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1.4 Recorte empírico: uma elite de dirigentes políticos

1.4.5 A Família Furtado

Na família Furtado, começamos a buscar dados a partir de seu Manuel da Silva Furtado, avó de Cláudio Furtado (BOX 8), através de seu inventário instaurado em 1948 e do seu neto Claudio Gervásio Furtado (1925 – 1996). Não foi encontrado inventário de Felipe da Silva Coelho (1884-1977), casado com Joana Emília da Fonseca Coelho. Também tivemos acesso ao inventário de Adalgisa Emília da Fonseca Coelho, filha de Felipe e Joana Emília.

33 Do geógrafo Jônatas Rodrigues Pereira. O texto foi retirado do livro “Diário de Vovô Pedro”, João Pessoa,

Claudio Gervásio casou com Elisa Elísia dos Santos Venâncio, sua prima e filha de Jeremias Venâncio dos Santos e Francisca Emília da Fonseca dos Santos. Foi um grande proprietário rural e também ingressou na política local e assumiu cargos como vereador, presidente da câmara municipal e prefeito. Dois de seus descendentes também ingressaram na política e assumiram cargos como vereadores e secretários municipais. Os demais descendentes entrevistados informaram que não tinham interesse em permanecer na política.

Em entrevista em agosto de 2017, em Brasília, Ângela Furtado, filha de Cláudio e Elza Elísia afirma:

Então quanto a história da política eu sou uma das que gosta menos de política, entendeu? Não gosto muito não. Não sei pedir voto, aquela história de pedir voto e não sei o que. Giovani gosta de política, Suzana gosta, Cláudia gosta mais do que eu, mas eu participava das campanhas, né, porque tava dentro ali e tudo, até ajudei depois que me formei indo pra Cuité fazer atendimento aquelas história mas, eu não gosto muito de política não. (Ângela Furtado, entrevistada em 01/08/2017)

Box 8: Perfil de Claudio Gervásio Furtado

CLÁUDIO GERVÁSIO FURTADO nasceu no dia 18 de maio de 1925, no sítio Malhada de São

Domingos, município de Cuité. Filho de Felipe da Silva Coelho e Joana Emília da Fonseca Coelho teve como irmãos Benedito, Feliciano, Joventino, Adalgisa, Maria Emília e Herondina.

Casou-se com D. Elza Elízia Fonseca dos Santos Furtado no dia 29 de setembro de 1951. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: Cláudia: Médica residente na cidade de Campina Grande; Ângela: Médica pediatra residente na cidade de João Pessoa; Suzana: Fisioterapeuta e Professora da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) em Campina Grande. Geovane: Vereador na cidade de Cuité e; Jeremias: Pecuarista, residente em Cuité.

O Senhor Cláudio Gervásio Furtado foi um cidadão de comportamento e valores exemplares, seja como pai de família, esposo, proprietário rural, desportista, amigo e político. Seu jeito de ser, sua maneira de agir, tornou-o um dos exemplos de cidadão públicos desta terra.

Em 1959, aos 34 anos de idade ingressou na vida pública cuiteense. Logo no primeiro pleito eleitoral foi eleito vereador no dia 2 de agosto daquele para o quadriênio 1959-1963.

Sua exemplar conduta na Câmara de Vereadores de Cuité o levou a concorrer nas eleições de 1963, desta vez no cargo de Administrador do Município, ou seja, Prefeito, pelo PTB. As eleições ocorreram no dia 11 de agosto de 1963, sendo eleito com uma diferença de 120 votos para seu opositor, o Senhor José Ernesto dos Santos, para os anos de 1963 a 1968. A Administração do Senhor Cláudio Furtado, foi marcada por diversas obras no município de Cuité, entre as quais podemos citar as seguintes: Construção de dez mil metros de calçamento; Conseguiu o saneamento da água, através da fundação SESP; Junto com a esfera estadual, inaugurou no dia 31 de dezembro de 1966, a Energia Elétrica de Cuité (Dia de muita festa na cidade); Construção de diversas estradas na zona rural do município; Construção de escolas por todo o município.

Enfim, a administração do saudoso Cláudio Furtado foi marcada pelo progresso e dinamismo de um cidadão que amava seu torrão natal.

Nas eleições de 15 de novembro de 1972, vota a candidatar-se ao cargo de Prefeito. Foi eleito com uma diferença de 112 em relação ao seu adversário, Dr. Antônio Medeiros Dantas, para o mandato de 1972 a 1976.

Entre as obras neste seu segundo mandato, destacam-se: Conclusão do Matadouro Público Municipal; Recuperação do Mercado Público Municipal; Conclusão do prédio do Hospital Infantil e; Calçamento em ruas e no centro da cidade.

No entanto o que marcara a administração municipal de Cláudio Furtado foi à luta e a implantação junto aos órgãos federais, da Agência do Banco do Brasil e a representação da sede do antigo INPS. Outro ato nobre do Senhor Cláudio Furtado, foi a doação dos terrenos dos poços de abastecimento d‟água e da antiga Estação de Energia Elétrica.

Além de homem público, era um dos maiores proprietários de destaque de terra no município. Quando o “Ouro Verde” alcançou seu auge no município de Cuité durante as décadas de cinquenta a oitenta, sendo esta cultura o centro de geração de empregos na região cerca de setenta famílias trabalhavam em suas propriedades. O “Ouro Verde” se trata da cultura do Sisal, cultura esta que transformou para sempre a economia do município por décadas. Pela sua capacidade de grande administrador e agricultor, recebeu ao longo dos anos diversos títulos de Honra ao Mérito, como grande produtor desta cultura no município.

Tentou concorrer para um terceiro cargo de Prefeito nas eleições de 1982, mas não obteve êxito, sendo derrotado pelo Dr. Jayme Pereira da Costa Filho, do PDS.

Também foi Diretor de honra da agremiação esportiva, Cuité Esporte Clube, por certo período. Paixão que também o acompanhava por sua vida. O Senhor Cláudio Furtado faleceu no dia 4 de junho de 1996, entrando para sempre na História de Cuité, como exemplo de homem público, honesto e justo, a ser seguido pelas gerações futuras. Agradecemos ao "Museu do Homem do Curimataú" por gentilmente ceder algumas fotografias do Sr. Cláudio Furtado

Fonte: Blog História de Cuité34

A família Furtado é também uma família extensa, vários dos filhos de Manuel da Silva Furtado não permaneceram no município. O processo de inventário de Manuel da Silva Furtado, viúvo, o de cujus35 foi casado com Joanna Maria da Silva Coelho, foi aberto em 1948, alguns meses após o seu falecimento em novembro de 1947, aos noventa e dois anos. Foi informado nos autos do processo de inventário que ele tinha deixado quatorze herdeiros: Afonso da Silva Furtado, Felipe da Silva Coelho, Belisio da Silva Furtado, Maria Amélia da Silva Coelho, Maria Minervina da Silva Coelho, Augusto da Silva Furtado, Abílio da Silva Furtado, Josias da Silva Furtado, Josué da Silva Furtado, Alzira Angelina da Silva Coelho, Joana Aurora da Silva Coelho, Miguel da Silva Coelho, João Furtado Sobrinho. Alguns já moravam em outras localidades e também já tinha falecidos. Quanto aos bens foram declarados imóveis foram: uma parte de terra situada na propriedade Malhada de São Domingues situada no município de Santa Cruz – RN, uma parte de terra situada na propriedade Lage Formosa situada no município de Cuité, uma casa de nº 28, localizada na Praça Barão do Rio Branco36, município de Cuité. E os bens semoventes declarados foram duas vacas: uma solteira, uma vaca de garrote e dois novilhotes. Também informou que tinhas dívidas referentes as despesas com remédios e que seriam apresentadas.

34 Do geógrafo Jônatas Rodrigues Pereira. Disponível em http://historiadecuite.blogspot.com.br/2010/07 Acesso

em 09 de agosto de 2017.

35 "De cujus" é uma expressão forense que se usa no lugar do nome do falecido, e autor da herança, nos termos

de um inventário.

Nos inventários mais antigos algumas informações não aparecem, como por exemplo, o nome da viúva de Manuel da Silva Furtado, que só foi localizado no inventário de sua neta, ainda em andamento, Adalgisa Emília da Fonseca Coelho37, falecida em 2012, aos noventa e oito anos, solteira e sem filhos, os seus herdeiros são os seus sobrinhos. Consta em seu Registro de Nascimento uma averbação constando que a falecida era interditada, desde 2007, e tinha como curador o seu irmão Benedito Furtado da Silva Coelho.