• Nenhum resultado encontrado

ANEXO A – ORGANOGRAMA ANO: 2009 284 ANEXO B – ORGANOGRAMA ANO: 2011

8. Cobertura dos carros de 2ª classe adaptados para atividades com crianças 9 Estação São Leopoldo, da TRENSURB.

5.2 COMUNICANDO NO MUSEU

5.2.1 Exposição de longa duração

A exposição concebida pelo arquiteto Sérgio Santos Morais (PRESERVE) para o prédio reconstruído da Estação foi inaugurada em meados da década de 1980, permanecendo como a principal exposição do Museu do Trem de São Leopoldo por trinta e cinco anos. Com poucas alterações a exposição apresenta a mesma disposição, vitrinas, organização espacial, espaços de circulação e objetos expostos.

Figuras 159 e 160 – Exposição no interior do prédio da

Estação, inauguração do CPHFRS. Ano: 1985. Fonte: Museu do Trem de São Leopoldo.

Figuras 161 e 162 – Exposição no interior do prédio da Estação do Museu do Trem. Ano: 2007. Fonte: Museu do Trem de São Leopoldo

Considerando a não existência de previsão orçamentária para realizar um projeto de expografia, a gestão do Museu propõe duas frentes de ação: a escrita de projeto, com intuito de disputar editais de incentivo (estaduais e federais), e a capacitação da equipe do Museu para, através dela, realizar ações possíveis de atualização da exposição existente.

Entre as ações de capacitação, em 2009, o Museu estimulou que sua equipe frequentasse a Oficina de Expografia102, ministrada pela museóloga Profa. Dra. Marília Xavier Cury (USP), no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Essa oficina foi seguida de dois encontros, quando houve a assessoria de Cury no próprio Museu do Trem, em São Leopoldo, com objetivo de desenvolver estudo de novo projeto expográfico in loco. Em 2011, o Museu realizou Oficina de Expografia com a arquiteta Profa. Dra. Jeniffer Cuty (UFRGS), com estudo e prática, então reorganizando a exposição.

Inicialmente contextualizando o espaço estruturado existente, Cuty propõe debate e reflexão a respeito do impacto das mudanças pretendidas e o exercício de conceber um novo espaço a partir da disponibilidade de peças, do espaço e dos recursos – os quais, neste caso, se restringiam aos recursos humanos, impressão de etiquetas e, posteriormente, à impressão de textos e imagens em uma lona vinilica (Anexo C), afixada em uma parede.

No processo, foram retiradas peças com avarias, vários objetos foram deslocados e reagrupados, criando novos espaços de circulação e outra narrativa expositiva. É importante destacar aqui a opção da direção em provocador, ao mesmo tempo, um estudo sobre as questões museológicas e museográficas, no próprio ambiente do Museu do Trem, como também de realizar a revitalização com os recursos existentes.

Entre os objetivos da concepção de uma nova apresentação do espaço expositivo, estavam: a) estimular novas possibilidades de encontro como o acervo, ressignificando o espaço para as atividades educativas e de conversas como a exposição; b) renovar o ambiente com baixo custo; c) atualizar a exposição para que o público encontre novidades ao visitar o Museu; d) redimensionar o espaço, despoluindo e gerando espaços de circulação; e) identificar possíveis avarias, necessidades de higienização e limpeza de peças, assim como de conservação preventiva e/ou substituição; f) refazer as etiquetas; g) criar um novo layout e experimentar um texto de parede utilizando lona (banner gigante) a fim de ofertar pequenos textos informativos e históricos para que o público possa ter acesso às informações independentemente da recepção da equipe; h) criar novos roteiros e narrativas para o público; i) gerar a reflexão sobre o lugar da exposição e o papel do museu junto aos diferentes públicos.

O fato de uma nova exposição ter sido planejada, estruturada, debatida e concebida pela equipe do Museu, através de um exercício de estudo assessorado,

102 Organizado pelo Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul (SEM-RS) para os museus da 1ªRegião Museológica do RS.

permitindo a prática museológica, gerou resultados positivos não só quanto ao local, mas também quanto à sua utilização.

Com relação ao papel da equipe na execução das decisões, ações e estratégias que geram mudanças no Museu, fica evidente que participar do processo oportuniza, inclusive, a revisão da metodologia de trabalho. Observa-se que a exposição, anteriormente tratada como uma relíquia intocável, como um relicário (MENESES, 1994) detentora de memórias do passado103, é ressignificada em novas abordagens e narrativas oferecidas a partir de então.

A equipe, como um todo, assume o papel de planejadora, executora e beneficiária: toma decisões estratégicas e táticas e assume as consequências dessas decisões e, ainda, se beneficia por estar sendo respeitado e valorizado na sua dimensão humana (CURY, 2005, p. 91). Cury, no Relatório Revisão Museológica e Museográfica do Museu Histórico de

São Francisco do Sul, enfatiza os resultados obtidos a partir de práticas com a participação

da equipe no processo de gestão dos espaços museológicos:

Entendendo desta maneira, o partido expográfico atenderá aos requisitos abaixo:

- inteligibilidade, para que a exposição possa ser “lida” pelo visitante. A exposição deve dar conta de si mesma, deve suportar-se;

- participação interpretativa e elaborativa pelo público, considerando que a retórica abre espaço para que o visitante complete a mensagem expositiva;

- possibilidade de aproximação das pessoas entre si, entre sujeitos que dialogam em torno do patrimônio, uma vez que a interação humana no contexto museal enriquece a experiência do público;

- exposição como unidade conceitual e visual, dividida em módulos, como forma de organização e apropriação pelo visitante;

- ambiente com tradição e renovação tecnológica, considerando que a dicotomia entre o novo e o antigo é artificial;

- ambiência (ambiente ressignificado) por meio de iluminação, cores e materiais, para que o visitante sinta-se vivenciando uma experiência integral (física, cognitiva, afetiva, emocional, psicomotora, etc.); - fuga da fetichização dos objetos: supervalorização dos objetos

descontextualizados, considerando que o centro do museu são as pessoas, do passado, do presente e do futuro. O objeto é uma forma de apreensão do mundo e de relacionamento das pessoas entre si (CURY, 2006b, p. 8).

A nova expografia privilegiou mais de cem peças do acervo no interior do prédio da Estação, com tridimensionais e fotografias agrupados em ilhas, ao centro, e encostado

103 “Lugar do passado”, aqui, está se referindo à instituição museal e sua história e não propriamente ao acervo exposto e à memória evocada pelo patrimônio material.

nas paredes, conforme esquema apresentado na Figura 163. Também foi criado um novo espaço expositivo no interior do Armazém, junto ao setor Administrativo e Reserva Técnica.

Legenda:

01. Manchas cinza: espaços ocupados por acervo em exposição. 02. Três cubos um sobre o outro, com programação visual para

divulgação e publicidades (logos do Museu e dos apoiadores). 03. Banco de madeira disponível para descanso do público. 04. Pilar de madeira de sustentação das tesouras do telhado. 05. Livro de assinaturas e materiais impressos para o público. 06. Painel com texto de parede.

07. Souvenires e banner da AAMT.

08. Quebra-cabeça gigante sobre suporte de madeira, no chão.

Figura 163 – Desenho do espaço interno do prédio da estação com marcações dos espaços ocupados na exposição. Ano: 2011.

Fonte: elaborado pela autora.