-se no bordo dos músculos longissimus thoracis e iliocostalis (Xie e Preast, 2007). Estes pontos devem ser palpados com pressão leve a moderada (Schwartz, 2001). Os pontos Mu ou pontos de alarme situam-se na região lateral e ventral e pertencem a vários meridianos (Xie e Preast, 2007). Nestes pontos, uma leve pressão é geralmente suficiente para suscitar uma resposta. A sensibilidade à palpação dos acupontos pode reflectir um desequilíbrio do órgão Zang Fu ou do meridiano correspondente. O animal manifesta-a rosnando, ganindo, voltando a cabeça para morder, sentando-se ou simplesmente pela reacção de enrugamento da pele (Schwartz, 2001). O aspecto da língua é um indicador dos efeitos cumulativos de Qi, Xue, Yin e Yang nos tecidos e tem alta prioridade na interpretação dos sinais físicos e comportamentais (Wynn e Marsden, 2003). A língua deve ser avaliada quanto à cor, forma, movimento, revestimento, humidade e características particulares (Wen, 1985). Uma língua normal é rosa e viva, ligeiramente húmida, preenche o chão da boca, tem bordos afiados semelhantes aos de um fígado ou baço saudável e geralmente não possui saburra, apenas uma espuma persistente (Wynn e Marsden, 2003). A interpretação dos vários parâmetros do exame da língua pode ser consultada no Anexo X. Na MVTC o pulso é usado para avaliar o sistema cardiovascular mas também para avaliar o

estado geral do animal (Broadfoot et al., 2008). Nos animais de companhia o pulso é palpado na artéria femoral e nos animais de grande porte é avaliado na artéria carótida (Xie e Liu, 2001). O pulso é classificado segundo uma série de parâmetros: profundidade, tensão, força, diâmetro, taxa e ritmo (Anexo XI). A profundidade do pulso depende da pressão necessária para sentir a intensidade máxima da pulsação e indica a localização da energia Yang e do Qi indiferenciado. A tensão do pulso depende da facilidade com que a pulsação e a parede do vaso desaparecem sob pressão digital e representa a facilidade com que o Qi flui no organismo. A força com que a pulsação bate nos dedos equivale à pressão do pulso e representa a quantidade de Qi. O diâmetro, é a área de superfície ocupada na ponta dos dedos e varia consoante a quantidade de Xue ou de Yin do organismo. A avaliação da taxa de pulso é feita por contagem das pulsações sentidas. O ritmo de pulso depende da rapidez das pulsações e da existência de pausas esporádicas ou regulares (Wynn e Marsden, 2003).