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Como qualquer projecto de design, a criação de um livro de fotografia começa com a definição do problema que o designer tentará, por meio da sua intervenção, solucio- nar. Apesar de ser muitas vezes descurada, esta é uma fase fulcral, pois determina os pressupostos, o contexto e as expectativas que circunscrevem o projecto.

Trata-se de um projecto “auto-iniciado”, inscrito num contexto editorial indepen- dente, fruto de uma proposta de colaboração, onde não existe um pedido externo, a entrega de um briefing ou a figura do cliente.

A primeira fase consistiu, por isso, na definição do problema. Para tal recorreu- -se á etnografia,190 realizando várias entrevistas exploratórias (sem guião) ao fotógrafo e estudos de caso das suas referências autorais.

Nas entrevistas iniciais, feitas ao fotógrafo, de forma exploratória (sem recurso a gravação vídeo ou sonora) tentou-se compreender o seu percurso, o seu processo de tra- balho e a sua forma de fotografar. Passemos a uma síntese dos resultados das entrevistas.

4.3.1.

Entrevista 1. Foco: Biografia

Luís Barbosa nasceu a 18 de Agosto de 1975, no Porto, cidade onde tem vivido e trabalhado desde então. Iniciou a sua actividade fotográfica por volta de 2ooo, tendo concluído a sua formação no ano de 2oo3, aquando da finalização do Curso Profissio- nal de Fotografia realizado no Instituto Português de Fotografia (IPF), no Porto. Em 2oo7, foi convidado pela mesma instituição a leccionar aulas de Composição, e em 2o1o, História da Fotografia, nos cursos de nível Profissional e Básico. Anterior a 2ooo trabalhou na loja Fnac (St.a Catarina, Porto) na secção de livros de fotografia e arte e

noutros tantos trabalhos temporários que se traduziram em experiências, quase sem- pre, enriquecedoras.

Após terminar a sua formação profissional e durante algum tempo, fez reporta- gens com intuito comercial, no Estádio do Dragão e no Palácio da Bolsa, e colaborou com alguns jornais locais, como o Bonfim Actual, o Gaiense, entre outros.

Paralelamente ao seu percurso como formador, entre 2oo6 e 2oo9, desempenhou funções como assistente de fotografia de Vergílio Ferreira (fotógrafo português), tendo ainda colaborado na pré-produção da sua edição de autor, Daily Pilldreams (2oo7).

A partir de 2oo8 iniciou a cobertura fotográfica de vários eventos culturais por- tuenses – Nomadic, Future Places, Festival do Norte, Manobras no Porto – a convite das entidades competentes, actividade que mantém de edição para edição, até hoje. Ac- tualmente, colabora com algumas agências – a grega Invision(fotografia documental), a americana WIN-iniciative e a londrina OnImage (fotografia autoral).

Já apresentou o seu trabalho publicamente e/ou as suas referências, na Fnac, em 2o12, a convite de Alexandre Souto, sobre o mote “Conversas sobre fotografia”. em 2o13, no El Corte Inglés; e, no mesmo ano, no festival Future Places, onde apresentou o seu registo fotográfico das seis edições deste festival. Nestes momentos o autor foi reflectindo sobre a sua prática ao mesmo tempo que analisando as suas referências.

Actualmente, assume-se como fotógrafo freelance e mantém a sua actividade co- mo formador no IPF, embora augure trabalhar futuramente de forma mais intensa num registo autoral.

Uma pesquisa na internet sobre o autor permite-nos dizer que evita expôr a sua biografia. Não encontramos mais do que duas linhas de texto sobre si no site e blog pessoal; Interrogamo-lo acerca do porquê desta opção, ao que nos respondeu “prefiro que as fotografias falem por si(...) não gosto muito de falar sobre as imagens e sobre mim” e “a fotografia conta, mas esconde ainda mais do que aquilo que conta”.

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Entrevista 2. Foco: Trabalho e autoria

(síntese de múltiplas conversas ao longo do processo colaborativo compiladas e descritas pela autora da dissertação com base em anotações).

-jornalista, autoral, documental?”, admite que é fotógrafo (ponto final) não gosta de falar da fotografia à sombra de rótulos.

Nunca teve objectivos muito delineados na sua “carreira”. O seu percurso foi-se fazendo “caminhando” sem grande esforço promocional do autor. As oportunidades de trabalho acabaram por se encadear entre conexões de pessoas, lugares e institui- ções, numa espécie de “bola de neve”.

Apesar de já ter trabalhado “a pedido” com uma actividade que se enquadrava na reportagem comercial, esse não é o registo que melhor o define. Gosta de “trabalhar em liberdade” – sem briefing, sem cliente, sem prazos, sem mercado, sem pressão – do tema à execução técnica.

Não reflecte muito sobre a “temática” e talvez por causa disso não procure a publicação/exposição – visualização do seu trabalho numa perspectiva de conjunto ou série. Apesar disso, existem “temas” ou “motivos” recorrentes. O Homem e a Socie- dade em desiquilíbrio (Signs of time, 2oo8; No info, 2oo8; Alienology, 2o1o), a Natureza (Pure Objects, 2oo9), o confronto entre Homem/Natureza (PhaseXXI, 2oo4; Return, 2oo8; Vertical Melancholia, 2o13), o Mar (See Sea, 2o11), a Pobreza (Zero, 2o13), a Mor- te, a Solidão, em imagens quase sempre momentâneas, pouco ou nada preparadas, que resultam numa composição desiquilibrada, perturbada e pouco estudada. Há, por isso, uma “prevalência do simbolismo sobre a técnica” – com imagens pouco nítidas, ruidosas, “com grão”. Prefere o preto e branco – a fotografia “com carga”, “dramática”, “densa” – e, por isso mesmo, são pontuais as suas fotografias a cor.

O seu registo assemelha-se à fotografia de rua e aproxima-se do documental, pelo pendor realista, franco e cru. Procura a luz, o momento e o fugídio. Aprecia a inquie- tação e o dúbio – o que faz pensar, que questiona e que não é claro.

Gosta de imagens solitárias ou “âncora” (como lhe gosta de chamar), que “exis- tem por si”. Admite alguma dispersão e acredita que esta se deve à sua compulsão por fotografar: “um acto curioso e desassossegado”. Por várias vezes comparou o seu percurso profissional à sua vida, referindo “uma série de ciclos por fechar. Coisas que garante começar e nunca conseguir finalizar, por falta de insistência, inconstância ou devido a uma certa insegurança. Característica que o faz abrandar e por vezes retro- ceder, quase que em sentido contrário à dinâmica e paixão com que investe na fase inicial de cada projecto.

Diz que o seu processo de trabalho é muito emocional, temperamental e intuitivo, à semelhança de si. Não tem especial interesse pelo método – racional e sistemático – e reconhece que nem sempre é simples perceber como trabalha e “aceitar” o seu ritmo. Já fotografou em filme, com as câmaras Pratika e Nikon, mas rendeu-se há al- gum tempo ao digital, da Canon 7D à compacta Fujifilm x2o e, mais recentemente, à câmara do telemóvel Nokia C2 e do smartphone Iphone 4. Para editar as suas imagens utiliza o programa Silver Effects (NIC softwares) e mais raramente o pacote Adobe (Brid- ge e Photoshop).

Socorre-se, algumas vezes, de referências autorais para explicar o que aprecia e o que lhe serve de inspiração. Gosta de Daido Moriyama, Henri Cartier-Bresson, Paulo Nozolino, David Jiménez, Michael Ackerman, Josef Koudelka, entre outros. Os mo- tivos não são sempre os mesmos. De Nozolino gosta da “narrativa da própria obra” e “do discurso sobre o trabalho”, de Moriyama “a violência e a densidade”, de Ackerman “a carga dramática”.

Estas sucessivas conversas foram decorrendo ao longo de todo o processo, em- bora a questão da definição autoral do fotógrafo tenha sido mais explorada nesta fase inicial, momento em que parecia importante à designer, investigar e clarificar o con- texto em que iria trabalhar. Este processo foi sendo alimentado, a par das conversas/ entrevistas presenciais, por telefonemas, emails e mensagens. Uma abertura e aces- sibilidade que potenciou a troca de referências, entre a designer e o fotógrafo – em forma de vídeos, entrevistas a autores, livros sobre fotografia, imagens, links, sites, etc. Uma fase enriquecedora e reflexiva para ambos, à qual se somou o levantamento e análise do trabalho fotográfico, distribuído através de plataformas online, das redes sociais como o facebook pessoal, o LinkedIn ao blog (http://passageintime.wordpress. com/) e site (http://luisbarbosaphotography.com/) do Luís Barbosa.

Este estudo do autor (da autoria fotográfica), da forma como o próprio fala da sua obra e a forma como a comunica através destes canais, foi determinante para a definição do próprio problema.

O fotógrafo não tinha, até ao momento, qualquer material em formato publicação, seja livro, catálogo ou portfólio. A divulgação do seu trabalho tem sido feita maioritaria- mente, por plataformas online, em formato digital. O site foi concebido para contactos profissionais, e o blog ou facebook pessoal, para um acompanhamento do seu trabalho mais imediato e actualizado; o conteúdo de ambos é de resto muito distinto. No site

fig. 75

Home-page site pessoal do autor © Luís Barbosa

nota-se um esforço de “mostrar” uma maior consistência entre imagens, apresentan- do trabalho em modo série (com título, enquadramento dado por uma descrição em texto bilingue) e uma aproximação à sequência de leitura pretendida para o conjunto de imagens. Os trabalhos apresentados datam de 2oo4, como por exemplo Phase XXI, até ao ano de 2o13, com a série Untitled (with glass).

Por sua vez, o blog, que tem o título passage in time191 actualizado com maior frequência, contém mais trabalho e constrói-se num registo muito distinto, quase diarístico, próximo do seu facebook pessoal. Aqui são colocadas imagens, mais ou me- nos aleatórias, avulsas, sem enquadramento teórico ou até mesmo títulos; um regis- to experimental que, segundo o autor, dispensa grandes reflexões, são “fragmentos”, partes do que vai vendo que merecem registo e que, por isso, partilha. A série de foto- grafias realizadas sem recurso à tradicional câmara fotográfica (através da câmara do telemóvel ou do smartphone) são as suas publicações mais recentes, e parecem estar a ganhar expressão no conjunto da sua obra. As fotografias que são publicadas no seu facebook constam muitas vezes do blog, uma duplicação de informação que, na situa- ção inversa, não se verifica, dado que no blog o autor utiliza “um filtro”, fazendo uma selecção das suas “melhores chapas”.

O facebook pessoal é outro canal de divulgação do seu trabalho, semelhante ao blog e com uma dinâmica maior (sobretudo pelo feedback, quase imediato, que conse- gue receber). Os gostos e os comentários adensam-se e são presença constante no feed de notificações. Uma influência positiva para o trabalho do autor que, embora diga que “não trabalha em função do público”, parece receptivo às suas críticas e as suas respostas são sinónimo disso. O facebook, ao associar a vida pessoal do autor com o seu trabalho, permite também uma ligação maior com o público e o estreitamento dessa relação (muito embora virtual). Resumindo, o seu trabalho tem que ser analisado à luz dessas circunstâncias – há uma rede de contactos alargada, de família a alunos ou pessoas conhecidas que o seguem diariamente.

Foi importante esta reflexão – dos canais e do tipo de comunicação – feita sobre o trabalho pelo próprio fotógrafo (apesar de ser um autor que a designer já seguia, sobretudo pelo facebook). E, em simultanêo, as conversas que foi tendo, permitiu uma contextualização do problema, tornando-o mais abrangente e menos viciado.

Outro dos principais objectivos desta etapa foi perceber o ponto de situação ac- tual da carreira do fotógrafo, e o que o formato livro representaria neste contexto. Para tal a investigadora prosseguiu com algumas entrevistas informais ao autor (no mesmo registo das anteriores), embora este tenha sido um dos pontos críticos do processo, uma vez que foi necessário muito diálogo e discussão para se chegar a um entendimento dos objectivos da publicação, que definiram o seu conteúdo editorial.

Entrevista 3. Expectativas e objectivos do livro de fotografia

Para estruturar esta conversa, recorreu-se a um modelo de entrevista, disponível no livro Publish your Photography Book (Himes e Swanson, 2o11:2o2). Foram várias as tentativas de ver respondidas estas questões mas o autor, em quase todos esses mo- mentos, dizia que não sentia que era a altura certa para o fazer, e ao fim da terceira pergunta, a resposta era invariavelmente “ainda não consigo responder a nada disso”. Os motivos eram vários: incertezas relativas ao conteúdo do livro, dúvidas quanto à repercurssão que poderia ter a publicação do seu trabalho em formato livro. Em suma, o “não sei o que quero com isto”, “não sei bem onde isto me levará” e “não sei como vai resultar”.

Apesar da persistência de dúvidas e inseguranças, algumas perguntas foram en- contrando resposta e a seu tempo. Conseguimos compilar as mais importantes:

“1. Porque é que queres um livro com as tuas fotografias?

– Porque é algo que fica. Marca a história do autor (...) com o livro ela existe, há algo físico (...) que concretiza o corpo de trabalho. Vejo-o como uma espécie de filho (...) motivo de orgulho. O livro é uma nova motivação e a existência de reconhecimen- to. É o “formato de ouro” dos fotógrafos.

2. Consegues descrever o teu livro numa frase?

– Não, mas quero que ele seja como o acto de fotografar (...) como a minha fotografia... que mostre a minha curiosidade! Inquietude, desassossego, exorcismo, obsessão, procura.

3. O que é que falta fazer e quando é que pensas completar o projecto?

– Falta tudo! Isto é um processo muito mais complexo do que pensava... ainda estou a mergulhar nos arquivos... a perceber o que quero ver em livro (...) são milhares de fotografias (...) isto está-me a obrigar a procurar/encontrar coisas que eu já nem me lembrava... porque eu guardo tudo o que fotografo... e eu fotografo todos os dias. Aca- bo quando isto estiver feito (...) não sei quando será (...) depende das tuas datas (risos).

4. Quem seria um colaborador ideal para este livro?

– Não sei muito bem, talvez o Alexandre Souto (IPF), sei que ele gosta do meu trabalho, era possível escrever sobre ele... mas não sei se não prefiro algo mais pessoal. Sem interferências de ninguém (...) ainda temos de ver isso.

5. Descreve e quantifica o público deste livro.

– (risos) Os meus alunos... não consigo ver muito para além deles... eles sei que vão comprar o livro(...) essa pergunta é impossível de responder, eu não tenho noção do meu público (...) por isso é que a fotografia é para mim um acto muitas vezes “mas- turbatório”(...) não penso muito no que gostam ou não (...) as imagens têm de fazer sentido para mim.

6. Consegues imaginar o livro? Que aspecto terá?

Afirmações como “eu quero um livro com as minhas fotografias” foram disse- cadas nos três elementos da frase: “eu”/ fotógrafo, “livro”/ um objecto no seu direito e as “fotografias”/ o conteúdo básico do livro. A autoria que já se tinha investigado e explorado não era crítica, mas os outros elementos precisavam de resposta urgente para conseguirmos esclarecer as motivações e objectivos da realização deste livro. Para já, o autor antevia a possibilidade de estabelecer novos contactos profissionais através do envio do livro para galerias e agências de fotografia, com o objectivo de divulgar o seu trabalho, principalmente fora do país. O livro seria, portanto, um meio de chegar a uma audiência maior e mais especializada, não tanto através da sua venda mas mais através das possíveis exposições ou parcerias que daí iriam resultar. O livro poderia funcionar “como um corpo de trabalho próprio, com a facilidade de ser portátil e fixo”, em oposição ao site, por exemplo.

O principal objectivo seria então, um misto de “portfólio-monografia”, “best-off,” “compilação das melhores chapas” adicionado ao esforço de “elevar o trabalho ao pró- ximo nível”, para isso seria importante, manter uma certa coerência formal e temática com o que vinha fazendo até então. Um trabalho de continuidade que responderia às expectativas dos seus actuais seguidores e, ao mesmo tempo que se ía constituir como um bom suporte para divulgar o seu trabalho, angariar novos projectos.

Tornava-se cada vez mais evidente a necessidade de definir o conteúdo do livro. Parecia-nos que, só assim, se resolveria parte da “definição do problema”. O tempo urgia e, apesar de tardar a decisão “final” quanto ao conteúdo editorial a seguir, a designer decidiu “ganhar tempo” e pressionar o fotógrafo a ver e conhecer melhor o objecto livro de fotografia. Foi assim que, decorrente da investigação teórica encetada pela autora desta dissertação, acerca do livro de fotografia, esta decidiu compilar uma série de links e formular um email que enviou para análise do fotógrafo – assente na opinião de alguns autores, como Darius Himes, que garantem que a melhor forma de aprender algo sobre livros de fotografia é observando-os. Os links apontavam pa- ra sites de lojas online de livros de fotografia, vídeos de apresentação, fotografias do objecto ou reviews de alguns blogs. O objectivo era simples: por um lado, mostrar ao fotógrafo as potencialidades do formato, alguns exemplos do que se vai fazendo (na contemporaneidade) com este suporte, e por outro lado, traduzir a diversidade de soluções – das mais arrojadas às mais convencionais – que poderiam servir de influência para o objecto a criar. Depois de algum tempo sem obter resposta do fotó- grafo, marcou-se novo encontro e falou-se abertamente do que “um livro pode ser”. Trocaram-se impressões sobre os exemplos seleccionados, sob o ponto de vista mera- mente formal – do design editorial proposto – e falou-se sobretudo do que o fotógrafo não gostava (algo que se revelou muito importante no decorrer da colaboração, sob o ponto de vista da acção da designer). Sintetizando:

1. formato/dimensões

Não apreciava especialmente o formato ao baixo (landscape), nem dimensões ex- tremas como o “muito pequeno ou muito grande”.

2. layout ou organização da página

Se outros elementos não receberam grandes comentários do fotógrafo, este não foi sem dúvida um deles. Não aprecia a imagem que se expande no spread, acha que a goteira quebra a leitura contínua da imagem. Prefere um layout constan- te em vez de alternância de dimensões ou de colocação da imagem na página. Gosta do resultado das imagens em full bleed, associa essa opção aos livros de Moriyama e aos livros japoneses em geral.

3. capa

Não lhe parecia muito interessante/adequado as propostas que consideravam ilustrações ou desenhos na capa, mesmo que muito sóbrios. Considerava que um livro de fotografia idealmente deveria ter ou fotografia ou apenas tipografia na capa. Não gosta de livros com sobrecapa (mesmo que por razões de protec- ção da capa dura), considera que são elementos descartáveis, que não acrescen- tam nada ao livro e que só o tornam um objecto mais complexo de manusear (tem tendência a retirar, perder ou até rasgar este tipo de elemento do livro). Em relação aos materiais, não emitiu grandes comentários. Notou-se, contudo, a preferência por capas duras, que lhe pareciam “dar mais corpo” ao conjunto e uma certa preferência pela capa em tecido. Outra das observações feitas foi a colocação do nome do autor na capa, não era uma coisa que apreciava: “quanto mais pequeno melhor”.

4. encadernação

Não era sequer um elemento que lhe desperta-se interesse até então na análise do objecto livro. Contudo, ficou admirado por se tratar de um elemento tão explorado em alguns exemplos e por desempenhar um papel preponderante no aspecto fi- nal do objecto. Não gostou especialmente da encadernação japonesa, por lhe pare- cer frágil e muito “identitária” mas das restantes possibilidades não teceu grandes comentários. Foi explicado pela designer o tipo de influência desta escolha, no manuseio do livro, na leitura da própria imagem (no caso da full bleed page), no custo final do livro, bem como a sua relação próxima com o elemento capa. 5. texto

Não emitiu muitos comentários quanto à convivência entre texto e imagem foto- gráfica – legendas, títulos, números de páginas, etc. Demonstrou preferência por tipografias serifadas, por as considerar “mais clássicas”, refere ainda a expressão de algumas capas tipográficas, como a do Far Cry (Nozolino, 2oo5).

6. edição e sequência/ritmo

nológicas ou lineares que, por si só “contam” a própria história. Gosta de uma edição mais aleatória, com ritmo, próxima do “catálogo”, em que cada imagem vale por si só. Refere a edição de Moryiama: “atirar para dentro do livro as fotos sem pensar muito”.

7. impacto do livro no geral

Não aprecia livros demasiado manuais/artesanais, que parecem “datados”, “pas- sadistas”, “rebuscados.” Gosta de livros com peso, sem serem exageradamente extensos “tipo bíblia”. Referiu o adjectivo “simples” repetidas vezes, o que a de- signer entendeu ser sinónimo de depurado, claro, neutro. Não aprecia página de dimensões distintas nem desdobráveis ou elementos que requeiram manuseio específico, por exemplo abrir folhas dobradas para ver a imagem. Não aprecia livros onde o design tem demasiada influência e quase que se sobrepõe à foto- grafia, seja pela escolha arrojada da tipografia seja pelo layout demasiado experi-