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Faixa de renda 1%

No documento Corpo e identidade feminina (páginas 41-45)

A pesquisa procurou classificar a renda de acordo com o banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas não obteve uma classificação da faixas de renda. No entanto, segundo o instituto citado, os 40% mais pobres ganham em média R$ 149,85 e os 10% mais ricos apresentam um rendimento médio de R$ 2.744,30. (Síntese de indicadores sociais de 2002, pg. 102, disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/indic_sociais200 2.pdf, acesso em 28 de março de 2006 )

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Ver discussão no item 5.1.2 Existência do culto ao corpo e suas justificativas para as entrevistadas, em especial, item “e”, Competição e Cobrança Social.

Gráfico 6 - Distribuição das Entrevistadas, segundo a faixa de renda

Faixa de renda

1% 1% 9% 21% 62% 6% até 780 781 a 1.300 1301 a 2.600 2601 a 5000 mais de 5000 não respondeu

No entanto, devido ás inúmeras questões que envolvem a cultura do corpo na atualidade, optamos por examinar em profundidade apenas um estrato social; assim, a

pesquisa acabou restringindo-se às mulheres de classe social mais abastada. Como toda escolha, há aqui perdas e ganhos, pois se a comparação entre dois setores poderia ser muito rica, também poderia limitar a compreensão dos dois universos, obscurecendo pontos importantes e tornando o trabalho demasiadamente extenso.

De todos os indicadores que visavam delinear nossa amostra, este foi o mais complicado de ser aferido, por vários motivos. Em primeiro lugar, a pesquisadora optou por deixar que as entrevistadas indicassem, de modo livre (sem alternativas a serem assinaladas), o quanto investiam em cuidados estéticos. Isto gerou muita variação dos valores declarados, o que fez com que a pesquisadora procurasse agrupá-los por faixas, que ainda assim, tornou difícil a visualização dos dados. Mas o problema central é que as mulheres sentem-se inibidas a declarar abertamente os gastos com cuidados estéticos, talvez temendo algum tipo de julgamento moral por parte da sociedade mais ampla. Além do mais, muitas mulheres não incluíram o valor da mensalidade de R$ 270,00, ou por serem funcionárias da Cia Atlhética (o que as desobriga do pagamento da mensalidade), ou por terem a academia paga pelo marido.

Outras declararam um valor bem abaixo do verdadeiro, fato que foi percebido durante as entrevistas gravadas, pois, a maioria delas, recorre a serviços como drenagem linfática, que custa em média R$ 70,00 e que é feita semanalmente por muitas mulheres da amostra. Outras declararam gastar entre R$ 410,00 e R$ 800,00, mas comentaram com a pesquisadora terem feito aplicação de botox (substância que paralisa os músculos da região da face, evitando contrações musculares e, portanto, rugas), que custa R$ 780,00, ou que compraram cremes

Gráfico 7 - Gastos com cuidados estéticos Gastos com estética

13% 13% 4% 5% 18% 11% 8% 9% 19% de 100 a 400 de 410 a 800 de 810 a 1100 de 1110 a 1400 de 1410 a 1700 de 1710 a 2000 de 2310 a 2500 acima de 2500 não respondeu

faciais como La Prairie, feito à base de caviar beluga e que custa por volta de R$ 1.200,00. A maioria também faz uso de cosméticos que prometem inibir a celulite, que em geral, são caros, ainda mais se forem de grife.

Assim, ainda que possamos agrupar os valores declarados em três faixas, para melhor visualização – de R$ 410,00 a 1.100,00 reais, 30% das entrevistadas; de R$ 1.100 a R$ 2.000,00, 34% e acima de R$ 2.000,00, 17%- devemos levar em conta que provavelmente, a maioria da amostra pesquisada gasta bem mais com cuidados estéticos do que o declarado15.

b)ANALISANDO E CORRELACIONANDO OS INDICADORES

Uma vez estabelecidos os indicadores centrais, era preciso ver as relações entre eles e, na medida do possível, esboçar uma interpretação das mesmas. O trabalho de analisar os dados e ordená-los fez emergir as seguintes correlações:

• Renda e Faixa Etária.

• Renda e Exercício da Profissão. • Renda e Escolaridade.

• Escolaridade e Desemprego

• Renda e Não Exercício da profissão.

• Renda, Estado Civil e Exercício da Profissão.

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A revista “Veja São Paulo” de 03 de julho de 2002 divulgou como matéria de capa que algumas mulheres gastam entre R$ 6.000,00 e 15.000,00 por mês para manter a boa forma. Os rituais de beleza destas mulheres (que chegam a somar 6 horas diárias) incluem banho de imersão de leite de cabra para manter a pele clara e jovem, lavagem dos cabelos semanal em salão com água mineral importada, aplicações de laser para estimular a produção de colágeno, academia, personal trainer, terapia ortomolecular, sessões de massagem, entre outros. Se levarmos em conta a alta renda e a inserção social das mulheres pesquisadas para o escopo do presente trabalho, a pesquisadora acredita que muitas das entrevistadas encaixam-se no perfil da reportagem acima citada.

Observando-se os dados referentes à renda e à idade, pode-se perceber que tanto a faixa (indicada pela cor ameixa) que vai de R$ 2601,00 a 5000,00 quanto acima de R$ 5000,00 correspondem às mulheres que estão na faixa de 29 a 39 anos.

Ainda com renda superior a R$ 5.000,00, temos também uma parte expressiva (indicada pela de cor amarela) que corresponde à faixa etária entre 40 e 0 anos e 51 e 61 anos (azul).

Levando-se em consideração que o ingresso no mercado de trabalho se dá, para a classe média-alta e alta, por volta dos 20 anos, e que ainda para a mulher a aposentadoria por idade acontece a partir dos 55 anos, as faixas com maior concentração de renda decorrem do exercício da profissão, configurando-se assim o nosso próximo item de análise.

Gráfico 8 - Distribuição segundo renda e faixa etária

Distribuição das Entrevistadas, segundo a renda e a faixa etária

0 5 10 15 20 25 781 a 1 .300 1301 a 2.60 0 2601 a 500 0 mais de 50 00 18 a 28 anos 29 a 39 anos 40 a 50 anos 51 a 61 anos 62 a 72 anos não respondeu

De fato, comprovou-se que entre os 67,5% das que trabalham, 72% ganham acima de R$ 2600,00. As atividades profissionais mais citadas por estas mulheres foram:

Professora de Educação Física: 9; Professora: 6; Veterinária: 2; Publicitária: 2, Psicóloga: 2 e Administradora de Empresas: 2.

As demais foram: esteticista, empresária, corretora de imóveis, nutricionista, médica, arquivista, advogada, procuradora do Estado, gerente de importação, fisioterapeuta, lingüista, economista, artista plástica e jornalista.

Podemos ver que, comparativamente, os gráficos não indicam mudanças profundas na relação entre renda e escolaridade. Se for verdade que aquelas com nível superior (59%)

Gráfico 8 - Renda de quem está profissionalizada

Gráfico 9 - Renda das entrevistadas com nível superior

Gráfico 10 - Renda das entrevistadas com nível médio

No documento Corpo e identidade feminina (páginas 41-45)