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Este estudo e consequente projecto começou com o interesse da autora desta disserta- ção, pela área da fotografia e pelo objecto livro, este último intimamente relacionado com o seu ingresso no Mestrado em Design Gráfico e Projectos Editoriais.

Não alheia à génese deste Synapse foi também a vontade de experimentar um processo de trabalho colaborativo com um fotógrafo, o que convocava a “fotografia” como principal matéria-prima do projecto reunindo, deste modo, duas das principais motivações na apresentação desta proposta para a conclusão do seu ciclo de estudos. A admiração pelo trabalho fotográfico do autor Luís Barbosa conduziu à pos- sibilidade de criar um livro de fotografia numa colaboração partilhada. A relação de alguma amizade facilitou o processo uma vez que o autor tinha sido seu professor no IPF–Porto185 e já existia um contacto pessoal entre ambos.

Apesar de inicialmente a proposta de colaboração ser ainda dispersa, a designer avançou com a formalização do convite assumindo a liberdade própria da “etapa um”. Esta proposta foi prontamente aceite pelo fotógrafo, depois de uma conversa pessoal mais esclarecedora sobre os objectivos e pressupostos do projecto colaborativo.

A definição do cariz independente da publicação permitiu-nos delinear objecti- vos e reconhecer as limitações da proposta apresentada, bem como pensar em liber-

4.2.

dade o conceito do livro, definir a sua estrutura editorial, desenvolver a proposta de design e projectar a sua estratégia de divulgação e lançamento.

Considerando que o objectivo final do projecto é a publicação de Synapse, apre- sentado em forma de maqueta, e que tal não dependerá em exclusivo dos recursos financeiros dos envolvidos, gostaríamos de elencar outros objectivos que correspon- dem às etapas do processo de trabalho colaborativo e também sublinhar o objectivo principal deste estudo académico.

Interessou-nos perceber qual é o papel da figura do designer, num tipo de projec- to com um valor autoral do fotógrafo tão preponderante. O que faz, como o faz, com que liberdade e com que resultado.

Para além desta percepção foi relevante, por último, explorar o contributo do de- sign gráfico e editorial para o enriquecimento da experiência de leitura da imagem foto- gráfica no suporte livro, tentando tirar partido das potencialidades do formato.

Desde modo, pretendeu-se compreender a especificidade do suporte, os seus li- mites e constrangimentos, procurando sempre que o conteúdo fosse beneficiado pela forma que foi ganhando.

Embora este Synapse seja resultado de um processo de trabalho empírico – ba- seado na experimentação (tentantiva-erro) e numa grande dose de intuição, consegui- mos sintetizar em algumas estapas a metodologia seguida:

1. Investigação teórica sobre o “livro de fotografia” no Presente (que é sistema- tizada nos capítulos 1 e 11) e que procura as referências históricas e contemporâneas deste medium. Análise das soluções de design implementadas e suas relações com o conceito do próprio livro e com a sua autoria fotográfica (abordada, em parte, no capítulo 111).

2. Estudo do autor, Luís Barbosa, e da sua obra, que passou pela realização de algumas conversas presenciais próximas do modelo etnográfico da entrevista, com o fotógrafo, a discutir o seu percurso, o seu processo de trabalho e a sua forma de foto- grafar. Este estudo foi reforçado por um levantamento e análise do seu trabalho feito em paralelo e disponibilizado, maioritariamente em suporte online – facebook, blog e site. Importante também foi a análise do tipo de comunicação feita sobre o trabalho, pelo próprio fotógrafo, através destes canais. Nesta etapa tentou-se perceber o ponto de situação actual da sua carreira e o que o formato livro representaria neste contexto: ruptura ou continuidade? Simultaneamente, tentou-se perceber quais as suas referên- cias fotográficas, que passam por autores, projectos e livros de fotografia.

3. Investigação sobre o formato livro de fotografia e discussão das opções de design. Antes de começar a desenvolver a primeira proposta de design para o livro partilharam-se algumas referências com o fotógrafo, fruto da investigação da autora deste estudo – sintetizada no cap. 111, tópico 3.1. O Contributo do design editorial, 3.2. Componentes do livro e 3.3. Elementos do Design – e que, na sua opinião, poderiam servir

de exemplos das diferentes opções existentes – materiais e papéis, formatos, número de páginas, método de encadernação, tipo de impressão, sequenciamento de imagens, tipo de layout, tipos de capa, relação da tipografia com a imagem. Esta discussão com o fotógrafo foi importante para a percepção das suas preferências e demonstrou-se relevante para a designer conseguir responder, de forma mais adequada, ao problema encontrado, servindo-se das ferramentas do design editorial de que dispunha.

4. Definição do conceito do livro e do seu conteúdo editorial. Questionamento acerca da matéria-prima que constituiria o livro de fotografia – projecto inédito, best-off/ monografia? Fotografia captada para o livro ou recurso ao arquivo do autor? Que infor- mação textual seria incluída: texto introdutório, dedicatória, índice e legendas? Elenca-se a estrutura da publicação, da componente fotográfica à componente escrita. Em paralelo definem-se os objectivos, o contexto e a estratégia editorial subjacente à publicação.

5. Criação da primeira proposta de design, decorrente do conceito geral do li- vro, definem-se os componentes do livro e elementos do design. Para tal, investiga- -se o conceito científico – sinapse – e a sua possível transmissão no formato livro. Imprimem-se alguns spreads, à escala real, para visualização da proposta, ainda com imagens provisórias, exploram-se diferentes formatos, testam-se as dimensões de imagem na página, experimentam-se diferentes tipografias e arranjos gráficos.

6. Edição e sequenciamento das imagens. Em paralelo com o tópico anterior, começou-se a editar o conteúdo final do livro. Para tal recorreu-se à impressão, em pequeno formato, de fotografias do autor e inúmeras sessões de trabalho em torno das imagens. O sequenciamento das fotografias, iniciou-se depois de escolhidas as imagens finais e o layout estar muito próximo da versão final. Para isso utilizam-se fo- lhas à escala das imagens e em proporção ao formato do livro, para conseguir antever o “casamento” das imagens.

7. Consulta de um produtor gráfico e pedido de orçamento, com o objectivo de tornar viável a proposta de design apresentada para o livro. A designer decidiu reali- zar algumas reuniões com o responsável de uma gráfica, licenciado em arte gráfica e experiente na produção de obra livro, recebendo, assim apoio técnico e consultoria especializada sobre aspectos técnicos relativos à produção gráfica e aos acabamentos. Definiram-se nestas reuniões muitos dos aspectos materiais e físicos do livro, aten- tando ao custo e viabilidade das opções e técnicas escolhidas, ajustando-se quando necessário as opções propostas ao budget pretendido.

8. Maquetização da proposta, para uma visualização aproximada do seu aspecto final e da sua relação com a mão. De forma informal, apresenta-se a maqueta a cole- gas de profissão (designers e fotógrafos) e pessoas sem formação na área, próximas do círculo relacional dos envolvidos, e outras com quem se foi privando ao longo do processo, como o José Luís Neves, académico ligado ao estudo do livro de fotografia e o orientador Mário Moura e co-orientador José Carneiro, desta investigação, ligados

ao ciclo de estudos do Mestrado em Design Gráfico e Projectos Editoriais, da FBAUP. Reflecte-se e discute-se, com o fotógrafo, as soluções apresentadas e possíveis altera- ções, desencadeadas pelas opiniões recolhidas acerca do projecto.

9. Finalização do conteúdo editorial do livro de fotografia Synapse. Preparam-se as imagens para produção, seguindo as indicações dadas pelo produtor gráfico. Inse- rem-se as imagens no layout criado e substituem-se os textos simulados pelos finais. Procuram-se alternativas viáveis e comportáveis para a simulação dos acabamentos escolhidos. Imprime-se nova maqueta, agora final, em impressão digital, utilizando os materiais, as técnicas de encadernação e os acabamentos previstos para a produção gráfica final do livro de fotografia criado.