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ANEXO A – ORGANOGRAMA ANO: 2009 284 ANEXO B – ORGANOGRAMA ANO: 2011

1.2 PATRIMONIO INDUSTRIAL FERROVIÁRIO

Para entendimento do termo patrimônio, recorremos à noção do mundo romano como referência ao conjunto de bens transmitidos ao filho pelo pai de família (LIMA, 2012) e ao direito romano, que define o conjunto de bens reunidos pela sucessão de bens que descendem dos pais aos filhos, em oposição aos bens adquiridos (DESVALLÉES; e MAIRESSE, 2013). O pai de família detinha o status social de senhor do patrimônio e, assim, assumia o papel de mantenedor das crenças e tradições (LIMA, 2012).

Importante considerar a noção formada a partir da relação patrimônio e sucessão/herança. Este se torna um instrumento regulador que é associado, segundo Lima, ao ‘instituto Preservação’, através da permanência e de “sucessão, emprestado ao

termo Patrimônio, persiste no tempo presente mantendo-se a imagem no conceito de algo transmitido por direito de herança” (LIMA, 2012:34).

A forma e o sentido cultural construídos para criar e estabelecer a ideia de ‘preservação’ e de ‘transmissão’ do bem consolidaram a base do pensar e do agir que se identifica no conceito de Patrimônio, seja na condição de elemento musealizável ou quando já se apresenta musealizado, isto é, sob a forma de Museu (LIMA, 2012:33).

Na Revolução Francesa, com as transformações sociais e políticas é gerada uma nova figura para o Estado francês, a participação do povo. Diferentemente do modelo anterior, se solidifica a figura do cidadão e do coletivo representando a nação, compreendendo a patrimonialização como uma ação de

institucionalização dos bens reais que estabeleceu, alicerçada na noção de tutela com suas regras para a prática da custódia, a legitimação do ato de patrimonializar. Esse procedimento foi seguido durante anos de maneira sistemática pela incorporação nacional dos bens da nobreza, do clero e atendendo a ótica de um Estado laico (LIMA, 2012:34).

O termo ‘patrimônio’ passa a ser designado como “conjunto de bens imóveis, confundindo-se com a noção de monumentos históricos” (DESVALLÉES; e MAIRESSE, 2013), pois é no seio da Revolução Francesa que ocorrem as discussões com relação a transferências dos bens do clero para a nação além da destruição ideológica. Conforme nos alerta Françoise Choay, a transferência de propriedade que trouxe importante marco para a compreensão de patrimônio, porém também gerou novos problemas para a salvaguarda dos mesmos.

Da noite para o dia, a conservação iconográfica abstrata dos antiquários cedia lugar a uma conservação real. A descrição literária e a prancha gravada apagavam-se diante da materialidade própria dos objetos ou dos edifícios a serem conservados (CHOAY, 2006:96).

Considerando as palavras-chave: herança, sucessão, patrimônio e conservação que transformaram o status das antiguidades nacionais, Françoise Choay (2006) considera que o conceito de patrimônio induz uma homogeneização do sentido e de valores.

O valor primário do tesouro assim devolvido a todo o povo é econômico. Os responsáveis adotam imediatamente, para designá-lo e gerenciá-lo, a metáfora do espólio [...] Integradas aos bens patrimoniais sob o efeito nacionalização, estas se metamorfosearam em valores de troca, em bens materiais que, sob pena de prejuízo financeiro, será preciso preservar e manter. Não dependem mais de uma conservação iconográfica (CHOAY, 2006:98).

A perspectiva do modelo coletivo, impulsionado pelo episódio francês, passa a considerar o sentido de sucessão dado ao Patrimônio chegou até os dias de hoje

consolidado como transmissão de um valor aplicado aos grupos sociais, a sua vez compreendidos na qualidade de legítimos sucessores de um processo de referências culturais particulares procedentes de seus ascendentes, e que se transmite às gerações futuras (LIMA, 2012:35). Reunida em Paris, em 1972, a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, diante da constatação que o patrimônio cultural e o patrimônio natural estão ameaçados de destruição, definem como patrimônio cultural:

Os monumentos – obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos de estruturas de caráter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência;

Os conjuntos – grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude da sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem tem valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os locais de interesse – obras do homem, ou obras conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológicos, com um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico. (Carta...1792)

Interessante observar que a partir de então o patrimônio, “inserido na categoria de nacional, tornou-se objeto de inclusão e tratamento em categoria internacional’ (LIMA, 2012: 36). Observa-se também que o texto faz menção à ciência, mas não a tecnologia.

Em 2003, na “Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural e Imaterial”, consolida-se o Patrimônio Intangível, deste modo o texto da Convenção define:

Entende-se por ‘patrimônio cultural imaterial’ as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Para fins da presente Convenção, será levado em conta apenas o patrimônio cultural imaterial que seja compatível com os instrumentos internacionais de direitos humanos existentes e com os imperativos de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos, e do desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2006).

A presença reconhecida dos seres humanos falando de suas comunidades, sua diversidade, destacando o lugar e a experiência individual, “nas suas múltiplas formas de interpretação da realidade, nas suas práticas variadas, nas suas representações pertinentes, vivenciadas e expressas no mundo da materialidade e da intangibilidade” (LIMA, 2012:37).

Porém, mesmo o reconhecimento do patrimônio imaterial ter impulsionado uma definição mais ampla de patrimônio, muitos conjuntos móveis e imóveis importantes para a identidade das cidades, foram destruídos, pois não considerou utilizar a comunidade como fonte, perdendo referências importantes do modo de produção e da tecnologia.

Entre o século XIX até meados do século XX, a seleção para determinar o elemento a ser preservado como Patrimônio ainda lançava mão de parâmetros que não refletiam a história e as atividades de agentes sociais, como, por exemplo, operários, mineiros, oleiros, moleiros, [ferroviários] (LIMA, 2012:37).

A compreensão do patrimônio industrial como memória surge com as exigências impostas pela Revolução Industrial e por acentuadas mudanças decorrente do ritmo da modernização dos setores, que transformam cenários e organizações estruturais das empresas. O que significa que a cada etapa de mudança, ocorrem alterações de ordem técnica, financeira e jurídica, no processo de patrimonialização, sendo que “podem coexistir fases estruturais diferentes, determinadas pelo atraso ou avanço dos setores de produção” (ANDREATTA, 2003:1517).

A preocupação com os processos de industrialização torna-se aparentes a partir de 1960, com o caso de destruição dos edifícios da Bolsa de Carvão e da Estação Euston, em Londres, e do Mercado Central de Paris, nos anos 1970. O patrimônio industrial representa o testemunho das atividades humanas e da construção das cidades. O contexto histórico nos oferece informações importantes para a identificação dos bens relacionados ao cenário industrial que devem ser patrimonializados. A patrimonialização, deste modo, faz-se necessária na integração da memória e da cultura a fim de servir como instrumento de preservação.

As definições englobam também as unidades de produção de energia, a sistematização dos meios de transportes e todo complexo de elementos relacionados à fábrica, e não apenas ao local de produção em si. Isso se dá pelo fato de esses dados serem considerados essenciais para a compreensão do processo de industrialização em sua inteireza, a que almejam os estudos dessa temática (KÜHL, 2010:26-27).

A ação de transformar uma antiga estação ferroviária, que abrange um conjunto de edificações, podendo até chegar a incluir gare, armazéns, carros e vagões, locomotivas, pátio de manobras, residências de ferroviários, oficinas, peças de máquinas, entre outros objetos, requer reconhecer o patrimônio industrial e suas características, pressupondo que estudo dos bens de interesse para a preservação tenha sido realizado e o valor tenha sido identificado (KÜHL, 2010).

Para cada fábrica é necessário o conhecimento da história industrial, dos seus setores, bem como de sua evolução geral, abrangendo, inclusive, variáveis como capital, o empresário e sua história, ao de obra, a matéria prima utilizada, as condições geográficas e sociais, além de outros fatores que impliquem a análise do conjunto de todos os testemunhos produzidos (ANDREATTA, 2003:1517).

A legislação patrimonial se organiza nas Cartas Patrimoniais escritas após importantes discussões sobre os méritos da questão. Pode-se observar, na Carta de Veneza, de 1964, a Carta de Nizhny Tagil, Rússia, de 2003, preparada pelo The

Internacional Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (TICCIH), por

exemplo, que apresenta definições sobre o que compreende o patrimônio industrial:

Os vestígios da cultural industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinarias, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação (TICCIH, 2003).

O patrimônio industrial informa sobre a atividade humana. Revelam hábitos, problemáticas sociais, tecnologias, processos de controle do capital intelectual, hierarquização das relações de poder na produção industrial, ou seja, informa sobre o comportamento humano em sociedade.

Marly Rodrigues, da Divisão Técnica do IPHAN, de São Paulo, considera que a não utilização de elementos da unidade fabril na constituição das paisagens local dificultam a constituição de uma representação do processo histórico para fins de perceber o passado como integrante do presente (2010). E indaga se deveríamos esperar a valorização dos espaços fabris através da preservação dos modelos de representação do trabalho organizado em moldes capitalistas, considerando que os mesmos são tidos como menos nobres e revelam práticas de sociabilidade, assim como

os locais de trabalho são lugares de desenvolvimento de identidade profissionais, que concomitantemente, guardam memórias difíceis, como as de cerceamento de vontade, em função da disciplina e eficiência da produção, assédios morais e de tempo roubado ao lazer, à criatividade, enfim, à liberdade de estar solto no mundo (RODRIGUES, 2010:39). Rodrigues esclarece que no caso específico das ferrovias, o tombamento de estações “revela nitidamente a tendência de consolidar uma imagem nostálgica do passado” (2010: 39), delegando uma conotação de esvaziamento de sentido a respeito dos valores relacionados ao desenvolvimento de identidades, ciclos econômicos, saber-fazer, a herança cultural,

desviando as possibilidades de problematização “substituindo-se a verdade pela diferença e incluindo-se a subjetividade como elemento constitutivo dos fatos” (2010:34).

Considerando o grande volume de equipamentos e máquinas que se empilhavam nos pátios, a partir do momento que o governo brasileiro decidiu investir no reaparelhamento do sistema ferroviário, substituindo as máquinas a vapor pelas de tração diesel-elétricas, mais modernas e potentes, também se viu o problema de o que fazer com o que se tornava obsoleto. Sem qualquer atribuição de valor histórico e/ou mecanismo de proteção ao patrimônio ferroviário foi descartado de diferentes maneiras, desde a reutilização do material que fora derretido, a venda para outros setores interessados, até o simples abandono. Segundo o historiador Welber Santos, do ponto de vista do patrimônio cultural, a modernização do equipamento da empresa poderia significar o desaparecimento por completo do patrimônio material.

Desde meados da década de 1960, mas principalmente no decorrer da década seguinte, o acervo material desta estrada de ferro, integrante da Rede Ferroviária Federal S.A. desde 1957, era objeto de observação e interesse por parte de um público de âmbito até mesmo internacional. O final de sua operação comercial, ainda em moldes considerados “arcaicos”, e, por tal motivo, visto como digno de preservação, por guardar traços em franco desaparecimento, levou ao interesse de entidades preservacionistas inspiradas no modelo europeu de conservação e restauro desse tipo de testemunho do desenvolvimento humano (SANTOS, 2013:04).

Conforme já mencionado, são anos e anos em cada etapa do processo de desfazer a estatal ferroviária. Iniciando pela erradicação dos modais na década de 1960, em função da opção pelas rodovias, e a liquidação desdobrada também em etapas na década de 1990. Sendo que a extinção legal da RFFSA se dá apenas em 22 de janeiro de 2007, através da Medida Provisória nº 353, posteriormente é convertido na Lei nº 11.483/2007, quando são transferidos todos os bens imóveis não-operacionais7, para a União, através da Secretaria de Patrimônio (SPU) e, os bens imóveis operacionais, para a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte – DNIT e ao IPHAN. Seguem os artigos:

Art. 2º A partir de 22 de janeiro de 2007:

II - os bens imóveis da extinta RFFSA ficam transferidos para a União, ressalvado o disposto nos incisos I e IV o desta Lei (Redação dada pela Lei nº 11.772, de 2008 do caput do art. 8).

Art. 8º Ficam transferidos ao Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes - DNIT:

I - a propriedade dos bens móveis e imóveis operacionais da extinta RFFSA;

II - os bens móveis não-operacionais utilizados pela Administração Geral e Escritórios Regionais da extinta RFFSA, ressalvados aqueles necessários às atividades da Inventariança;

III - os demais bens móveis não-operacionais, incluindo trilhos, material rodante, peças, partes e componentes, almoxarifados e sucatas, que não tenham sido destinados a outros fins, com base nos demais dispositivos desta Lei.

IV - os bens imóveis não operacionais, com finalidade de constituir reserva técnica necessária à expansão e ao aumento da capacidade de prestação do serviço público de transporte ferroviário, ressalvados os destinados ao FC, devendo a vocação logística desses imóveis ser avaliada em conjunto pelo Ministério dos Transportes e pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, conforme dispuser ato do Presidente da República (Incluído pela Lei 11.772, de 2008).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) recebe a respon- sabilidade de proteger e preservar o patrimônio ferroviário. Como consta no 9º artigo:

Art. 9o Caberá ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -

IPHAN receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural, oriundos da extinta RFFSA, bem como zelar pela sua guarda e manutenção.

§ 1o Caso o bem seja classificado como operacional, o IPHAN deverá garantir seu compartilhamento para uso ferroviário.

§ 2o A preservação e a difusão da Memória Ferroviária constituída pelo patrimônio artístico, cultural e histórico do setor ferroviário serão promovidas mediante:

I - construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos; II - conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros,

sítios e demais espaços oriundos da extinta RFFSA.

O Decreto nº 6.018, de 22 de janeiro de 2007, por sua vez, regulamenta a Medida Provisória nº 353, consequentemente regulamentando a Lei nº 11.483/2007, que dispõe sobre o término do processo de liquidação e então a extinção da RFFSA neste documento, criam a figura do Inventariante para de tarefa de realizar o prévio inventário dos bens provenientes da extinta RFFSA antes mesmo de sua incorporação ao patrimônio da União. Entre algumas atribuições, consta:

Art. 3º Constituem atribuições do Inventariante:

II - praticar atos de gestão patrimonial, contábil, financeira e administrativa, inclusive de pessoal;

V - identificar, localizar e relacionar os bens móveis e imóveis, dando- lhes as destinações previstas em lei, podendo, para tanto, designar comissões específicas;

VII - providenciar o tratamento dos acervos técnicos, bibliográficos, documentais e de pessoal, observadas as normas específicas, transferindo-os, mediante termo próprio, ao Arquivo Nacional ou aos órgãos e entidades que tiverem absorvido as correspondentes atribuições da extinta RFFSA;

VIII - providenciar a regularização contábil dos atos administrativos pendentes, inclusive a análise das prestações de contas dos convênios e instrumentos similares da extinta RFFSA, podendo, para tanto, designar comissões específicas;

A Inventariança é uma organização transitória que terminará logo após o inventário do espólio da Extinta Rede for concluído (LUZ, 2011), porém ainda em 2016 encontra-se em plena atividade, mergulhada em atividades de identificação, definição, inventário, relatórios a fim de enquadrar cada item do bem patrimonial.

Ainda sobre o Decreto nº 6.018/2007, determina-se a transferência dos bens da extinta RFFSA para diferentes órgãos e destinos, a saber: à Advocacia-Geral da União; à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda; ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT); à VALEC (Empresa Pública de Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.) e à Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT). Assim como compete a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a subdelegação dos bens repassados, representando a União nos procedimentos de registro cartoriais. Deste modo, delega ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) atribuição específica de preservar a memória ferroviária. Diz a Lei nos artigos 5º e 7º:

Art.5º durante o processo de inventariança serão transferidos:

IV - ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN: a) os bens móveis de valor artístico, histórico e cultural, oriundos da

extinta RFFSA; e

b) os convênios firmados com entidades de direito público ou privado que tenham por objeto a exploração e administração de museus ferroviários e de outros bens de interesse artístico, histórico e cultural;

Art. 7º O IPHAN deverá solicitar ao Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão a cessão de uso dos imóveis que forem de seu interesse, para o cumprimento do disposto no art. 9º da Medida Provisória nº 353, de 2007.

Parágrafo único. O IPHAN poderá solicitar a cessão de bens imóveis de valor artístico, histórico e cultural, para utilização por outras entidades de direito público ou privado com o objetivo de perpetuar a memória ferroviária e contribuir para o desenvolvimento da cultura e do turismo. Segundo a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), foram transferidas a União cerca de 52.000 unidades8 correspondentes terrenos e edificações não-operacionais, distribuídos em 19 estados brasileiros. Os bens não cadastrados ainda estão sendo inventariados. Tarefa de fôlego que exige desde a vistoria minuciosa dos bens, avaliação, regularização, incorporação até a destinação ao órgão específico. Também publica manual com informações sobre o Programa de Destinação do Patrimônio da Extinta RFFSA para Apoio do Desenvolvimento Local, disponível para consulta no site9. O material informa sobre o programa de apoiar ações em áreas de desenvolvimento social, urbano e

8 Dados disponíveis para consulta no site oficial do SPU.

ambiental mediante a regularização, cessão ou compartilhamento da gestão do imóvel da União oriundos da RFFSA.

A Coordenação Técnica do Patrimônio Ferroviário do IPHAN informa que os dados preliminares da Inventariança da extinta RFFSA, oferecidos no momento de transição das responsabilidades de preservação, afirmavam um universo de bens classificados como históricos. Entre eles:

[...] 31.400 metros lineares de acervo documental, 118.000 desenhos técnicos, 74.000 itens bibliográficos, e um incalculável número de bens móveis espalhados nos escritórios regionais da RFFSA, em almoxarifados, depósitos e pátios. Além destes, também são objeto de análise e avaliação por parte do IPHAN os bens concedidos durante o programa de desestatização da RFFSA (CAVALCANTI NETO, CARNEIRO, GIANNECCHINI, 2012).

Importante destacar que o uso da expressão memória ferroviária pela na Lei 6.018/2007, aproxima do ato de preservação do patrimônio material10, a compreensão do patrimônio imaterial e a abrangência das implicações para com os envolvidos com a RFFSA. O IPHAN disponibiliza em seu site oficial11 verbetes do Dicionário do Patrimônio Cultural, entre eles o de memória ferroviária a seguir:

Formulada dentro do parlamento brasileiro com a intervenção das associações de ferroviários, a categoria memória ferroviária foi aplicada por meio de política pública para agir na preservação do patrimônio ferroviário.