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3 – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE OU NEXO CAUSAL Liga a conduta ao resultado.

É por meio dela que se conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta, autorizando, se presente a tipicidade, a configuração do fato típico.

Diz-se que o estudo da relação de causalidade tem relevância somente nos crimes materiais, em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalístico, exigindo a produção deste último para a sua consumação. Daí a necessidade de ligar a conduta do agente ao resultado. Já nos crimes formais ou de mera conduta o crime é considerado consumado com a simples prática da conduta ilícita, não havendo necessidade de ocorrer o resultado.

Teorias da causalidade:

Teoria da equivalência dos antecedentes  Tb chamada de teoria da equivalência das condições, teoria da condição simples, teoria da condição generalizadora ou

CONDICTIO SINE QUA NON (condição sem a qual não haveria resultado). Para essa

distingue causa e condição, sendo que todos os fatos que tenham concorrido para o surgimento do resultado naturalístico devem ser considerados causa dele. É a teoria adotada pelo CP brasileiro.

Teoria da causalidade adequada  Tb chamada de teoria da condição qualificada, ou teoria individualizadora. Não basta contribuir de qualquer modo para o resultado, a contribuição tem que ser eficaz. Causa, nesse contexto, é o antecedente, não só necessário, mas Tb adequado à produção do resultado.

Teoria da imputação objetiva  inclui novas elementares no tipo objetivo, criando o conceito de causalidade normativa, em oposição à causalidade natural da teoria finalista. Sua principal preocupação é restringir o alcance da teoria da equivalência dos antecedentes. A idéia central dessa teoria é estabelecer as hipóteses em que alguém pode ser considerado responsável por determinado resultado não apenas com base na relação de causa e efeito, mas sim no aspecto valorativo (normativo), ou seja, se é justo considerar alguém como responsável pelo resultado.

Há hipóteses em que o risco criado pelo sujeito é permitido, e portanto, não pode ser responsabilizado. É o caso do:

Critério da Confiança, quando se age na confiança de que outros se comportarão corretamente;

Critério da Proibição do regresso, quando a conduta inicial era lícita, não pode ser punido por crime posterior cometido por terceiro;

Critério das Ações de Próprio risco, quando se induz outrem a praticar ações perigosas, porém lícitas, não responde pelos resultados lesivos se a vítima se acidentou.

FINALISMO IMPUTAÇÃO OBJETIVA

TIPO OBJETIVO Nexo de causalidade

Nexo de causalidade

Criação de um risco proibido Realização do risco no resultado TIPO SUBJETIVO Dolo e culpa Dolo e culpa

Causa é todo comportamento humano, comissivo ou omissivo, que de qualquer modo concorreu para a produção do resultado naturalístico. Pouco importa o grau de contribuição. Basta que tenha contribuído para o resultado material, na forma e quando ocorreu.

Não há diferença entre causa, condição e ocasião.

Para constatar se alguns acontecimento insere-se ou não no conceito de causa, emprega-se o Processo de Eliminação Hipotética (Von Thyrén)  causa é tudo aquilo que não pode ser eliminado sem afetar o resultado. Se esse ato não ocorrer, o resultado Tb deixará de ocorrer. Uma falha desse processo era a regressão ad-eterno, ad-infinita. Para corrigir essa falha tem-se que: pelo resultado só responde quem, por seu ato anterior, deu causa ao resultado com Elementos Subjetivo – causalidade psíquica (dolo e culpa – imputatio delicti). Não é só causar, tem que querer causar ou ter tido falta de cuidado para evitar.

É uma segunda causa que, ligada à primeira, concorre para o resultado. Essa segunda causa pode ser:

1. Dependente  A causa dependente é aquela que emana da conduta do agente, dela se origina, razão pela qual se insere no curso normal do desenvolvimento causal. Existe dependência dos acontecimentos, pois sem o anterior não ocorreria o posterior. Dessa forma, não exclui o nexo de causalidade. Ex. “A” espanca “B” e depois amarra “B” em seu carro para arrastá-lo até a morte.

2. Independente  é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu comportamento, comissivo ou omissivo. Seu aparecimento é

inesperado e imprevisível. É independente porque tem a capacidade de produzir, por si só, o resultado naturalístico. As causas independentes podem ser:

 Absolutamente independente  Preexistente ou estado anterior  Concomitante

 Superveniente

 Relativamente independente

 Preexistente ou estado anterior  Concomitante

 Superveniente

Uma concausa preexistente desconhecida ou imprevisível rompe o nexo causal, não permitindo que se atribua o resultado lesivo ao sujeito.

a) Concausa absolutamente independente

São aquelas que não se originam da conduta do agente, isto é, são absolutamente desvinculadas da sua ação ou omissão ilícita. Por si sós produzem o resultado naturalístico. Constituem a chamada “causalidade antecipadora”, rompendo o nexo de causalidade.

Preexistente ou estado anterior  existe anteriormente à prática da conduta. O resultado naturalístico teria ocorrido da mesma forma, mesmo sem o comportamento ilícito do agente. Ex: “A” atira em “B”, porém na necropsia descobre-se que “B” morreu de envenenamento.

Concomitante  incide simultaneamente à prática da conduta. Ex: “A” atira em “B” no momento em que o teto da casa de “B” cai sobre ele mesmo.

Superveniente  é a que ocorre posteriormente à conduta praticada pelo agente e determina a eclosão do resultado. Ex: “A” dá veneno para “B”, mas antes do veneno fazer efeito “C” aparece e mata “B” a facadas.

Nessas causas deve ser imputados ao agente somente os atos já praticados, e não o resultado naturalístico, em face da quebra do nexo de causalidade. Nos exemplos mencionados, o agente responderia somente por tentativa de homicídio.

b) Concausa relativamente independente

Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Essas causas são independentes, pois tem idoneidade para produzir, por si sós, o resultado.

Preexistente ou estado anterior  existe anteriormente à prática da conduta. Ex: “A”

dá um tiro de raspão em “B” que, devido à sua diabetes, vem a falecer.

Concomitante  incide simultaneamente à prática da conduta. Ex: “A” aponta uma

arma para “B” que sai correndo para o meio da rua e, no momento em que é alvejado pelos tiros de “A”, é atropelado.

Superveniente  é a que ocorre posteriormente à conduta praticada pelo agente, mas

tem relação com a conduta desse agente. É dividida em 2 tipo: aquela que por si só produz o resultado; e aquela que não produz. Ex: “A” atira em “B” mas “B” não morre e é levado para o hospital, e lá, por imperícia médica, vem a falecer. Só houve a imperícia medica para “B” porque uma conduta de “A” o levou a procurar o hospital. É a causa que, por si só, não produz o resultado. Já se “A” atira em “B”, mas “B” não morre e é levado para o hospital de ambulância, porém no caminho a ambulância sobre um acidente e “B” morre. Diz-se que qualquer um que estivesse na ambulância morreria, logo não se pode imputar esse fato a “A”. É a causa que, por si só, produz o resultado. A concausa preexistente e concomitante relativamente independentes não rompem o nexo causal, sendo o agente responsabilizado pelo resultado naturalístico. Se não tivesse a conduta do agente, o resultado naturalístico não teria ocorrido quando e como ocorreu.

Já a concausa superveniente relativamente independente vai romper o nexo causal quando ela, por si só, puder produzir o resultado naturalístico, sendo o agente responsabilizado somente pelos atos que cometeu. Neste caso foi adotada a Teoria da Causalidade Adequada. Se a concausa superveniente relativamente independente não puder, por si só, produzir o resultado, então o agente vai responder pelo resultado naturalístico. Foi adotada a Teoria do Condictio sine qua non.

Sujeito dá um tiro em uma pessoa com intenção de matar. A vítima é levada para o hospital em uma ambulância e a ambulância capota e ela morre  sujeito responderá somente por tentativa de homicídio  rompe o nexo causal (não está na linha de desdobramento natural da ação).

Sujeito dá um tiro em uma pessoa com intenção de matar. A vítima é levada viva para o hospital. No hospital a vítima contrai uma infecção hospitalar e vem a falecer  sujeito responderá por homicídio consumado  não rompe o nexo causal (está na linha de desdobramento natural da ação).

4 – TIPICIDADE

É a perfeita adequação, enquadramento, encaixe, entre o fato praticado pelo sujeito e aquele descrito na norma (ser idêntico), pois não há crime sem lei anterior que o defina.

Fato que não se enquadra no descrito na lei é dito Fato Atípico. Adequação típica pode ser:

Imediata ou direta  a conduta humana se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, sem necessidade de interposição de qualquer outro dispositivo legal. Decorre da autoria.

Mediata ou indireta  a conduta humana não se encaixa perfeitamente na lei penal incriminadora, havendo a necessidade de interposição de um dispositivo contido na Parte Geral do CP. É o que ocorre na tentativa, na participação e nos crimes omissivos impróprios.

Atipicidade relativa  quando uma conduta não é típica para uma norma, mas pode ser enquadrada em outra, passando a ser típica.

O princípio da insignificância, Tb chamado de criminalidade de bagatela, afasta a tipicidade material.

Tipicidade material  lesão ou ameaça de lesão significativa ao bem jurídico tutelado.Tipicidade formal

Diante do princípio da bagatela, o fato é formalmente típico, mas materialmente atípico. Desta forma por este princípio fato será atípico.

Insignificância nos crimes ambientais  é admitida

Insignificância nos crimes contra a administração pública  é admitida

No contrabando e descaminho o princípio da insignificância é admitido para valores de até 10 mil reais.

Insignificância no crime de porte de substância entorpecente para consumo pessoal  o STF a partir de 14 de fevereiro de 2012 passou a admitir a insignificância.