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FATO TÍPICO OU TIPO PENAL Tipo penal do crime

Modelo do crime

Definição (descrição) legal do crime. Elementos do Fato Típico:

1. Conduta 2. Resultado

3. Nexo de Causalidade 4. Tipicidade

Os quatro elementos estarão presentes nos crimes materiais, que precisam de resultado. Já nos crimes de mera conduta, nos formais em que o resultado não ocorre e na tentativa, o fato típico será composto somente dos elementos conduta e tipicidade.

1 – CONDUTA

É a ação ou omissão humana (comportamento humano), consciente e voluntária, voltada para uma finalidade, que consiste em produzir um resultado (produzir modificação do mundo exterior), tipificado em lei como crime ou contravenção penal.

Não existe crime sem conduta. (NULLUM CRIMEN SINE CONDUTA)

Deve haver VONTADE + CONSCIÊNCIA, que resulta em intenção ou finalidade (pois é ela que define o crime). Por ex. um epilético que, durante ataque, mata o socorrista, não comete crime, pois não há intenção, logo não há conduta e por isso não há crime.

A conduta é quem enseja a punição. O resultado do crime é apenas uma conseqüência. O que é grave é a conduta. Matar ou tenta matar são condutas graves, pois a intenção dos dois era a mesma: tirar a vida.

Ex 2: Uma pessoa sentada em uma mureta alta. Uma amiga pensando em assustá-lo vai em sua direção. No momento em que ia assustá-lo uma abelha pica seu nariz e, diante de um ato reflexo, ela empurra a pessoa que estava sentada na mureta, que cai no pátio matando uma pessoa que estava passando lá em baixo. Neste caso o fato será atípico para ambos, pois as suas condutas foram involuntárias.

Elementos da conduta  Vontade

 Consciência

Envolvem os aspectos psíquico e mecânico, ambos providos de voluntariedade. É a vontade dirigida a um determinado fim, e a manifestação dessa vontade.

A consciência faz com que a conduta seja comportamento tipicamente humano. Teorias da Conduta (objetivo de fazer justiça)

a) Teoria clássica, naturalística, mecanicista ou causal

Nesta Teoria a conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação do mundo exterior. O dolo e culpa se alojam no interior da culpabilidade, momento em que se procede à análise do querer interno do agente. Não há distinção entre a conduta dolosa e culposa, pois ambas são analisadas objetivamente, uma vez que não se faz nenhuma indagação sobre a relação psíquica do agente para com o resultado. A caracterização da conduta criminosa depende somente da circunstância de o agente produzir fisicamente um resultado previsto em lei como infração penal, independentemente de dolo e de culpa. Por isso, nessa teoria, crime é necessariamente fato típico, ilícito e culpável, sob pena de estar caracterizada a responsabilidade objetiva.

O indivíduo responderia pelo que tinha causado e não pela sua intenção. Ex: tentou matar, mas só causou lesão, responde por lesão corporal.

b) Teoria Final ou Finalista Criada por Hanz Welzel

Pune-se pela intenção, pela finalidade da conduta, não importando o resultado. Começou a ser usada em 1984.

É mais justa. Tem como ponto de partida a concepção do homem como ser livre e responsável pelos seus atos.

Por essa Teoria a conduta é o comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim.

O dolo e a culpa foram deslocados para o interior da conduta e, portanto, para o fato típico. Desta forma, o partidário finalístico penal pode adotar um conceito analítico de crime tripartido ou bipartido, conforme repute a culpabilidade como elemento do crime ou pressuposto de aplicação da pena.

É a base do direito penal moderno.

Os atos em que não intervém a vontade não configuram conduta (cogitação, pensamento e planejamento mental). Tem que haver repercussão externa da vontade do agente.

No Direito Penal a responsabilidade é subjetiva, pois o dolo e a culpa estão na conduta. c) Teoria Social

Trabalha junto, está integrada à Finalista.

A conduta humana, para ser criminosa, tem que ser Tb socialmente reprovável, além de ser conduta típica. Assim, socialmente relevante seria a conduta capaz de afetar o relacionamento do agente com o meio social em que se insere.

Ex: praia de nudismo não é crime pois a sociedade não considera crime.

Vantagem  permite ao Poder Judiciário a supressão do vácuo criado pelo tempo entre a realidade jurídica e a realidade social.

Desvantagem  determinar a extensão do conceito de transcendência ou relevância social d) Teoria Cibernética

Leva em conta o controle da vontade, presente tanto nos crimes dolosos, quanto nos culposos.

Formas de conduta

1. Ação  conduta comissiva Comportamento positivo

Fazer o que a lei proíbe (norma proibitiva)

2. Omissão  conduta omissiva Comportamento negativo.

Não fazer o que podia e devia ser feita em termos jurídicos (normas preceptivas)

Relevância penal  dever e poder

 A omissão só vai valer pena se o sujeito devia agir, podia agir e não agiu. Se tiver obrigação mas não tiver condição, ele não responderá pela omissão.

A omissão divide-se em 2 espécies:

Crime omissivo próprio ou puro  a conduta, o tipo penal, é propriamente uma omissão, independente da produção de qualquer consequência posterior. Nesses crimes diz-se que a omissão é sempre penalmente relevante. Qualquer pessoa poderá responder por esse crime. Ex: omissão de socorro; abandono intelectual (deixar de instruir filho em idade escolar); prevaricação; abandono de incapaz.

Crime omissivo impuro, impróprio ou comissivo por omissão  a figura típica do crime não define a omissão. Diz-se que a omissão é penalmente relevante quando o omitente podia e devia agir para evitar o resultado. São os crimes dos chamados garantes ou garantidores, que possuem um dever especial de impedir (evitar) um resultado lesivo, quando puderem fazê-lo. A lei considera que o não-fazer tem o mesmo valor do fazer. Assim, pode-se cometer um homicídio por uma ato positivo (esfaquear alguém) ou negativo (deixar alguém morrer de inanição). São 3 os casos de garantidores:

1) Garante legal  quem tem por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; Pai e mãe são garantes legais de seus filhos.

Ex: um salva-vidas que não pula na piscina para salvar alguém que estava se afogando. Ele é um garante legal, que tinha o dever e a possibilidade de agir e não agiu. Logo foi omisso, e por isso vai responder pelo crime de HOMICÍDIO POR OMISSÃO. As pessoas ao redor que não ajudam a vítima respondem pelo crime de OMISSÃO DE SOCORRO. Ex: um pai que estupra a filha e a mãe não faz nada. Essa mãe vai responder por participação em estupro por omissão.

2) Garante por responsabilidade  a lei não o obrigou, mas ele assumiu essa responsabilidade

3) Garante por ingerência  a lei não o obrigou e ele não assumiu essa responsabilidade, porém praticou um ato anterior que causou um risco, e por isso ele deve evitar que o resultado ocorra.

Obs

Crimes omissivos próprios são crimes de mera conduta, sempre dolosos, que não admitem tentativa. Já os crimes omissivos impróprios são crimes materiais, que admitem tentativa e que podem ser dolosos ou culposos.

Padrasto e madastra são considerados como garantes, não sendo necessário a guarda jurídica da criança, mas somente a guarda de fato.

O omitente tem que estar no local para estar caracterizado que ele podia agir. Se, mesmo que ele tivesse que estar no local, no momento da ação que ele devia evitar, ele não estava no local, o sujeito não responderá por nada. Como no caso de um salva vidas que deveria estar cuidando de uma piscina, mas sai de perto da piscina por um tempo para ir a um outro prédio e, neste momento ocorre um afogamento. Neste caso o salva vidas não responderá por crime algum pois não estava no local no momento em que ocorria o afogamento.

Causas que eliminam a vontade, ou seja, eliminam a conduta:

Caso fortuito e força maior  são os acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio da vontade do ser humano. Se não há vontade, não há dolo e culpa, Logo, não há conduta e não há fato típico. Caso fortuito é devido à ação humana e força maior é devido a ações da natureza.

Coação física irresistível (VIS ABSOLUTA)  o coagido não tem liberdade para agir, afasta a voluntariedade (o fato será atípico).

Atos ou movimentos reflexos  reação motora ou secretora em consequência de uma excitação dos sentidos. Movimento corpóreo se deve ao elemento fisiológico, e não ao volitivo. Logo não há conduta.

Movimentos praticados durante o sono (sonambulismo, hipnose)  Tb não há conduta por falta de vontade nos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência.

Obs:

A coação moral irresistível, ou vis compulsiva, exclui a culpabilidade, em face da inexigibilidade de conduta diversa. Enquanto a coação física irresistível exclui a conduta.

2 – RESULTADO

É a modificação do mundo exterior, provocado pela manifestação da vontade humana (conduta do agente). É uma consequência da conduta.

Ocorre o perecimento do objeto (perda).

Ex: Crime de homicídio  objeto jurídico: vida Resultado: perda da vida Lesão corporal  objeto jurídico: integridade corporal

Resultado: ferimento, perda da integridade corporal. Espécies de resultado

Resultado jurídico ou normativo  é a lesão, ou exposição a perigo de lesão, do bem jurídico protegido pela lei penal.

Resultado naturalístico ou material  é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente (conseqüência da conduta).

Não há crime sem resultado jurídico, pois todo delito agride bens jurídicos protegidos pelo direito penal. Entretanto é possível crime sem resultado naturalístico.

Crimes materiais consumados exigem resultado jurídico e naturalístico. Se o crime for somente tentado, não haverá esse resultado naturalístico.

Nos crimes formais o resultado é desprezível. Não é necessário que ele ocorra para que o crime seja consumado. Ex: extorsão mediante seqüestro sem resgate. Neste crime o resultado pode não ocorrer.

Nos crimes de mera conduta não há resultado. Ex: porte ilegal de arma de fogo; invasão de domicílio; desobediência.

O crime omissivo puro não tem resultado. Já o crime omissivo impuro tem resultado. No caso da omissão de socorro não há necessidade de a vítima piorar para consumar o crime. Basta não socorrer quando devia e podia.

3 – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE OU NEXO CAUSAL